Jornada ABCA 2020

Page 107

107

MESA: CRÍTICA, CURA E CURADORIA - CONVERSA ENTRE CASTIEL BRASILEIRO E DODI LEAL Castiel Brasileiro1 e Dodi Leal2 1  Artista visual, macumbeira e psicóloga formada em Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Atualmente mestranda no programa de Psicologia Clínica da PUC-SP sob orientação da Profa. Dra. Suely Rolnik. 2  Travesti educadora e pesquisadora em Artes Cênicas. Professora do Centro de Formação em Artes da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).

ALESSANDRA SIMÕES: Boa tarde a todes, estamos chegando ao final da nossa jornada, nessa sexta à tarde com uma programação especial, vamos ter muitas surpresas que vão acrescentar ideias fervilhantes, para tudo que a gente vem discutindo aqui dentro do cenário da arte contemporânea. Não posso chamar de mesa, não sei bem como podemos chamar, mas é algo muito especial, do qual vai fazer parte Castiel Vitorino Brasileiro e Dodi Leal, cura, crítica e curadoria. Agora vou apresentar as artistas. CASTIEL VITORINO BRASILEIRO: Artista visual, macumbeira e psicóloga formada em Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Atualmente mestranda no programa de Psicologia Clínica da PUC-SP sob orientação da Profa. Dra. Suely Rolnik. Pesquisa e inventa relações em que corpos não-humanos se desprendem das amarras da colonialidade. Compreende a macumbaria como um jeito de corpo necessário para que a fuga aconteça. Dribla, incorpora e mergulha na diáspora Bantu, e assume a vida como um lugar perecível de liberdade. Atualmente, desenvolve estéticas macumbeiras de sua Espiritualidade e Ancestralidade Travesti. Nasceu em 1996 em Vitória/Espirito Santo – Brasil. DODI LEAL: Travesti educadora e pesquisadora em Artes Cênicas. Professora do Centro de Formação em Artes da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Dedica-se aos estudos da performance e visualidades da cena e do corpo, perpassando por ações de crítica teatral, curadoria e pedagogia das artes. Dodi e Castiel, vão nos oferecer um momento que se chama, crítica, cura e curadoria, elas nos dizem: Como performar o invisível? Procuraremos tratar nesta conversa das imagens profundas, dos modos existenciais e dos machucados corporais da terra e de como as nossas ritualidades, nossas sabenças encantadas, nossas bruxarias e nossas macumbarias pretas, indígenas e trans são perigos à colonialidade branca e cisgênera da arte. Quais os rasgos da crítica de arte a partir da cura banto? Quais as amarras da curadoria de arte que se desfazem a partir da cura anticolonial travesti? A curanderia é o exercício de redirecionamento clínico (crítica cirúrgica de arte) de algumas práticas artísticas institucionais que precisam ser abandonadas, percebendo também as que devem ser reformuladas. Nos interessa semear novos matemas não-higienistas e colher danças de memórias, lógicas onde acaba-se definitivamente a ilusão do amor colonial e sua dominação (do-homem-nação). Estes esgarçamentos de cura que fazem tremor à crítica e curadoria de artes ocidenlitistas, e que dão vazão a dimensionalidades temporais e espaciais sudacas-africanas-orientais que derrubam os padrões e os patrões da arte. Então eu deixo com vocês, Castiel e Dodi, e desejo a todes uma excelente programação, obrigada.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook

Articles inside

PALESTRANTES

11min
pages 206-213

OS DIREITOS HUMANOS NA ARTE DE WALTER MIRANDA E A CRÍTICA ONTOLÓGICA

9min
pages 177-183

ATIVOS MASTURBADORES, PASSIVOS PASSIVAS – ENSAIO-RELATO SOBRE AFETO PRAZER E CORPO

10min
pages 200-205

A FOTOGRAFIA DE ROBERTO WAGNER: ENTRE A PRECARIEDADE BRASILEIRA E A HISTÓRIA DA ARTE

10min
pages 169-176

O MITO CANIBAL NA OBRA DE RÉBECCA CHAILLON : UM MONSTRO DECOLONIAL

10min
pages 195-199

O DESAPARECIMENTO DE ANITA MALFATTI

8min
pages 190-194

A “ODISSEIA” DE AI WEIWEI: ARTE CONTEMPORÂNEA COMO REFÚGIO DAS FÓRMULAS ANTIGAS

16min
pages 160-168

FARNEL RITUAL

8min
pages 184-189

“A NOITE NÃO ADORMECE NOS OLHOS DAS MULHERES”: ARTE E BELEZA, TERRITÓRIOS EM DISPUTA

12min
pages 136-141

DO ESCURO DO NOSSO TEMPO: OU, SEIS NOTAS SOBRE COMO SOBREVIVER AO TEMPO DO “FIM” EM “BUCÓLICO MARGINAL” (2020), DE ESTHER ALMEIDA E LUIS MARIA

18min
pages 152-159

ARTE E TESTEMUNHO: O ANTIMONUMENTO COMO SINÔNIMO DE RESISTÊNCIA

11min
pages 147-151

CRÍTICA DE ARTE ATIVA: O POSICIONAMENTO POLÍTICO DOS CRÍTICOS DE ARTE NO CONTEXTO DA “BIENAL DO BOICOTE” EM 1969

10min
pages 142-146

CONVERSA ENTRE CASTIEL BRASILEIRO E DODI LEAL

48min
pages 107-122

TRÂNSITOS, TRADUÇÕES E CONTRIBUIÇÕES PARA UM DEBATE

15min
pages 123-128

INSTALAÇÕES EFÊMERAS CONTEMPORÂNEAS LATINO-AMERICANAS: BRECHA PARA CONSTRUÇÃO DE AFETOS E COABITAÇÕES

12min
pages 129-135

UM RINOCERONTE EM EXPOSIÇÃO

17min
pages 93-100

ARTE E DIREITOS HUMANOS: UM ENTRELACE POR MEIO DAS OBRAS DE BANKSY

12min
pages 101-106

ARTE, LUTA E MEMÓRIA BIOCULTURAL: A RETOMADA DE SABERES E TÉCNICAS ARTEFATUAIS NA COMUNIDADE PATAXÓ ARTESÃ DA RESERVA DA JAQUEIRA – BAHIA, BRASIL

11min
pages 86-92

A POLÍTICA DOS ESCRITOS DE HÉLIO OITICICA

11min
pages 81-85

CRIAÇÕES COLETIVAS E COMPARTILHADAS: POVO IMBORÉ DA ALDEIA DO CACHIMBO E ESTUDANTES DE ARTES VISUAIS DA UFSB

10min
pages 76-80
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.