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Espaço de Lazer
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Marx, Freud, Proust, Einstein, Kafka, Wittgenstein, Sarah Bernhardt, Amadeo Modigliani, entre outros, são algumas das personalidades conhecidas de origem judaica referidas na obra do historiador Norman Lebrecht “Génio e Ansiedade - Como os Judeus mudaram o mundo 1847-1947”. O autor debruça-se sobre este período de 100 anos e conta a história de homens e mulheres, que ajudaram a transformar o mundo, referindo as suas proezas, mas também as contrariedades das suas vidas: “Muitos são sobejamente conhecidos –. Outros desapareceram da memória coletiva, apesar do seu impacto indelével no nosso quotidiano. Sem Karl Landsteiner, não haveria transfusões sanguíneas. Sem Paul Ehrlich não teríamos quimioterapia. Sem Siegfried Marcus não existiria o automóvel a gasolina. Sem Rosalind Franklin a genética seria bem diferente. Sem Fritz Haber não haveria culturas suficientes para alimentar a população atual. O que é que estes visionários têm em comum? As suas origens judaicas. O dom de pensar fora da caixa. O raciocínio rápido. Em 1847, menos de 0,25% da população era de origem judaica, contudo eles moldaram o século XX e viram o que os outros não conseguiram.” O autor, também de origem judaica, nasceu em 1948 em Inglaterra, e já editou mais de uma dezena de livros, sendo igualmente habitual crítico de música clássica.
Teatro “À Espera de Godot”, no Teatro S. João, no Porto
Entre Vladimir e Estragon acontece um dos mais representados diálogos do mundo. Sabemos que esperam Godot, mas nunca saberemos quem é Godot. A peça “À Espera de Godot “, de Samuel Beckett regressa aos palcos portugueses, desta vez, ao Teatro Nacional de São João, no Porto. “Alguém escreveu que é uma peça onde ‘nada acontece, duas vezes’. Há uma árvore que reverdece na passagem do primeiro para o segundo ato. Há as botas de Estragon e o chapéu de Vladimir, dois palhaços-vadios que esperam e esperam. Samuel Beckett deu sólidos contributos para que a peça permanecesse num limbo de ambiguidade. Disse que “Godot” descendia de “godillots”, calão francês para… ‘botas’.” Estas pistas integram a sinopse do Teatro São João sobre a peça que o dramaturgo irlandês escreveu em francês e que foi publicada em 1052. O espetáculo estará em cena (sujeito a confirmação, devido aos condicionalismos que possam existir por causa da pandemia) pela mão de Gábor Tompa: “Encenador cosmopolita e multipremiado, diretor artístico do Teatro Húngaro de Cluj, na Roménia, desde 1990, e presidente da União dos Teatros da Europa desde 2018, Gábor Tompa é uma personalidade cuja importância extravasa os palcos. O crítico Georges Banu descreve-o como um ‘construtor de pessoas e de lugares’, um artista que olha com relutância para o ‘realismo’, um descendente de Kantor e ‘irmão’ de Josef Nadj. O Teatro Nacional São João convida-o para dirigir esta ‘tragicomédia em dois atos’, que ele tem visitado com regularidade, como um maestro que recria, com músicos diferentes, uma ‘estrutura musical de uma assombrosa precisão’.” Além de Vladimir e Estragon, integram a história as personagens Pozzo e Lucky. A interpretação é da responsabilidade de João Melo, Maria Leite, Mário Santos e Rodrigo Santos. A peça foi escolhida para o fim das comemorações do centenário do teatro São João: “O Centenário termina aqui, com À Espera de Godot. ‘Talvez devêssemos recomeçar tudo’, pondera Vladimir. ‘Pode-se começar de onde se quiser’, afirma Estragon.”
De 7 a 27 de março, no Teatro Nacional de S. João, no Porto*
Seminário sobre Shakespeare no Teatro D. Maria II
Escreveu peças no século XVI que continuam a ecoar nos palcos de todo o mundo. William Shakespeare é um dos dramaturgos mais conhecido, reconhecidos, estudados e representados de sempre. O Teatro Nacional Dona Maria II, em Lisboa, dedica-lhe um ciclo de seminários: “Um seminário para ler um autor fundador. Ao longo de quatro sessões via Zoom, serão lidas quatro peças de Shakespeare, todas a dialogarem com o nosso tempo” O tiro de partida foi dado por Macbeth, no passado dia 13 de fevereiro. Segue-se no dia 13 de março, a peça Rei Lear, a tragédia sobre um rei inglês, considerada uma das obras-primas de Shakespeare. O texto, de 1605, foi inspirado por antigas lendas bri-
tânicas e conta a história de um rei que enlouquece depois de ter sido traído por duas das suas três filhas, a quem tinha confiado o poder de governar. A leitura escolhida para dia 17 de abril recaiu na peça “A Tempestade”, uma tragicomédia, que muitos especialistas dizem que poderá ter sido a última peça escrita por Shakespeare. O autor situa a ação numa ilha remota para caracterizar o lado mais manipulador da política. O ciclo termina com a peça “Júlio César”, uma das diversas peças romanas escritas pelo autor inglês. A tragédia retrata a conspiração contra o ditador romano Júlio César, que culminou com o seu assassinato. O seminário é coordenado por Ana Luísa Amaral e é uma das atividades mantida pelo Teatro D. Maria durante o período de confinamento. Da programação atual deste teatro nacional, constam também várias peças de teatro, que podem ser visionadas online, por um preço de três euros.
De 13 de fevereiro a 15 e maio, no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa*
Exposições Celeste Garrido e Manuel Vilariño, no MARCO
O Museu de Arte Contemporânea de Vigo (MARCO) acolhe até 4 de abril as exposições “Seda de Cavalo”, de Manuel Vilariño, e “Os teus olhos dizem o que a tua boca cala”, de Celeste Garrido. A primeira é a maior mostra até à data com obras do fotógrafo e poeta, Premio Nacional de Fotografia 2007. Comissariada por Fernando Castro Flórez, a exposição conta a trajetória do artista, através de uma seleção de obras —fotografias, instalações, videos, e também uma parte da sua produção poética. A artista galega Celeste Garrido “tem uma ampla trajetória em projetos teóricos e expositivos muito relacionados com identidade e com questões de género”. Esta mostra, “específica para o MARCO, foi desenhada a partir de uma cuidada seleção de obras em distintos formatos –na sua maioria de nova produção– que constroem um relato em torno da temática do corpo como material, como suporte, como sujeito e como recetor, com especial alusão ao corpo feminino e ao vestido como símbolo”.
Até 4 de abril, no MARCO, em Vigo *Estas datas poderão ser alteradas, consoante as regras a estabelecer pela DGS, devido à evolução da pandemia.
Textos Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR
Os clássicos de Gabriel Grun, em Madrid
O argentino Gabriel Grun especializou-se em pintura figurativa, com fortes influências renascentistas, barrocas e da escola Flamenca. Na exposição “Arcanos, Sátiros e Al Alegorias”, patente no Centro de Artes de Vanguarda e Residência Artística Internacional em Madrid, a Neomudéjar, podemos ver influências de Ribera, Durero, Van Eyck ou Da Vinci. “O seu assombroso trabalho se diz herdeiro de uma arte clássica, não deixando de usar uma linguagem pessoal e um universo diferencial, que também evoca pontualmente pinceladas surrealistas”, lê-se na sinopse da mostra. Entre as obras, destaque para os retratos e autorretratos, evocação de temas clássicos como o ocultismo e o imaginário mitológico, pintados a óleo, com cores fascinantes, elaboradas de forma artesanal: utiliza óleos, pigmentos, minerais. Como o próprio pintor, nascido em 1978, advoga a arte dos nossos antepassados que perdura e recheia os museus de todo o mundo já não precisa de provar nada, usa uma linguagem que transcende e prevalece. A pintura de Gabriel Grun é elaborada com precisão cirúrgica. “A obra respira uma contenção brilhante que irradia para lá do que a tela deixa ver. O retrato como linguagem universal, transcende a alegoria de muitos dos seus quadros. O detalhe preciso, invisível, obriga a um tempo de observação. Cada trabalho é uma mensagem codificada, uma suposição precisa que requer observação, paciência e conhecimento”, refere a sinopse.