CIRCUM-NAVEGAÇÃO AO ARTESANATO
www.fotografia-fna.org
FOTOGRAFIA DE ANTÓNIO TEDIM
https://www.facebook.com/fotografiafna
PRODUÇÃO
APOIO INSTITUCIONAL
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Circum-navegação ao Artesanato Abílio Azevedo – António Tedim – Daniela Silva – Gabriela Pontes – João Cruz – José Pedro Martins – José Penacho de Sousa – Tobias Contreras
Produção
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Patrocinadores Oficiais
Índice Circum-navegação ao Artesanato
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Júri do concurso
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Fotografia FNA 8 28ª Edição 9
Pedro Martins do Bilro à Renda
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Imagens individuais 67 Daniela Silva Victoria Handmade 69
João Cruz Construção Artesanal do Barco Moliceiro na Murtosa
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Abílio Azevedo Cabeçudos e Gigantones
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O Galo de Barcelos
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António Tedim A Tesoura de Tosquiar Ovelhas
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José de Sousa Tenda do Ferreiro Ferrador
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Gabi Pontes Olaria do Mestre João da Rita
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Tobias Contreras Transformar a Terra
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Ficha Técnica Circum-navegação ao Artesanato Produção ADAPVC Associação para Defesa do Artesanato e Património Vila do Conde Praça Luís de Camões, 31 - 2º Dto 4480-719 Vila do Conde tel +351 252 627 700 geral@adapvc.pt Design Marta Braz Coordenação Editorial José de Almeida comunicacaojalmeida@gmail.com ISBN 978-989-97268-2-6 © adapvc e autores
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Circum-navegação ao Artesanato A celebração Nacional do Quinto Centenário da Primeira Viagem de Circum-navegação, protagonizada pelo português Fernão de Magalhães, a que a Direção Regional da Cultura do Norte se associou, inspirou o título desta edição, que reúne os trabalhos distinguidos no 28º concurso de “Fotografia FNA”. É, assim, uma honra incorporar-nos, por este meio, às celebrações desta epopeia marítima e, reconhecidamente, de um dos maiores navegadores de todos os tempos. No caso vertente não se trata de uma odisseia, de uma viagem para o desconhecido da qual não se enxerga o fim nem o tempo que durará. Mas têm em comum a vocação da descoberta, e para as artes tradicionais portuguesas a sua dignificação e arquivo de um património cultural, bússola da identidade nacional.
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Júri do concurso – Lucília Monteiro – Depois de ter trabalhado para conceituados jornais e revistas portuguesas, é atualmente fotojornalistas da Revista Visão. Entre as suas reportagens destacam-se as realizadas sobre a guerra na Bósnia, as minorias étnicas na China, o golpe de estado na Venezuela e a guerra em Angola. Recebe o Prémio Imprensa Troféu Beatriz Ferreira, atribuído pela Casa de Imprensa. O seu trabalho fotográfico pode encontrar-se em várias publicações, além da sua participação em múltiplos projetos artísticos. – Maria do Carmo Serén – Historiadora, professora, crítica de arte e fotografia e investigadora do CITCEM. Integrando com frequência cursos, colóquios ou encontros, tendo publicado textos, nomeadamente sobre análise fotográfica em revistas, antologias, ou dicionários de especialidade, no país e no estrangeiro. Publicou, ainda, para diversas instituições e editoras. Foi diretora da revista “Ersatz” do CPF e coordenadora de Informação e Formação deste organismo.
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– Augusto Lemos – Professor Adjunto na Escola Superior de Educação, onde leciona conteúdos nas áreas da Fotografia, da Arqueologia, da Antropologia e das Tecnologias Aplicadas ao Património. Licenciou-se em História variante Arqueologia e em Fotografia na ESAP. Possui um Mestrado em Tecnologia Educativa e é Doutorado pela Faculdade B. A. da Universidade de Barcelona. com uma investigação sobre as viagens de José Leite de Vasconcelos. Expõe regularmente desde o ano 2000. – Bernardino Castro – Diretor do Centro Português de Fotografia desde 2008. É autor e/ou colaborador de várias comunicações e publicações nas áreas arquivística e fotográfica, tendo participado em vários projetos fotográficos. Licenciado em Ciências Históricas, com Pós-graduação em Ciências Documentais e Gestão Pública. – Carlos Mendes – A direção de fotografia revela-se a sua principal área de trabalho, assinando numerosos filmes e séries exibidos em televisão e cinema. Possui o Bacharelato em Fotografia e a Licenciatura em Arte e Comunicação. Frequentou o curso de Iluminação na London Academy of Radio, e o de Fotografia Cinematográfica Avançada, orientado pelo mestre Rodolfo Denevi, na Escuela Internacional de Cine y TV de Cuba.
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Fotografia FNA O concurso “Fotografia FNA” é um projeto iniciado em 1991, promovido pela Associação para Defesa do Artesanato e Património de Vila do Conde, e desenvolvido no quadro da Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde (FNA) que, desde 1977, anualmente se realiza durante a última semana de julho e a primeira de agosto. A sua missão é a de promover e dignificar o artesanato enquanto herança cultural e identitária, através da dimensão estética da fotografia, como meio de fruição, expressão e arquivo do património cultural. Ao longo das 28 edições já realizadas foram apresentados a concurso cerca de 9.000 trabalhos, por centenas de fotógrafos que, de forma apaixonada e cúmplice, contribuíram para a celebração do Artesanato Nacional e a afirmação da Convenção da Unesco sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais.
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28ª edição Na 28ª edição deste concurso foi dado um novo impulso a este projeto e, simultaneamente, uma maior consistência para aprofundar o conhecimento e a valorização das artes tradicionais portuguesas. Pretende-se, assim, implicar um maior número de fotógrafos a nível nacional, incentivar um maior envolvimento e cumplicidade entre artesãos e fotógrafos e permitir um registo mais abrangente do artesanato nacional. Os participantes passam a poder desenvolver o seu trabalho em qualquer ponto do território nacional, onde o artesanato aconteça, deixando o recinto da Feira Nacional de Artesanato de ser o palco exclusivo do concurso. Cada trabalho deve ser apresentado sob a forma de portefólio e visar uma única arte artesanal.
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Tratando-se de um trabalho fotográfico, documental e artístico, de 6 a 10 imagens, a cor ou preto e branco, considera-se fundamental que as imagens sejam esteticamente concebidas e tecnicamente positivas. Valorizando-se a coerência do portefólio, no sentido de explicitar os métodos de produção da obra: a sua especificidade regional como arte tradicional, embora com as eventuais evoluções temáticas e estéticas, as matérias-primas, as técnicas utilizadas, a sua função utilitária e/ou artística, o artesão em ação e a obra terminada, ligando-a eventualmente à sua divulgação e exposição. Neste e-livro são apresentados por ordem alfabética os fotógrafos e respetivos trabalhos distinguidos pelo júri do concurso, já apresentados ao público numa exposição que decorreu no Teatro Municipal de Vila do Conde, de julho a agosto de 2019.
Produção
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Patrocinadores Oficiais
Abílio Azevedo Portefólio Cabeçudos e Gigantones da tradição à criação
Menção Honrosa CPF
Artesão Francisco Cruz Concelho Viana do Castelo Grupo 08 – Artes e ofícios ligados ao papel e artes gráficas Atividade 08 – 02 – Arte de trabalhar papel Registo fotográfico Início: 05/05/2019 Fim: 21/05/2019 11
A paixão pela imagem de Abílio Azevedo despertou na adolescência e o vídeo apresentou-se, por mero acaso, como o meio possível de a concretizar. A fotografia, documental e recreativa, só mais tarde, como autodidata, a começa a praticar. O sentido crítico e o desejo de aprofundar conhecimentos levou-o a frequentar dois cursos de formação, um no IEFP de Viana do Castelo e o segundo no Estúdio 151, no Porto, no quadro dos quais participou em duas exposições coletivas. A dimensão estética e a fruição pessoal da fotografia são, todavia, as razões que motivam Abílio Azevedo. A partilha do seu trabalho não tem passado para além dos amigos e da família e a participação no concurso “Fotografia FNA”, o prrimeiro em que se inscreveu, deve-se ao desafio lançado pelo artesão Francisco Cruz, do qual surge o portefolio “Cabeçudos e Gigantones”.
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Cabeçudos e Gigantones da tradição à criação A tradição dos “Cabeçudos e Gigantones” em Viana do Castelo remonta aos finais do século XIX, quando desfilaram pela primeira vez na Romaria da Senhora d’Agonia. Consta que terá sido um administrador do Concelho que viu essas figuras gigantes em Santiago de Compostela, dançando em frente à Catedral, ao som de um grupo de tamborileiros, em homenagem ao Apóstolo. Terá tido , então, a iniciativa de as trazer para a cidade de Viana. Apesar da origem destas figuras não ser local, a sua persistência ao longo dos anos pode encontrar uma explicação na relação com a nossa cultura. Nomeadamente com a existência de bonecos grotescos ou de grandes dimensões em procissões de antigamente. Mas, também, em tradições muito vividas hoje no Alto Minho, como a “Queima do Judas”, a “Serração da Velha” ou a “Coca” de Monção.
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De entre os artesãos e “empresários” dos Cabeçudos e Gigantones ao longo dos tempos, destacam-se as três gerações dos “Taipeiros”, da vila de Darque. “Empresários” porque, para além de serem os seus criadores, alugavam, vestiam, restauravam e acompanhavam essas grandes figuras. Maria Arminda Ribeiro Maciel (1909 - 1985) foi a mais recente e talvez a mais emblemática “empresária” destas lides. Tal como seu pai, D. Maria Arminda – de alcunha a “Taipeira” – animava todo o grupo de Gigantones e Cabeçudos com uma chibata na mão, pronta a cair em cima daquele que não obedecesse às suas ordens. Trajava habitualmente uma camisa floreada, saia preta e avental, e com a chibata numa das mãos, impunha a disciplina necessária ao grupo que orientava, e todos bailavam ao som dos Zés P’reiras. Homenageando – Maria Taipeira – o artesão Francisco Cruz deu o seu nome ao trabalho realizado para este portefólio fotográfico, inspirando-se numa fotografia da, então, conhecida empresária dos Cabeçudos e Gigantones. Atualmente os Cabeçudos e Gigantones são pertença da Comissão “Viana Festas”, da Câmara Municipal, e o empenho na manutenção desta tradição é cada vez maior. Não pode haver Romaria, digna do seu nome, sem Cabeçudos e Gigantones. São eles, a par dos fogueteiros e dos Zés P’reiras que, com pompa e circunstância, anunciam a Festa e dão os primeiros acordes de alegria. A sua presença ganhou peso no contexto das tradições e identidade do concelho. E o quadro vivo “Revista de Gigantones e Cabeçudos” que anualmente se realiza, na emblemática Praça da República, não só é uma manifestação que os vianenses acarinham como se tornou uma atração de elevado valor turístico.
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Francisco Cruz é um dos atuais artesãos de Cabeçudos de Viana do Castelo e executa-os utilizando as técnicas tradicionais, nomeadamente com a realização da estrutura sem recurso a moldes. O revestimento da estrutura é feito com materiais reaproveitados (jornais, sacos de farinha e cartões), pasta de papel e colas, sendo o acabamento efetuado com tinta e verniz. Abílio Azevedo e Francisco Cruz
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Material para estrutura 16
MatĂŠria-prima para revestimento
Criação da estrutura do cabeçudo
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Revestimento da estrutura 19
Definição dos traços fisionómicos 20
Aplicação de tinta de enchimento 21
Pintura do cabeรงudo 22
Criação de adereços 23
Colocação dos brincos
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O artesĂŁo e a obra 25
António Tedim Prémio CEARTE Portefólio A tesoura de tosquiar ovelhas Artesão Mateus Miragaia Concelho Guarda Grupo 06 - Artes e ofícios de trabalhar o metal Atividade 06.04 - Arte de trabalhar o ferro Registo fotográfico Início: 10/05/2019 Fim: 08/06/2019
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O interesse pela fotografia surgiu tarde na vida de António Tedim, mas rapidamente se transformou numa paixão. Fotógrafo amador, tem dedicado uma boa parte do seu tempo livre à arte fotográfica, quer fotografando quer no estudo da técnica. Confessa que “Fotografia é liberdade, testemunho e um modo de ler o mundo e ver a vida”. Tem como temas preferidos a fotografia documental e o fotojornalismo, mas também gosta de se “perder” na urbe, fazendo fotografia de rua. Já realizou 22 exposições individuais e participou em várias dezenas de exposições coletivas, em Portugal e em mais de 15 países estrangeiros. Tem participado em múltiplos concursos fotográficos, em Portugal e no estrangeiro, porque encontra neles a melhor forma de aferir o seu trabalho. Já recebeu mais de 200 prémios, maioritariamente em Portugal, mas também em Espanha, Alemanha, Áustria, China, França, Argentina e Itália
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A Tesoura de Tosquiar Ovelhas Reza a história que a tesoura tem antepassados que remontam a 1500 anos a C, assumindo, cerca do ano 100, no Império Romano, o formato de lâminas assimétricas que hoje conhecemos. Mas é só com a sua manufatura, a partir de 1751, que as tesouras adquirem a atual popularidade. A sua produção artesanal, hoje coisa rara, fazem do Senhor Mateus Miragaia, que se saiba, o único artesão do país a fabricar tesouras para tosquiar ovelhas. O fabrico artesanal de uma tesoura, como explica o artífice, começa com o corte de duas tiras de chapa de aço laminado, com cerca de 20 cm de comprimento. Estas peças são levadas à forja até à incandescência, o que permitirá moldá-las, processo que, a par do esmerilar, maior mestria requer nesta arte.
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O martelo, pequeno mas pesado, e as pancadas certeiras e ritmadas sucedem-se dando forma a cada uma das lâminas. Como diz o Sr. Miragaia “o segredo está nas pancadas”. Uma vez moldadas, em cada uma das lâminas é feito um furo para receber o eixo que ligará as duas partes. Para isso, e com o metal novamente incandescente, é utilizado um pontão para executar o orifício. As lâminas passam agora à fase de amolação, que é executada pela passagem sucessiva nos quatro esmeris utilizados, do mais grosso até ao polidor. Afiadas as lâminas, para terminar a tesoura, falta o fabrico e colocação do eixo que liga as duas partes da tesoura. “Um casamento para a vida” afirma, com humor, o Senhor Mateus Miragaia.
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Aquecimento das peรงas
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Moldagem 31
Perfuração das lâminas 32
Esmerilhamento 33
Execução do eixo
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Colocação do eixo 35
Teste de corte 36
O Obreiro e a obra 37
A tosquia 38
Gabi Pontes Portefólio Olaria Mestre João da Rita Artesão Mestre João da Rita Concelho Vila Franca, S. Miguel, Açores Grupo 02 – Artes e ofícios da cerâmica Atividade 02.02 Olaria Registo fotográfico Início: 17/06/2016 Fim: 04/07/2016
Grande Prémio FNA
Desde cedo se interessou pela fotografia, mas só em 2014 se dedicou a explorar esse prazer, tendo feito algumas formações nas áreas da fotografia digital e da edição. A fotografia tem sido uma constante viagem de aprendizagem e descoberta de si própria e de tudo o que a rodeia. Assume-se como uma amante de fotografia, estando desde 2017 na Direção da AFAA – Associação de Fotógrafos Amadores dos Açores. Nos últimos tempos, tem-se dedicado à fotografia de viagem e ao desenvolvimento de alguns projetos pessoais, nomeadamente: 2019 | “Nordeste e os seus 9 Encantos” – coautora do livro fotográfico das 9 freguesias do Concelho de Nordeste.
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2018 | “Ponta Delgada e os seus 24 Encantos” – coautora do livro fotográfico das 24 freguesias do Concelho de Ponta Delgada. 2017 e 2018 | Exposição coletiva “Serralves em Festa”. 2016 | Exposição Individual: “O Sal da Vida”, que versa sobre as vivências cabo-verdianas (Ilhas do Sal e Boavista) e as suas ligações a Portugal. Apresentada no Coliseu Micaelense, em S. Miguel, Açores.
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Olaria do Mestre João da Rita “Deus fez o homem perfeito, do barro que modelou, E agora modela o barro O homem que Deus formou” Armando Cortes-Rodrigues
O fabrico artesanal de produtos em barro em Vila Franca do Campo, a conhecida “Loiça da Vila”, é, desde sempre, uma referência não só do município mas também de toda a ilha de S. Miguel. O portefólio apresentado ao concurso Fotografia FNA retrata um desses artesãos, o Sr. João Rodrigues, mais conhecido por Mestre João da Rita, o último dos oleiros tradicionais de Vila Franca do Campo. Nascido em 1956, desde cedo seguiu os passos do pai, Mestre Jaime Rodrigues, ajudando-o na árdua tarefa da limpeza e pisada do barro vindo da vizinha ilha de Santa Maria.
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Há mais de meio século a trabalhar o barro, o Mestre João da Rita mantém a sua olaria tradicional em funcionamento, aberta ao público, onde ainda trabalha ajudado por Rui Rodrigues, um dos seus filhos. Aqui fabricam-se de forma tradicional potes, tigelas, alguidares, assadeiras mantendo-se a maravilhosa tradição das “loicinhas da Vila”, o encanto de muitas infâncias, como a minha. Utensílios de cozinha para brincar, assobios de água, mealheiros e outras peças em miniatura, vendidas durante as Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Brinquedos que mantêm alguma procura no mercado da saudade e que podem ser encontrados na Olaria do Mestre João da Rita, na rua da Cancela, nº 54, S. Pedro, Via Franca do Campo. A olaria, outrora, importante atividade artesanal e fonte de riqueza de Vila Franca do Campo, é hoje uma atividade e uma arte em vias de extinção. Mantendo-se salvaguardada a tradição, o património cultural e a memória coletiva pela intervenção da Câmara Municipal que, em boa hora, criou a Rota da Olaria. Recuperando, para além da Olaria do Mestre João da Rita, a Olaria Museu Mestre António Batata e a Olaria do Mestre José Batata. E, ainda, o Forno Museu Manuel Jacinto Carvalho, forno coletivo construído no século XIX. Percorrer a Rota da Olaria de Vila Franca do Campo é viver, em três dimensões, um trecho da história deste concelho, da ilha de S. Miguel e dos Açores. A possibilidade de ouvir histórias do barro, contadas por quem as viveu, admirar peças de outrora e dos mestres oleiros da região. Meter as mãos na massa ou, melhor dizendo, no barro, aprender algumas noções e técnicas de olaria e, porque não, lançar-se na roda de oleiro e fazer uma peça de autor. Gabi Pontes
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Pedro Martins Portefólio Do Bilro à Renda Artesãs Várias – Rendilheiras de Vila do Conde Concelho Vila do Conde Grupo 01 - Artes e ofícios Têxteis Atividade 01.13. - Confeção de Artigos Registo fotográfico Início: 2017 Fim: 2019
Menção Honrosa CPF
O convívio desde a mais tenra idade de José Pedro Martins com inúmero material fotográfico pertença de seu pai – um apaixonado pela arte – bem como a sua influência, foram motivos determinantes para o início da sua atividade como fotógrafo em 1981. Desde então participou em mais de três dezenas de exposições individuais e coletivas em Portugal e no estrangeiro. É autor premiado em inúmeros certames de fotografia e editado em diversos livros da especialidade. Possui ainda trabalhos publicados em revistas de fotografia nacionais e estrangeiras, cartazes publicitários, blogues, jornais e capas de livros. Autor e editor em 2005 do livro de fotografia “O Perfume da Tradição” centrado sobre a tradição dos Tapetes de Flores em Vila do Conde, localidade onde reside desde 1983.
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É o responsável desde 2013 pelo projeto fotográfico “Acrobatic Project” (https://www.facebook.com/ AcrobaticProject) e mais recentemente do blog “4 Fotografias+1 Texto” em (https://jpedromartinsfotografia. wordpress.com). É o fotógrafo do Teatro Municipal de Vila do Conde, da LFA – Lafontana Formas Animadas | Companhia de Teatro, da Companhia “Coração nas Mãos” e dos espetáculos “Um Porto para o Mundo”. Organizador e curador do FOTOVC – Ciclo de exposição anual de fotografia, que se realiza em Vila do Conde desde 2018.
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Do Bilro à Renda
“Com mãos se faz a paz se faz a guerra. COM MÃOS TUDO SE FAZ e se desfaz. Com mãos se faz o poema – e são de terra. Com mãos se faz a guerra – e são a paz. (...)” “AS MÃOS” (Manuel Alegre)
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Imagens individuais de estética e significado relevantes, selecionadas dos portefólios que não tinham obtido classificação
Portefólio Victoria Handmade
Daniela Silva
Artesã Esperança Vitória Concelho Porto de Mós Grupo 03 - Artes e ofícios de trabalhar elementos vegetais Atividade 03 - 01 Cestaria Registo fotográfico Início: Junho de 2018 Fim: Junho de 2019
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Daniela Gomes nasceu em Leiria em 1997 e licenciou-se em Design Gráfico e Multimédia em 2017. Enquanto Designer tudo o que é visual faz agora parte do seu trabalho. Mas, desde cedo, essa vontade de captar o visível se manifestou através do desenho, fotografia e música. Por volta dos 15 anos já tinha um pequeno portfólio de fotografias assim como o mundo das artes do desenho e da música eram indissociáveis da sua vida. Em 2017 logo após a conclusão do curso iniciou a sua atividade no grupo BLINK EYE. No entanto, em 2014, ainda antes de dar inicio ao curso, já punha em prática a sua paixão pelo design e fotografia através do projeto Victoria Handmade. Projeto familiar integrando a sua Mãe – Esperança Vitória – e a sua Tia – Carla Gomes – do qual ainda hoje faz parte em todas as horas vagas. Residindo o mérito, do portefólio apresentado, no esforço e dedicação de quem, com alma e coração, dá continuidade a uma das artes tradicionais portuguesas.
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Apanha do Junco
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Portefólio Construção artesanal do barco moliceiro na Murtosa
João Cruz
Artesão Marco Paulo Costa Silva Concelho Murtosa Grupo 05 – Arte e Ofícios de trabalhar a madeira e a cortiça Atividade 05.02 - Construção de embarcações Registo fotográfico Início: 19-04-2019 Fim: 11-06-2019
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Nasceu em Lisboa em 1962. Vive em Murtosa e trabalha em Estarreja. Licenciado pela Escola Naval, é oficial da armada na reforma, foi CFO no setor industrial e na administração portuária, sendo atualmente consultor num grupo de clínicas. Preside à associação de bombeiros e à associação de fotografia e artes visuais da Murtosa, e tem participado em diversas exposições coletivas e concursos de fotografia, nacionais e internacionais. Em 2017 foi distinguido com o Documentary Award da Humanity Photo Awards /Unesco na categoria Living Custom. Depois de percorrer várias áreas da fotografia como fotógrafo amador, interessa-se em especial pela observação e registo fotográfico do trabalho e costumes, procurando aproveitar as viagens que faz para acrescentar ao seu portefólio.
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Construção Artesanal do Barco Moliceiro na Murtosa As técnicas construtivas do moliceiro são uma expressão singular das técnicas tradicionais de construção naval de carpintaria de machado. A obra começa pelas tábuas de fundo, seguindo-se a colocação das 21 cavernas, do tabuado do costado, dos bordos, da draga, a coicia, o traste, as falcas, o leme, as tostes e o mastro. O barco é depois pintado e por fim decorado por um pintor artístico. Pode navegar à vela e à vara, sendo vulgar hoje deslocar-se apenas a motor. O comprimento aproxima-se dos 15 metros, a boca varia entre os 2,5 e 2,6 metros, e o deslocamento é de cerca de 5 toneladas. A matéria-prima fundamental é a madeira de pinheiro manso e de pinheiro bravo. São utilizados cerca de 4000 pregos em ferro forjado e zincado, 2000 parafusos em aço inox, 1000 cavilhas de madeira, tintas, vernizes e materiais de calafeto.
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A primeira das 21 cavernas do barco moliceiro 76
Colocadas as falcas e dada a base da tinta para a pintura 77
Portefólio O Galo de Barcelos Artesão Domingos Lopes da Rocha Concelho Barcelos Grupo 02 – Arte e ofícios da cerâmica Atividade 02.03 - Cerâmica Figurativa Registo fotográfico Início: 03-05-2019 Fim: 08-06-2019
João Cruz
O Galo de Barcelos O concelho de Barcelos desenvolveu a sua identidade cultural impulsionada pela predominância da olaria como atividade económica, aproveitando a ambivalência da utilização do barro em produtos utilitários e decorativos. Fruto da mística relação entre a Lenda do Galo e a figura de barro de crista imponente, pintada com corações e pontilhados coloridos, tornou-se por si só o maior símbolo turístico do país. É esta genialidade de um povo simples, persistente, talentoso e trabalhador, que merece ser registada com os seus rostos e as suas mãos hábeis como protagonistas deste património cultural regional e nacional, unanimemente representado pelo Galo de Barcelos. Neste portefólio fotográfico todas as pessoas fazem parte da mesma família, descendente do barrista Domingos Côto que produziu nos anos trinta, em roda de oleiro, o primeiro galo de Barcelos. Em Galegos de Santa Maria, Domingos Lopes da Rocha, neto de Domingos Côto, iniciou a sua atividade há 48 anos e conta com a colaboração dos seus familiares. A matéria-prima fundamental é o barro misturado com água. São utilizadas tintas acrílicas e diluentes na pintura. As técnicas utilizadas são as de fabrico em barro com auxílio de moldes em gesso, seguidas de técnicas de enfornamento e cozedura, e pintura totalmente executada à mão. 80
Forno cheio para cozer 81
Portefólio Tenda do Ferreiro Ferrador Artesão Mestre Ferreiro Ferrador João Benevides Concelho Lagoa, S. Miguel - Açores Grupo 06 – Artes e ofícios de trabalhar o metal Atividade 06.04 - Arte de trabalhar ferro Registo fotográfico Início: 24/04/2019 Fim: 24/04/2019
José de Sousa
Natural e residente na Ilha de S. Miguel, José de Sousa desde cedo se sentiu apaixonado pelas luxuriantes paisagens e natureza única dos Açores. O seu gosto pela fotografia surgiu do querer imortalizar momentos únicos de contemplação da natureza. Nos últimos anos, dedica grande parte do seu tempo livre à fotografia, integrando a Direção da Associação de Fotógrafos Amadores dos Açores, desde 2017. Para o autor, a fotografia não é só um hobby, é uma forma de estar. Entre os seus trabalhos distinguem-se: 2019 | “Nordeste e os seus 9 Encantos” – coautor do livro fotográfico das 9 freguesias do Concelho de Nordeste. 2018 | “Ponta Delgada e os seus 24 Encantos” – coautor do livro fotográfico das 24 freguesias do Concelho de Ponta Delgada. 2017 e 2018 | Exposição coletiva “Serralves em Festa”. 83
Tenda do Ferreiro Ferrador Desde os 13 anos, o João saía da escola e ia a correr para a tenda. Apesar do pai o incentivar a ter outra profissão, isso nunca lhe passou pela cabeça. Era na tenda que se sentia feliz. O Sr. João Benevides, o quarto de uma geração de Mestres Ferreiros Ferradores, que praticam a arte da forja, tomou assim a profissão de ferreiro nas suas mãos, forjou a vida a ferro e fogo e dela construiu a sua família e o seu ganha-pão. Sempre bem-disposto, o Sr. João recorda a época em que abundavam os transportes de tração animal, em que desde o nascer do dia, já a rua da tenda se enchia de cavalos, carroças e bois para ferrar. “Não havia mãos a medir. E era preciso ter muito cuidado, pois não se estava livre de uma queimadura ou do coice de um animal menos paciente”. Da azáfama de outros tempos restam as memórias. A tenda onde o Sr. João recebe agora, todas as tardes, os visitantes que procuram saber mais sobre esta atividade já quase extinta. Bom contador de histórias, diz em jeito de brincadeira: “Quando morrer não quero ir para o inferno, pois toda a vida vivi dentro da fogueira”. 84
Ferreiro Ferrador 85
Tobias Contreras Portefólio Transformar a terra Artesão Leonel dos Santos Duarte Telo Concelho Monchique Grupo 02 – Artes e ofícios da cerâmica Atividade 02.02 Olaria Registo fotográfico Junho 2019
Retrato para este desafio um pouco da história que envolve os meus dias. Vislumbro uma envolvência, da passagem de uma herança rica em harmonia e continuidade de um saber ancestral. As minhas personagens principais, Leonel Telo, um dos maiores mestres oleiros e ceramistas em Portugal e a sua filha Madalena Telo, aprendiz nesta arte de transformar o barro.
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Ritmo de mĂŁo leve
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LIGAÇÕES
www.adapvc.pt https://feiranacionaldeartesanato.com/
www.cpf.pt
www.cm-viladoconde.pt
www.culturanorte.gov.pt
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www.fotografia-fna.org
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