Relatório de Análise do Questionário Pedagógico - "Inquérito COVID-19"

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Relatório de Análise do inquérito Covid-19

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Índice Introdução .................................................................................................... 3 Formato do Questionário ................................................................................... 4 Análise dos Resultados .................................................................................... 5 1. Anos dos alunos inquiridos ....................................................................... 5 2. Local onde se encontram ......................................................................... 6 3. Estado dos estudantes ............................................................................ 7 4. Acesso a Equipamento informático para atividades pedagógicas ........................ 8 5. Equipamentos Informáticos disponíveis ....................................................... 8 6. Condições para aulas à Distância ............................................................... 9 7. Causas para falta de condições ............................................................... 10 8. Existência de Material de estudo ............................................................. 12 9. Material de estudo em falta ................................................................... 13 10. Condições para avaliação à Distância ....................................................... 15 11. Razões para falta de Condições para avaliação ........................................... 15 12. Métodos de avaliação preferidos pelos alunos ........................................... 19 13. Percentagem de estudantes internacionais ................................................ 20 14. Problemas e dificuldades dos estudantes internacionais .............................. 21 15. Sugestões para a escola de direito e aedum ................................................ 23 16. Observações, queixas e Comentários finais ................................................. 27 Conclusão e Mensagem ................................................................................... 29

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Introdução Face a estes tempos difíceis associados à pandemia do novo Corona Vírus, a Associação de Estudantes de Direito da Universidade do Minho – AEDUM realizou um inquérito no sentido de obter um melhor conhecimento da situação pedagógica dos alunos. Consideramos que, como Associação que toma como seus os valores de representatividade, defesa e auscultação dos alunos, seria necessária uma maior intervenção e presença junto destes. Com este inquérito pretendemos uma maior compreensão do estado atual em que se encontram, através da procura de diálogos contínuos, que terá em vista uma melhoria e aumento de eficiência dos serviços alternativos prestados nesta nova realidade. Assim, este inquérito e a sua análise não terão só como objetivo o direcionamento da nossa ação, como também fornecer à Escola de Direito da Universidade do Minho e a outras entidades e autoridades da Universidade do Minho dados concretos para que se possam avaliar e resolver estes obstáculos que têm surgido, de modo a auxiliar os alunos que desesperadamente precisam de apoio. Desta maneira, através de dezasseis questões que abordam várias áreas, pretendeuse avaliar, em concreto, como e onde se encontram as pessoas, a acessibilidade a meios para um bom desempenho das tarefas estudantis, as opiniões sobre a qualidade e o nível de satisfação dos novos métodos de ensino digital, o grau de apoio sentido pelas várias vertentes que têm à sua disposição para se manifestarem e, sobretudo, ter em conta as soluções dadas por cada um. Uma dessas perguntas cingiu-se na preocupação de saber em que ano é que a pessoa se encontrava com vista a, numa perspetiva de aproximação de uma análise mais homogénea, perceber se as realidades vividas em cada ano se sentiriam da mesma forma. Para além disto, para um estudo mais apurado do cenário em análise e numa tentativa de maior aproximação dos casos, houve a discricionariedade de preencher campos como o nome e contactos para que, de uma maneira mais rápida, e atendendo a casos concretos que não se podem englobar ou tratar como um todo, e necessitam de uma maior urgência possam, de imediato, serem resolvidos. Denotamos apenas que uma análise mais extensa e dedicada não foi possível devido à necessidade de respostas rápidas, mas que mesmo assim esperamos que esta análise algo superficial seja suficientemente útil para detetar e solucionar os problemas dos alunos neste momento difícil para a Universidade, para o País e para o Mundo.

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Formato do Questionário O formulário foi desenvolvido utilizando o serviço Google Forms, associado a uma conta da Associação. Foi dividido em dezoito seções, sendo que duas delas envolvem o nome e contacto e são opcionais para aqueles que desejam ser contactados quanto aos problemas indicados nas suas respostas, e que a resposta a cinco delas é condicionada pela resposta dada à questão anterior. A ordem de questões foi a seguinte:

1. Neste período em que as aulas se encontram suspensas, onde te encontras? 2. Qual o teu estado atualmente? 3. Tens equipamento informático que possas utilizar em atividades pedagógicas? 4. Se respondeste afirmativamente à questão anterior, quais os equipamentos que tens ao teu dispor? 5. Consideras que tens condições para frequentar as aulas à distância? 6. Se respondeste "não" à questão anterior, porque consideras que não reúnes as condições necessárias? 7. Consideras que tens acesso a material de estudo suficiente? 8. Se consideras que não tens o material suficiente, o que precisas/ o que te falta? 9. Consideras que tens condições para seres avaliado à distância? 10. Se respondeste negativamente à pergunta anterior, porque é que consideras que não tens essas condições? 11. Que método de avaliações achas mais adequado? 12. És um estudante internacional? 13. Se respondeste afirmativamente à resposta anterior, quais são os problemas/maiores dificuldades que tens enfrentado nos últimos tempos? 14. Como aluno da Escola de Direito, como consideras que a AEDUM ou a Escola de Direito da Universidade do Minho te poderão ajudar perante as tuas dificuldades? 15. Se pretenderes deixar mais algum comentário/observação/queixa, podes fazê-lo aqui; 16. Nome (opcional); 17. Contacto (opcional); 18. Em que ano te encontras?

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Análise dos Resultados Iremos de seguida apresentar as questões apresentadas no inquérito, seguidas da apresentação dos seus resultados individuais e da nossa análise dos mesmos, de modo a proporcionar uma melhor compreensão dos dados obtidos.

1. Anos dos alunos inquiridos

A última questão do inquérito é no entanto aquela que consideramos mais relevante apresentar em primeiro lugar devido ao seu valor estatístico. Esta obtém o ano que frequentam os alunos envolvidos. Tendo em conta que apenas os alunos da Escola de Direito da Universidade do Minho foram chamados a responder, e que o inquérito se encontrou aberto durante nove dias, os resultados foram aceitáveis no que toca a afluência dos alunos. Com um total de 464 respostas, apesar de nem todas se aplicarem a todas as perguntas devido ao seu caráter opcional, considerámos que os dados obtidos são representativos do inquérito no geral, apesar de erros de contagem da plataforma oscilarem em uma ou duas unidades o número total de respostas, e que são suficientes para tirar conclusões razoáveis com base na análise estatística obtida. Podemos observar no gráfico acima que o número de respostas dos diversos anos de 1º e 2º Ciclo está relativamente bem distribuída, existindo uma percentagem próxima de respostas de cada ano, com exceção do segundo ano de mestrado, compreensível devido aos seus desafios muito específicos. Com estes valores podemos 5


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depreender que este inquérito é portanto representativo do curso como um todo, e não apenas de um ou dois anos curriculares específicos. Isto permite concluir que os problemas indicados devem ser afirmados como abrangentes a todos os momentos dos dois ciclos de estudo, sem nunca desconsiderar as suas diferenças naturais.

2. Local onde se encontram

A primeira questão do inquérito, importante para perceber em que tipo de situação se encontram os alunos, incide sobre a sua localização e por extensão a sua companhia. Uma grande percentagem dos alunos, 85,6%, afirmou estar em casa com a família, o que é possivelmente o melhor caso esperado, apesar de apresentar naturalmente dificuldades pedagógicas associadas. Alguns estudantes, nomeadamente 5,4%, responderam que se encontram a viver com colegas, sendo esta a segunda percentagem mais alta. Mesmo assim, a terceira percentagem mais alta de 5,2% é a mais preocupantes, correspondendo a estudantes que se encontram a viver sozinhos. Consideramos que enfrentar sozinhos estes momentos de isolamento e distanciamento social pode deixar estas pessoas, que são no total 24, em mau estado psicológico e emocional, tendo em conta a natureza da situação. Relembramos que este estudo não abrange a totalidade dos alunos, sendo este portanto o número mínimo confirmado de pessoas que enfrentam sozinhas esta crise. Os restantes 3,8% corresponderam a diferentes respostas, sendo a maioria destas relativas a presença em instituições, no estrangeiro ou nas residências de companheiros. 6


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Com estes números podemos concluir que muitos estudantes se encontram em condições aceitáveis, mas um número razoável e que não deve ser ignorado deles se encontra em circunstâncias que dificilmente lhes permitirá estar capazes para enfrentar muitos dos desafios pedagógicos que têm de enfrentar nesta situação.

3. Estado dos estudantes

A questão seguinte foi relativa ao estado situacional dos estudantes. As opções fornecidas pretendiam verificar quais os estudantes infetados, quais os estudantes em reclusão voluntária ou imposta e quais aqueles que continuam a ter atividade fora da quarentena, quer pessoal ou profissional. Com isto pudemos concluir que 83% dos estudantes se encontram em isolamento voluntário, que 6,7% se encontram em isolamento profilático e que 6,2% s encontram a sair de casa para efeitos profissionais. Há que nota no entanto que cerca de 4 estudantes se indicaram como doentes, possivelmente com Covid-19, e que pelo menos um se encontra a esperar resposta de rastreio da doença. Os restantes 3,2% encontram-se em circunstâncias diversas, sendo que muitos indicaram que se encontram em teletrabalho. Há que notar que apesar de não existir uma opção específica dedicada a trabalho à distância, a existência de muitos estudantes-trabalhadores na Escola levam à dedução de que estes números poderão ser muito maiores do que apenas aqueles que o indicaram diretamente, sendo que é essencial relembrar que estudantes que se mantêm a trabalhar em casa dificilmente terão condições para se dedicaram exclusivamente a atividades pedagógicas.

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4. Acesso a Equipamento informático para atividades pedagógicas

De seguida abordamos a questão do equipamento informático. Pretendemos que esta questão fosse um mecanismo simples de avaliar o número aproximado de pessoas sem qualquer tipo de possibilidade de participar em atividades pedagógicas exclusivamente devido à ausência de material tecnológico que o permita. Concluímos que uma maioria dos estudantes, cerca de 97,6%, tem acesso a pelo menos um tipo de equipamento que lhes permita participar, sendo que os restantes 2,4%, correspondendo a onze estudantes, afirmam não conseguirem participar nas atividades. Este é um número pequeno mas significativo, tendo em conta que o mero acesso a este questionário implica um equipamento informático menor e algum tipo de rede. Podemos assim ter a certeza que o número será muito maior, e que apoio para estes estudantes deverá ser uma prioridade se estes são para acompanha as atividades pedagógicas de todo.

5. Equipamentos Informáticos disponíveis Imediatamente após esta questão pedimos aos estudantes um esclarecimento quanto aos meios que possuem. Isto foi feito condicionalmente, sendo que aqueles que afirmaram não possuir nenhum não responderam a esta questão. Este levantamento é importante devido à diferença de experiência que um estudante terá em diferentes equipamentos. Não é igual assistir a uma aula num computador pessoal ou num ecrã de um telemóvel, e isto deve ser considerado, quer no contexto de aula como no contexto de avaliação, e principalmente neste último. 8


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Assim, podemos observar que uma maioria dos estudantes possui computador, mas que mesmo assim pelo menos 4,6% dos inquiridos que responderam afirmativamente têm de recorrer a equipamento menos ótimos como telemóveis e tablets. Apesar de funcionais, estes equipamentos não permitem um tempo de reação ou espaço de perceção alargado, sendo importante que os docentes tomem isso em conta no desenvolvimento da sua atividade.

6. Condições para aulas à Distância

A questão seguinte teve como objetivo obter a opinião que os alunos têm das suas condições para frequentar aulas à distância, dependendo das suas situações atuais.

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Sendo essencial que a existência de equipamento informático e material se coadune com a presença de condições ambientais e mentais adequadas, podemos verificar que 11% dos alunos afirmaram que não possuem tais condições, um número relevante se considerarmos que a atividade letiva deve ter como objetivo formar os alunos e não apenas cumprir quotas ou objetivos de matéria específicos. De 464 respostas, apresentam-se destas 412 com “sim”, e 51 com um “não”. Ou seja, 51 pessoas das que responderam, na Escola de Direito da Universidade do Minho, não se encontram em posição favorável para que este novo método de ensino lhes seja o mais eficaz e próximo.

7. Causas para falta de condições Para melhor percebermos o grau de dificuldade destas pessoas, bem como, quais os reais obstáculos que se lhes põem à frente, em sequência desta primeira pergunta, questionamos: “Se respondeste “não” à questão anterior, porque consideras que não reúnes as condições necessárias?”. Decidiu-se dar total liberdade de exposição às pessoas sobre as suas situações pessoais, por isso, as respostas foram através de texto livre e não através de escolhas. Das 49 respostas dadas, a maioria incidiu em problemas de acesso à internet, à falta de material próprio e na ausência de sossego e espaço para estar. Assim, existem 15 pessoas com incapacidades de ter material tecnológico disponível. Destas, 10 afirmaram ou não terem computador, ou que este não estaria a funcionar da melhor maneira (com falhas) ou que estaria a ser partilhado pelos membros com quem habitam. Na mesma linha de pensamento, houve quem manifestasse a preocupação de não conseguir realizar alguma avaliação (testes online vigiados, orais) devido à não presença de câmara funcional e o facto de o telemóvel não ter capacidade para aceder às respetivas plataformas de ensino. Deixa-se, portanto, certos comentários que comportam isto: 

“Considero que tenho condições para as frequentar porque até agora não foi obrigatório o uso de câmara, o meu computador tem efetivamente uma câmara integrada mas está avariada e não tenho forma (nem recursos financeiros, honestamente) para a reparar, se ter uma câmara se revelar fundamental não terei forma de preencher esse requisito.”

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“O meu computador não funciona e o reparo é muito dispendioso. Não acho que ter aulas pelo telemóvel seja uma boa alternativa.”;

“O PC ser partilhado com o restante agregado familiar e este incluir menores também com atividades letivas à distância o que leva a uma gestão nem sempre fácil dos recursos informáticos. A fragilidade da rede como consequência de os recursos das operadoras prestadoras de serviços de Internet estarem sobrecarregadas e com reservas dedicadas a organismos vitais (segundo me foi dito).”; Em adição, observamos 24 respostas que consideraram ser a internet o meio

impeditivo de condição para frequentar as aulas à distância, sendo este o problema que mais se destacou. É algo que tem de ser, urgentemente, resolvido – sobretudo as pessoas que não possuem qualquer método – pois isso impossibilita a total aprendizagem da matéria. Encontram-se situações como: a falta total de internet em casa e a incapacidade de estar sempre a usar dados móveis; as conexões fracas que fazem perder o rumo total das aulas. Aqui se apresentam alguns comentários: 

“A net é lenta e falha várias vezes, mesmo quando estou junto ao router, o que me faz perder uma grande parte do que é dito pelos professores (sobretudo em aulas teóricas).”

“Apesar de possuir um computador e ter acesso à internet, frequentemente a conexão à respetiva é baixa, não conseguindo acompanhar devidamente os professores. (…)”

“Não tenho Wi-Fi em casa, uso dados móveis que se esgotam rapidamente e são caros.” Por fim, houve também várias respostas que remeteram para a vida no domicílio

e o estado emocional perante esta situação. Assim, houve quem, por um lado, falasse sobre a incompatibilidade das atividades quotidianas com os horários das aulas e, por outro, de não possuir nenhum local apropriado, sossegado, estável para que o estudo e a atenção às aulas se proporcionassem. Este é, possivelmente, o problema mais difícil de se superar devido às especificidades de cada caso concreto. No entanto, não é motivo para se colocar de lado pois estes constantes estados emocionais podem trazer grandes repercussões tanto a nível interpessoal como a nível profissional em que, com ambientes difíceis, torna-se difícil também estudar. Com isso, poderão os afetados não se 11


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apresentarem com o que consideram um bom grau de desempenho académico que, como se sabe, não parte apenas de ter uma determinada nota mas também da validação pessoal. Comentários que se apresentam pertinentes dar ênfase: 

“Vivo com os meus 2 avós inválidos (a minha avó é invisual e o meu avô está acamado, para além de todos os outros problemas de saúde que têm, como diabetes etc.). (…) Daí eu não ter disponibilidade para estar 3h (por aula) seguidas à frente de um computador.”

“Além do estado mental debilitado pelas preocupações decorrentes do isolamento e das incertezas quanto a manutenção das atividades laborais ainda estou com meu filho pois a creche foi fechada por força de decreto estadual.”

“O ambiente em casa não é o mais adequado para estudar quando comparado, por exemplo, com uma sala de aula na universidade, ou mesmo uma das várias bibliotecas. No meu caso, tenho constantes interrupções devido aos meus familiares que não tem culpa de que eu tenha apenas este espaço comum para tentar compensar a falta de atividades letivas presenciais.”

8. Existência de Material de estudo

A questão seguinte foi relativa à existência de materiais de estudo. Em sequência da questão chegaram-nos 464 respostas das quais 228 foram positivas e 236 negativas. Ou seja, percebe-se que metade das pessoas sentem-se pouco apoiadas, com dificuldades na aprendizagem e com falta de mecanismos para as superar.

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9. Material de estudo em falta Apresentamos de seguida a questão de resposta condicionada “Se consideras que não tens o material suficiente, o que precisas/ o que te falta?” A maioria das respostas remetem para a falta da bibliografia recomendada dos professores e material de estudo pois, como visto em análise de perguntas anteriores neste inquérito, as aulas não são vistas ou são vistas apenas parcialmente e não parecem existir em grande parte gravações para suprir essas necessidades. Para além disto, existem aulas que os alunos consideram pouco proveitosas em comparação com as presenciais o que denota, mais uma vez, a necessidade de elementos de estudo mais concretos e incidentes no que realmente é pretendido em cada uma das disciplinas. Também alunos de mestrado se manifestaram argumentando a falta de cumprimento de plano de aulas e de material para a dissertação e trabalhos. Apresentamos alguns dos comentários: 

“As aulas que são conferidas on-line não são tão proveitosas como as presenciais o eram. Muitas vezes a ligação falha, não há tanta facilidade em por questões ou até mesmo acompanhar a aula. Os materiais de estudo fornecidos pelos professores não suficientes.”

“Manuais ou sebentas, além de que as aulas estão a ser difíceis de acompanhar pela velocidade a que os conteúdos são dados. Uma aula num anfiteatro é uma coisa, uma aula virtual é outra e sinto pouca adaptação por parte de alguns professores nesse sentido.”

“Guias facultados pelos professores, bem como um conteúdo programático claro.”

“Não tenho acesso aos livros que gostaria para complementar o meu estudo. As aulas têm uma qualidade muito inferior ao desejado, ficam muito aquém, principalmente por causa das interferências e da particular dificuldade que assiste as aulas práticas. Torna-se bem mais difícil ter um ensino de qualidade desta forma, apesar de alguns professores se terem mostrado bastante acessíveis...Mas isso não torna isto menos penoso para nós. Toda esta incerteza, insegurança, ainda por cima no último semestre do curso...” Também neste âmbito, a AEDUM foi mencionada pela falta de disponibilização

das sebentas, coletâneas, etc., às quais já procedeu à respetiva publicação online, com as devidas ressalvas, tratando-se, por isso, de um ponto resolvido. Os materiais não 13


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disponibilizados devem-se à incapacidade atual de obter os ficheiros ou à falta de consentimento dos autores para a divulgação. Também foram várias vezes mencionados os livros das bibliotecas e a incapacidade de os alunos chegarem até eles de modo eficiente e rápido, apesar da solução já disponibilizada pela Universidade: 

“Não temos acesso à bibliografia, as editoras demoram mais de 15 dias a enviar um livro, e apesar da biblioteca ter disponibilizado a requisição, a verdade é que não existem livros para todos e o modelo adotado faz com o livro requisitado só seja devolvido no fim da quarentena. E ninguém tem capacidade de fotocopiar um livro em casa, como é óbvio, e acredito que, atendendo ao valor monetário dos mesmos, nem toda a gente tenha essa capacidade financeira de os adquirir, incluindo-me nesse grupo.”

“As bibliotecas não estão a funcionar com normalidade, pelo que não temos acesso a muitos livros que precisávamos para fazer os trabalhos de avaliação. A verdade é que muitos alunos têm livros que não são obrigados a devolver, ao que não conseguimos aceder a eles.”

“A quantidade de manuais nas bibliotecas são por vezes limitas e não chegam para todos os alunos.”

Por último, um outro obstáculo bastante mencionado para o estudo cinge-se pela falta de legislação obrigatória e pela incapacidade de impressão tanto desta como da matéria e conteúdos disponíveis. Apresentamos de seguida algumas respostas neste sentido: 

“Livros

e

apontamentos/resumos

em

papel.

Estudar

a

olhar

constantemente para um ecrã é muito mais cansativo.” 

“Não tenho acesso a biblioteca, a livros, códigos...”

“Faltam-me livros, sebentas e acesso a uma impressora, visto que não consigo estudar ao ler o material pelo computador.”

“Vários Livros, inclusive legislação indispensável para o curso de Direito que frequento. Para além disso, há resumos essenciais nas papelarias junto da UMinho, que agora não estão acessíveis.”

No geral podemos concluir que existe ainda muito material de estudo em falta, e que encorajar os docentes a fornecê-lo aos estudantes apenas poderia incorrer em consequências positivas para todos os envolvidos. 14


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10. Condições para avaliação à Distância

A pergunta seguinte tinha como objetivo recolher a perceção dos alunos quanto às suas condições para avaliação no atual contexto. Assim, 30,3% dos alunos deram resposta negativa, sendo de 69,7% a percentagem de alunos que responderam afirmativamente à questão. Considerando que existe uma percentagem significativa de estudantes que consideram não estar em situação adequada para serem avaliados, consideramos ser imprescindível tentar encontrar soluções para os problemas apresentados na questão seguinte, com a qual existe uma correlação direta.

11. Razões para falta de Condições para avaliação Sendo assim, passamos a apresentar as respostas dadas à questão “Se respondeste negativamente à pergunta anterior, porque é que consideras que não tens essas condições?”. Para esta apresentação, achamos proveitoso expor os principais problemas que destacamos ou pela sua gravidade ou natureza repetida com que se apresentaram. Apresentamos, também, algumas citações de resposta que achamos mais relevantes. Várias respostas mostram que existe uma grande percentagem de alunos que considera injusta a natureza da avaliação. Aqui, apresentam-se vários motivos, entre os quais a insuficiência das aulas digitais enquanto alternativa para as aulas presenciais e a preparação insuficiente que leva a uma aprendizagem deficiente que não pode ser alvo de avaliação. Outras respostas demonstram que uma parte dos alunos não considera 15


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os métodos apresentados transparentes e rigorosos, permitindo fraude académica. Sentem também que a este tipo de avaliação está associada uma falta de credibilidade relativamente aos resultados. Eis algumas respostas neste sentido: 

“As aulas virtuais têm sido uma excelente opção durante esta época em que nos encontramos. Contudo, estas não substituem as aulas presenciais. Considero que a avaliação será mais justa após aulas presenciais e com os tradicionais testes escritos.”

“Por questões de equidade e honestidade académica não considero que qualquer tipo de avaliação à distância, salvo avaliações orais, oferecem segurança perante tentativas de fraude. Considero então que não há condições para as mesmas […].”

“Não acho que no curso de direito seja possível implementar avaliações à distância dada a complexidade das matérias difíceis de expor em poucos minutos numa avaliação oral, que normalmente seriam avaliadas em cerca de 1h/2h por escrito, em muitas páginas. De todo é possível transmitir aos professores os conhecimentos adquiridos, até porque o nervosismo é maior e o sistema pode falhar a qualquer momento. […].” Outra das razões mais apontadas foi a falta de condições de preparação, como a

falta de materiais de estudo (entre as quais legislação e bibliografia). Foi igualmente apontado a impossibilidade de assistir a certas aulas ou o mau funcionamento das mesmas. Tudo isto parece provocar nos alunos um sentimento de que não serão bemsucedidos na avaliação às cadeiras por falta de preparação. Eis algumas respostas neste sentido: 

“Dada a escassez de recursos aos quais temos acessos - desde logo porque nem todos os alunos têm possibilidade para se deslocar até à portaria da Universidade para levantamento das monografias, nem possibilidade para os pagamentos aos quais estamos sujeitos para entrega (não opcional, não se entendendo o critério) e/ou levantamento; o facto de nem todas as obras poderem ser requisitadas, como revistas, enciclopédias (obras de consulta presencial); os documentos aos quais temos acessos via internet serem essencialmente dissertações ou artigos, ficando excluídas obras de grande peso doutrinal.”

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“Não as tenho [CONDIÇÕES PARA TER AVALIAÇÃO],por justamente por não ter acesso as aulas, que poderiam ser gravadas e me permitir recuperá-las póstrabalho.”

“ […] as aulas apresentam muitas falhas no sistema e não produzem tantos efeitos como presencialmente o que torna o estudo e a atenção nas aulas diminuto.”

“ […] o decorrer de aulas por vídeo conferência. Ainda que o esforço seja notório por parte dos docentes, há cadeiras onde a plataforma vai abaixo imensas vezes e acabamos por “perder o fio à meada”.” Parece existir também um grande problema de articulação com horários

familiares. As observações feitas neste sentido apontam que a atual situação de isolamento acarreta vários problemas no que toca à adaptação à vida familiar. Por um lado, grande parte dos alunos fala de horários familiares que resultam na inexistência de um ambiente sossegado, para além da falta de locais próprios para o estudo que também é referida. Por outro lado, refere-se a possibilidade de existirem avaliações/aulas de familiares a acontecer simultaneamente às dos próprios, obrigando a uma escolha que implica necessariamente que a situação de um seja priorizada e que alguém acabe fique afetado. Daqui concluem que não se encontram em circunstâncias propícias para realizar testes, avaliações, e até mesmo assistir a aulas. Eis algumas respostas neste sentido: 

“Com 4 familiares em casa não tenho uma divisão onde possa estudar sem interrupções, é difícil manter a concentração. Costumo estudar em bibliotecas, mas neste momento como se sabe isso não é possível […] ”

“ […] situação familiar que não me permite o foco total, avaliações de familiares a acontecer simultaneamente.” Uma parte razoável dos alunos diz também estar a sofrer consequências diretas

da pandemia, entre as quais, problemas de ansiedade e stress, pertença a grupos de risco, familiares infetados com COVID-19, isolamento profilático, acrescentando que não estão em condições propícias para serem avaliados. Sendo a saúde um problema expectável não deverá ser ignorado. Eis algumas respostas neste sentido: 

“Mantenho sintomas compatíveis com Covid-19 e sinto muito pressionada emocional e psicologicamente.” 17


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“Estamos numa fase psicologicamente esgotante com familiares a realizarem testes do COVID 19 […].” É repetidamente exposto o problema da falta de material informático adequado

para fazer o teste, sendo que há quem não tenha em sua posse computador e quem não considere o telemóvel um dispositivo adequado para serem avaliados. Noutras respostas, é referido que os alunos têm uma ligação à rede de Internet demasiado fraca ou falta de acesso à mesma, o que constitui um problema gravíssimo no que toca à realização de avaliações. Por último, alguns alunos não possuem webcam, que acaba por ser um requisito de algumas formas alternativas de avaliação sugeridas pelos docentes. Eis algumas respostas neste sentido: 

“Há falhas na internet, de conexão, o que torna quase que inviável a realização de testes orais ou mesmo pela plataforma”

“Apenas tenho acesso à internet através do telemóvel e não me parece adequado fazer a avaliação pelo telemóvel pois normalmente aceder às plataformas através do computador é muito mais seguro” Existem ainda alunos que afirmam não ter literacia digital suficiente ou mesmo

aptidão linguística insuficiente para fazer avaliações orais em português. Eis algumas respostas neste sentido: 

“ […]prefiro ser avaliado sozinho na escola ,uma avaliação escrita, porque tenho muita deficiência no que diz a respeito a informática, esse é o meu primeiro ano na Europa um africano com esses tipos de avaliações é muito prejudicante.”

“Porque tenho a maior parte de dificuldade em língua e o método de avaliação vai ser muito difícil, acho eu. Já mais em algumas disciplinas vai ser avaliar em oral.” Por último, é referido múltiplas vezes que, para além de haver um distanciamento

entre docentes e alunos, os mesmos não consideram a hipótese de negociar os termos da avaliação com os mesmos. Apesar de muitos alunos referirem disponibilidade e acessibilidade dos docentes, o mesmo número de respostas em que isso não se verifica é preocupante:

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“Por incrível que pareça os professores estão relutantes em alterar o calendário dos testes. Não estão a considerar que os alunos perderam pelo menos duas semanas em tentar organizar a sua vida e estudo!”

“Tudo influencia uma situação de avaliação, desde o local, o próprio sentimento da comunidade académica, a imparcialidade, contacto com o professor durante a prova, etc.”

“Pois a falta de aulas presenciais acarreta o distanciamento dos professores em relação aos alunos, que não tem possibilidade de externar adequadamente suas demandas. […] ” Tendo em conta todas estas razões, são muitos os que falam num novo método

de avaliação que deve ter em conta a nova realidade e por isso não manter todos os parâmetros e exigências aos quais estamos todos, alunos e docentes, habituados. Entre as sugestões encontramos também pedidos para gravação de aulas e alteração dos calendários de teste. Pedidos mais personalizados por parte de alunos estrangeiros ou com necessidades especiais foram solicitados. Por último, foram deixadas várias sugestões assim como respostas que denotam algum nervosismo relativamente à ao nível de dificuldade das provas. Deixamos exemplos: 

“Porque não sabemos como será a estrutura das avaliação tendo em conta que podemos ter acesso a todos os conteúdo de matérias, os docentes podem neste sentido, elaborar os teste mais difíceis que o normal, outra questão tem que ser o espaço adequado sem barrulho ou interferências externas que pode causar a perturbação e desconcentração para realização das provas, em casa torna mais difícil.”

“Como tenho deficiência auditiva profunda (perda de 98%) não ouço bem as palavras e os profs não tomam isso em conta apesar de estarem devidamente informados por mim e pelo gabinete de apoio ao deficiente.”

12. Métodos de avaliação preferidos pelos alunos Os alunos foram ainda inquiridos sobre o método de avaliação que preferiam, podendo optar entre várias opções e fazer mais do que uma seleção, sendo que as respostas encontram-se bastante explícitas no gráfico.

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Grande percentagem dos alunos prefere que a avaliação se faça através da elaboração de trabalhos (72,3%); a segunda maior opção apontada é a resolução de casos/questões para resolver (56,7%); por último, 45,7% escolheu a opção de testes online e só 12,8% seleciona provas orais on-line. De notar que uma minoria defende que toda e qualquer avaliação deveria ser adiada, existindo quem saliente que o método devia ser acordado com os professores, e quem diga que deveria haver prorrogação do prazo de entrega de teses. No geral, e apesar das reservas expressadas pelos alunos, trabalhos teóricos com datas de entrega e conteúdos programáticos a abordar bem definidos parecem ser a opção preferida.

13. Percentagem de estudantes internacionais De seguida procuramos obter informações relativas à população internacional da Escola de Direito, sendo que muitos estantes internacionais se encontram a sofrer devido às atuais circunstâncias. De modo a avaliar a quantidade destes estudantes que responderam ao inquérito em relação aos estudantes nacionais, a primeira questão neste âmbito apresentou apenas uma pequena diferenciação através da interrogação de se o estudante era internacional ou não, sendo que 85,8% respondeu negativamente e 14,2% positivamente, totalizando 67 estudantes internacionais a responder ao inquérito. 20


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Este grupo de alunos encontra-se tendencialmente mais vulnerável à situação da atual pandemia, pelo que também recolhemos dados referentes às preocupações referentes a estes estudantes.

14. Problemas e dificuldades dos estudantes internacionais A pergunta que se seguiu era dedicada precisamente a isto, sendo então: “Se respondeste afirmativamente à resposta anterior, quais são os problemas/maiores dificuldades que tens enfrentado nos últimos tempos?” A totalidade dos internacionais não respondeu a esta pergunta, tendo respondido 55 alunos. É importante relvar que o inquérito foi escrito em português, sendo que apenas os alunos com um domínio básico da língua puderam ser auscultados. Um dos principais problemas foi de cariz financeiro. Muitos falaram de insustentabilidade financeira, devido ao alto preço da propina. A isto se somam outros custos como viagens aéreas. Além disto também foram referidas as taxas de câmbio das moedas e subsequente aumento do custo de vida em Portugal para essas pessoas. Tudo isto se intensifica na atualidade em que a pandemia coloca muito mais incerteza na segurança dos empregos e das finanças das famílias. Deixamos exemplos: 

“Problemas financeiros. Há uma alta do euro em relação ao real devido à crise do coronavírus. Isso tem feito com que o nosso orçamento mensal seja substancialmente reduzido.” 21


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“Aumento do custo de vida em razão do câmbio. Falta de previsibilidade quanto aos trâmites acadêmicos, nomeadamente quanto à necessidade de estar presencialmente em Braga para inscrição no próximo ano letivo e para inscrição de projetos de teses/dissertações.”

“Vim do Brasil com quantia para me manter por 4 meses. O trabalho que eu estava desenvolvendo foi suspenso (tenho declaração da empresa), devido ao COVID […]. Como estou ainda no período de isenção da Segurança Social e trabalho atras de emissão de recibo verde, não me encontro dentro das categorias que receberão auxílio extraordinário do governo. Logo, estou buscando formas de me manter em Portugal com aluguel e alimentação.” Foram também referidos problemas de bem-estar, derivados da solidão que

muitos destes estudantes estão a passar, por não estarem com a família. Muitos estudantes estão com dificuldades a passar por este período sozinhos, sem a sua rede de apoio, falando-se até em problemas em encontrar equilíbrio emocional. Vários falam em problemas psicológicos derivados de isto e de todo o panorama do Covid-19, e que devido a isso também têm dificuldades de concentração. Calculamos que a depressão seja um problema que esteja a afetar muitos dos estudantes, sendo que se a dimensão psicológica é algo que as pessoas não estão normalmente tão abertas a falar, e mesmo assim na pequena amostra que são os estudantes internacionais tivemos imensos claros pedidos de ajuda, então o problema poderá ser alargado e deverá ser levado muito a sério. Eis algumas respostas neste sentido: 

“Sinceramente, tenho depressão, não me estou a habituar às aulas à distância e tenho dificuldades com língua.”

“Além do estado mental debilitado pelas preocupações decorrentes do isolamento e das incertezas quanto a manutenção das atividades laborais ainda estou com meu filho pois a creche foi fechada por força de decreto estadual.”

“Preocupação com a família, falta de propósito para estar em Portugal”

“Equilíbrio emocional”

“Ficar sozinho num momento tão difícil”

“Estar sozinha e longe de minha família e rede de apoio tem sido um desencadeador de problemas psicológicos como crises de ansiedade, insônia, falta de concentração. Devido a tais problemas pedi ao meu país ajuda para retornar e estou a espera de um voo.” 22


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Muitos alunos referiram problemas relativamente à qualidade de estudo. Muitos carecem material de estudo suficiente. A falta de acesso a uma biblioteca contribui para o problema, assim como a dificuldade de concentração nas aulas e incerteza relativamente aos métodos de avaliação. Existem casos de indisponibilidade horária e de falta de ligação à internet. 

“Na questão de estudos, o maior problema é não possuir muitos livros em casa, somado ao facto de não ter acesso a biblioteca. Friso que, em que pese a biblioteca tenha aberto acesso para pedidos de empréstimos, aqueles que são emprestados não têm data prevista de devolução e a biblioteca também não tem muitas obras de uma mesma edição para que mais de um aluno precise consultar ao mesmo tempo neste período excecional.”

“Conciliar a minha vida familiar à vida estudantil (estou sozinha com meu filho em Portugal, ele tem 9 anos. Não consigo fazer vídeo conferências com os professores. Uma vista de teste foi assim, e foi impossível realizar) ”

“Não me agradam as aulas virtuais, sinto enormes perdas na qualidade da aprendizagem. O fato de não poder sair de casa, de não ter acesso ao material bibliográfico da universidade, a incerteza com o futuro, questões financeiras e preocupação com a saúde dos meus familiares no Brasil acarreta enormes problemas de concentração, impactando a elaboração dos trabalhos solicitados pelos professores.” Finalmente, no caso dos alunos internacionais que nesta conjuntura voltaram a

casa, alguns enfrentam problemas relativamente ao horário das aulas, mais importantemente de testes. No geral, a situação dos alunos internacionais parece estar bastante debilitada, sendo este um ponto em que maiores esforços deveriam ser encetados pelas autoridades competentes.

15. Sugestões para a escola de direito e aedum Através da questão “Como aluno da Escola de Direito, como consideras que a AEDUM ou a Escola de Direito da Universidade do Minho te poderão ajudar perante as tuas dificuldades?” foi questionado aos alunos de que forma, não só a Associação de Estudantes da Universidade do Minho - AEDUM, como também a Escola de Direito da Universidade do Minho os poderiam auxiliar tendo em conta as 23


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dificuldades que estão a enfrentar neste momento. Esta questão, assim como a questão seguinte, serve como que de conclusão geral sobre o restante inquérito. Sendo esta uma questão opcional, foram obtidas 166 respostas, sendo que os temas mais abordados pelos alunos podem ser já adiantados. Assim, pôde-se concluir que quase metade das respostas obtidas a esta questão se relacionam com a falta de materiais de estudo, nomeadamente da bibliografia recomendada pelos docentes e das sebentas da AEDUM que servem de apoio ao estudo dos alunos para as diversas unidades curriculares, assim como de teses e dissertações para os alunos de Mestrado. Outra preocupação prende-se com a incerteza quanto aos métodos de avaliação que serão adotados pelos diversos docentes nas suas unidades curriculares. Na sua generalidade, os estudantes pretendem que alguma coisa seja feita no que toca à disponibilização de ferramentas para que possam estudar de modo a que possam ter um aproveitamento positivo às unidades curriculares em que estão inscritos. Fizeram menção não só às sebentas que, em condições normais, poderiam adquirir na sede da AEDUM, na Escola de Direito, como também à bibliografia recomendada pelos próprios docentes. Para além disso, pediram que alguma coisa fosse feita no que toca também à disponibilização de materiais de estudo complementares que, numa situação normal, poderiam ser substituídos pelos vulgarmente denominados apontamentos das aulas. Ora, acontece que, em muitos dos casos, estes pedidos surgem, uma vez que, os alunos têm algumas dificuldades em acompanhar algumas aulas que são lecionadas através de plataformas online, seja pela falha da internet durante as aulas, ou mesmo pela falta dela, seja pela falta de material informático para ter acesso àquelas, seja pela necessidade de terem de partilhar com mais membros da família o material informático, o que os impede de assistir a todas as aulas. Ora, no que concerne à disponibilização online de materiais, pode-se concluir que o que foi requerido em maior número e pela generalidade dos estudantes foi bibliografia recomendada pelos docentes, sebentas da AEDUM, material de apoio a ser fornecido pelos docentes. Ainda no âmbito do tema abordado anteriormente, é de notar que alguns alunos de mestrado pediram que fosse assegurada a cedência de teses/dissertações, monografias, livros e artigos científicos de forma a poderem continuar os seus estudos e a elaborar, também eles, as suas teses. Sendo que se poderá associar a esta problemática de falta de materiais o pedido de prorrogação do prazo de entrega das teses. Outra temática abordada pelos alunos diz respeito aos métodos de avaliação que serão adotados pelos docentes das diversas unidades curriculares, sendo que através das 24


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respostas ao inquérito se consegue perceber que o clima de incerteza quanto aos métodos de avaliação gera alguma preocupação e insegurança, já que os alunos têm receio que não sejam adotados os métodos mais justos e adequados, podendo em alguns casos, levar à fraude académica e imparcialidade. Isto deve-se ao facto de os alunos considerarem que a lecionação das aulas através de plataformas online não produz o mesmo efeito que as aulas presenciais, acrescendo o facto de que muitos alunos não têm acesso à internet ou a material informático, o que os impede de assistir às aulas e de colocar dúvidas aos docentes. No fundo, os alunos pedem que a Escola de Direito tenha em consideração as condições excecionais que estão a decorrer e, tendo em conta isso, adote medidas, também elas excecionais, ou seja, consideram que, e passo a citar “a Escola de Direito deve fazer um esforço de compatibilizar os métodos de avaliação com a situação atual […]”. Por conseguinte, entendem que, dentro do possível, estas medidas devem ser tomadas em tempo célere de modo a que consigam organizar o seu estudo sem necessitarem de estar sempre na expectativa de que o método de avaliação ou a data da realização/entrega dos testes e trabalhos seja alterada constantemente. Os estudantes referiram ainda que deveria haver uma maior intermediação entre os alunos (através da Associação de Estudantes de Direito da Universidade do Minho) e os docentes no que concerne aos métodos de avaliação que serão adotados nas diversas unidades curriculares, já que os alunos não deverão sair prejudicados devido a esta situação pandémica. Relativamente à lecionação das aulas virtuais, alguns alunos também consideram que não reúnem as condições necessárias para poderem assistir às mesmas, referindo que ou não têm material informático (computadores/tablets) para o fazer, ou tendo-o, têm de o partilhar com irmãos (que também estão a ter aulas à distância), o que impossibilita o acompanhamento normal das aulas. Acrescentam ainda que esta solução do “ensino à distância” tem também o inconveniente da falha da internet/rede que quebra o bom funcionamento da aula, sendo que alguns estudantes sugeriram que os professores deveriam gravar as aulas para colmatar estas falhas constantes, solução já adotada por alguns docentes neste momento. Consideram, também, que os docentes deveriam ter uma melhor formação nas plataformas que utilizam, de forma a proporcionar aos alunos uma aula o mais parecida possível a uma aula presencial. Também foi pedido que, tendo em conta a situação, que em nada é favorável para os alunos, fosse equacionada a possibilidade de todos os alunos terem acesso à época

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especial, argumentando que, e passo a citar, “se poderá revelar fundamental para o sucesso académico, uma vez que vivemos numa situação atípica”. Outro facto abordado por muitos alunos nesta questão do inquérito em análise prende-se com a redução do valor das propinas, na medida em que consideram que a Universidade do Minho tem despesas menos avultadas ao proporcionar aos alunos um “ensino à distância”. Outros sugerem que, em alternativa, o prazo para o pagamento das mesmas seja prorrogado, tendo em conta a situação financeira e familiar em que se encontram nesta altura. Ainda que a Associação de Estudantes de Direito da Universidade do Minho não represente diretamente os alunos da Licenciatura em Criminologia e Justiça Criminal, houve pedidos de alunos para que seja tomado algum procedimento célere relativamente à iniciação de aulas via online para todas as unidades curriculares, já que os docentes desta Licenciatura demoraram imenso tempo a criar alternativas após o encerramento do campus da Universidade do Minho e consequente fim das aulas presenciais. Por fim, os alunos de Mestrado também apresentaram alguns pedidos no sentido de pedir que seja encontrada alguma solução no que toca ao cumprimento do calendário escolar, uma vez que as aulas estão constantemente a sofrer alterações de horários, nomeadamente no Mestrado de Direito e Informática. Pedem também que lhes sejam divulgados os métodos de avaliação adotados, já que aquando do preenchimento do inquérito, muitas turmas de mestrado ainda não tinham nenhuma informação relativamente a este assunto. Para além disso, consideram que a realização de testes no Mestrado não é o método mais adequado para avaliar os alunos. Em suma, com esta questão, pôde-se concluir que este momento atípico de incerteza gera nos alunos uma preocupação no que toca ao seu futuro, uma vez que, na sua generalidade, consideram que, ou não estão a ser devidamente informados sobre o futuro do segundo semestre e do início do próximo ano letivo, ou não estão a ser ouvidos devidamente ou ainda que há problemas que deveriam ser resolvidos e não estão a ser. Ora, preocupa-os principalmente a falta de material de estudo, que poderá ser suprida quer pela AEDUM e pelos professores, assim como pela Biblioteca de Direito; a forma como serão avaliados às diversas unidades curriculares; a falta/insuficiência e, em alguns casos, a ineficácia das aulas lecionadas online; e, por último, a dificuldade que terão em pagar atempadamente as mensalidades das propinas enquanto dure este clima de pandemia.

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16. Observações, queixas e Comentários finais Por último, foi deixada a opção para os alunos fazerem um comentário, observação ou queixa sobre algum assunto ao seu critério, com a questão “Se pretenderes deixar mais algum comentário/observação/queixa, podes fazê-lo aqui”. Sendo esta uma questão opcional, foram obtidas 86 respostas, sendo que as problemáticas mais abordadas vão ao encontro das expostas na questão anterior. Foi notório que alguns alunos têm conhecimento de que a biblioteca da Universidade do Minho está a proceder ao empréstimo de manuais, porém “é irrealista que o novo método de requisição consiga ajudar um número significativo de alunos, uma vez que não prevê o prazo de devolução e os exemplares disponíveis são limitados”. Acrescentam que é injustificável que alguns professores disponibilizem apenas textos escritos na plataforma e-learning e, consequentemente considerem que a matéria se encontra lecionada, já que “o texto escrito não substitui a interação aluno-professor que poderia ser alcançada mesmo por meios digitais como a vídeo-aula”. Ademais, pôde-se recolher informações de alunos que não têm internet em casa, sendo que por vezes conseguem recorrer aos dados móveis do telemóvel, no entanto, torna-se insustentável utilizar este meio para assistir a todas a aulas, para realizar trabalhos ou até mesmo para realizar provas online (sejam elas escritas ou orais) ou que possuem internet mas que a “falha de conexão é constante durante as aulas, o que prejudica inevitavelmente o aproveitamento durante as aulas”. Acresce a isto a falta de material informático como computadores ou tablets, o que também impossibilita a realização das atividades supra mencionadas. Perante isto, apresentam como uma possível solução a possibilidade de conceber a todos os alunos acesso à época especial. Para além do mais, consideram que a demora em receber informações por parte dos docentes ou até a falta destas é algo que lhes proporciona incerteza e insegurança e, de certa forma, poderá comprometer a sua preparação para os elementos de avaliação. Portanto, pretendem que haja uma maior cooperação entre docentes e alunos. Outro problema referido pelos estudantes foi o facto de muitas unidades curriculares não estarem a cumprir o horário que havia sido previamente definido aquando das aulas presenciais. Conclui-se, portanto, que há unidades curriculares em que o horário das aulas foi alterado, sendo que se deveria ter tido em atenção os 27


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trabalhadores-estudantes que ainda continuam a laborar. Ainda neste seguimento acrescentam que, e passo a citar “ as aulas poderia ser gravadas e depois disponibilizadas para que, dessa forma, caso não consigamos assistir no momento em que é lecionada a possamos ouvir num momento posterior”. De notar que este mesmo argumento foi utilizado (devidamente adaptado) pelos alunos que não se encontram em Portugal, estando a viver num fuso horário diferente do nosso, o que, em muitos casos, os impossibilita de assistir a grande parte das aulas. Durante este momento de pandemia, os estudantes consideram que deverá haver um adiamento do pagamento, ou até mesmo uma redução do valor das propinas, uma vez que “nenhum aluno deve ser prejudicado por não ter meios económicos suficientes nesta fase de adaptação”. Alguns fazem até referência ao pagamento da avença anual do parque de estacionamento no campus de Gualtar, já que consideram que seja desapropriado o seu pagamento na íntegra, uma vez que estarão quase um semestre sem usufruir do mesmo, mesmo já o havendo procedido ao pagamento integral da avença, sendo, por isso, injustificado este mesmo pagamento. Por último, foram também abordados inúmeros problemas relacionados com o Mestrado de Direito e Informática. Ora, apontaram que o número de aulas lecionadas é ainda reduzido e insuficiente, o que provoca um atraso no programa escolar e, consequentemente, o incumprimento do mesmo. Na mesma linha, relataram ainda que há unidades curriculares que não possuem um programa escolar definido, sendo que “as aulas, por vezes, são repetitivas e sem um fio condutor da matéria”. Apontaram também que há uma falta considerável de material de estudo, sendo que este tinha sido garantido pelos docentes aos alunos, apesar de isso ainda não se ter verificado; há uma falta de comunicação entre os alunos e os docentes ou, quando existe, é demorada, uma vez que a mesma é feita através do delegado/a (que posteriormente terá de transmitir a informação através das redes sociais) e não pela plataforma adequada. Por último, os alunos do Mestrado de Direito e Informática, julgam que devem ser tidos em conta as datas limites para entrega dos trabalhos, já que não possuem material de estudo suficiente até à data que lhes permitia, em condições normais, proceder à realização desse mesmo trabalho em tempo útil. Ademais pedem que os docentes cumpram com os prazos definidos no Regulamento Académico para entrega dos resultados dos testes e trabalhos. Em síntese, pôde-se concluir que há um elevado número de queixas e problemas apresentados pelos alunos que carecem de uma solução célere, dentro dos possíveis. 28


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Conclusão e Mensagem A Universidade do Minho encontra-se a viver momentos difíceis para toda a comunidade académica, sejam eles alunos, professores ou funcionários. Sendo necessário assegurar a continuidade da atividade da Universidade, esta deve ser feita de acordo com as necessidades das pessoas que a compõem, de modo a assegurar que esta situação indesejada tem um mínimo de consequências negativas para todos os envolvidos. De todos os membros da comunidade, os alunos necessitam de apoio e de especial atenção, devido ao facto que a sua prestação nesta fase das suas vidas tem um impacto direto e real nas suas possibilidades futuras, assim como das suas famílias devido ao estatuto de dependências que muitos deles experienciam. Desde trabalhadores estudantes, a estudantes internacionais e estudantes com necessidades especiais, é dever das instituições da Universidade e das suas Escolas fazerem todos os possíveis por abordar os flagelos que os afligem. Sem uma tentativa comunitária de ajudar e de enfrentar estes problemas com coragem e determinação não será possível evitar consequências desastrosas causadas pelo impacto do Covid-19 nas nossas vidas. A Associação de Estudantes de Direito da Universidade do Minho está ciente da sua responsabilidade e no decorrer desta crise fará tudo ao seu alcance para agir na defesa dos interesses dos alunos, de acordo com os meios que tem disponíveis. Com este inquérito, análise e conclusões que dela derivamos, esperamos poder contribuir para que estes impactos negativos sejam abordados e mitigados, de modo a termos uma Universidade justa em que os alunos são tratados de forma equitativa e adequada. Apenas podemos apelar à Universidade, às suas Escolas e aos seus órgãos para fazerem o possível para ajudar, não estando à espera de outro tipo de resposta para além da afirmação dos valores de entreajuda, respeito mútuo e solidariedade académica a que a Universidade do Minho tão bem nos habituou. Juntos, enfrentaremos a pandemia e venceremos, desde que todos façam a sua parte. Continuaremos a fazer a nossa. 08/04/2020

A XXIV Direção da AEDUM

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