4 minute read

Agradecimentos

haviam se desenvolvido no Baixo Amazonas. As pesquisas mostraram rapidamente que as culturas não eram apenas de floresta tropical, mas sim de diferentes tipos, tanto no espaço como no tempo. Todas as culturas mostraram continuidade com as anteriores, mas havia culturas regionais distintas com suas próprias versões de arte, tecnologia e adaptação ecológica, e detalharemos essas culturas em nosso livro. Guida Navarro entra em cena em 2013, quando definiu uma nova cultura regional distinta daquelas, a cultura dos povos das palafitas ou estearias. Os Paleoíndios forrageiros foram notáveis por sua arte rupestre monumental, brilhantemente pintada e produzida nos primeiros tempos de sua ocupação. Eles se destacaram como cientistas naturais dos céus e integraram seu conhecimento do comportamento do sol ao longo do ano à sua mitologia sobre a criação do mundo e as divindades do sobrenatural. Assim, suas imagens de constelações e planetas são animadas como se fossem humanos ou animais. Os inovadores pescadores do Arcaico construíram os primeiros montículos a partir das conchas e ossos de seus restos alimentares. Seu relativo sedentarismo, fomentado pelos abundantes peixes e mariscos da Amazônia e de seu estuário, lhes permitiu produzir cerâmica — a mais antiga das Américas — decorada com incisão e, às vezes, com a cor vermelha. Os povos do Formativo, os primeiros a praticar a horticultura, foram responsáveis pela primeira grande tradição cerâmica: a Tradição Saladoide-Barrancoide. Esse estilo foi o primeiro a elaborar a arte da Amazônia com efígies de animais na cerâmica, bordas e alças com ornamentos, e sua cultura foi a primeira a construir montículos de terra. A primeira grande cultura construtora de montículos do Baixo Amazonas, a Marajoara, baseou-se nos estilos do Formativo, adicionando em sua arte cerâmica uma elaborada pintura polícroma e um tamanho monumental aos ornamentos modelados. A tradição Polícroma que eles iniciaram se espalhou por todo o rio Amazonas e no Alto Amazonas, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia. O crescimento, maior concentração e prosperidade de suas populações podem ter sido um estímulo para a construção de seus substanciais montículos de terra, casas de adobe e palmeiras e grandes fogões de cerâmica, além de sua grande produção de arte em cerâmica e vasos utilitários. Finalmente, nos últimos anos da Pré-História, povos de várias regiões se reuniram em um novo estilo de tradição, a Tradição Inciso-Ponteada, mais elaboradamente desenvolvida na região de Santarém, na foz do rio Tapajós. Essa tradição é encontrada amplamente em toda a Amazônia, desde a Venezuela, Colômbia e Guianas até parte da calha e Alto Amazonas. Em algumas áreas, não penetra nas regiões da Tradição Polícroma , em vez disso, se combina a ele. A conquista sociopolítica das culturas dessa tradição foi o desenvolvimento de chefias políticas, evidenciado tanto no padrão de assentamento quanto nas artes. Mas algumas culturas dessa tradição no Orinoco, Guianas e Amazônia boliviana também alcançaram uma inovação agrícola notável: o desenvolvimento de campos elevados em áreas de várzea para cultivo de plantas, principalmente o milho. As semelhanças entre estas culturas são numerosas. Uma cultura de animismo religioso parece generalizada e antiga. Todas as culturas parecem considerar animais e seres humanos como entidades intimamente relacionadas e artefatos inanimados, água, terra e corpos celestes como seres vivos. O conhecimento profundo e detalhado da natureza e da sociedade humana é integrado em seus mitos

de criação e espiritualidade. Assim, o conhecimento científico de seu mundo foi expresso como parte de um rico imaginário de criaturas e paisagens. Ao combinar os dois elementos da existência, os povos amazônicos conseguiram interagir e viver em seus habitats. O que sabemos até agora sobre as adaptações indígenas durante um longo período de 13.000 anos é que os usos nativos quase sempre preservavam a floresta, embora eles definitivamente mudassem a composição de suas comunidades, manejando certas árvores, arbustos e ervas e domesticando algumas delas. Todas as culturas dependiam da colheita e manejo de árvores e arbustos e, já há quatro mil anos, todas as culturas possuíam cultivares e plantas domesticadas. Quase todas as culturas conhecidas dependiam da pesca para complementar a sua proteína, mas a maioria usava plantas como seus alimentos básicos. Mandioca, milho e amido ou frutas oleaginosas, como as de palmeiras, costumavam ser alimentos básicos. Eles também capturaram e aprisionaram certos animais e até domesticaram alguns. Animais, como o pato-selvagem, foram domesticados e muitos foram aprisionados, como as queixadas. Algumas aves foram domesticadas principalmente para servir de companhia, além de ser utilizadas como alimento e em rituais. As cerimônias tendiam a se concentrar em animais maiores e mais raros e em plantas especiais, como o açaí. Quais são as possíveis implicações da sequência cultural indígena da Amazônia? Uma delas é que os povos indígenas criaram, uma após outra, culturas surpreendentes, ricas e duradouras, e por esse e muitos outros motivos merecem respeito e direito de permanecer nas terras onde ainda continuam seu domínio. Seus exemplos mostram que existem muitas maneiras produtivas de conviver com a floresta amazônica e seus animais sem danificá-la ou destruí-la. As escolhas feitas dependerão da magnitude e distribuição das populações humanas, das tecnologias e recursos disponibilizados à elas e dos possíveis mercados. Quando pessoas de fora entram nessas terras e não são instruídas ou capacitadas a usar a terra para subsistência e para o mercado causam danos irreparáveis e enormes áreas da floresta são destruídas e as águas arruinadas por indústrias que não são sustentáveis.

Advertisement

This article is from: