PECUÁRIA EM ALTA
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Você em um MAR de
PRODUTIVIDADE!
AUMENTA a produção de LEITE. Evita descarte do leite dos tetos sadios. Controla Pododermatites e Mastites.
CERTIFICADA
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www.hagil.com.br
PALAVRA DO DIRETOR
O ano de 2020 vai, com certeza, ocupar muitas páginas nos próximos livros de história. Mas, no que depender de nós, aqui da Alta, as futuras gerações vão se lembrar da pecuária como um dos setores que mais surpreendeu no momento em que muitos falam apenas de incertezas. Não quero e não vou disseminar pensamentos negativos. Pelo contrário, a posição da Alta é muito otimista! Principalmente porque, diante dessa pandemia mundial, conseguimos nos reinventar de inúmeras formas e posso garantir uma coisa: está tudo dando certo. Aprendemos a criar escalas de trabalho com nossos colaboradores para garantir sua segurança e, ao mesmo tempo, não parar a produção. Além de inspirarmos todos, juntamente com suas famílias, a desenvolverem novos hábitos de convívio para toda a vida. Entendemos o quanto podemos ser ainda mais eficientes em levar informações de qualidade para que vocês produzam cada vez mais. Só como exemplo, em menos de dois meses, realizamos quase 100 webinars, tanto internos quanto externos, apresentamos cerca de 20 Lives em nossas redes sociais (Youtube, Instagram e Facebook) e capacitamos, aproximadamente, 20 mil pessoas, entre clientes, equipe interna e público em geral. Além disso, transmitimos pela televisão quatro programas Pecuária em Alta de leite e corte. Nesse caso, não conseguimos nem mensurar o número de pessoas que foram alcançadas, dada à abrangência e força da televisão no Brasil. O mundo mudou. A Alta mudou. Como aprendizado deste momento, fica a certeza de que precisamos dar o nosso melhor sempre. Temos que nos doar, nos superar e nos unirmos no único objetivo de atravessar este momento com sucesso. Acredito e tenho certeza de que juntos vamos conseguir. Vamos fazer a diferença neste cenário incerto! E podem ter certeza! Mais do que uma empresa comum, nós somos a Alta e vamos sempre estar ao seu lado em busca de uma pecuária cada vez mais eficiente. E, durante tempos como estes, comunicar bem é de extrema importância. Desejo a todos uma ótima leitura.
Heverardo Carvalho Diretor Alta Brasil
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ÍNDICE EXPEDIENTE Diretor Heverardo Rezende de Carvalho
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Gerente de Mercado Tiago Carrara - tcarrara@altagenetics.com Coordenadora de Comunicação Camilla Lazak - camilla.rodrigues@altagenetics.com Jornalista Responsável Renata Paiva (MTB 12.340) renata.paiva@altagenetics.com Colaboradores desta edição Adnan Darin, Bárbara Alves, Daniela Bruno, Fábio Fogaça, Fernanda C. Ferreira, Francisco Rebôlo Lopes Júnior, Gabriel Victor Pereira Lima, Isabella Marconato Noronha, Jéssica M. V. Pereira, Júlia Gazoni, Lorenna Santos, Luiza Mangucci, Manoel Sá Filho, Marcos Labury Gonçalves, Marcos Marcondes, Polyana Pizzi Rotta, Rafael Azevedo, Reginaldo Santos, Thais Cristina Pascoa Pereira e Tiago Ferreira
ESPECIAL BENEFÍCIOS DO USO DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL NA BOVINOCULTURA Baixo custo e impacto genético no rebanho
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ALTA NEWS FIQUE POR DENTRO DE TUDO QUE ACONTECE NA ALTA
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GIRO NO CAMPO Confira os registros dos nossos leitores no campo
Diagramação e arte Ana Paula S. Alves - paula.alves@altagenetics.com Marketing/Comercial comunicacao@altagenetics.com.br Fotos Francisco Martins - fjunior@altagenetics.com Revisão de texto Aírton De Souza airtondesouza@yahoo.com.br Tiragem: 5 mil exemplares
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Visão Tornar-se a marca global que seja a melhor escolha para produtores progressivos dos segmentos de leite e corte. Valores: Foco, pessoas e competências, coesão, dinamismo, relacionamento, comunicação e ética.
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PREPARO DA VACA PARA A SECA Qual matriz entrega maior retorno financeiro para a fazenda?
Impressão: Gráfica 3 Pinti
Missão Construir relacionamentos de longo prazo, criar valor para nossos clientes, melhorar a lucratividade de cada rebanho e entregar genética de confiança, além de produtos e serviços de manejo com alta qualidade.
CAPA
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PROGRAMAS E SERVIÇOS A IMPORTÂNCIA DE UMA BOA DETECÇÃO DE CIO Qual o momento correto da inseminação?
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LEITE ALTA CROSS MATE Segurança na utilização dos touros superiores
ARTIGO ENTENDENDO OS INDICADORES-CHAVE DE DESEMPENHO REPRODUTIVO E A MELHOR FORMA DE MONITORÁ-LOS Aumentando a lucratividade de rebanhos leiteiros
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CRIAÇÃO DE BEZERROS USO DO SÊMEN DE CORTE EM REBANHOS LEITEIROS: A SOLUÇÃO ENCONTRADA POR PRODUTORES DA CALIFÓRNIA, É UMA OPÇÃO PARA PRODUTORES BRASILEIROS?
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Uso de sêmen de corte em rebanhos leiteiros funciona?
LEITE MUDANÇA NA BASE GENÉTICA 2020 Novos padrões são estabelecidos para a seleção de touros, vacas, novilhas e bezerras, das raças holandês e Jersey
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CORTE DESMAMA ADEQUADA Impacto do manejo na desmama
40 CRESCIMENTO DA IATF Fatores que afetam resultados em programas de IATF
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CASO DE SUCESSO FAZENDA SANTA ELIZA Evolução genética, a grande responsável pelo sucesso da pecuária
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ENTREVISTA PEDRO VEIGA Erros e acertos dos pecuaristas na última estação, além de apresentar importantes dicas e sugestões que envolvem a produção do “bezerro do cedo”
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ESPECIAL
BENEFÍCIOS DO USO DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL NA BOVINOCULTURA
por Gabriel Victor Pereira Lima, Graduando em Medicina Veterinária na Universidade Federal de Viçosa; Polyana Pizzi Rotta, professora da Universidade Federal de Viçosa; Rafael Azevedo, Gerente de produto e Coordenador Alta CRIA e Tiago Moraes Ferreira, Gerente Técnico de Leite
A precocidade sexual é um dos pontos mais importantes na bovinocultura, sendo possível pela redução da idade ao primeiro parto que resulta na redução do intervalo entre gerações. A inseminação artificial é uma biotecnologia que pode nos auxiliar a tornar isso possível, pois, com ela, temos grande disponibilidade de touros provados para diversas características desejáveis, como: precocidade sexual, produção de leite, fertilidade e várias outras características que impactam na produção animal, tanto de carne quanto de leite. 6
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A inseminação artificial possui baixo custo e rapidamente apresenta impacto genético no rebanho. Mesmo apresentando taxa de concepção menor do que na monta natural, o ganho genético aditivo reduz o impacto dos menores índices, quando comparado à monta natural. Apesar da taxa de concepção ser melhor na monta natural, o mesmo não é encontrado para a taxa de serviço e prenhez. Em estudo realizado por Tiago Moraes Ferreira, Gerente Técnico de Leite da Alta, foi observado que, na monta natural, foram encontradas taxas de
serviço, concepção e prenhez de 26,3%, 67,5% e 16,5% respectivamente. Enquanto na Inseminação Artificial foram encontradas taxas de serviço de 43,5%, concepção de 45,7% e prenhez de 19,2%. Demonstrando que o número de vacas prenhes sobre as aptas à reprodução é maior na inseminação artificial. A monta natural é uma importante fonte de transmissão para uma série de doenças sexualmente transmissíveis como: Campilobacteriose Genital Bovina, Brucelose, Leptospirose, Leucose Enzoótica Bovina, Triconomose Genital Bo-
vina, IBR e BVD. Quando o sêmen tem uma boa procedência, esse risco é eliminado. Outro ponto importante já mencionado é o ganho genético. Quando utilizados touros provados, temos segurança quanto à introdução de características desejáveis no rebanho. Por exemplo, em fazendas com altos índices de distocia, é possível diminuir esse problema, utilizando sêmen de touros com boa facilidade de parto. Além disso, no processo de monta natural, há risco de acidentes com a vaca e com as pessoas, uma vez que, no processo da monta, os touros ficam agressivos e podem machucar os funcionários, além da possibilidade de fraturas nas vacas ou novilhas no momento da monta. O tempo de vida reprodutiva média de um touro varia de acordo com a raça, sendo que touros zebuínos vivem uma média de 10 anos, enquanto animais taurinos apresentam uma média de vida de 8 anos. Ou seja, a partir
da monta natural, a média é nascer de 450 a 600 bezerros por touro. Com a inseminação artificial, um touro nesse mesmo período pode ter mais de 150.000 descendentes. Assim, touros com boas características podem transmiti-las para um número maior de descendentes.
“A inseminação artificial possui baixo custo e rapidamente apresenta impacto genético no rebanho” Outro aspecto importante é a endogamia ou consanguinidade, pois, se um touro ficar no rebanho 10 anos, ele pode cobrir suas filhas ou netas e alguns aspectos negativos da endogamia são a redução do desempenho produtivo (leite e sólidos), redução da taxa
de crescimento, redução do desempenho reprodutivo, aumento da susceptibilidade do animal a afecções e aumento da sensibilidade a influências ambientais. Uma alternativa é a separação das fêmeas em lotes, porém é algo trabalhoso e acaba dificultando o manejo. A criação de touros europeus é uma alternativa quase inviável no Brasil e países de clima tropical, pois são animais de clima temperado e sofrem muito com o estresse térmico, resultando em impactos negativos na fertilidade do touro, podendo levar à degeneração testicular. Com a inseminação artificial, é possível utilizar o sêmen desses touros sem precisar criá-los na fazenda. Com a introdução da inseminação artificial, o controle zootécnico é mais eficiente, pois as informações da inseminação de cada animal devem ser anotadas. Com essas informações é possível reunir dados como taxas de serviço, concepção e prenhez, além de estimar a data prevista PECUÁRIA EM ALTA
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ESPECIAL
para o parto. Esses dados ajudam na observação do estado reprodutivo da fazenda, tais como: data da secagem do animal, identificação de cio, fertilidade do rebanho e eficiência dos inseminadores, facilitando o manejo diário e ajudando no controle administrativo da propriedade, os quais são questões importantes para definir a permanência ou não do produ-
tor na atividade. A criação de touros gera muitos gastos efetivos como concentrado, volumoso, sal mineral, medicamentos e vacinas. Na inseminação artificial, não se têm esses gastos, além de agregar valor ao animal e proporcionar um grande avanço genético. E como sabemos se fica mais barato inseminar ou criar um touro?
A partir de dados coletados da Unidade de Pesquisa e Extensão em Gado de Leite (UEPE-GL) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), foi possível comparar os custos da monta natural e da inseminação artificial por concepção. Foram reunidas informações dos custos operacionais e do custo do capital imobilizado de cada uma das modalidades.
COMPARAÇÃO ENTE CUSTO POR CONCEPÇÃO DA MONTA NATURAL E DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL Discriminação
Monta Natural
Inseminação Artificial
Número de fêmeas (cab.)
100
100
Taxa de concepção (%)
65%
40%
2.711,25
3.065,00
447,00
461,86
3.158,25
3.526,86
48,59
88,17
Valor agregado total por filha (R$/cab.)
0
2.001,86
Valor agregado - custo por concepção
-48,59
1.913,68
Despesas operacionais (R$/ano) Custo do capital imobilizado (R$/ano) Custo total (R$) Custo por concepção (R$/cab.)
*Preço médio da dose de sêmen de R$ 20,00
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Os dados utilizados para obtenção do valor agregado total por filha foram o número de filhas do touro, a PTA (capacidade prevista de transmissão) média do touro, o número de lactações da filha, o preço médio do leite, o peso ao descarte da filha, o preço da arroba do boi e o valor agregado da filha em percentual. O maior impacto nos custos tanto na monta natural quanto na IA é o valor agregado sobre a filha, proporcionado pelo ganho genético, que contempla o valor agregado sobre o leite, já que uso de touros provados para leite leva a um aumento na produção da filha pelo ganho genético aditivo. Além de contar com o valor agregado sobre a fêmea, já que, em média, esses animais têm valor agregado de 20% no preço da arroba, quando comparados a animais provenientes da monta natural. Os dois pontos que possuem maior peso no custo da IA é o preço da dose do sêmen e a taxa de concepção. Alguns fatores tendem a elevar o custo da dose como: a tecnologia da sexagem, palhetas de touros que estão no topo do ranking, doses de tou-
ros provados com maior confiabilidade (maior número de filhas no teste de progênie) e sêmen de melhor qualidade/fertilidade. Quanto maior a taxa de concepção, menor será o investimento, uma vez que serão gastas menos doses para emprenhar o mesmo número de vacas. Segundo o Concept Plus (programa de benchmarking reprodutivo da Alta), as melhores fazendas têm uma taxa de concepção média de 45,5%, levando a um custo médio por concepção de R$ 77,14 na inseminação artificial. Se esse índice for reduzido para 23,5%, que é o encontrado nas fazendas com taxas inferiores, o custo médio por concepção sobe para R$149,36, levando em consideração um preço médio da dose de sêmen de R$ 20,00. Isso mostra a importância de um bom manejo reprodutivo, que, por sua vez, requer uma boa nutrição, associado ao bem-estar animal que contempla o conforto térmico, sanitário e nutricional, dando oportunidade ao animal de expressar todo seu potencial genético.
Gabriel Victor Pereira Lima Graduando em Medicina Veterinária Universidade Federal de Viçosa (UFV)
na
Polyana Pizzi Rotta, Professora da Universidade Federal de Viçosa e Conselheira Alta CRIA Zootecnista pela Universidade Estadual de Maringá. Mestrado na Universidade Federal de Viçosa (UFV). Doutorado na Universidade Federal de Viçosa (UFV), com período de treinamento na Colorado State University. Atualmente é Professora Adjunta de Produção e Nutrição em Bovinocultura de Leite da UFV, e conselheira Alta CRIA.
Rafael Azevedo, Gerente de produto e Coordenador Alta CRIA Zootecnista, mestrado em Ciências Agrárias pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com doutorado em zootecnia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e pós-doutorado em Zootecnia pela UFMG
Tiago Moraes Ferreira, Gerente técnico de Leite da Alta Médico Veterinário pela Universidade de Uberaba (Uniube), especialista em Reprodução de vacas leiteiras pela Newton Paiva e Rehagro, Especialista em Nutrição de vacas de leite Faculdades Integradas de Uberaba (FAZU) e Rehagro, jurado oficial da Girolando e presidente do CDT da raça Girolando
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ALTA NEWS
ALTA REALIZA DOAÇÕES PARA AUXILIAR NOS IMPACTOS DO COVID-19 EM UBERABA/MG A Alta tem promovido uma série de iniciativas para reduzir os impactos da pandemia do coronavírus em Uberaba/MG, cidade onde tem sede. Recentemente, firmou parceria com o Rotary Club Uberaba Aeroporto e Rotary Club Uberaba para confeccionar 70 mil máscaras de proteção facial. Na ação, a Alta realizou a doação de toda a matéria prima para a fabricação dos itens de segurança, e as entidades ficaram responsáveis pela mão de obra. O Hospital Universitário Mário Palmério, da Universidade de Uberaba (Uniube), será o
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destino de 30 mil unidades dessas máscaras que vão beneficiar os profissionais da saúde que estão na linha de frente ao combate. O restante será distribuído nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e asilos da cidade. O Diretor da Alta do Brasil, Heverardo Carvalho, comenta a necessidade de colaboração neste momento de crise. “Estamos vivenciando um período de grande desafio para toda a sociedade e precisamos unir forças para superar essa fase. Por isso, buscamos grandes parceiros para que pudéssemos viabilizar essa ação. É uma grande
corrente do bem, em prol da saúde de todos”, destaca. Carvalho também reforça a importância de auxiliar a cidade que acolhe a Central. “A Alta está há mais de 20 anos em Uberaba, ajudando na economia e na geração de emprego e renda. Agora queremos continuar contribuindo para que a cidade possa vencer mais essa etapa”, diz. Além das máscaras, a Alta realizou a doação de 1000 litros de leite que serão entregues a entidades de Uberaba. A ação aconteceu na live do cantor sertanejo Léo Chaves.
NA CONTRAMÃO DA CRISE, ALTA ANUNCIA INVESTIMENTO MILIONÁRIO A Alta anuncia um investimento de 6 milhões de reais neste ano, para ampliar a capacidade de alojamento dos animais na Central, a estrutura de estocagem e distribuição da Companhia. De acordo com o Diretor da Alta no Brasil, Heverardo Carvalho, as obras já começaram, com previsão de entrega até junho deste ano. “Nesta primeira etapa, queremos subir nossa capacidade de touros em coleta dos atuais 320 para 392 animais até o final deste ano. Mas a meta final é chegar a 464 em 2021”, conta. Segundo ele, os bons resultados da Companhia, nos últimos anos, e a grande demanda do mercado nacional reduziram a capacidade ociosa da Central, necessitando aumentar as instalações e alojamento dos touros para a coleta do sêmen. “O mercado de genética bovina está em plena expansão, e os pecuaristas já perceberam que investir em tecnologia é um caminho sem volta. Prova disso foram os consecutivos recordes de comerciali-
zação que a Alta conquistou, que resultaram em um crescimento de mais de 50% nos últimos três anos. Para 2020, continuamos projetando um crescimento de 18%, o que exigirá – além de muito trabalho e dedicação – maior capacidade de alojamento e armazenagem”, acrescenta o Diretor. Atualmente, a Central tem
“Nesta primeira etapa, queremos subir nossa capacidade de touros em coleta dos atuais 320 para 392 animais até o final deste ano. Mas a meta final é chegar a 464 em 2021” capacidade para alojar 320 touros, que ficam em piquetes com cerca de 1.200 metros quadrados, com baia e muita sombra natural. A dieta é ser-
vida no cocho, 100% balanceada, feita sob medida, com nutrientes que estimulam a boa produção de sêmen. Construída em formato circular, com o laboratório moderno e área de coleta no centro, o desenho permite que os touros não tenham que deslocar distâncias maiores que 180 metros na hora de ser coletado. Para o processo de coleta, os touros são mantidos em confinamento durante todo o ano, recebendo manejo de qualidade, que inclui alimentação balanceada e constante assistência de médicos-veterinários, os quais dão atenção especial à saúde reprodutiva. Heverardo Carvalho, que está à frente da Alta desde 1996, também destaca que “o investimento trará maior capacidade de expansão para a empresa e resultará em melhor excelência no atendimento dos clientes e parceiros. Queremos entregar cada dia mais qualidade, resultados e agilidade para o mercado, e essa ampliação será importante nesse contexto”.
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ALTA NEWS
+ INOVAÇÃO
NUCLEOCOUNTER
Desde 2018, a Alta também conta com a exclusiva tecnologia de avaliação celular, que potencializa a precisão da avaliação da qualidade do sêmen congelado. Denominada de Citometria
de Fluxo, o sistema avalia atributos particulares e importantes do espermatozoide, como a viabilidade, motilidade, vigor celular e morfologia espermática, para atestar as características e atributos do sêmen de maneira sistêmica. Acurácia da análise do sêmen por citometria de fluxo é dezenas de vezes maior quando comparada com outras técnicas que leem um número menor de células por amostras. No sistema, a leitura é realizada em 10 segundos com até 10 mil células analisadas por amostra.
CITOMETRIA DE FLUXO
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Outra inovação da Central é a tecnologia Nucleocounter® SP100™, que avalia a concentração de espermatozoides no ejaculado, com uma alta precisão e ótima repetibilidade dos resultados de análises. O equipamento utiliza a leitura do DNA das células coradas por fluorescência e lidas em um microscópio adaptado. Entre as vantagens da utilização da tecnologia, está seu tempo de análise de 45 segundos, acurácia elevada e fácil integração em qualquer ambiente de trabalho.
ALTA LANÇA APP DE DADOS PARA TOUROS EM COLETA NA CENTRAL A busca pela tecnologia no agronegócio está cada vez mais presente na vida do criador e também nas fazendas brasileiras. Essas ferramentas tecnológicas visam a auxiliar na produtividade, lucratividade e rápido acesso à informação. Pensando nisso, a Alta desenvolveu o aplicativo Alta PS, exclusivo para clientes do programa Prestação de Serviço de coleta de sêmen. A ferramenta,
gratuita, permite acesso a todo o conteúdo do programa, além das informações do touro diretamente do celular e a qualquer hora. Para Danillo Rodrigues, gerente do programa, o Alta PS só vem somar os benefícios que os clientes já possuem com a Prestação de Serviço. “Com o aplicativo, o criador poderá consultar informações e dados sobre seu reprodutor na palma da mão, além de outras vanta-
gens que só um cliente Alta PS pode ter.”, conta. Os clientes que desejam replicar a genética de seus reprodutores também poderão enviar dúvidas e sugestões por meio do aplicativo e gerar relatórios com todos os detalhes sobre produção e estoque. Visando ao maior controle e acompanhamento dos dados, o Alta PS já está disponível para dispositivos Android e iOS.
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ALTA NEWS
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ALTA E ALLFLEX ANUNCIAM PARCERIA PARCERIA ESTRATÉGICA PARA OFERECER TECNOLOGIA DE MONITORAMENTO A REBANHOS LEITEIROS Empresas líderes em seus segmentos – genética e inteligência animal – unem forças para ampliar acesso de pecuarista à tecnologia que torna atividade mais eficiente. A Alta, líder em melhoramento genético de bovinos e a Allflex, líder mundial em inteligência animal, anunciam uma parceria estratégica para oferecer ainda mais precisão, qualidade, controle e conveniência aos produtores de leite. A Alta passa a oferecer, em seu portfólio, a mais moderna plataforma de monitoramento da Allflex, SenseHub, que fornece informações em tempo real sobre o status reprodutivo de saúde, nutricional, estresse térmico e bem-estar das vacas, permitindo tomada de decisões mais assertivas. De acordo com o diretor da Alta no Brasil, Heverardo Carvalho, a cooperação é uma oportunidade para os pecuaristas conhecerem melhor os números da sua propriedade, alinhando isso às novas técnicas de manejo para atuar em prol da melhor produção e reprodução das vacas. “São duas empresas fortemente difundidas no mercado que, juntas, poderão levar ainda mais tecnologia e informação para a cadeia produtiva. Temos certeza de que será uma parceria de sucesso e, no final, quem sai ganhando é o produtor rural”, diz.
O presidente da Antelliq para a América Latina, grupo ao qual pertence a Allflex, Alexandre Al-
“A cooperação é uma oportunidade para os pecuaristas conhecerem melhor os números da sua propriedade, alinhando isso às novas técnicas de manejo para atuar em prol da melhor produção e reprodução das vacas” ves, também destaca a importância do acordo. “É uma parceria entre duas empresas líderes em seus mercados de atuação, que unem forças para tornar a tecnologia mais acessível aos pecuaristas. O acordo permitirá que um maior número de produtores possa monitorar seu rebanho com uma tecnologia que impacta diretamente não só na produtividade, na gestão e nos resultados dos negócios como também na qualidade de vida das pessoas que trabalham na pecuária de
leite”, destaca Alves. A parceria inclui os sensores eSense em formato de brinco e os colares cSense, que dão informações na plataforma SenseHub sobre os diferentes tipos de lotes do rebanho, abrangendo vacas e novilhas. “É possível avaliar o comportamento do animal monitorando atividade, ruminação e movimentos respiratórios. Com isso, o produtor terá informações sobre estro, nutrição e saúde das vacas, que tornam sua tomada de decisão muito mais acertada”, destaca o Gerente Técnico de Leite da Alta, Tiago Moraes Ferreira. “O SenseHub monitora em tempo real a saúde dos animais, permitindo que o produtor possa agir de forma preventiva, ao identificar uma vaca nos alertas de saúde do sistema. Assim, essas vacas que aparecem nos relatórios de saúde podem ser inspecionadas, pontualmente, para definição do diagnóstico e tratamento. Essa abordagem proativa contribui para uma recuperação mais rápida dos animais, com menor risco de afetar a produção de leite. O monitoramento otimiza a produtividade e o bem-estar dos animais para que o negócio seja mais sustentável e lucrativo”, completa o gerente de monitoramento da Allflex para América Latina, Luciano Lobo. PECUÁRIA EM ALTA
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GIRO NO CAMPO
@agromassima
@altageneticadevenezuela
@arroba_mais_oficial
@barbaracamposal
@criaforteassessoriaveterinaria
@danillorodr
@hpec_pecuaria
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PECUĂ RIA EM ALTA
@luisdineck
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@pecuaria_serido
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@supporteagronegocios PECUĂ RIA EM ALTA
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CAPA
PREPARO DA VACA PARA A SECA por Equipe Concept Plus Alta 18
PECUÁRIA EM ALTA
Quando a seguinte pergunta “Estamos dando a devida atenção para as nossas melhores matrizes?” surge, estamos dando a devida atenção para as nossas melhores matrizes? Devemos antes responder outro questionamento. Quais são as nossas melhores matrizes do rebanho? Ou, provavelmente, a melhor e mais completa pergunta seria: que tipo de matriz entrega maior retorno financeiro para a fazenda? Diante desses questionamentos, podemos considerar e eleger as melhores matrizes do rebanho como sendo aquelas que produzem bezerros com qualidade (mais quilos de bezerro por desmame) e maior quantidade de bezerros ao longo da sua
“Estamos dando a devida atenção para as nossas melhores matrizes? Quais são as nossas melhores matrizes do rebanho? Que tipo de matriz entrega maior retorno financeiro para a fazenda?”
vida produtiva. O conceito de stayability, que avalia a capacidade da fêmea permanecer até 76 meses de idade no rebanho,
parindo pelo menos 3 vezes, é uma característica que nos auxilia a identificar, em termos quantitativos, quais são essas melhores matrizes. Em relação à qualidade de bezerro produzido por safra (quilos do bezerro no desmame), existem dados interessantes avaliados por Carvalho (2017), que identificaram que os bezerros mais pesados da safra são oriundos das matrizes que mais perderam ECC do momento do parto até o DG da primeira IATF (Figura 1). Ou seja, essas matrizes produziram bezerros mais pesados, pois, provavelmente, conseguem mobilizar mais reservas corporais para a produção de leite, alimentando melhor as suas crias.
Figura 01: Peso médio dos bezerros das vacas do experimento, no momento do desmame e ajustado para 210 dias de idade, de acordo com alteração de ECC entre o parto e o DG da primeira IATF (80,6 +- 0,3 DPP; P < 0,0001). Araguaiana-MT, 2017. Fonte: Carvalho (2017)
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CAPA
Levando essas informações em consideração, voltamos à pergunta principal: será que estamos dando a devida atenção para essas matrizes? Muito provavelmente não. Pois esse problema de manejo nutricional não é fácil de ser resolvido, porque essas matrizes dificilmente terão adequada condição nutricional no início da estação reprodutiva subsequente, época de transição da seca para o verão, momento mais crítico de oferta de forragem no ano. Portanto elas terão mais dificuldade do que as outras
para emprenhar, tendo maior probabilidade de ficarem vazias, na próxima estação reprodutiva, e serem descartadas. Para evitar o risco de descartar as matrizes mais produtivas do nosso rebanho, devemos nos atentar ao ECC, principalmente no momento do parto. Como vemos na Figura 2, observamos que o nível de exigência de energia e proteína eleva, significativamente, durante o período próximo ao parto e início da lactação. Além disso, há uma baixa disponibilidade de folhas pelas pastagens,
agravando ainda mais o balanço energético negativo durante essa fase. Portanto, durante esse período, é muito difícil recuperarmos o ECC da vaca recém-parida. Pensando nesse contexto, precisamos construir a melhor condição ambiental para as nossas melhores matrizes que parem no “cedo” da estação. Uma das melhores estratégias a ser tomada é planejar muito bem a entrada da fazenda para o momento da seca, aliviando ao máximo a carga animal, antes mesmo de iniciar o período do inverno.
Figura 02: Exigência nutricional de uma matriz Nelore ao longo dos diferentes momentos do seu ciclo produtivo anual e disponibilidade de forragem ao longo do ano (Adaptada de NASEM, 2016).
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O planejamento já começa a ser executado logo após o diagnóstico final de gestação do rebanho. Essa atividade, ao final do período reprodutivo, é extremamente importante, pois é nesse momento que conseguimos identificar, quantificar e separar as matrizes que necessitarão de um plano nutricional estratégico adequado para enfrentar a restrição de oferta de forragem do período seco do ano. O momento do diagnóstico final da estação reprodutiva coincide com o período de transição do verão para o inverno, em que as chuvas, luminosidade e temperatura começam a diminuir, o que provoca a desaceleração do crescimento das forrageiras tropicais. Portanto, nesse momento, precisamos agir rápido para diminuirmos a taxa de lotação da fazenda, a fim de darmos as melhores condições nutricionais para as matrizes. O processo de diminuição da lotação da fazenda ocorre através do descarte de matrizes vazias da estação de monta, que pode ocorrer em duas etapas: a primeira consiste em eliminar as vacas vazias com bezerros em idade de desmame (mais velhos, bezerros do “cedo”) e a segunda etapa, as vacas paridas do “tarde” da estação de parição. Em
relação à primeira etapa, dependendo da estrutura da fazenda e plano nutricional adotado após o desmame, conseguimos descartar essas matrizes, em poucos dias, com boa taxa de ganho de peso e com bons retornos financeiros para a fazenda. Por exemplo, em um estudo publicado por Janini (2017), os melhores resultados de ganho de carcaça e GMD foram obtidos quando abateram as vacas com apenas 42 dias em regime de suplemen-
“O planejamento já começa a ser executado logo após o diagnóstico final de gestação do rebanho” tação de alto consumo a pasto. Esse estudo ainda conclui que, após muito tempo em regime de engorda, as vacas começam a acumular gordura abdominal, o que contribui para diminuir o rendimento de carcaça e retorno financeiro. Já em relação à segunda etapa, temos a dificuldade de rápida eliminação dessa matriz da fazenda, pois seus bezerros ainda são jovens e estão em fase inicial de adaptação de mu-
dança de dieta do leite para pastagem. Existem diversas estratégias para contornarmos esse problema. Uma delas, bastante utilizada, seria realizar a desmama precoce específica para esses bezerros do “tarde”. Para isso, devemos prepará-los para esse processo através da utilização de creep-feeding para que possam ter uma melhor adaptação no pós-desmame. Outra estratégia que pode ser utilizada é o confinamento ou semiconfinamento, acelerando o ganho de peso das matrizes. É importante salientar que a escolha da estratégia a ser adotada para descarte dessas matrizes precisa ser elaborada por um especialista em nutrição e levar em conta a peculiaridade da estrutura física e disponibilidade de recursos financeiros de cada fazenda. Após termos resolvido o problema de lotação para a seca, precisamos voltar a atenção para as vacas que ficaram gestantes. Novamente, o mesmo estudo de Carvalho (2017) encontrou uma correlação positiva entre a condição de escore corporal (ECC) da matriz, no momento do parto, com a probabilidade de prenhez na 1º IATF em todas as categorias (Figura 3). Como a medida de ECC é de fácil leitura ao longo da gestação, e pode ser monitoPECUÁRIA EM ALTA
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CAPA
rado durante o período seco do ano, podemos estabelecer metas de proporção do rebanho com ECC adequado ao parto. Esse valor ideal do ECC, no momento do parto, pode ser ajustado para cada categoria de matriz. Utili-
zando a escala de 1 a 5, quando trabalhamos com multíparas, o valor ideal de ECC, no momento do parto, pode ser ≥ 3, já para categorias mais novas como a primípara, devemos estipular um valor de ≥ 3,5.
Figura 03: Representação gráfica da probabilidade de prenhez à primeira IATF de acordo com ECC ao parto em primíparas (P-0,006; linear), em secundíparas (P = 0,0009; linear) e em multíparas (P = 0,0012; linear) Nelore lactantes. Araguaiana-MT, 2017. Fonte Carvalho (2017).
De acordo com as metas de- 3. Nessa categoria mais jovem, terminadas de ECC, podemos para atingirmos a meta de ECC trabalhar o plano nutricional do ≥ 3,5, no momento do parto, período seco devemos destido ano, basená-las para os ado em dois melhores pas“Podemos trabalhar pontos princitos da proprieo plano nutricional pais: categodade, como, do período seco ria da matriz e por exemplo, do ano, baseado data da previno caso de forsão do parto. ma nova em em dois pontos Para as noviprojetos de inteprincipais: categoria lhas que esgração-lavourada matriz e data da tão prenhas, -pecuária. Ainprevisão do parto” que serão as da assim, em futuras primímuitos casos, paras, precidevemos elaborar samos ter uma atenção maior proposta mais intensa de suplequanto ao monitoramento do mentação mineral, como, por ECC, pois é a categoria que mais exemplo, utilizar suplementação tem variação da probabilidade de proteica em diferentes níveis de prenhez de acordo com o ECC consumo, de acordo com a recocomo demonstrado na Figura mendação do nutricionista. Em
22
PECUÁRIA EM ALTA
relação às multíparas, conforme a data do parto se aproxima, mais importante e intenso se torna o ajuste nutricional para atingir a meta do ECC. Adotando esse tipo de estratégia, conseguimos diminuir os custos com suplementação ao longo da estação de parição, através do monitoramento do ECC, conforme a data prevista do parto for se aproximando. Por fim, para termos bons resultados produtivos em uma fazenda de cria, temos que fazer um bom planejamento do ajuste da taxa de lotação durante o período de transição das águas para a seca. Além disso, também conseguimos atuar diretamente nas nossas melhores matrizes, utilizando diferentes planos nutricionais direcionados para cada categoria e momento do parto. Com isso, conseguimos ter um desembolso com suplementação mais consciente e enxuto, que proporcione adequado desenvolvimento da gestação, atingindo a meta do ECC no momento do parto, favorecendo a reconcepção logo no primeiro serviço, mantendo a distribuição dos nascimentos mais concentrada no início da estação de parição.
Adnan Rodrigues, Francisco Lopes, Isabella Marconato, Manoel Sá, Thais Pereira e Marcelo Oliveira formam a Equipe Concept Plus
Referências: CARVALHO, R. S. Influência da alteração do escore de condição corporal e de hormônios metabólicos pós-parto na eficiência reprodutiva de vacas nelore inseminadas em tempo fixo. Dissertação (Mestre em Zootecnia), Universidade Estadual Paulista, Botucatu, São Paulo, 2017. JANINI, A. P. R. Vacas de descarte terminadas em diferentes tempos de suplementação de alto consumo à pasto. Dissertação (Mestre em Zootecnia), Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, São Paulo, 2017. NASEM (Naonal Academies of Sciences, Engineering, and Medicine). 2016. Nutrient Requirements of Beef Cale: Eight Revised Edion. Washington, DC: The Naonal Academies Press.
PECUÁRIA EM ALTA
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PROGRAMAS E SERVIÇOS
A IMPORTÂNCIA DE UMA BOA DETECÇÃO DE CIO por Reginaldo Santos, Técnico de Leite Cada dia que passa, percebemos a entrada da tecnologia em nossas vidas, trazendo novas formas de tomar decisões e enxergar o futuro. Quando falamos na pecuária, seja corte ou leite, essa tecnologia não fica atrás. Hoje falamos em Pecuária 4.0, Pecuária de Precisão e temos várias formas de uso da tecnologia como forma de melhorarmos a gestão da sanidade, nutrição e reprodução dos nossos rebanhos. Para que uma vaca possa mostrar todo o seu potencial, tem que emprenhar, manter a gestação e parir, colocando um bezerro no chão no menor tempo possível, dependendo do tipo de manejo (intensivo, semi-intensivo e confinado) e do objetivo (produção de leite ou de carne). Para que isso ocorra, é necessário que a mão de obra seja exaustivamente treinada para fazer uma boa observação e detecção de cios, independentemente do tipo de sistema e do objetivo. E é aqui que percebemos que está uma grande oportunidade de melhoria desse e dos outros índices nas propriedades. Segundo os dados retirados do Concept Plus Leite, disponível na Alta, de 258 fazendas que enviaram dados de reprodução, a média delas apresenta uma 24
PECUÁRIA EM ALTA
Taxa de Serviço de 47,4% (150 fazendas). As 54 fazendas (20%) que apresentam índices inferiores possuem uma TS de 32,8% e, no outro extremo, ou seja, as 20% com o melhor resultado tem 62,9% de TS. O que faz com que exista essa diferença entre elas? Apenas a utilização de um programa de gerenciamento de índices reprodutivos, e uma tomada de decisão focada em promover, na propriedade, ações que visam a melhorar a observação de cios. Primeiramente, as propriedades, assim como já acontece com os produtores progressistas, devem ter um programa de gerenciamento da reprodução, além da assistência veterinária consistente para analisar os dados obtidos por esses programas e tomar as decisões de maneira cirúrgica quando é preciso intervir de maneira rápida. Dos três índices reprodutivos mais importantes, como taxa de serviço, taxa de concepção e taxa de prenhez, nos quais conseguimos visualizar a maior oportunidade de melhora, e assim conseguir aumentar os outros índices, é exatamente a taxa de serviço, também chamada por alguns de taxa de detecção de cios. Vamos falar aqui, de uma maneira mais geral, de propriedades produtoras de leite, pois a grande maioria das fazendas
de gado de corte hoje utilizam a técnica da IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo). Não que as de leite não utilizem, pelo contrário, as mais tecnificadas já o fazem, mas uma grande maioria, ainda não. O que é CIO? Podemos dizer de uma maneira objetiva que, o ÚNICO sinal primário e principal que nos mostra que uma vaca está em cio é QUANDO ELA ACEITA A MONTA de uma companheira. E podemos associar esse sinal aos outros secundários, como diminuição da produção, diminuição da quantidade de comida ingerida, urina mais, muge mais, inquietação, orelhas em pé, aparta-se do rebanho, bate nas outras, monta e é montada pelas outras, presença de muco na vulva, intumescimento da vulva. Para observarmos esses sinais, é de extrema importância que o inseminador faça a observação de cios pelo menos duas vezes ao dia. Quando amanhece o dia e pouco antes de escurecer, pelo menos por uns quarenta minutos. E aqui aparece outro grande problema das propriedades menores. Normalmente, o inseminador tem que ordenhar, cuidar dos bezerros, trazer os lotes etc., fazendo com que essa observação não seja bem-feita. O ideal é que todos os envolvidos com a produção de leite
saibam o que é cio e auxiliem o inseminador nessa função. Em fazendas mais estruturadas, essa função é bem definida, e os envolvidos participam como equipe para auxiliar e conseguir tirar os animais que estão no cio. A grande maioria das vacas entra em cio das 18h até as 6h, devido a estar mais tranquila, sozinha no ambiente dela, período mais fresco, sem a presença dos funcionários, de cachorros etc. O tempo de cio varia de 10 a 18 horas, período longo e variado, dependendo de raça, idade do animal, clima, tipo de sistema etc. E o que os últimos trabalhos nos mostram é que, em animais de alta produção e confinados, esse tempo hoje está bastante diminuído, sendo de 3 a 6 horas
apenas. Imagine uma vaca que entrou em cio às 23h, quando ninguém está observando. Quando for 4h, acabou o cio e ninguém o viu. Já fizeram a conta de quanto nos custa um cio perdido? Em um animal que produza 20 litros/dia, só em leite deixamos de ganhar, em 20 dias, 400 litros produzidos. Além do aumento do intervalo entre partos etc. Para ajudar, temos que pensar em FERRAMENTAS DE AUXÍLIO na detecção de cios. Quais são? Temos as mais simples (spray, bastão, adesivos) e as mais sofisticadas (pedômetro, colares de monitoramento). Temos trabalhado bastante com o adesivo ESTROTECT, o mais citado em pesquisas e ex-
perimentos por todo o mundo, e que já teve mais de 70 milhões de unidades comercializadas de 2006 a 2018. Seu funcionamento é simples e eficaz. Colado na garupa do animal, perto do osso sacro, a cada vez que uma vaca é montada, ele vai raspando, passando de uma cor prateada para um vermelho bem vivo, mostrando de longe que aquele animal foi montado. Quanto mais ele for raspado, melhor a indicação da hora de inseminar. Em sua nova Tecnologia Breeders Bullseye, é o único no mercado que fica até 21 dias colado no animal, sem cair e perder. Fácil de utilizar e colocar, é uma boa maneira de auxílio ao inseminador para a detecção de cios.
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PROGRAMAS E SERVIÇOS
Esses estudos comprovam que o ESTROTECT é tão eficaz quando uma observação de cio feita de maneira rigorosa, ou que a detecção foi feita por touro, ou comparado com testes de sangue para comprovar prenhez. ESTRATÉGIAS DE UTILIZAÇÃO - Confirmar cio de retorno em protocolos de IATF, sendo colocado no animal 10 dias após
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PECUÁRIA EM ALTA
a inseminação fixa, localizando, assim, os animais que não emprenharam e aproveitando este cio que é de alta fertilidade; - Detectar os animais que estão perto da saída do PEV (período voluntário de espera). Se o seu PEV for de 50 dias, quando estiver no dia 45, já pode colocar o ESTROTECT, não perdendo cio dos animais que estiverem próximos à data estipulada;
- Outra maneira de extrema importância é colocar em animais para detectar também Perda de Prenhez, tendo a oportunidade de tomar as providências o mais rápido possível no caso disso acontecer. Estas fotos mostram que, quando raspados em 50% para frente (da terceira foto em diante), você já pode inseminar. Quanto mais raspado, maior sua chance de obter a prenhez.
Quanto maior a quantidade do adesivo raspada, maior a chance da prenhez. Pesquisa Universitária independente, com 5000 inseminações. Como podemos ver, a tecnologia nos auxilia e muito para que consigamos bons resultados em nossas propriedades. O que temos de fazer é ficar atentos a ela, nos modernizar e, além delas, utilizar programas de gerenciamento nas propriedades.
Reginaldo Santos Técnico de Leite Médico veterinário pela Universidade José do Rosário Vellano (Unifenas), pós-graduado em Pecuária de leite.
PECUÁRIA EM ALTA
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LEITE
ALTA CROSS MATE
A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO por Júlia Gazoni, técnica de leite Todo produtor de leite sempre está em busca de vacas saudáveis, férteis, longevas, com eficiência produtiva e reprodutiva para o seu sistema de criação, pois, dessa forma, é possível reduzir o descarte involuntário, ampliando estratégias e, com o auxílio de um plano futuro de melhoramento, intensificar a pressão de seleção e assim obter o retorno do investido de maneira mais rápida. Mas, para que seja possível acelerar o retorno
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PECUÁRIA EM ALTA
desse investimento, é de suma importância estabelecer os objetivos de seleção na propriedade. O processo de seleção é uma ferramenta do melhoramento genético que, de acordo com o objetivo estipulado pela propriedade, irá indicar, através de um programa de acasalamento direcionado, os indivíduos geneticamente superiores que irão promover o progresso genético. Dessa forma, com o auxílio do programa Alta Cross Mate,
produtores de todas as regiões do Brasil que trabalham com animais zebuínos recebem, através de um relatório, o planejamento personalizado, de acordo com o tipo de sistema da propriedade, apresentando o percentual das composições raciais atuais na fazenda com suas fortalezas e debilidades morfológicas e uma projeção do rebanho futuro com a relação proposta do acasalamento, individualmente, para realizar permanentes mudanças
genéticas ao longo do tempo. O Alta Cross Mate gera segurança na utilização dos touros indicados pelo programa, pois é baseado no tipo de sistema de produção e no plano genético traçado pelos técnicos da Alta junto
ao produtor, entendendo quais características devem ser trabalhadas para obter animais saudáveis, funcionais, produtivos e adequados ao tipo de sistema de produção e, dessa maneira, aumentar a eficiência e a longevidade.
Atualmente, o programa já possui mais de 60 mil matrizes acasaladas em rebanhos de diversas regiões brasileiras, mostrando a importância do planejamento direcionado através do retorno do investimento.
“Escolhemos o Cross Mate pelo serviço que a Alta ofereceu. Isso, associado aos técnicos que vêm trabalhar na fazenda e aos programas a que temos acesso com essa parceria que já vem há 6 anos. Ele nos trouxe benefícios no que se refere à padronização de rebanho, fazendo com que os animais fiquem o mais parelhos possível dentro do que a empresa necessita. Além disso, conseguimos fazer análises do rebanho para saber qual o melhor grau de sangue para a fazenda, o que é mais rentável para a empresa. Desde que seja bem feito esse trabalho, desde a avaliação até a inseminação com os touros adequados, não tem como dar errado o Cross Mate” Samuel Sampaio Médico-veterinário das fazendas do Grupo Edson Queiroz – Ceará
“O Alta Cross Mate possibilita o conhecimento do rebanho por características fenotípicas, podendo assim realizar o melhoramento genético de forma segregada, produtiva e eficiente. Os benefícios gerados são o conhecimento do rebanho atual e previsibilidade do rebanho futuro, além de evitar compatibilidades entre as gerações.” Marcus Ubiratan Gerente da fazenda Diana Agroindustrial - Paragominas (PA)
Júlia Gazoni, Técnica de Leite da Alta Graduada em Zootecnia pelo Instituto Federal do Triangulo Mineiro (IFTM), capacitada em gestão da pecuária leiteira pelo Rehagro
PECUÁRIA EM ALTA
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LEITE
MUDANÇA NA BASE GENÉTICA 2020 por Fábio Fogaça, Gerente de Produto Leite Importado Em abril, não tivemos apenas as novas informações das provas de touros, como ocorre todo ano, trimestralmente, nos meses de abril, agosto e dezembro. Desta vez, houve também a atualização da base genética nas avaliações que são divulgadas pelo USDA e CDCB (Conselho Criação Gado Leiteiro). 30
PECUÁRIA EM ALTA
Com a mudança na base, os usuários das avaliações genéticas devem se conscientizar de que os padrões estabelecidos para a seleção de TODOS os touros, vacas, novilhas e bezerras, na base americana, sofreram alterações pelo respectivo progresso genético que ocorreu nas raças Holandês e Jersey.
Isso acontece periodicamente a cada cinco anos para que tenhamos certeza de que as nossas referências de valores genéticos, nas diversas características, possam ser valores os mais realísticos e, de certa forma, atuais. É válido relembrar a todos que as bases genéticas nas quais a maioria das caracterís-
ticas ligadas ao melhoramento genético de todas as raças leiteiras que usam a base genética dos Estados Unidos sofrem atualizações desde 1980 e sempre no mesmo intervalo de cinco anos. Isso aconteceu mais uma vez e foi, em todas aquelas que estão ligadas às decisões de seleção genética, que temos de tomar nas rotinas de melhoramento genético que impactarão, direta ou indiretamente, nos próximos anos, a rentabilidade daqueles rebanhos nos quais estamos envolvidos. Desde 1980, alguns até propunham que a base fosse atualizada com mais frequência. Outros optavam por uma base fixa, ou uma que até nem teria atualizações. O raciocínio para esse último seria que a magnitude dos números não é particularmente importante e todas as avaliações seriam comparáveis, independentemente de quando publicadas. Mas a mudança de base acontece com essa frequência, para garantir que os valores das características e índices de seleção não atinjam níveis absurdamente altos. A última mudança de base ocorreu em dezembro de 2014 e a próxima será em 2025. INTERVALOS DE 5 ANOS A mudança na base genética expressa um ajuste das PTAs (habilidades de transmissão previstas) para todos os animais de uma determinada raça. Essa alteração redefine os PTAs médios para zero, em cada característica, dentro de uma nova população de referência.
NOVA POPULAÇÃO REFERÊNCIA A última ocorreu cinco anos atrás e a população a qual estávamos tendo como referência eram as vacas nascidas em 2010. Agora, com essa atualização da base genética, as vacas nascidas em 2015 passam a definir a nova base e, com as avaliações de abril, seus PTAs serão zerados. Então nossa nova população de referência passará a ser as vacas nascidas em 2015.
“Com a mudança na base, os usuários das avaliações genéticas devem se conscientizar de que os padrões estabelecidos para a seleção de TODOS os touros, vacas, novilhas e bezerras, na base americana, sofreram alterações pelo respectivo progresso genético que ocorreu em cada raça”
representarão a quantidade de progresso genético que ocorreu desde a última mudança de base. Então, toda característica que teve uma queda maior foi porque ocorreu um mais efetivo e forte progresso. Mais adiante, entraremos mais especificamente no que isso significa, quais são esses valores, como quantificar e avaliar. Mas o volume que os valores irão decrescer é, essencialmente, quanto melhor cada raça ficou nas suas respectivas características, nesse último intervalo de cinco anos. VALORES GENÉTICOS DECRESCENTES E, como na maioria das características, foram obtidos ganhos ao longo de cinco anos, a maioria dos PTAs terão seus valores reduzidos. No entanto, se não houve progresso genético (negativos), os PTAs então terão um aumento. Com exceção para algumas, como, por exemplo, SCS (escore de células somáticas) e as quatro características de habilidade de parto, pois, para esses, os valores mais baixos são preferíveis. Para avaliar claramente as próximas tabelas, as mudanças de características mostradas em preto mostram progresso. As características mostradas em vermelho fizeram progressos negativos nos últimos cinco anos.
QUANTIDADE PROGRESSO GENÉTICO
NÃO AFETA NENHUM RANKING
Com isso aconteceram variações nas mais diversas características e índices de seleção, que
Outro ponto chave e muito importante a ser lembrado é que a mudança da base, por si
PECUÁRIA EM ALTA
31
LEITE
só, de maneira alguma, alterará, nem mesmo um pouquinho, qualquer ranking ou classificação relativo aos touros/fêmeas. Se compararmos possíveis rankings feitos anteriormente a essa mudança de base, fazendo-os novamente, iremos constatar que praticamente não aconteceram alterações significativas no ordenamento dos touros para uma característica em particular, ou mesmo para qualquer que seja o índice de seleção ou plano genético usado para selecionar animais. MUDANÇAS POSITIVAS Por quê? Porque todos os animais (sem exceção), em cada uma das características, a grande maioria terá seus valores genéticos diminuindo. Caso note alguma diferença, avalie detalhadamente porque, após o lançamento de uma nova prova, temos também os casos de touCaracterística
PTAL Leite PTAG Gordura PTAP Proteina
ros que recebem suas avaliações com filhas em produção e, por essa razão, pode haver alguns possíveis contrastes. Já na avaliação do ranking de TPI, podemos afirmar que haverá diferenças na classificação, pois a fórmula do TPI sofreu ajustes, os quais irão influenciar no valor final desse índice de seleção. De 2015 até o momento, as vacas demonstram serem maiores produtoras de leite, mais saudáveis e podemos notar também que elas têm uma conformação física ainda mais desejável. Sim, porque o volume de progresso genético que ocorreu é quantificado pelos números que serão demonstrados nas próximas tabelas, as quais refletem perfeitamente o que foi a mudança de base.
área. Vejam, na tabela 1, a quantia de progresso genético alcançada e que reflete quanto mais produtivas e eficientes estão as vacas atualmente. Os PTAs de todos os touros e fêmeas dessas três raças leiteiras tiveram, em média, esses valores acima subtraídos de seus PTAs. Considerando o progresso genético que ocorreu para cada característica relacionada à produção, em um excepcional progresso, especialmente para PTA Leite, observe que foi ainda maior que a raça holandesa. Para dar um exemplo, um touro Jersey que possuía 1.570 lb de PTA Leite, atualmente ele passa a ter PTAL de 1.000 lb. O mesmo também acontecerá para gordura e proteína.
PRODUÇÃO
Se agora analisarmos as características ligadas à saúde, na tabela 2, notaremos contrastantes mudanças.
Na produção de leite, tivemos impressionantes avanços nessa UNIDADES
libras libras libras
HO
PECUÁRIA EM ALTA
JE
BS
HOLANDÊS
JERSEY
PARDO SUIÇO
512 25 19
570 28 22
207 8 8
Tabela 01
32
SAÚDE
Característica
PL DPR SCS SCE DCE SSB DSB
Vida produtiva Taxa Prenhez Filhas Score Cel. Somáticas Facil. Parto - Touro Facil. Parto - Filhas Natimortos Touro Natimortos Filhas
UNIDADES
% % Log % % % %
HO
JE
BS
HOLANDÊS
JERSEY
PARDO SUIÇO
1,9 0,3 -0,08 -0,4 -1 -0,4 -1,2
1,60 -1,00 0,00 -
0,3 -0,7 0,01 -0,3 -0,6 -
Tabela 02
Veja fortes mudanças para PL (vida produtiva) na raça Holandesa, além das características ligadas à fertilidade. Os sinais negativos em SCS e Habilidades de Parto são, na verdade, algo bom, afinal, nessas características, selecionamos para valores os mais baixos possíveis. Sendo assim, quando olharmos as provas e valores genéticos para essas características, serão ajustados para cima, o que, nesses casos, é algo favorável. Notem que, na raça Jersey, tivemos forte mudança para PL, mas também temos de diferentes maneiras as alterações para DPR (taxa de Prenhez das Filhas).
Mais adiante, discutiremos, detalhadamente, a respeito desses dados de eficiência reprodutiva na raça Jersey. Em relação às características relacionadas à habilidade de parto, temos a satisfação de notificar que agora teremos ainda mais acurácia, pois, além da mudança de base, tivemos ainda ajustes específicos nessas características. O CDCB aprimorou a maneira que analisam e processam os dados relacionados a essas habilidades de parto. Atualmente, estão excluindo todos os rebanhos que codificam todos os partos ocorridos no ano, como 1 (extremamente fácil), assumin-
do que esses rebanhos não estão codificando devidamente. Na verdade, estão apenas fazendo o mais fácil e codificando com um padrão único. Traduzem que todos os partos são iguais, o que todos nós sabemos que não é bem dessa maneira. Além disso, aprimorarão ainda mais a acurácia daqui em diante, combinando, em um único código, os atuais 4 (de parto que foi necessária assistência empregando força) e 5 (extrema dificuldade no parto ao ponto de necessitar uso de cesariana). Mas lembrando de comentar que os resultados para essas características no Holandês foram muito convenientes.
PECUÁRIA EM ALTA
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LEITE
RESISTÊNCIA A EVENTOS METABÓLICOS Ressaltamos que as seis características de saúde relacionadas por resistência a eventos metabólicos e de outros problemas sanitários que ocorrem em rebanhos leiteiros, lançados em 2018, apenas no Holandês, a partir desta última rodada de provas será também para o Jersey. Como vocês podem notar na tabela 3, para eventos no Holandês, a raça melhorou em cinco das seis características, exceção apenas para Febre do Leite. Característica
DA KET MAST MET MFEV RP EFC
Torção Abomaso Cetose Mastite Metrite Febre do Leite Retenção de Placenta Precocidade ao 1° parto
UNIDADES
% % % % % % dias Tabela 03
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PECUÁRIA EM ALTA
HO
JE
BS
HOLANDÊS
JERSEY
PARDO SUIÇO
0,21 0,20 0,60 0,34 -0,06 0,05 1,50
1,4
0,5
CONFORMAÇÃO Em termos de PTA Tipo, também aconteceram incrementos no progresso genético dos PTAs para a maioria das características. Na tabela 4, temos o indicativo de que a seleção feita proporcionou ainda melhores conformações. Característica
PTAT UDC FLC
UNIDADES
Tipo geral Composto úbere* Composto pernas*
JE
HO
BS
HOLANDÊS
JERSEY
PARDO SUIÇO
0,76 0,85 0,49
0,70 0,85 -
0,40 -
pontos pontos pontos Tabela 04
COMPARANDO AS RAÇAS Todos esses ajustes mostrados acima são muito animadores, mas é sempre bom também avaliar as mudanças de base que ocorreram no passado dentro dessas raças, para então conferirmos a magnitude de progresso genético que alcançamos. Na tabela 5, temos como conferir as mudanças de base no Holandês. Recordando que, em cada mudança de base, temos a quantificação do progresso genético que ocorreu nos 5 anos anteriores. Vejam que, nestes últimos 5 anos (linha referente 2020), obtivemos mais progresso genético do que nos 5 anos precedentes (linhas 2015 e 2010), nas características chave de produção e saúde. HOLANDÊS
Leite
Gor
Prot
PL
SCS
DPR
HCR
CCR
NM$
2020 2015 2010
512 342 356
25 25 12
19 12 12
1,9 0,9 0,4
-0,08 -0,04 0,00
0,3 -0,2 -0,5
0,5 0,1 -
0,4 -0,6 -0,8
234 140 132
Tabela 05
Confirmando que tivemos, nessa mudança de base, uma clara evidência de que conseguimos nessa raça mais progresso genético nestes últimos 5 anos, do que nos 5 anos anteriores. Nas características de produção, tivemos progresso genético nas mudanças entre 2010 e 2015, mas podemos afirmar que foi ainda mais relevante entre 2015 e 2020! Em volume de leite, ocorreu 150% mais progresso genético nos últimos 5 anos
(2020) do que nos 5 anos anteriores (2010). Na vida produtiva, caminhamos com a mesma intensidade ou mesmo mais, pois, praticamente, duplicamos o progresso genético para essa importante característica. Algumas características podem parecer não muito relevantes quando comparamos 2015 e 2020. Mas, quando comparamos 2010 e 2015, notamos mais uma vez que tivemos um espetacular progresso genético
nestes últimos 5 anos. Significa que essa raça, continuadamente, vem contribuindo geneticamente para a rentabilidade dos rebanhos. Na raça Jersey, as características ligadas à produção também foram muito significativas, tanto que essa raça conseguiu ainda maior progresso genético do que o Holandês. Além disso, houve também um progresso em PL, pois, comparando com o período anterior, podemos afirmar, PECUÁRIA EM ALTA
35
LEITE
sendo mais saudáveis, as vacas Jersey poderão ficar em torno de 1,5 mês a mais em produção do que contemporâneas. Mas, por outro lado, quando olhamos DPR da raça Jersey, pela tabela 6, fica claro que mais uma vez essa raça não progrediu em termos de fertilidade das filhas. De certa forma, podemos
entender que o extraordinário progresso em produção pode ter prejudicado em 1 ponto percentual a taxa de prenhez das filhas. Aliás, já vimos essa mesma situação acontecendo na raça holandesa, no final dos anos 90. Pela raça Jersey ter tido no DPR um progresso negativo de 1 unidade, significa que, ao invés
do valor genético de DPR diminuir, na raça Jersey, ele aumentará para todos os animais, em média 1 para DPR a partir desta prova de abril. Isso tudo discutido, essa mostra acima, que os touros usados agora proporcionarão resultados lucrativos através de sua progênie.
JERSEY
Leite
Gor
Prot
PL
SCS
DPR
HCR
CCR
NM$
2020 2015 2010
570 394 425
28 19 17
22 13 14
1,6 0,6 0,6
0,00 0,03 0,01
-1,0 -0,5 -0,7
0,4 0,1 -
-0,9 -0,5 -0,8
214 124 119
Tabela 06
TECNOLOGIA GENÔMICA Outro fator impactante foi a revolução genômica iniciada em 2008. Ela trouxe um aumento na taxa de progresso genético, principalmente devido a uma redução no intervalo de geração. Uma pequena parcela dos benefícios genômicos teria sido revelada na mudança de base anterior para vacas nascidas em 2010, mas a atualização atual reflete todos os benefícios da genômica, alcançados entre 2010 e 2015. O uso da genômica é responsável pelos ganhos acelerados para progresso genético na maioria das características mostradas acima, em todas as tabelas. AJUSTANDO CIAS
AS
REFERÊN-
Não se esqueçam de que todos nós teremos de mudar nossos níveis básicos para valores de PTAs que costumamos ter como referência mínima, para 36
PECUÁRIA EM ALTA
fazermos as seleções genéticas nas mais diversas características, porque, a partir de agora, esses níveis serão diferentes e também terão que ser ajustados.
“Todos nós teremos de mudar nossos níveis básicos para valores de PTAs que costumamos ter como referência mínima, para fazermos as seleções genéticas nas mais diversas características” Por exemplo, se você buscava fazer progresso genético para volume de produção de leite e para aplicar o necessário alto grau de Intensidade de Seleção, você selecionava os melhores
PTA Leite da raça Holandesa, seu nível de referência no passado talvez fosse em torno de 2.700 lb. A partir de agora, sua referência para os melhores touros da raça para leite será em torno de 2.200 lb, pois lembre que a mudança de base genética para PTA Leite, nessa raça, foi de, aproximadamente, 500 lb. E o mesmo raciocínio servirá para todas as outras características. Por outro lado, você irá reparar que os mesmos touros que você tinha ranqueado anteriormente estarão basicamente na mesma ordem, nessa nova base. Mantenham em mente que mudança de base significa simplesmente que teremos de alterar nossos níveis de referência na seleção genética nas mais variadas características, nas informações de valores genéticos para touros e fêmeas, de cada raça leiteira. Com isso dito, relembramos abaixo os cinco tópicos principais sobre essa mudança de base.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Os defensores da melhoria na sustentabilidade e na eliminação da fome no mundo devem se surpreender ao ver as mudanças na produtividade do mercado de leite dos EUA. Os gases de efeito estufa estão sendo reduzidos por unidade de produto, devido à maior produção por animal. E também estamos vendo mudanças significativas na aparência e na saúde dos animais.
Com essa mudança de base, talvez seja um bom momento para lembrar aos produtores que adotem estratégias de seleção genética que possam praticamente eliminar qualquer complacência de decisões entre as mudanças de base. Por exemplo, se a seleção é baseada em padrões como percentis (recalculados a cada mudança) ou simplesmente selecionando os touros mais bem classificados em um plano genético que seja compatível com as necessidades
do rebanho, ocorrerá maior e mais rápido progresso genético.
Fábio Fogaça, Gerente de Produto Leite Importado Zootecnista pela USP (Universidade de São Paulo). Pós-graduado em Reprodução e Gerenciamento de Saúde de Rebanho, na International Livestock Management Schools no Canadá. Com 20 anos de experiência em consultoria a rebanhos de produção leiteira e há 15 anos integrando a equipe da Alta, gerenciando tudo que seja relacionado as raças Holandês, Jersey e Pardo Suíço
PECUÁRIA EM ALTA
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CORTE
DESMAMA ADEQUADA MANEJOS FUNCIONAIS por Marcos Labury, Técnico de Corte Alta
Com o bezerro bem valorizado, a preocupação agora, além da busca por um produto com maior valor agregado, é tanto o de entregar esse produto ao comprador em condições ideais, quanto manter esta boa mãe no plantel. Isto porque ambas as situações devem ser consideradas e bem analisadas para que se repita o sucesso conseguido. Então vamos lá. A época e a melhor maneira de como desmamar um bezerro são assuntos frequentes em uma boa roda de discussão na fazenda. 38
PECUÁRIA EM ALTA
A boa matriz necessita de sanidade e nutrição, porque ela está prenha e também amamentando. Ela precisa desmamar bem, em boas condições corporais, de forma a ter um bom parto e emprenhar no cedo. Então, o quanto antes desmamar o bezerro que está ao pé, melhor será. Estamos vendo a cada dia que aqueles criadores de visão, com mentalidade progressista, estão descartando as matrizes pouco produtivas/ rentáveis e, consequentemente, obtendo produtos melhores,
muitos deles com ótimos pesos de desmama. Com o preço do bezerro atualmente igual ou maior do que o do boi, existe alguma relutância do mercado em pagar este valor por este bom produto, seja ele macho ou fêmea. Vivendo e aprendendo a cada dia, tenho visto, com muita lógica, criadores desmamarem a bezerrada mais cedo, com 6 ou 7 meses, e entregarem este produto “mais barato” em função do peso menor, porém com o mesmo valor agregado.
O momento do desmame, que consiste na separação do bezerro da vaca e consequente da interrupção da amamentação, é considerado um dos momentos mais críticos da atividade pecuária por ser um período de muito estresse para ambos. Fazer um manejo correto tanto com a mãe quanto com a cria, nesse momento, é fundamental para reduzir as perdas, que podem causar danos tanto à mãe quanto ao desempenho futuro dos bezerros desmamados. Para isso é importante escolher o melhor momento e a melhor forma de realizá-lo, porque o bezerro desmamado, normalmente, sente muito, podendo apresentar perda de peso, ficando propenso a doenças, etc, mesmo sendo já nessa idade mais independente do leite da mãe. Não existe uma receita de bula para fazer o desmame, porque tudo depende da época do ano, das condições de pastagens, do ambiente em si. Sabemos, porém, que a interação genótipo ambiente, aliada a outros fatores como nutrição e sanidade, são responsáveis diretos pela composição do fenótipo de cada indivíduo. Pesquisas indicam que, a partir dos quatro meses de idade, o bezerro passa a depender menos do leite da mãe e começa a adquirir nutrientes de outras fontes como o pasto e suplementos. Existem alguns fatores que devemos considerar na escolha do tipo de desmame, tais como peso e idade da vaca e do bezerro, época de parição, escore de ambos (condição corporal), quantidade e
“A boa matriz necessita de sanidade e nutrição, porque ela está prenha e também amamentando. Ela precisa desmamar bem, em boas condições corporais, de forma a ter um bom parto e emprenhar no cedo”
qualidade de alimento disponível, entre outros, além de vários tipos de desmames. A separação direta do bezerro da vaca é o método mais comum e mais prático, podendo também ser dividido em fases distintas, talvez conforme a idade: - Desmame aos 4/5 meses, também chamado de desmame intermediário: é necessária uma suplementação adequada para este bezerro, com o uso de creep. - Desmama controlada: Consiste em permitir a permanência da cria com a mãe durante dois curtos períodos do dia, pela manhã e à tarde; - Desmame tradicional com 6 – 9 meses de idade (separação total do bezerro da vaca). Nessa idade ele já consegue pastar bem, porque seu rúmen já tem condições de processar a fibra consumida. É o mais utilizado em criações de bovinos de corte; A- Desmama direta para o ca-
minhão do comprador. B- Deixar os bezerros desmamados no pasto, trazer algumas vacas solteiras e levar as mães para um pasto distante. Eles conhecem o pasto, sabem onde está o bebedouro e se sentem seguros no meio de todos. Funciona bem. C- Desmame tradicional parcial, conforme a idade, talvez em três lotes, o do cedo, o do meio e o do final da época de desmama. Ao meu ver, isso ajudaria muito, porque levamos as fêmeas do cedo e deixamos, no mesmo pasto, os bezerros desmamados, junto com as fêmeas ainda com bezerro ao pé. d- Vejo com bons olhos também quando separamos bezerros de suas mães, colocando ambos em pasto ao lado. Assim, ele chama, ela escuta, responde e ele fica tranquilo. - Desmame com 1 ano de idade, praticamente não mais utilizado, mas que, infelizmente, ainda existe em muitas regiões. Como pudemos ver, realmente a receita não existe e cada propriedade deve escolher entre qual o esquema que funciona melhor nas suas condições existentes. O importante é de se fazer o melhor possível e ir se adequando/adaptando para obter o melhor resultado. Bons negócios.
Marcos Labury, Técnico de Corte Alta Zootecnista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), pós-graduado em Gado de Corte. Jurado efeitvo do Colégio de Árbitros da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ)
PECUÁRIA EM ALTA
39
CORTE
FATORES QUE AFETAM RESULTADOS EM PROGRAMAS DE IATF por Francisco Rebôlo Lopes Júnior, Consultor Técnico de Corte da Alta
Atualmente, o Brasil apresenta, aproximadamente, 80 milhões de fêmeas em idade reprodutiva, das quais se estima que 16% sejam inseminadas. De acordo com o relatório INDEX ASBIA 2019, o mercado de sêmen apresentou crescimento de 14%, refletindo em um crescimento de 23,6% na utilização da IATF. Atualmente, estima-se que, em mais de 90% das inseminações realizadas em rebanhos de corte, emprega-se a técnica de IATF (Figura 1).
Figura 1. Estimativas realizadas por Pietro Sampaio Baruselli. Boletim Eletrônico do Departamento de Reprodução Animal/FMVZ/USP.
Estudos demonstram de maneira clara os benefícios produtivos e financeiros da incorporação da IATF em larga escala em fazendas (Baruselli, 2019). A intensificação do emprego de programas de sincronização como ferramenta de manejo reprodutivo na propriedade tem impacto significativo na eficiência reprodutiva geral do reba40
PECUÁRIA EM ALTA
nho. Sabe-se que a fertilidade em rebanhos bovinos é de causa multifatorial, ou seja, diversos fatores podem interferir no resultado de concepção. Fatores esses que podem ser relacionados às fêmeas e manejo em geral da fazenda, quanto a fatores relacionados ao macho, como qualidade de sêmen e fatores genéticos. Neste artigo, será
discorrido sobre os principais efeitos que afetam os resultados em protocolos de IATF, vindos de manejo e, principalmente, das fêmeas. Os dados usados para embasamento deste artigo foram coletados por todo o Brasil (2.742 fazendas) pela Equipe Concept Plus, na estação de monta 2018-2019. Aproximadamente, 870 mil
inseminações foram analisadas para diversos itens que podem interferir no resultado da IATF. Essa base robusta de dados nos dá grandes respostas e, com isso, oportunidades para ajustes na próxima estação reprodutiva. Acredito que a maioria dos pontos que interferem no resultado da IATF não é uma novidade para todos, mas suponho que muitos não têm esses dados da sua fazenda ou da fazenda que assiste. Na maioria das fazendas, não há um rigoroso controle de dados, ou até mesmo tudo isso é feito, mas os dados não são avaliados, simplesmente ficam arquivados em papéis ou em planilhas no computador, que nunca foram analisadas. Analisar os dados da estação reprodutiva é crucial para as to-
“A intensificação do emprego de programas de sincronização como ferramenta de manejo reprodutivo na propriedade tem impacto significativo na eficiência reprodutiva geral do rebanho”
madas de decisões da futura estação reprodutiva e maximizar o lucro da propriedade.
Sabemos que o período de estação reprodutiva muda de acordo com a região ou até mesmo microrregião do país, pois existem as particularidades de cada local quando se trata de pluviometria e temperatura. O primeiro fator que trazemos são os resultados das IATFs de acordo com o mês do ano (Tabela 1). Nesta tabela, conseguimos observar uma concentração no número de IATFs, nos meses de outubro a março, época de estação reprodutiva na maioria das regiões do Brasil. Quando analisamos a prenhez média da IATF, observamos que não há grandes variações de acordo com o mês do ano, ou seja, a técnica é eficiente independentemente da época em que é empregada.
MÊS
N° IATF
ECC D0
PRENHEZ/ IATF
DISTRIBUIÇÃO
jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun
9.594 13.672 39.765 106.302 180.403 189.683 158.783 93.007 55.817 9.406 6.519 5.604
3,16 3,17 2,97 2,91 2,98 3,01 3,04 3,04 3,11 3,21 3,42 3,23
52,9% 54,3% 54,8% 52,8% 52,7% 52,0% 51,4% 51,0% 50,7% 50,1% 54,1% 52,6%
1,1% 1,6% 4,6% 12,2% 20,8% 21,8% 18,3% 10,7% 6,4% 1,1% 0,8% 0,6%
TOTAL
868.555
3,01
52,1%
100,0%
Tabela 1: Taxa de prenhez na IATF de acordo com o mês do ano (Fonte: Concept Plus 2019, Alta Genetics).
PECUÁRIA EM ALTA
41
CORTE
O Brasil é um país onde a predominância de bovinos é de raças Zebuínas, mais especificamente a raça Nelore, porém, em algumas regiões, há matrizes cruzadas (por exemplo F1 Angus x Nelore) ou até mesma taurinas (por exemplo a raça Angus). Na Tabela 2, podemos ver que existe uma pequena variação quanto à fertilidade e raça, fêmea com maior grau de sangue taurino tende a ser mais fértil. Além disso, na Tabela 2, conseguimos ver outro fator que está muito relacionado com os CATEGORIA/ RAÇA MATRIZ
índices alcançados em protocolos de IATF, que é a categoria animal (novilhas, primíparas, multíparas e solteiras). Quando analisamos categoria e fertilidade, sabemos que as categorias de animais mais novos, como novilhas e primíparas, possuem índices mais baixos devido a sua elevada necessidade nutricional que, na maioria das vezes, não são supridas pelo sistema. Como, por exemplo, no caso das primíparas que, além de ter que amamentar um bezerro, também têm a necessidade de terminar seu N° IATF
desenvolvimento, diferentemente das multíparas que só há a necessidade da amamentação do bezerro. Na tabela, também é possível ver a interação entre raça e categoria e, nestes dados, vemos que as categorias de maior desafio como já citadas (novilhas e primíparas), conforme aumenta o grau de sangue taurino, também aumenta o resultado a IATF, achado semelhante ao encontrado nas vacas solteiras. Já quando se fala de multípara, os resultados são mais semelhantes, independente da raça.
ECC D0
PRENHEZ/ IATF
DISTRIBUIÇÃO
NULIPARA PRECOCE
10.480
3,16
41,9%
1,2%
ZEBUÍNA
10.480
3,16
41,9%
100,0%
TAURINA
0
-
-
0,0%
CRUZADA
0
-
-
0,0%
NULÍPARA
205.472
3,20
49,2%
23,7%
ZEBUÍNA
148.276
3,14
47,0%
72,2%
CRUZADA
46.657
3,38
54,6%
22,7%
TAURINA
10.539
3,25
57,0%
5,1%
PRIMIPARA
119.185
2,90
48,1%
13,7%
ZEBUÍNA
101.130
2,87
47,2%
84,9%
CRUZADA
14.735
3,04
52,8%
12,4%
TAURINA
3.320
3,04
55,5%
2,8%
MULTIPARA
483.192
2,95
54,6%
55,6%
ZEBUÍNA
423.252
2,94
54,2%
87,6%
CRUZADA
47.525
3,03
57,6%
9,8%
TAURINA
12.415
3,11
55,2%
2,6%
SOLTEIRA
50.226
3,12
52,2%
5,8%
ZEBUÍNA
39.195
3,12
50,7%
78,0%
CRUZADA
9.192
3,12
57,1%
18,3%
TAURINA
1.839
3,19
58,4%
3,7%
TOTAL
868.555
3,01
52,1%
100,0%
Tabela 2. Taxa de prenhez a IATF de acordo com a raça e categoria (Fonte: Concept Plus 2019, Alta Genetics).
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PECUÁRIA EM ALTA
É de conhecimento geral que a nutrição interfere na reprodução de bovinos, porém não é simples mensurar se o animal está ou não bem nutrido, mas conseguimos mensurar, de maneira fácil, indicadores de nutrição, como, por exemplo, o escore de condição corporal (ECC). O ECC pode ser mensurado em várias
fases da matriz, como no parto, no início do protocolo, no diagnóstico de gestação e suas alterações entre esses momentos. O ECC, no dia em que se inicia o protocolo de IATF, é uma medida que tem alta correlação com o resultado de fertilidade desses animais em protocolos de IATF, além de ser um parâmetro do
estado nutricional dos animais. Na Tabela 3, podemos observar o resultado de IATF correlacionado com o ECC dos animais, no início do protocolo. De maneira simplista, pode-se dizer que matrizes com ECC igual ou maior que 3,00 têm maior chance de se tornarem gestantes quando submetidas a protocolos de IATF.
ECC D0
N° IATF
PRENHEZ/ IATF
DISTRIBUIÇÃO
≤ 2,25 2,50 2,75 3,00 3,25 3,50 3,75 ≥ 4,00
42.343 125.629 153.747 271.908 76.539 123.344 30.002 45.043
44,5% 48,9% 51,1% 53,1% 54,4% 54,7% 55,1% 52,4%
4,9% 14,5% 17,7% 31,3% 8,8% 14,2% 3,5% 5,2%
TOTAL
868.555
52,1%
100,0%
Tabela 3. Prenhez por IATF de acordo com o ECC das matrizes (Fonte: Concept Plus 2019, Alta Genetics).
PECUÁRIA EM ALTA
43
CORTE
O ECC é um parâmetro de estado nutricional dos animais e um termômetro do resultado esperado na IATF e, com esses dados, é possível notar que, aproximadamente, apenas 32% dos animais protocolados na estação reprodutiva apresentavam ECC acima de 3,0. Se melhores resultados vêm de vacas com ECC melhores, por que não adotarmos estratégias nutricionais para melhorarmos o ECC de vacas no parto e na IATF? O primeiro e único fator que será apontado neste artigo que não é relacionado à matriz, e sim à mão de obra, mas tem um impacto significativo nos resultados dos programas de IATF, é o efeito do inseminador. Fica claro, ao analisar a Tabela 4, que há um grande efeito do técnico, em que 21% dos técnicos ficaram abaixo do resultado médio de prenhez na IATF. Assim, é de grande importância mantermos nossos inseminadores PRENHEZ/ IATF INSEMINADOR
≤ 45% 46 a 54% ≥ 55% TOTAL
focados, motivados e treinados e, sempre que possível, realizar reciclagem. Dessa maneira, minimiza a chance de menores prenhezes em protocolos de IATF, vindas por falhas no processo de inseminação. Durante a estação reprodutiva, devem-se avaliar os resultados dos inseminadores constantemente, para que, se houver necessidade de suspensão do técnico que está tendo um desempenho abaixo do esperado, essa decisão seja tomada de maneira rápida, evitando prejuízos maiores para a propriedade. Porém precisamos avaliar com cautela os dados, já que sabemos que podem existir outros efeitos que levam ao menor resultado, como: efeito de categoria, ECC, lote, retiro, entre outros. Sempre é indicado ter mais de um inseminador por lote e também sempre utilizar no mínimo 2 touros por lote. Essas sugestões são feitas para que seja possível ter pa-
râmetros de comparação quando se avalia prenhez, tanto do inseminador, quanto do touro. Os fatores citados neste artigo, de maneira geral, são alguns dos mais impactantes nos resultados dos programas de IATF. É claro que existem outros, como, por exemplo, efeito relacionado ao macho e manipulação espermática, porém serão tratados em um tópico especial para esse assunto em uma próxima oportunidade. O artigo teve como objetivo mostrar que todos esses dados avaliados podem e devem ser coletados durante toda a estação reprodutiva. Devem ser analisados e interpretados para tomadas de decisões futuras, pois só assim é possível traçar estratégias adequadas e, com maior efetividade, para a próxima estação reprodutiva, conseguindo uma evolução consistente e lucrativa na atividade de cria.
N° IATF
ECC D0
PRENHEZ/ IATF
DISTRIBUIÇÃO
N° INSEMINADOR DISTRIBUIÇÃO
71.935 175.846 212.907
3,11 3,09 3,16
42,5% 52,8% 60,8%
15,6% 38,2% 46,2%
300 503 625
21,0% 35,2% 43,8%
460.688
3,13
54,9%
100,0%
1428
100%
Tabela 4. Efeito do inseminador na taxa de prenhez na IATF (Fonte: Concept Plus 2019, Alta Genetics).
Referências: BARUSELLI, P.S. IATF atinge 87% das fêmeas bovinas inseminadas em 2019. Boletim Eletrônico do Departamento de Reprodução Animal/FMVZ/USP, 3 d., 2020. Acesso http://vra.fmvz.usp.br/boletim-eletronico-vra/. Acesso em: 01 de Abril 2020. BARUSELLI, P.S. IATF gera ganhos que superam R$ 3,0 bilhões nas cadeias de carne e de leite. Boletim Eletrônico do Departamento de Reprodução Animal/FMVZ/USP, 2. ed., 2019. Acesso http://vra.fmvz. usp.br/boletim-eletronico-vra/. Acesso em: 01 de Abril 2020.
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PECUÁRIA EM ALTA
Francisco Rebôlo Lopes Junior, Técnico Comercial Alta Médico Veterinário pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), mestre em Reprodução Animal pela Universidade Estadual Paulista (UNESP – Botucatu/FMVZ), com parte do mestrado na University of Florida (EUA) e Especialista em Produção de Ruminantes pela Universidade de São Paulo (USP – ESALQ)
REFERÊNCIA EM MELHORAMENTO GENÉTICO, TERRA BRAVA COLOCA MAIS DOIS TOUROS EM CENTRAL!
2908 FIV
DA TERRA BRAVA
REM DHEEF x DARDO
RGD: EPCF 2908 Nasc.: 31/07/2018 MGTe: 23,01 TOP: 3% iABCZ: 26,26 DECA: 1 IQG: 40,47 TOP: 1%
2954 FIV
DA TERRA BRAVA
REM EL DOURADO x SULTÃO FIV DA TERRA BRAVA
RGD: EPCF 2954 Nasc.: 11/09/2018 MGTe: 26,73 TOP: 1% iABCZ: 27,95 DECA: 1 IQG: 26,61 TOP: 1%
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PECUÁRIA EM ALTA
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ARTIGO
ENTENDENDO OS INDICADORES-CHAVE DE DESEMPENHO REPRODUTIVO E A MELHOR FORMA DE MONITORÁ-LOS por Glaucio Lopes, Gerente Global de Desenvolvimento de Pessoas Antes de entendermos quais são os indicadores-chave de desempenho reprodutivo e observar “benchmarks” nesse sentido, é importante salientar a importância de um manejo reprodutivo bem feito e o impacto positivo que a obtenção de sucesso nesse quesito representa para uma propriedade leiteira. Um trabalho do Dr. David Galligan da Universidade da Pennsylvania mostra que vacas adultas, no terceiro ano produtivo, em início da lactação, apresentam um retorno econômico de 3 unidades para 1, ou seja, para cada Real investido no sistema produtivo, três reais são recuperados em forma de receita. Esta razão de 3/1 diminui com o passar dos dias em lactação, pois, fisiologicamemte, uma vaca leiteira, após atingir o pico de lactação, entra em uma curva de produção decrescente. Porém o custo de produção não diminui na mesma intensidade. Neste mesmo exemplo da vaca de terceira lactação, quando atinge a metade do período produtivo, 46
PECUÁRIA EM ALTA
atinge um retorno de 2 unidades para 1, e essa relação segue decrescente até que essa vaca gere de receita a mesma quantidade de reais que “usa” para gerar a produção dessa receita.
“Um manejo reprodutivo que prima pelo desempenho de excelência manterá a maior quantidade de vacas no período produtivo em que geram maior receita, na maior parte do tempo” Um manejo reprodutivo que prima pelo desempenho de excelência manterá a maior quantidade de vacas no período produtivo em que geram maior receita, na maior parte do tempo. Um traba-
lho mais aprofundado, realizado na Universidade da Flórida pelo professor José Eduardo Portela Santos, com seu então aluno de pós-graduação Eduardo Ribeiro (hoje professor na Universidade de Guelph, no Canadá), mostrou que uma diminuição média de 63 dias de intervalo entre partos proporciona um aumento de 7% no rendimento em relação ao custo de alimentação. Isso se justifica por um aumento médio de 1,51 Kg de produção de leite por dia, exatamente por se otimizar a curva de produção como exemplificado pelo Dr. Galligan. E isso só é possível em decorrência de um excelente trabalho, focado em emprenhar as vacas o mais rápido possível depois de se atingir o período de espera voluntário. O sucesso (ou fracasso) reprodutivo é um dos indicadores de desempenho mais dinâmicos e importantes em uma propriedade leiteira. Entender melhor como monitorá-lo e tomar decisões informadas sobre alterações pode afetar diretamente o fluxo de receita da propriedade.
Conheça alguns perigos ao monitorar números de desempenho reprodutivo: 1. Médias ou variação: Um cuidado que temos que tomar, quando avaliando médias (taxa de concepção, por exemplo), é o tamanho amostral. Médias são muito influenciadas pelo tamanho da amostra. Nesse sentido, em rebanhos grandes, vacas com problemas não serão representadas pela média, ou, em rebanhos pequenos, vacas podem ser erroneamente “condenadas” por um número que, não necessariamente, reflete a realidade. 2. Momento: Outro ponto de cuidado é em relação ao momento. Nesse exemplo, eventos que ocorreram há muito tempo são incluídos no cálculo atual. Essa prática pode ser vista, por exemplo, quando tentamos avaliar médias em rebanhos pequenos, ao incluirmos inseminações que aconteceram há dois anos para aumentar o espaço amostral. Nesse sentido, consegue-se aumentar o número de observações por incluir dados históricos, mas podem-se obscurecer mudanças recentes, que ficarão difíceis de serem identificadas ou avaliadas. 3. Atraso: Em relação ao atraso, que, por definição, é quando um resultado não pode ser medido por algum tempo após o evento, em alguns casos, esse acontecimento é fisiológico. Por exemplo, sabemos que, depois de uma inseminação artificial, o período mínimo para saber se esta vaca emprenhou ou não é o de um ciclo. Caso a vaca demonstre cio no período normal de 23 dias após IA, sabemos que ela não está prenha. Caso não mostre cio, ou este cio não seja identificado, essa vaca será apresentada para o veterinário desempenhar o diagnóstico de gestação. Esse procedimento pode ser realizado entre 28 dias após a IA (no caso de uso de tecnologias como o ultrassom) até 42 dias (no caso de palpação trasnretal). Nesse caso, o atraso é esperado. O problema é quando queremos avaliar números onde o atraso é muito longo, por exemplo, na média do intervalo entre partos, quando esperamos um período gestacional inteiro para se fazer a avaliação, se houve ou não uma mudança no número avaliado. 4. Viés: O viés é um dos maiores vilões nas avaliações de desempenho reprodutivo. Consiste em um erro sistemático, no qual vacas que não deveriam são incluídas no cálculo, ou informações que estão erradas são também incluídas no cálculo. Um exemplo clássico é a avaliação de médias de dias abertos de um rebanho. Nesse cálculo, as vacas que são mais importantes para a nossa tomada de decisão, que são as vacas não prenhes, não estão incluídas no cálculo. Só calculamos a média de dias entre o parto e a concepção. Ou seja, só vacas sabidamente gestantes estão incluídas no cálculo. Neste sentido, buscamos um número que demonstre o desempenho reprodutivo do rebanho e, ao mesmo tempo, minimize os efeitos negativos que vemos nas médias, com um melhor momento, menor atraso e menos viés. Como não existe um número perfeito, buscamos um índice que pode nos proporcionar poder de tomada de decisão com menor possibilidade de erro.
PECUÁRIA EM ALTA
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ARTIGO
Usando a “taxa de prenhez de 21 dias” como índice chave de desempenho reprodutivo A taxa de prenhez (TP) representa o número de vacas que emprenham em um período de 21 dias em relação ao número de vacas que estavam aptas a emprenhar. É um cálculo apresentado em porcentagem, que pode ajudar a responder “quantas vacas podem emprenhar que, efetivamente, emprenharam em um determinado período?” Essa avaliação ajuda a identificar a rapidez com que vacas abertas e aptas se tornem vacas prenhes. Por definição, vacas aptas são vacas que já atingiram na lactação a quantidade de dias em leite, definidas pelo gerenciamento como sendo o de período de espera voluntário, que não estão prenhes e que não são marcadas como “não inseminar” ou “descarte” por qualquer outra decisão de manejo. Todos os dias, temos vacas aptas no rebanho, e a rapidez com que emprenhamos essas vacas define a taxa de prenhez de 21 dias. O período de espera voluntário, ou PEV, como dito anterior-
48
PECUÁRIA EM ALTA
mente, é o tempo em dias que esperamos desde o parto, até a liberação desse animal para inseminação artificial. Historicamente, o número de 50 dias em leite tem sido utilizado na indústria, mas deve ser definido individualmente para cada rebanho, ou para cada grupo de animais dentro de um mesmo rebanho (por exemplo, algumas fazendas optam por atrasar o PEV para vacas de primeira lactação em comparação com vacas adultas, pela facilidade maior desses animais em emprenharem, e pela persistência maior da curva de lactação). Em uma análise da base de dados do software Alta Gestão, incluindo 243 rebanhos, a média de PEV foi de 45 dias. Nos EUA, fazendas ganhadoras de prêmios de excepcional desempenho reprodutivo pelo Conselho de Reprodução de Gado de Leite (DCRC na sigla em inglês) apresentam PEV, variando de 41 a 76 dias, o que reforça nossa ideia de que esta decisão deve ser tomada por rebanho, levando-se em consideração quão boa é a geração de prenhezes, qual a proporção de vacas primíparas ou multíparas no rebanho e qual a curva de lac-
tação apresentada pelos animais. Dados nacionais apresentados no evento Concept Plus Leite, em outubro de 2019, mostraram de forma muito didática como estão os números de 258 fazendas de norte a sul do Brasil. As fazendas top 20% da base de dados apresentaram uma TP médio de 23,7%. Relembrando do conceito, esse número indica que 23.7% das vacas aptas estão emprenhando em um intervalo de 21 dias, o que é um desempenho muito bom. Quando comparado com as fazendas que representam os 20% mais baixos de desempenho reprodutivo nesse quesito, a média de TP para essas fazendas foi de 9,7%, ou seja, demonstrando que há muita oportunidade e possibilidade de melhora. As propriedades que compunham os restantes 60%, entre os dois extremos, apresentaram uma TP média de 16,1%. Nos EUA, fazendas ganhadoras de prêmios de excepcional desempenho reprodutivo (24 fazendas premiadas) apresentaram uma média de TP de 36%, variando de 30% a 47%. Vale salientar que este é um subgrupo muito pequeno e que não corres-
ponde à média nos EUA, que, neste momento, encontra-se em torno dos 20% de média. Alguns pontos interessantes devem ser levados em consideração para se poder atingir resultados cada dia mais expressivos. Saúde do rebanho, alimentação balanceada, adequada e sempre disponível, conforto e boas práticas de bem-estar animal são elementos primordiais. Além disso, uma consistência do trabalho realizado é fundamental. Protocolos devem ser seguidos à risca pela equipe, não só na técnica de detecção de cio e de IA, bem como no respeito ao período de espera voluntário para se começar a inseminar. Hormônios de sincronização devem ser corretamente administrados, no caso do uso de protocolos de inseminação artificial em tempo fixo (IATF), como, por exemplo: respeitar a dose adequada, administrá-la no momento certo, de maneira correta (subcutânea ou intramuscular), e com o material adequado (seringas e agulhas). Todas as informações devem ser passadas para o computador para proporcionar uma sequência lógica de manejo, bem como proporcionar
a base de dados adequada para avaliação do desempenho e fomentar propostas de mudanças. Trabalhar com grupos de vacas e, agressivamente, minimizar a possibilidade de oportunidades perdidas ajudam a melhorar o desempenho (como, por exemplo, trabalhar com manejo reprodutivo semanal ou quinzenal com a presença do médico-veterinário e, ativamente, inseminar vacas no “cio de retorno”). Ter uma equipe de técnicos competentes para oferecer informação de alta qualidade e ajudá-los no processo de tomada de decisão sobre qual a melhor estratégia a ser executada e como avaliar o desempenho também é fundamental. Concluindo, melhorar o desempenho reprodutivo a cada dia deve ser uma meta geral de todas as propriedades, para sempre buscar melhores retornos econômicos com os plantéis que temos em mãos. Devemos tomar cuidado com alguns índices que, historicamente, consideramos para avaliar o desempenho reprodutivo, olhando os quatro pontos perigosos principais como média/variação, momento, atraso e viés. Utilizar a taxa de prenhez
de 21 dias como índice principal de desempenho reprodutivo para avaliar quão rápido as vacas estão emprenhando na propriedade, após passarem o período de espera voluntário. Assegurar-se de todas as formas que, tanto as vacas, quanto os colaboradores que desempenham o trabalho árduo diário têm as condições necessárias para desempenhar o melhor trabalho possível, e ter sempre ao lado uma equipe técnica de qualidade composta de veterinários e consultores que possa ajudar nas tomadas de decisões e avaliação dos dados para apontar sempre a direção do próximo passo.
Glaucio Lopes, Gerente Global de Desenvolvimento de Pessoas Médico Veterinário formado em 2006 pela Universidade Federal Flumimense, mestre em reprodução pelo Departamento de Ciência do Gado de Leite da Universidade de Wisconsin – Madison. Foi consultor internacional de uma empresa de genética por 4 anos. Atualmente é gerente do programa “Universidade Alta” nos Estados Unidos, atuou como chefe do Comitê Educacional e atualmente preside o Conselho de Reprodução de Gado de Leite dos EUA.
PECUÁRIA EM ALTA
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CRIAÇÃO DE BEZERROS
USO DO SÊMEN DE CORTE EM REBANHOS LEITEIROS: A SOLUÇÃO ENCONTRADA POR PRODUTORES DA CALIFÓRNIA, É UMA OPÇÃO PARA PRODUTORES BRASILEIROS? por Jéssica M. V. Pereira, Doutoranda em Produção e Nutrição de Ruminantes do Departamento de Zootecnia na Universidade Federal de Viçosa (MG); Fernanda C. Ferreira, Especialista em Economia, Saúde e Gerenciamento de Rebanhos Leiteiros da Universidade da Califórnia, Califórnia (EUA); Daniela Bruno, Consultora de Laticínios, Universidade da Califórnia, Califórnia (EUA); Marcos Marcondes, professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa (MG) e Polyana Pizzi Rotta, professora do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa (MG) Utilizado como estratégia reprodutiva em rebanhos leiteiros dos Estados Unidos, o sêmen de corte apresentou um aumento acentuado a partir de 2015 em fazendas da Califór-
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nia (Figura 1), o uso do sêmen de corte em vacas leiteiras que fazem parte do Dairy Herd Improvement Association (DHIA) da Califórnia desde 2012 aumentou de 183 para quase
300.000 inseminações em 2018, (dados até agosto de 2018). Sendo o Angus a raça bovina de corte mais utilizada em todas as inseminações em 2018.
Figura 1: Percentagem de inseminações com sêmen de Holandês, Jersey, Angus e outros touros em rebanhos da DHIA da Califórnia de 2011 até 2018. (Dados cedidos por Bill Verbooth - Agritech)
A adoção do uso de sêmen de raças destinadas ao corte, como o Angus, nas fazendas da Califórnia, ocorre devido ao excesso de fêmeas produzidas para reposição e isso se deu em virtude do crescente uso de sêmen sexado em novilhas e nas melhores vacas do rebanho e até mesmo em todo o rebanho leiteiro. Esse cenário aliado a quedas consecutivas no preço de venda de bezerros machos e fêmeas (Figura 2) tornou possível a estratégia do uso de sêmen de corte nos rebanhos da CA. Em 2015, de acordo com dados do mercado de venda de gado de leite de Okdale – CA, o valor médio de bezerras e bezerros de leite foi de $301 e $393 e, em 2018, esses va-
lores foram de $94 e $52, respectivamente,uma redução de 78% (Figura 2). Esses dois preços estão altamente correlacio-
“O uso do sêmen de corte nas fazendas de leite é algo que deve ser estudado, tanto para rebanhos dos EUA e, principalmente, para rebanhos brasileiros que apresentam mercado de leite crescente” nados (0,68), indicando assim que variam juntos. Durante o
mesmo período, o preço médio das novilhas de alto valor genético caiu de $2.140 em 2015 para $1.261 em 2018, o que pode ser uma consequência dos baixos preços do leite observados durante o período. O produtor, portanto, deixa de investir em mais animais para produção. O valor sobre o preço normal do bezerro cruzado, vindo de um cruzamento da mãe Holandesa e touros de genética conhecida pode chegar a $200. Assim, esse aumento do valor de mercado de bezerros mestiços associado a um valor mais baixo de bezerras leiteiras está sendo uma ótima oportunidade para o uso de sêmen de corte como uma estratégia lucrativa em fazendas leiteiras da Califórnia.
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Figura 2: Preço de venda de leite, bezerros machos e fêmeas na Califórnia de Abril de 2013 até Abril de 2019 (Dados: Farmers Livestock Market (Oakdale, CA) e USDA-NASS)
Ao analisar relatórios fornecidos pela Associação Nacional de Criadores de Animais (Figura 3), podemos ver claramente que o uso do sêmen bovino da raça Angus vem crescendo nos EUA desde 2013, com aumento acentuado de 28% de 2015 a 2018. Além disso, de 2015 a 2018, as vendas de sêmen Holandês caíram 10% nos EUA.
Figura 3: Unidades de sêmen de leite e corte vendidos nos EUA (milhões) de 2011 até 2018 (Dados: Associação Nacional de Criadores de Animais)
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Como passo inicial para o uso de sêmen de corte como estratégia para aumentar a rentabilidade da atividade leiteira, é importante ter bons registros das vacas do rebanho. Testes mensais de leite, taxas de abate, mortalidade, longevidade, desempenho reprodutivo e econômico permitem ao produtor calcular o número de novilhas de reposição necessárias, e somente a partir desse número será possível estudar a viabilidade do uso de sêmen de corte ou não em sua fazenda. De acordo com Djalma F. Pelegrini, pesquisador da EPAMIG, este cenário para os produtores de leite do Brasil ainda não é uma realidade, visto os rebanhos não estarem estabilizados e o
mercado apresentar demanda de bezerras de leite, sendo este um comércio ainda atrativo. Uma análise preliminar feita pelo Dr. Victor Cabrera, da Universidade de Wisconsin, mostrou que, no cenário atual do mercado nos Estados Unidos, o sêmen de carne bovina é uma estratégia lucrativa para os produtores de leite. O desempenho reprodutivo do rebanho, o preço do bezerro, os mercados de leite e carne e as estratégias de combinação de sêmen são os principais pontos que orientam o uso do sêmen de corte nos rebanhos leiteiros dos EUA hoje. Para a escolha do sêmen de corte para o gado leiteiro de rebanhos estabilizados, além
de toda a análise de mercado, fatores como fertilidade e raça do sêmen de corte escolhido precisam estar alinhados com a necessidade do mercado para animais mestiços. A facilidade de parto, a boa qualidade e rendimento da carcaça também são fatores importantes. O uso do sêmen de corte nas fazendas de leite é algo que deve ser estudado, tanto para rebanhos dos EUA e, principalmente, para rebanhos brasileiros que apresentam mercado de leite crescente, sendo esta, uma alternativa futura para uma maior rentabilidade da atividade. É importante acompanhar de perto o mercado. A chave para a melhor escolha é o planejamento.
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CASOS DE SUCESSO
GENÉTICA DE SUCESSO FAZENDA SANTA ELIZA EVOLUÇÃO GENÉTICA, A GRANDE RESPONSÁVEL PELO SUCESSO DA PECUÁRIA
Proprietário Francisco Valias Köpke Venceslau
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Adquirida pela família Valias, na década de 50, a Fazenda Santa Eliza, localizada no município de Rancharia – SP, desde o início, trabalha forte em um sistema de reforma de pastagens com lavouras para dar suporte à atividade de criação de gado de corte. Atualmente, a integração é feita com amendoim e soja. Na pecuária de corte, trabalha com cria de machos até a desmama e recria das fêmeas para reposição do rebanho. “Busco na pecuária a lucratividade de um negócio rentável, utilizando melhoramento genético para atingir melhor rentabilidade. Para isso, uma fêmea aqui no meu rebanho tem que exprimir características da raça Nelore, aliadas à habilidade materna, precocidade sexual e carcaça. Já nos machos, não abrimos mão de uma boa carcaça para poder ter bom desempenho no ganho de peso a desmama, além da raça”, conta o proprietário Francisco Valias Köpke Venceslau. Sempre focados no melhoramento genético, há seis anos, a parceria com a Alta trouxe para a fazenda novos patamares de resultados. A média da desmama antes era de 210 kg nos machos e 185 nas fêmeas, além de animais despadronizados. Hoje, além de padrão,
os machos já desmamam com média de 240 kg e as fêmeas, 220kg. “Quando conhecemos o projeto pecuário da família Valias, vimos um grande potencial. O cuidado com manejo e nutrição sempre foi muito grande, assim como a valorização de aspectos raciais dentro do rebanho. Identificamos que um possível aumento no potencial genético para crescimento dos animais seria prontamente expresso, pois o ambiente oferecido aos animais permitia isso, e impactaria diretamente na rentabilidade da fazenda, a qual vende todos os machos ao desmame. Também incluímos no Plano Genético características de peso ao sobreano. Mesmo não havendo rentabilidade direta à fazenda pelo ganho em peso ao sobreano dos machos, isso permite que a genética da
“Sempre focados no melhoramento genético, há seis anos, a parceria com a Alta trouxe para a fazenda novos patamares de resultados. A média da desmama antes era de 210 kg nos machos e 185 nas fêmeas, além de animais despadronizados. Hoje, além de padrão, os machos já desmamam com média de 240 kg e as fêmeas, 220kg.”
propriedade entregue lucro a toda a cadeia produtiva, mantendo os clientes desses bezerros muito satisfeitos. Também indicamos uma aplicação de cruzamento com Angus em um pequeno percentual das multíparas”, conta Rodolffo Assis, técnico de corte da Alta e responsável pelo planejamento genético do rebanho da fazenda. A estação de monta da Fazenda Santa Eliza é ajustada entre os meses de outubro a fevereiro. Atualmente, são mil matrizes em reprodução que têm atingido média de 93% de taxa de prenhez. “Acredito que a evolução genética é a grande responsável pelo sucesso na atividade pecuária dos dias de hoje quando se busca maior rendimento a cada dia. A parceria com a Alta representa, para mim, a evolução do nosso
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CASOS DE SUCESSO
TOUROS DESTAQUES
Faraó FIV FVC
Truck da Alô Brasil
sistema de produção do gado de corte. Sempre nos oferecem produtos de qualidade com preços competitivos”, diz Francisco que completa, “Minha meta é fazer a minha atividade render bons frutos para que eu possa crescer e prosperar nesse ramo, trazendo cada dia mais produtos diferenciados para os meus clientes”. Desde o início da parceria com a Alta, foi traçado um planejamento de sustentabilidade do sistema, prevendo ganhos tanto em peso quanto em fertilidade. “Algumas características, como o peso ao desmame, têm resultados que se mostram rapidamente e são fáceis de serem mensurados. Já outras, como fertilidade, precisam de mais tempo para apresentar melhoria genética, mas, como apresentam enorme impacto econômico, precisam entrar no Plano Genético. Hoje o índice de seleção de Nelore da Fazenda Santa Eliza é: 30% para peso ao desmame; 15% para peso ao sobreano; 15% para perímetro escrotal ao ano; 15% para probabilidade de prenhez precoce e 25% para stayability. Além da classificação dos reprodutores pelo índice, há filtros por acabamento e habilidade materna”, finaliza Rodolffo.
Sobre a regional A Berrante Genética trabalha no mercado de inseminação artificial desde 1991. Possui mais de 60 vendedores e prestadores de serviços de IATF. Atua no Mato Grosso do Sul e oeste de São Paulo, tendo escritórios em Campo Grande e Presidente Prudente. Já recebeu quatro vezes o Troféu Mr. Pon, prêmio concedido à melhor regional do ano pela Alta.
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Quem busca maior ganho econômico, confia em números, quer genética produtiva e pesquisa nos mais variados sumários, ADITIVA.
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TOUROS EM CENTRAL
geneticaaditiva.com.br // (67) 3321.5166
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ENTREVISTA
PEDRO VEIGA
ERROS E ACERTOS DOS PECUARISTAS NA ÚLTIMA ESTAÇÃO DE MONTA PEDRO VEIGA é Zootecnista formado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). É Mestre e Doutor em Nutrição e Produção de Ruminantes - UFV e Universidade da California, Davis, EUA. Possui Pós-Doutorado em Fisiologia do Crescimento Animal e Qualidade de carne – Iowa State University, EUA. Foi Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa de 2006 a 2013. Atualmente, ocupa o cargo de Gerente Global de Tecnologia de Bovinos de Corte da Cargill Nutrição Animal. Na sua visão, qual o impacto da IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) em termos de índices reprodutivos e produtivos para o criador? Ao selecionar as fêmeas para a IATF, o que considerar? A IATF é uma tecnologia que veio para ficar. Tanto é que temos visto crescimento expressivo no número de vacas inseminadas ano após ano, usando a técnica. O impacto nos índices reprodutivos e produtivos é inquestionável, visto que permite inserir genética de alta qualidade nos rebanhos, concentrar a prenhez no início da estação de monta, com ganhos consideráveis na qualidade dos bezerros e bezerras produzidos, com maior potencial de ganho de peso / carcaça e fêmeas mais precoces. Assim, 58
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permite otimizar a função reprodutiva do rebanho, trazendo ganhos produtivos. Mas não podemos esquecer que a lição de casa precisa ser feita, ou seja, ter vacas bem nutridas. Temos visto muitas situações em que vacas em baixos escores de condição corporal são submetidas a protocolos de IATF e os resultados não são
tão expressivos. Mesmo vacas em boa condição corporal, mas que sejam suplementadas de forma errática com suplementos minerais, têm apresentado baixos índices reprodutivos. Enquanto muitos culpam o protocolo em si, os hormônios, ou mesmo o sêmen, se esquecem que uma nutrição mineral equilibrada é fundamental para
obtermos bons índices reprodutivos. Assim, devemos buscar selecionar vacas em bom escore corporal, que venham de um plano nutricional e sanitário bem conduzido. Qual é a indicação de estratégia nutricional para uma novilha emprenhar de forma precoce? Basicamente, para que uma novilha Nelore emprenhe precocemente, deve pesar por volta de 270 – 300 kg no início da estação de monta e já ter apresentado pelo menos 1 ou 2 cios antes, ou seja, já estar púbere. Para que isso aconteça, e considerando peso ao nascimento da bezerra como algo em torno de 30 – 35 kg, precisaremos de um ganho de peso médio diário por volta de 570 – 640 g/ dia na média, ao longo de 14 meses. Assim, de acordo com a realidade de cada fazenda, estabelecemos um protocolo nutricional específico para atingir essa meta de ganho de peso. Obtendo esse ganho, e tendo genética, obviamente, a novilha estará apta a emprenhar, visto que, nesse nível de ganho de peso, a composição corporal da novilha será adequada do ponto de vista de gordura corporal, que é fundamental para ativar a ignição fisiológica do aparelho reprodutivo (leptina, LH, etc). Muitos pecuaristas têm buscado o recurso do resgate ou recria confinada, em que as bezerras são colocadas em situação de confinamento após a desmama e recebem uma dieta devidamente balanceada para ganhos moderados, da ordem de
“O impacto nos índices reprodutivos e produtivos é inquestionável, visto que permite inserir genética de alta qualidade nos rebanhos, concentrar a prenhez no início da estação de monta, com ganhos consideráveis na qualidade dos bezerros e bezerras produzidos”
600 – 700 g/dia. Outra opção interessante são os pastos de integração lavoura – pecuária, que oferecem quantidade e qualidade de forragem na fase de transição, atendendo a demanda nutricional dessas novilhas. Nesse caso, trabalhamos com suplementos proteico -energéticos com oferta equivalente a 0.3 – 0.5 % do peso das novilhas. Em caso de pastos de sequeiro, que perdem muito a qualidade na estação seca, precisamos trabalhar com níveis de oferta de suplemento mais generosos, como 1 – 1.2 % do peso vivo para obtermos o peso e a composição corporal necessários para que a novilha entre na estação aos 14 meses em condições de demonstrar seu
potencial genético. Podemos pensar até em estação de monta invertida quando há disponibilidade suficiente de pastos saídos da integração, visto que promovem quantidade e qualidade de forragem. Nessas situações, usamos um suplemento mineral aditivado específico para vacas em reprodução, uma vez que, mesmo pastos de integração, com níveis adequados de proteína e energia, há limitações dos principais micronutrientes no solo e, consequentemente, na planta forrageira. Assim, devemos corrigir essas deficiências via suplementação mineral. Temos que ter cuidado com os bezerros ao nascimento, visto que nascerão na época de águas e podemos ter desafios sanitários. Não podemos nos esquecer, no entanto, que essa precocinha precisará de uma nutrição diferenciada, não apenas até entrar em estação, mas até emprenhar novamente como primípara. Esquecer desse detalhe é colocar o projeto de prenhez precoce sob risco. Na sua visão, quais os maiores entraves para que o Brasil ingresse definitivamente numa pecuária de corte de precisão a exemplo da agricultura? A maturidade gerencial da pecuária, de uma forma geral, é muito aquém em comparação com a agricultura. Temos visto evoluções contínuas nas últimas décadas, mas ainda há muita operação pecuária sem o menor nível de gestão. Nem sequer registram dados, ou seja, não têm a menor condição de tomar PECUÁRIA EM ALTA
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qualquer decisão de forma coerente e assertiva. A pecuária de precisão passa por aumento da maturidade gerencial do pecuarista. Além disso, precisamos resolver limitações históricas, como disponibilidade de internet de qualidade nas fazendas, treinamento e capacitação da mão de obra etc. Temos visto crescer o número de start ups dedicadas à pecuária de precisão surgirem no mercado e muitas têm sofrido com esses desafios. Mas a mudança tem ocorrido de forma rápida e quiçá evoluiremos nessa área também. Que desafios e oportunidades você visualiza para o criador no manejo eficiente do seu sistema de cria? O termo manejo é muito
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amplo, pois envolve desde o manejo dos pastos, da suplementação e mineralização do rebanho, manejo dos animais em si, da maternidade, enfim. Temos que buscar fazer o simples bem feito. Antes de mais nada, equilibrar muito bem taxa de lotação e capacidade de suporte ao longo do ano, ou seja, casar a oferta de forragem com a sua disponibilidade. A nutrição inadequada tem sido, ao longo dos anos, um dos principais fatores determinantes da baixa produtividade na cria. E ter uma cria eficiente passa, obrigatoriamente, por melhorias no manejo do pasto. Implementar manejo de baixo estresse do gado também é fundamental, principalmente para quem faz IATF e
as vacas são manejadas mais intensivamente. Vaca mal manejada, estressada, agitada e nervosa não combina com boa prenhez, manutenção da gestação nos primeiros 40 dias etc. Temos evoluído nesse quesito, mas precisamos de mais. Mudar a atitude, a cultura, a forma como lidamos com os animais. É preciso deixar de lado o tradicionalismo e a crença de que gado tem que se manejar na correria e gritaria. Esse tempo passou, é coisa do passado. Como estruturar a nutrição para produzir o tão sonhado “bezerro do cedo”? Equilibrar oferta de forragem com demanda das diferentes categorias ao longo do ano e implantar um protocolo de
ENTREVISTA
manejo nutricional específico e direcionado para cada categoria e de acordo com a época do ano. Parece simples, mas não é. É sempre um desafio. Ter vacas parindo com um bom escore corporal é fundamental, para que tenham condições de emprenhar nos primeiros 21 dias da estação de monta. A IATF colabora e muito para que isso aconteça, mas ela não resolve o problema da desnutrição. Vaca bem mineralizada, com bom escore nos oferece oportunidades de turbinar seu sistema reprodutivo, utilizando aditivos específicos que funcionam para dar aquele algo a mais na prenhez no início da estação de monta. Para produzirmos o bezerro do cedo, que tem uma melhor nutrição ain-
da na fase intrauterina, precisamos ter o máximo de vacas emprenhando nos primeiros 21 dias da estação de monta e isso exige vacas bem nutridas. As bezerras nascidas “no tarde”, submetidas a uma suplementação ajustada, conseguem recuperar a fertilidade na primeira estação de monta, comparada com as bezerras do cedo? Essa pergunta é muito boa e inclusive iremos realizar um experimento, em um importante cliente nosso, justamente, para tentar encontrar mais respostas. Mas uma coisa é fato: da mesma forma que uma má nutrição fetal interfere na formação dos órgãos e tecidos, principalmente o muscular
dos bezerros, comprometendo sua capacidade de crescimento pós-natal, na bezerra, os efeitos são os mesmos. Ou seja, bezerras “do tarde” cujas mães passaram por situações de qualidade e disponibilidade de pastos piores ao longo da gestação, podem ter a formação e maturação de seu sistema reprodutivo comprometidos com reflexos negativos duradouros. É a famosa epigenética. Trabalhos recentes têm mostrado que as bezerras que nascem “do tarde” são menos precoces, chegam à estação de monta não púberes e apresentam menor desempenho reprodutivo. Pode ser que suplementações mais pesadas na fase pós-natal não consigam eliminar os efeitos negativos advindos de uma
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fase intrauterina mais desafiadora. Talvez a melhor decisão seja descartar as bezerras “do tarde” e não investir em nutrição mais intensiva, pois apresentam menor potencial. Mas ainda não temos todas essas respostas, especialmente em gado Zebuíno, mas estamos em busca de mais conhecimento nessa área. Existe uma receita de bolo para evitar que a vaca perca escore na seca? Na pecuária, não existe receita de bolo! Agora, se o pecuarista tiver pasto, mesmo que seco, com boa participação de folhas, e com uma correta suplementação com suplementos nitrogenados / ureados, e mesmo proteinado de baixo consumo, é muito provável que consiga manter o escore de vacas multíparas na seca. Primíparas exigem uma nutrição um pouco mais requintada, com, no mínimo, um proteinado de baixo / médio consumo. No setor de carne de qualidade tem sido bastante reforçado que a vaca deve ter uma boa nutrição no terço médio da gestação. Qual a melhor estratégia para evitarmos perdas nesse perfil de vaca? Na realidade, o conceito de melhor nutrição no terço médio é devido à miogênese secundária, ou seja, formação hiperplásica do tecido muscular, que ocorre de forma muito pronunciada nessa fase da gestação. Assim, tendo uma vaca bem nutrida, assegura-se 62
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“Bezerras “do tarde” cujas mães passaram por situações de qualidade e disponibilidade de pastos piores ao longo da gestação, podem ter a formação e maturação de seu sistema reprodutivo comprometidos com reflexos negativos duradouros” um bezerro de alto potencial de ganho de peso e de carcaça. Trabalhos compilados em fazendas comerciais no Brasil têm mostrado que os bezerros do cedo apresentam ganho de carcaça no confinamento da ordem de 15 – 20 % superior em relação aos do tarde, e grande parte dessa diferença se dá pela melhor nutrição que receberam quando ainda estavam no útero da vaca ao longo da gestação, especialmente no terço médio. Quando falamos de carne de alta qualidade, em que se busca um nível mais alto de marmoreio, temos que nos preocupar, além do terço médio, com o que chamamos de “marbling window”, ou janela de marmoreio. Esse período é compreendido entre a fase final de gestação (último trimestre) e
os primeiros 250 dias após o desmame. Na prática, isso quer dizer que o potencial de formação dos adipócitos intramusculares, que são as células capazes de depositar a gordura de marmoreio, é definido nessa fase. Portanto, a vaca deve ser muito bem nutrida também no terço final, e o bezerro deve receber uma dieta na forma de creeep feeding adequada para propiciar a hiperplasia do tecido adiposo intramuscular. Depois, ao longo da vida, ele irá acumular gordura nesses adipócitos, produzindo, assim, carne de alto teor de gordura intramuscular. Importante destacar que essa melhor nutrição da vaca no terço final não acarreta aumento de problemas de partos distócicos, bezerro muito grande etc, como muitos possam imaginar. Qual a relação da ressincronização e a nutrição das fêmeas? Como deve ser a nutrição desses animais? Deve ser, no mínimo, a mesma que estavam recebendo até entrarem no protocolo de IATF. O que não pode é diminuir o nível nutricional durante ou após a ressincronização, sob risco de se aumentarem perdas embrionárias. O embrião é muito sensível nos primeiros dias de vida e qualquer mudança no ambiente uterino advindo de qualquer fator, seja ele nutricional, um estresse por manejo, estresse calórico etc, pode aumentar a incidência de fundo de maternidade. Portanto, deve-se manter o que vem sendo feito com as fêmeas ou, se for mudar, que seja para melhor.
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