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As Íris da Minha Tia-Bisavó e suas Coroas
by Anaclo
Corbin William Treadwell
Eu sou alta e elegante. Tenho um longo pescoço verde que sustenta minha cabeça de pétalas de flores, como uma bela coroa roxa e amarela. Eu danço com meus irmãos no campo ao lado de casa. O vento de Oklahoma é o nosso parceiro de dança. Ele flutua entre nós e carrega nossa doce aura pelo rancho até chegar à casa da senhora.
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A senhora é agora chamada de tia-bisavó pela família, mas na verdade, para nós, flores, ela é nossa mãe. Ela nos deu à luz. Ela nos deu vida. Eu nasci a partir de um bulbo que ela colocou na terra. Embora eu tenha agora minha linda coroa de pétalas, quando eu era bebê, eu era suja e feia. Mas a tia-bisavó cuidou de mim e eu cresci e me tornei a íris alta e elegante que eu sou hoje. Ela não apenas sabia como cuidar de nós, mas também conhecia a ciência de meu corpo e como os corpos de meus irmãos funcionavam. Ela retirou os bulbos da terra, cortou-os e combinou-os com outros para misturar as cores de nossas coroas. Eu devo minhas pétalas roxas e amarelas a ela.
Um dia que eu nunca esquecerei é o dia em que nos despedimos da tia-bisavó. Ela saiu de casa e caminhou até o nosso campo e sentou-se conosco. Era como se ela fosse uma de nós. Nós tínhamos feito isso muitas vezes, então não era estranho. Por anos, ela se sentava conosco todos os dias. Mas hoje foi diferente. Os velhos olhos dela estavam cheios de água. Ela estava sorrindo, mas os olhos estavam cheios de água. Ela nos regou naquele dia com suas lágrimas. Ela nos abraçou e se despediu e nunca mais a vimos.
Ana Luiza Thomé-Hamilton, 7
Taís Freitas da Boa Morte, 7
58 oque deixaram para nós
Depois disso, a sobrinha da senhora passou a cuidar de nós. A família da casa a chama agora de vó. Ela também era velha, mas ela tinha mais vida para nos dar. E ela nos amava também. Ela não se sentava conosco como a tia-bisavó. Em vez disso, ela ficava conosco, assistindo ao pôr-do-sol e orando. Às vezes ela chorava enquanto orava, o que eu e meus irmãos sempre tememos que poderia significar que ela estava indo embora.
Ela nunca foi embora, mas alguns de nós, sim. A filha da vó, que a família chama agora de mãe, cortou algumas de nossas coroas de pétalas e retirou nossos bulbos da terra. Ela colocou-nos em uma bolsa e dirigiu para sua casa na cidade. Lá, ela nos plantou ao lado de sua casa e ficamos altas e elegantes. Mas não por tanto tempo como fizemos com a vó e a tia-bisavó. Nós nos mudamos frequentemente com a mãe, de um lugar para outro. Em alguns dos lugares onde ela e sua família moravam, não havia espaço para nós. Então nós ficamos como bulbos na bolsa.
Esperamos na escuridão. Em tempos de dificuldade. Na pobreza. Na doença. Mas quando chegou a hora, ela nos replantou e nós voltamos a crescer e a ter nossas coroas. Nós apreciamos o ar fresco. Esticamos nossos corpos. Assistimos ao mesmo pôr-do-sol que víamos antigamente com a vó. Neste presente momento, nós estamos esperando, embora nós sejamos os mesmos bulbos, as mesmas íris. Nós temos fé de que seremos replantadas. Nós sabemos. Haverá um dia em que seremos altas e elegantes novamente, preenchendo o ar com a mesma doce aura que demos à tia-bisavó. Simplesmente esperamos que a próxima geração, que a família agora chama de filho, tenha fé em nós.
as íris da minha tia-bisavó e suas coroas 59
Afterword Reading and Writing
Vera Teixeira Muller-Bergh*
Among all creatures, large and small, who inhabit Planet Earth for millennia, only one being has the brain capable of recognizing symbols or letters and assembling them together forming words, as well as registering them by means of graphic characters, that is, to read and to write. These are aptitudes inherent to the animal species who possesses the highest degree of neurological complexity in the evolutionary scale: the human being.
However, to read and to write require practical apprenticeship and autodiscipline, processes different from instinctive functions such as to breathe, for instance, communal to all living beings. Furthermore, to think and to remember are aspects of what constitutes memory, the admirable ability to retain and recall information, which is present in the human brain and that of some other animals.
Reading and writing are abilities that may generate pleasurable sensations, self-confidence, feelings of security, progress or empowerment. As such, since times immemorial, their teaching was manipulated as a right for some, and limited to others, creating societies divided between the literate, those destined to succeed, and the illiterate, those condemned to obey and to serve. In more recent times, modern societies
* Distinguished Senior Lecturer Emerita, Department of Spanish and Portuguese,
Northwestern University.