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A Lynn

Anika Lynn Velasco

Quando eu fui para a universidade pela primeira vez, minha avó me deu três coisas para levar comigo para a minha vida fora de casa. A primeira era um pão de banana com lascas de chocolate que ela tinha feito especialmente para mim para quando tivesse fome. A segunda era uma planta, verde e frondosa, para iluminar meu novo quarto. A terceira, ela já tinha me dado quando eu nasci: meu nome do meio, Lynn, para que sempre estivesse consciente de minha ligação com ela.

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Eu não gostava do meu nome do meio quando era criança. Você tinha ouvido o nome Lynn antes? Eu preferiria um nome de origem espanhola ou grega e definitivamente com muito mais sílabas, como Glória ou Maria, ou até Calliope. Mas não foi o que me deram. Meu nome do meio era Lynn.

Um dia, minha avó ouviu sobre minha desilusão com meu nome e me convidou à sua casa. Quando cheguei, sentei-me com ela no sofá de sua sala de estar e perguntei-lhe:

“Por que me chamo Lynn?”

Minha avó respirou fundo e começou, “Quando eu era criança, odiava o nome que meu pai tinha me dado: Marilyn”. Ela começou a tremer com essa lembrança em sua mente. “Se seu nome é Marilyn, por que me chamo Lynn?”

“Ouça, menina. Anos antes de meu pai conhecer minha mãe, ele era um homem solteiro que sempre frequentava um bar com seus amigos. Toda sexta-feira à noite, eles jogavam um jogo de cartas chamado pôquer e meu pai amava pegar o dinheiro de seus

amigos. Por uma razão ou outra, nesta noite particular, um amigo lá começou a falar sobre nomes para suas futuras filhas.

‘Eu gosto de Deborah!’ disse um homem.

‘E o nome Carol? Não gostam?’ perguntou outro com curiosidade.

‘E Marilyn? Quem não gosta do nome Marilyn?’ alguém (e ninguém lembra quem) perguntou.

Uma onda de silêncio invadiu a sala. Ninguém pôde discordar dele. E então, por uma razão ou outra, os seis homens prometeram nomear suas futuras filhas Marilyn. Minha mãe nem teve opção. Meu pai tinha prometido a seus amigos, e quando o dia veio, anos depois daquela noite de pôquer, quando nasci, ele me deu o nome de Marilyn.”

“Estou confusa, como você se chama Lynn?”

“Deixa-me contar minha história! Eu sempre pensava, ‘Marilyn! Que nome tão feio!’ Agora posso achar que o nome de Marilyn não é tão mau como eu percebia, mas ainda estou certa de que Marilyn não era e ainda não é o nome para mim. O nome de Marilyn significa ‘mar de amargura’ e eu não queria ser inibida pelo destino que meu nome me impôs. O nome era muito intenso para mim, e não combinava com minha personalidade ou idade. Descreve uma senhora adequada e sofisticada, não a menina cheia de energia que eu era. Então, aos seis anos, decidi mudar meu nome de Marilyn para Lynn.

Nesse dia em particular, escrevi l-y-n-n no topo da minha página na escola e o entreguei à minha professora.

‘Quem é Lynn?’ perguntou, com raiva, a professora. Eu levantei minha mão.

Com uma voz tímida, murmurei: ‘É. Queria saber se seria possível se pudessem chamar-me Lynn em vez de Marilyn?’

22 oque deixaram para nós

‘O quê? Como chamar você de Lynn? Não! Seu nome é Marilyn! Não é Lynn e você não pode usar um nome inventado em minha aula.’

Ela ainda não era a única que não aprovava o meu novo nome. Depois dessa interação, regressei a minha casa com lágrimas nos olhos. Ao encontrar-me com meus pais, imediatamente relatei tudo o que tinha passado e de meu novo nome. Meu pai se enfureceu tanto com a ideia de eu mudar meu nome que não lembro oque disse, mas sim lembro-me da cor de sua cara: vermelha.

“Então, segui com o nome”, ela disse relutantemente com tristeza em seus olhos. “E Marilyn continuou a existir por muitos anos depois”.

“O que você fez para chamar-se Lynn?”

“Finalmente, num dia quando tinha onze anos, tudo mudou. E não sei o que mudou, mas estava na minha aula de matemática

Rachel Campos Lotti, 7

e decidi que já não ia responder a Marilyn. Queria ser Lynn e não tinha que pedir permissão aos demais. Eu própria o mudaria.

Caminhei para minha casa para o almoço, onde me encontrei a sós com minha mãe. Antes que ela pudesse falar sequer uma palavra, eu anunciei: ‘Mãe, tenho que mudar meu nome.’ Não sei se foi pela entonação ou a intenção de minha voz ou pelo fato que minha mãe não tinha nem escolhido o nome de Marilyn, mas sem demora ela disse: ‘Sim. Entendido’. Durante o resto do almoço, nós discutimos meu novo nome. Ao final, concluímos que seria Lynn e seria escrito sem um e ao final e com dois n.

Sabia que meu pai não ia gostar e nunca consegui convencê-lo de não me chamar Marilyn. Então para mim, a prova grande era a escola. Você lembra como minha professora de anos atrás tinha reagido? Cheguei a minha aula da escola depois do almoço e caminhei para o meu professor.

Antes que pudesse arrepender-me, olhei para ele e anunciei, ‘Oi, quero ser conhecida como Lynn a partir de agora’. Houve uma pausa longa, onde o professor levantou suas sobrancelhas e contorceu sua boca. Preparei-me para ser repreendida por ele, mas isso não aconteceu.

Em vez disso, o professor assentiu e exclamou, ‘Ótimo, Lynn!’ com um sorriso brilhante. E assim fiquei com o nome Lynn! Meus professores, meus amigos, minha mãe, todos sempre me chamaram de Lynn. Todos, menos meu pai, mas embora soubesse que nunca ia ganhar essa batalha com ele, não me deteria. Aceitei o nome Lynn como meu próprio nome.”

“Você me chamou de Lynn?”

“Sim, mas só foi escolhido para ser seu nome do meio por conveniência. Se você quiser, pode mudar seu nome do meio.

24 oque deixaram para nós

Keahi Hernandez, 9

Não tem um significado grande na família, só é o nome que eu escolhi quando senti que não tinha muita opção para determinar minha vida nem meu futuro”. Suas palavras ecoaram dentro de mim. Houve uma pausa enquanto tudo se assentou em mim. “Sabe, melhor mudá-lo se não gosta…”

“Não. Por isso me chamo Lynn.”

Minha avó me deu um pão de banana com lascas de chocolate e o comi quase todo em três dias. Minha avó me deu uma planta que morreu depois de cinco meses. Mas minha avó também me deu um nome, e nada poderá mudar meu nome do meio: Lynn. Este nome, o qual é menos um nome e mais uma lembrança da fortaleza da minha avó, sempre o terei.

Marina Bonadio Neves, 7

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