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Características urbanas e arquitetura

O início do povoamento é datado de 1519 , no sopé do Outeiro do Bacharel em Icapara, por obra do degredado português Cosme Fernandes e do castelhano Ruy Garcia de Mosquera, sendo que deste primeiro núcleo de ocupação não foram encontrados vestígios das construções referidas pelos historiadores. Isso pode ter acontecido por ter sido utilizada madeira na construção e assim não resistiram à ação do abandono na mudança da Vila. A Vila, segundo Roberto Fortes (2000), a partir de registro no Livro de Tombo, ocupou um outro local após a saída do sopé do Outeiro do Bacharel, existem dados de que a Vila tenha se fixado por um pequeno período no bairro da Enseada antes da vinda para o local atual. Entre 1620 e 1625, a Vila de Iguape se estabeleceu às margens do Mar Pequeno por ordem do fidalgo português Eleodoro Ébano Pereira, onde, atualmente, situa-se o centro urbano do município, em uma sesmaria cedida pelo donatário Francisco Alvares Marinho, sendo o termo de doação assinado em 2 de julho de 1679- por Francisco Pontes Vidal e Manoel da Costa, herdeiros de Cosme Fernandes. O local era mais amplo que os anteriores o que possibilitava o crescimento da vila, assim como outras características: - A Vila de Iguape se difere em sua implantação por ter sido instalada em terreno plano, ao contrário de outras vilas da época que geralmente eram implantadas em terrenos elevado; - O seu sistema defensivo era feito a partir da barreira natural do Morro do Espia, que leva este nome por servir de ponto de observação de todo entorno e servir como ponto de defesa da vila que também foi reforçado pelo traçado urbanístico do núcleo, voltado para si mesmo, e em forma de fortificação; - A fixação da vila próxima ao Mar Pequeno se deu para facilitar a instalação de um porto próximo que tinha a função do reabastecimento seguro das embarcações de passagem e ancoragem, das embarcações de comércio e das pessoas que moravam ali. Anos mais tarde este pequeno porto se transformou no Porto Grande; - O Morro do Espia possuía várias nascentes e água potável era abundante para abastecer toda a vila. - O Rio Ribeira de Iguape está muito próximo à vila o que facilitava a sua ligação do litoral à Serra do Mar. Segundo historiadores locais, a Casa dos Jesuítas, localizada ao lado da Igreja de São Benedito, já havia sido construída pelo antigo dono das terras doadas, e funcionou como sede da capela da cidade até a inauguração da Igreja de Nossa Senhora das Neves, em 1637, sendo a primeira casa a ser coberta com telhas na Vila de Iguape. A vila cresceu no entorno da igreja como era comum, obedecendo a organização comum a outros núcleos coloniais, em que a partir de uma rua paralela à linha do litoral, as demais ruas e os quarteirões se desenvolvem, tendendo à ortogonalidade. Conforme descrito no Dossiê de Tombamento do IPHAN (Dossiê de Tombamento do Centro Histórico de Iguape - SP/2009) em Iguape, a Rua das Neves ou a Rua do Funil de Cima é a rua principal que se abre progressiva-

mente até a passagem pelo Largo da Basílica, e tornando-se regular na Rua Tiradentes até o cemitério e o encontro com o canal do Valo Grande. As demais ruas seguiam paralelas a esta; no caso de Iguape, esta rua era a Rua XV de Novembro, com traçado extremamente singular, perfazendo uma curva em relação à linha do Mar Pequeno, de modo a proteger o núcleo, completando, junto com a Rua do Funil, o aspecto defensivo do desenho urbano. Não existe em Iguape o sistema de quadrícula, mas sim quarteirões alongados, retangulares, em que se alteram ruas principais e secundárias. Os lotes que fazem face com o Mar Pequeno tinham, originalmente, a face principal voltada para o interior do núcleo e os fundos para o mar, onde estava o porto. Este era acessado por pequenas e estreitas ruas, que asseguravam a indevassabilidade do núcleo urbano e sua consequente segurança. De modo geral, o núcleo central da cidade, composto por cerca de trinta quadras, é conformado por lotes de pequena testada (variando entre 2,5 e 8 metros), podendo ser mais ou menos profundos. Estes abrigam casas de meia morada e de porta e janela, ocupando majoritariamente as ruas XV de Novembro, rua das Neves ou do Funil e rua Tiradentes, com trechos significativos de unidade e continuidade visual. Na Praça da Basílica e na rua Nove de Julho, e em alguns pontos da rua XV de Novembro, os lotes são maiores, e têm sobrados de dois pavimentos, casas de morada inteira com telhados de quatro águas, e são pontuadas por edificações de aspecto eclético ou de início do século XX. Em 1787, foi concebido o primeiro plano oficial para melhorar o arruamento da cidade de Iguape - uma normativa que proibia a construção de prédios sem a definição do alinhamento, demarcado por funcionários da Câmara (Fortes,2000, p.160). Esta norma, aparentemente bastante simplória, indica uma preocupação presente com os rumos do crescimento da Vila num período de grande desenvolvimento econômico. Naquele ano a cidade contava com a seguinte malha urbana: rua do Mar Grande (atual avenida Princesa Isabel), do Funil (atual das Neves), da Ipiranga (atual Dr. Prudente de Morais), do Campo (atual Sete de Setembro) e das Casinhas (atual praça de São Benedito); além de três travessas sem nome e dos quatro becos que ligavam a rua da Palha (atual Tiradentes) ao Mar Pequeno. ( Dossiê de Tombamento - Centro Histórico de Iguape | SP/2009) Segundo dados levantados (Fortes,200), em 1815 existiam na Vila duzentas e vinte e nove casas; em 1823, já eram duzentas e sessenta e quatro unidades e em 1826, chegavam a duzentas e setenta e três casas na cidade. O patrimônio cultural edificado no conjunto arquitetônico tombado de Iguape configura-se uma herança inestimável.

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Tipos de casas:

O sobrado e a casa térrea eram os principais tipos de habitação, e estas definiam as classes sociais. Os que habitavam sobrados de piso assoalhado eram famílias ricas, e os que habitavam casas terras de chão batido eram pessoas mais humildes. Porta-e-janela: tipo de habitação mais simples cuja própria denominação define seus elementos de fachada. Internamente divide-se em três compartimentos (sala, dormitório e cozinha) conjugados, havendo apenas um pequeno hall de acesso na porta de entrada. Meia-morada: caracteriza-se por apresentar uma porta de entrada em uma das extremidades com duas janelas laterais. Internamente divide-se em cinco compartimentos: sala, dormitório e varanda, que são articulados por um corredor lateral de acesso na porta de entrada, cozinha e dependência de serviço no corredor secundário, integrando a varanda.

Edificação do tipo ¾ de morada:

apresenta uma porta ladeada em um dos flancos por uma janela e no outro por duas. A dis-

tribuição dos ambientes em planta baixa é semelhante à da meia-morada, acrescida de dois pequenos ambientes, na lateral do corredor, correspondente ao acréscimo de uma janela na fachada. Morada-inteira: apresenta na composição de fachada uma porta central com duas janelas de cada lado. A distribuição interna constitui-se de um corredor central ladeado por duas salas e dois dormitórios, varanda e dependências. Morada-e-meia: apresenta uma porta e seis janelas, correspondendo a uma morada inteira acrescida de duas janelas. Sua distribuição interna é semelhante à morada-inteira, acrescida de mais uma sala e um dormitório em um dos lados. Sobrado: prédio com mais de um pavimento – de dois, três e alguns, até de quatro pavimentos, somados às habitações térreas do tipo morada-inteira, meia-morada,morada-e-meia, ¾ de morada e porta-e-janela, com seus mirantes, quintais, telhados e muitas fachadas. O pavimento térreo funcionava como loja comercial e os andares superiores como residência do comerciante.

Técnicas construtivas

Os edifícios são compostos, em linhas gerais, pela infra-estrutura (os alicerces ou fundações), pela estrutura (paredes estruturais ou pilares e vigas) e pela cobertura (estrutura e revestimentos externo e interno). Fundações: Os alicerces são sempre em fundação direta de alvenaria de pedra, em geral rejuntada com barro, ou excepcionalmente de pedra seca ou com argamassa de cal. Nas paredes em pedra e cal, ou adobe, os alicerces são em vala corrida, em pedra e barro com altura em cerca de 1,20m, largura um pouco maior que as alvenarias das paredes, mantendo a mesma espessura até o solo. Essas dimensões podem variar de acordo com o número de pavimentos a suportar. As sapatas isoladas só ocorrem nos pilares de sustentação . Nos casos de alvenaria de taipa de pilão os alicerces são, quase sempre, do mesmo material das paredes. Cantaria entendemos o serviço utilizando a pedra lavrada de maneira precisa, de modo que as peças se ajustam perfeitamente umas sobre as outras sem o auxílio de argamassa aglutinante. Para o assentamento rigoroso utilizam-se grampos metálicos e, às vezes, óleo de baleia como adesivo, para auxiliar na vedação. Apesar de ser um serviço sofisticado, que exige profissional bastante habilitado – o canteiro, é também milenar. No Brasil, entretanto, como também em Portugal, devido à dificuldade de mão de obra qualificada e, também, devido ao custo, a cantaria não era utilizada na totalidade do edifício, mas apenas em suas partes mais importantes: nos frontispícios, nas soleiras, nas pilastras, nas cornijas, nos portais, nas janelas e nos cunhais, sendo, no restante das vedações, utilizada outra técnica mural. A alvenaria é uma técnica de confecção de muros utilizando tijolos, lajotas ou pedras de mão, aglutinados entre si por meio de uma argamassa. No período colonial as argamassas mais utilizadas eram de cal e areia ou de barro. A taipa é uma técnica de construção de barro que apresenta duas variações:

Taipa de pilão: Caracteriza-se pelo barro socado entre as formas de madeira, que vem a gerar uma estrutura monolítica depois de seca, e apresenta, em média, espessura de 40 a 80cm; Taipa de mão: utilizada para paredes secundárias e compunha-se de barro atirado a mão sobre uma amarração de paus verticais e horizontais devidamente amarrados.

Tipos de paredes:

Paredes estruturais: Considera-se parede estrutural aquela que além de ter a função de vedação também suporta as cargas

da construção. As paredes estruturais, também chamadas paredes-mestras, geralmente são externas à edificação. As paredes estruturais internas ocorrem principalmente no pavimento térreo e dividem os cômodos. Na maioria das edificações térreas e sobrados as alvenarias estruturais são em pedra e cal, rebocadas com argamassa de barro, cal e areia. A região dispunha de sambaquis, fornecedores de matéria-prima para a fabricação da cal. Paredes externas: apresentam na fachada principal alguns elementos arquitetônicos padronizados para a maioria dos imóveis, a saber: - Embasamento em forma de barra argamassada, normalmente pintadas em cor escura, cuja função é proteger a edificação dos respingos das águas de chuva que caem do beiral, sobre o passeio público; - Pilar de amarração estrutural (cunhal), situado nas esquinas do imóvel, formando ângulo (aresta) entre a parede paralela à rua com a outra de sentido ortogonal. Quando essa amarração ocorre em paredes meeiras, o pilar ou pilastra recebe o nome de cadeia; - Cimalha no remate do telhado em argamassa, finalizando o beiral em telha cerâmica, tipo capa e canal; - Aberturas de vãos com ombreiras, vergas , peitoris (janelas) e soleiras (portas).

Paredes laterais: surgem sobre trechos intermediários dos vãos da sala, quarto ou alcova do andar inferior, utilizam apenas apoio nas extremidades das paredes- mestras. São em material mais leve, como a taipa de mão ou pau a pique, executada sobre uma viga de madeira, que funciona como se fosse um baldrame, onde são fixadas as peças de pau-a-pique, para armar a trama de varas, e por último é feita a vedação com barro.

Paredes divisórias em pau-a-pique:

técnica construtiva também conhecida no Brasil como taipa de mão ou taipa de sopapo. Esse tipo de parede de vedação é estruturado em uma trama formada por esteios verticais em madeira (pau-a-pique), que são fixados no frechal e baldrame, depois armados com varas (peças de menor dimensão) horizontalmente, que são amarradas com fibras vegetais pelas duas faces da parede ao pau-a-pique. Depois de montada, a armação é preenchida dos dois lados com barro e posteriormente rebocada.

Telhados

Os colonizadores portugueses nas primeiras construções no Brasil adotaram métodos construtivos utilizados pelos indígenas como por exemplo, as coberturas das casas, no início, eram feitas com folhas e fibras vegetais e após alguns anos, os portugueses buscaram os padrões arquitetônicos de sua cultura: sólidas edificações de alvenaria de pedra e cal ou taipa de pilão, cobertas com telhas cerâmicas de uso tradicional na Península Ibérica. No Brasil essas telhas de cerâmicas eram conhecidas por vários nomes: capa e canal, romana, goiva e colonial, dentre outros; apresenta a forma de um semi-tronco de cone e é de fácil fabricação, muitas vezes no próprio local da obra. A cobertura dos imóveis do século XIX possui inclinação acentuada,telhado revestido em telha de barro, tipo capa e canal, apresentando beiral com diversas ordens de telhas (bica simples, dupla, tríplice ou beira seveira) arrematado por cimalha argamassada. Os planos inclinados que constituem os telhados recebem o nome de águas ou vertentes e o ângulo que estas formam com a linha horizontal do topo das paredes define a inclinação do telhado.

Classificação dos Telhados Quanto à Sua Forma (Manual de conservação de telhados-IPHAN/1999):

De uma Água, em Alpendre ou Telheiro

Constituído de apenas uma água, este tipo é

geralmente usado para pequenos vãos, anexos e construções mais simples e é, vulgar e erroneamente, chamado de “meia água”. A aresta superior denomina-se cumeeira e a inferior beiral.

De Duas Águas

Constitui-se de dois planos inclinados cuja interseção define a cumeeira. Disto resulta que, em ambas as paredes laterais, surge um plano triangular acima da linha do beiral que recebe o nome de empena ou oitão. Quando a empena está voltada para a frente do terreno (como é o caso das igrejas), recebe o nome de frontão e é usualmente limitada por uma cornija recebendo um tratamento mais apurado.

De Três Águas

Apresenta três planos inclinados dos quais dois são trapézios retângulos, chamados de águas mestras e um triangular, chamado de tacaniça. A interseção entre as águas mestras define uma linha horizontal no cume do telhado, denominada cumeeira e as arestas do ângulo diedro saliente resultantes do encontro com a tacaniça chamam-se espigões. Este tipo é encontrado em capelas alpendradas e em casas situadas nas esquinas das quadras.

De Quatro Águas

Geralmente usado para cobrir edifícios de planta retangular, constitui-se de duas águas trapezoidais (águas mestras), e duas triangulares (tacaniças) tendo assim uma cumeeira e quatro espigões. Por não exigir o uso de calhas, é o tipo ideal para edifícios isolados e, por este motivo, foi largamente utilizado na arquitetura tradicional brasileira, em especial nos edifícios públicos e na zona rural. Com a popularização das calhas e condutores no século XIX, foi adotado também nas áreas urbanas, pois, no caso de lotes muito profundos, apresenta vantagem sobre o de duas águas, por possibilitar um menor ponto de telhado. No caso de edifícios com plantas quadradas, todas as águas são idênticas e triangulares, e suas interseções geram quatro espigões e a cumeeira reduz-se a um ponto, sendo então o telhado chamado de pavilhão.

De Cinco ou Mais Águas

Este tipo é usado para cobrir plantas poligonais sendo que a cada lado do polígono corresponde uma tacaniça e ocorrem tantos espigões quantos forem os lados do polígono. Usualmente são usadas para cobrir pequenas construções, como quiosques ou coretos, quase sempre de estrutura e cobertura metálica.

Irregulares

Quando as plantas dos edifícios apresentam corpos que se cruzam, em ângulo reto ou não, surgem nos telhados ângulos diedros reentrantes que recebem o nome de rincões. Aos ângulos diedros salientes, resultantes do cruzamento de águas ou planos dos telhados, dáse o nome de espigões. Com relação a estes termos, neste manual será adotada a acepção usual no Brasil: rincão é a linha resultante do cruzamento de duas águas de telhado que formam ângulo diedro reentrante; espigão é a linha resultante da cruzamento de duas águas de telhado que formam ângulo diedro saliente e cumeeira é o caso particular de um espigão horizontal situado no ponto mais alto do edifício. Quando um dos corpos tem largura menor que o outro, sua cumeeira engasta-se num ponto abaixo da cumeeira do de maior largura.

Beirais

As extremidades dos telhados, chamadas de beirais, apresentam inúmeras soluções que dependem da técnica construtiva do edifício e do tipo de telhado adotado. Para conseguir maior eficiência no escoamento das águas

pluviais, afastando-as ao máximo das paredes e, ao mesmo tempo, evitar seu refluxo para o interior do edifício, foram desenvolvidos, ao longo do tempo, certos detalhes construtivos, com os mais variados materiais e formas.

Períodos da arquitetura brasileira

Colonial: A arquitetura civil produzida em Iguape, assim como em outras regiões do Brasil colonial, era baseada essencialmente no sistema e técnica construtiva portuguesa. Somente no início do século XIX, com a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, em 1808, com a Abertura dos Portos e a influência de artistas estrangeiros, principalmente aqueles integrantes da Missão Artística Francesa, contratada por D. João VI em 1816, tem início no Brasil o gosto pelo estilo neoclássico, em voga nas cidades europeias.

Neoclássico: Teve início mais ou menos no ano de 1808, ao final do século XIX , apresenta uma renovação mais evidenciada na composição arquitetônica de fachada e volumetria, mantendo a mesma técnica construtiva empregada no período colonial. No entanto, muitas alterações construtivas foram determinadas através de leis. Com o intuito de dar-se uma feição neoclássica às construções do Rio de Janeiro, sede da corte portuguesa, uma dessas leis, determinava que as casas ficaram proibidas de lançar águas pluviais nas calçadas – seus beirais recebiam calhas, condutores, buzinotes e gárgulas, quando não eram substituídos por platibandas decoradas.

Eclético: Surge no final do século XIX e início do século XX. As construções novas e algumas casas já existentes sofrem transformações na implantação no lote urbano e na composição de alguns elementos de fachada, mantendo, no entanto, a simetria na distribuição dos vãos de portas e janelas. Outras apresentam alterações apenas na ornamentação da fachada. A planta baixa apresenta a mesma estrutura de distribuição dos ambientes que, no entanto, apresentam recuos frontais e/ou laterais. Os beirais da arquitetura colonial, que jogavam águas pluviais diretamente no passeio público, são substituídos por platibandas, com recolhimento das águas através de calhas metálicas.

Art Nouveau: também chamado de “arte nova”, foi uma corrente artística que teve seu início na Europa no final do século XIX, e no Brasil ganhou impulso no século XX, apresentando um caráter vanguardista e original em tudo que envolve as artes plásticas, o design de interiores e a arquitetura. Esse estilo conquistou adeptos mundo afora, tendo forte ligação com a Segunda Revolução Industrial, que sinalizava uma proposta de inovação, um progresso tecnológico e de produção em massa. Graças a seu caráter arrojado, o Art Nouveau se relacionou com o uso de novos materiais, como o vidro e o ferro, criando vitrais e mosaicos, além da madeira, e dentre outras características, se inspirou na natureza, utilizando formatos de folhas e flores, mantendo grande preocupação com a estética e elementos decorativos, tendo ainda orientação do rococó e do barroco.

Art déco: Vigorou nas décadas de 1920 e 1930 (aproximadamente). O Art Déco é o estilo que antecede o modernismo, na verdade foi a transição de dois momentos bem distintos: o eclético e o moderno. Seu nome teve origem na Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas (em francês: Exposition Internacionale dês Arts Décoratifs et Industriels Modernes) que ocorreu em Paris em 1925. Numa época em que o estilo eclético já não dava mais conta de produção que o século XX demandava, emerge o Art déco, com suas formas menos rebuscadas e mais geometrizadas.

Glossário:

Abóbada: Cobertura arqueada por meio de pedras ou tijolos entre duas paredes laterais. Adro : Terreno em frente ou em volta de uma igreja, podendo ser aberto ou murado. Água : Uma das faces da cobertura que recebe as telhas . Alcova : Quarto sem janelas e sem portas diretas para o exterior. Almofada: Relevo da madeira de portas e janelas encaixado nas folhas de forma retangular ou quadrada. Arco: ligação curva entre dois apoios verticais. Arco Cruzeiro: Arco que separa a nave da capela-mor de uma igreja. Arquitetura pombalina: Sistema construtivo com paredes autônomas, apresentando na fachada vãos ritmados de cheios e vazios, balcões sacados (púlpitos) guarnecidos por gradis de ferro forjado, vãos com vergas e ombreiras. Átrio : Pátio situado no centro ou na entrada de uma edificação. Balaustrada: Parapeito formado pelo ritmo de várias colunas de pequena dimensão, utilizada nos balcões, varandas e tetos. Bandeira: Folha fixa em madeira ou envidraçada, instalada na parte superior de uma porta ou janela. Batistério: O lugar onde fica a pia de batismo no interior das igrejas. Eiras e beiras ou Beira-seveira: Tipo de beiral composto por fileiras de telhas sobrepostas, embutidas na parede e cobertas com argamassa. Beiral: As extremidades dos telhados, chamadas de beirais, apresentam inúmeras soluções que dependem da técnica construtiva do edifício e do tipo de telhado adotado. Caiação: Pintura a base de água e cal que pode receber pigmentos para coloração. Caixilho: Quadros de madeira que formam uma esquadria destinada à sustentação de vidros. Capela-mor: Capela principal de uma igreja onde se encontra o altar-mor. Cavilha: Peça em madeira ou metal, como um prego, que serve para unir duas peças maiores. Cimalha: Arremate ou coroamento superior que faz o encontro da parede com a cobertura, parte superior do entablamento, espécie de cornija. Coluna: Suporte construtivo cilíndrico vertical, frequentemente mais fino no topo. Geralmente é constituído por uma base onde assenta, por um fuste canelado e rematado por um capitel. Pode ser monolítico ou constituído por vários tambores. A coluna torsa possui um fuste em forma de espiral (muito utilizado no Barroco). A coluna salomónica tem um fuste em forma de espiral com o terço inferior estriado ou diferente, típico no Barroco. Cornija: Remate horizontal saliente da fachada de um edifício; espécie de moldura presente nos templos clássicos que faz parte do entablamento e limita o tímpano. Coro : acima da porta central de uma igreja destinado aos cantores da missa. Corrimão: Peça instalada ao longo dos lados de uma escada para firmar as mãos. Coruchéu: Remate piramidal ou cônico de uma torre ou de um campanário. Cruzeiro: Ponto de encontro da nave com o transepto da igreja. Cumeeira: Parte mais alta dos telhados, onde as águas iniciam sua descida inclinada. Cúpula: Cobertura hemisférica que exige uma parede circular ou tambor. Demão: Camada de aplicação de pinturas sobre uma superfície. Embasamento: Base inferior de uma parede ou imóvel. Emboçamento: Assentamento das telhas com argamassa. Emboço: Camada de argamassa aplicada antes do reboco. Entorno: Toda a área vizinha a qualquer construção: praças, ruas, serras, casas que compõem a paisagem ao redor da construção. Escuro: Folha de porta ou janela inteira de madeira; quando fechadas o ambiente interno fica escuro.

Espelho: Face vertical do degrau de uma escada. Esquadria: Indicação de portas composta por ombreiras e vergas; e janelas ombreiras, vergas e peitoris. Estuque: Argamassa moldável composta por gesso, areia e cal, para aplicar em ornamentos decorativos de interior. Estrutura: Parte da construção que sustenta o imóvel; em Natividade, a estrutura é composta por fundação, paredes e cobertura. Fasquia: Ripa de madeira que compõe as treliças. Ferragem: Conjunto de ferros utilizados na construção; fechaduras, trincos, ferrolhos, puxadores, dobradiças, argolas de bater, e outras peças. Folhas: Parte móvel das janelas, portas e armários. Forro: Revestimento interno de teto dos ambientes do imóvel. Friso: Barra horizontal decorativa entre a arquitrave e a cornija. Frontão: Superfície triangular ou semi-circular onde se insere o tímpano, que remata paredes e aberturas. Frontispício: Face principal de uma fachada ou monumento Gelosia: Folha e/ou painel de portas e janelas com treliças em madeira. Ladrilho cerâmico: Revestimentos de pisos feitos de barro cozido, instalados com juntas secas. Ladrilho hidráulico: Revestimentos de pisos feitos pelo método de prensagem hidráulica da argamassa de cimento colorida. Macho e fêmea: O encaixe entre duas tábuas onde a reentrante encaixa na saliente. Madeira torneada: Peça de madeira que recebeu trabalho em torno. Mainel: Ou parte-luz, suporte vertical que divide um vão. Nave: Espaço longitudinal de uma igreja, delimitado por colunas ou pilares, destinado aos fiéis. Nicho: Reentrância na parede para uma estátua ou elemento decorativo. Óculo: Janela circular ou de formas variadas que se destina à entrada de luz, normalmente colocada na fachada dos grandes imóveis. Ombreira: Peças verticais das portas e janelas onde se instalam as folhas e que sustentam as padieiras e vergas. Parede: Podem ser as vedações ou estruturas de uma edificação e diferentes de acordo com o método construtivo, como adobe, taipa, tijolos e pedra. Parede de meio-tijolo: Diz respeito à forma de montagem das peças do tijolo para fazer a fiada; o mesmo que assentamento a cutelo. Parede-meia: Parede que serve de estrutura e divisa para duas edificações. Pé-direito: A altura entre o piso e o forro ou a cobertura. Peitoril: Apoio da parte inferior de uma janela, a meia altura. Pilar: Elemento estrutural vertical que sustenta peças no alto. Pilastra: Pilar retangular de pouca espessura adossado à parede. Planta: Desenho que demonstra o corte horizontal de uma construção, feito acima dos peitoris do prédio. Platibanda: Coroamento de uma edificação como o prolongamento de uma parede que esconde a cobertura. Ponto: Inclinação da água do telhado. Púlpito: Tribuna acedida por uma escada e adossada a um pilar, na nave central, para os sacerdotes pregarem. Reboco: Composto por argamassa de cal e areia ou cal, areia e cimento, que reveste paredes e prepara a superfície para a pintura. Rincão: Encontro reentrante entre duas águas de alturas diferentes em declive; possui uma calha metálica ou de telhas, que escoa as águas da chuva das duas águas da cobertura. Ripa: Peças em madeira de largura estreita e grande comprimento, que se apóiam nos caibros e sustentam as telhas.

Rodapé: Faixa de ladrilho, madeira, tijolo ou reboco instalada no encontro entre o piso e o pé da parede. Rústico: Uma forma de acabamento grosseiro, tosco. Sacristia: Ambiente da igreja destinado à preparação do padre para a missa, onde é guardada parte dos objetos usados durante a missa. Sineira: Janela de torres de igreja onde são colocados os sinos, também chamada de janelas-sineiras. Sobreverga: Arco construído sobre a verga de uma janela ou porta. Soleira: Parte inferior de uma porta, no chão, que apoia as ombreiras; recebe material diferenciado do piso do ambiente. Tabuado liso: Forro de tábuas corridas instaladas em um mesmo plano. Terra batida: Piso rústico de terra apiloada. Tambor: Cilindros de pedra que constituem o fuste das colunas. Base cilíndrica ou poligonal de uma cúpula, frequentemente com janelas para iluminar. Tesoura: Conjunto de peças de madeira (pernas, pendural e linha) que sustentam o telhado. Tijolo: Peças retangulares de barro cozido em altas temperaturas. Tondo: Decoração circular pintada ou esculpida, utilizada particularmente no Renascimento. Transepto: corpo transversal que atravessa o longitudinal de uma planta em cruz. Tramo: Termo que define o troço situado entre dois apoios contíguos, de uma estrutura. Treliça: Montagem de fasquias de madeira que se cruzam, deixando espaços vazios e formam desenhos geométricos. Trompe: Pintura ilusória da realidade, através de um efeito óptico tridimensional, conseguido com o domínio da perspetiva, aplicado numa superfície. O seu objetivo é enganar o espectador ao reproduzir a ilusão de um objeto físico na pintura. Conhece-se desde a Antiguidade. Vão: Uma abertura na parede destinada às portas, janelas e óculos, entre outros espaços. Veneziana: Tipo de folha da cobertura que possui paletas horizontais com inclinação suficiente para passagem de ar entre elas. Verga: Peça de madeira que sustenta o peso da parede acima das janelas e portas. Viga: Uma peça que apoia a estrutura de forma horizontal. Vigamento: Conjunto de vigas de uma cobertura. Voluta: Ornamento e elemento de construção em forma de espiral ou caracol, que serve de transição entre seções horizontais e verticais. Utilizado no capitel jónico. Zimbório: Cobertura de um edifício, geralmente sobre a cúpula do cruzeiro das igrejas, que constitui o principal meio de iluminação do espaço interior.

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