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José Luís Cacho - Presidente da Administração dos Portos de Sines e do Algarve Sines pode ser fundamental no abastecimento da Europa de GNL
from Revista APAT 138
by Apat
José Luís Cacho Presidente da Administração dos Portos de Sines e do Algarve
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José Luís Cacho foi recentemente confirmado como Presidente do Conselho de Administração da APS. Em entrevista à Revista APAT, falou de alguns dos projetos de desenvolvimento do porto de Sines, em negócios já existentes e em novas áreas.
APAT - Como estão os planos para aumentar a capacidade de Sines no abastecimento de GNL? Qual é o investimento previsto, o prazo para a sua execução e o aumento efetivo de capacidade? José Luís Cacho - Sines propõe soluções técnicas imediatas, a curto, médio e longo prazo, começando com soluções de transbordo, para petroleiros mais pequenos que podem ser afretados e/ou reequipados para transporte de GNL, podendo ser operados em portos do norte e centro da Europa que apresentam limitações de calado como na Alemanha; e também, reforçando a capacidade de reexportação de Gás Natural. O porto está preparado e recetivo a qualquer investimento, uma vez que o terminal tem capacidade de expansão, tanto em capacidade de armazenamento (que hoje é de 390.000m3) como em capacidade operacional.
APAT - Atenta a capacidade de Sines e a capacidade dos portos espanhóis, desde logo, qual poderá ser o contributo de Sines para o abastecimento da Europa em GNL? José Luís Cacho - Os portos da Península Ibérica, para além de se apresentarem com maior capacidade de tancagem disponível, ficam mais próximos das fontes habituais transportadas por mar. O porto de Sines é responsável, desde o último trimestre de 2021, pelo abastecimento de 100% das necessidades de GNL do país e, pela sua localização estratégica nas principais rotas internacionais e na bacia atlântica, pode funcionar como uma verdadeira porta de entrada na Europa, através de uma interligação dos cinco terminais de GNL do Sul da Península Ibérica, da sua ligação, em rede, aos gasodutos existentes provenientes de Marrocos e da Argélia e da extensão desta rede à ligação anunciada Barcelona-Marselha. Sines tem a possibilidade de, desta forma, desempenhar um papel fundamental no abastecimento da Europa de GNL, nomeadamente através do aumento da viabilidade dos contratos de fornecimento provenientes da bacia atlântica. Neste caso, o “transit time” a Sines dos navios de GNL é muito menor face aos portos do centro e norte da Europa, recordando que o número de metaneiros disponíveis no mercado é bastante limitado.
APAT - O agronegócio é uma das apostas de Sines. Já há negócios em perspetiva? José Luís Cacho - O Terminal Multiusos de Sines oferece condições ímpares para a movimentação de cargas agroalimentares. Devido à sua localização de excelência, a que acresce a proximidade da ZILS - Zona Industrial e Logística de Sines, esta área pode otimizar os processos logísticos envolvidos na movimentação no porto, uma vez que dispõe ainda de ligações rodo-ferroviárias de excelência. Neste âmbito, a APS e a AICEP Global Parques têm vindo a promover parcerias com diversos países exportadores do mercado do agronegócio, nomeadamente com o Brasil, sendo exemplo disso a última edição do “Portugal Export”, que teve lugar no passado dia 17 de novembro, no Porto de Sines, e que reuniu cerca de uma centena de participantes, incluindo os líderes dos setores da logística e infraestruturas de transportes de Portugal e Brasil.
APAT - Como está a evoluir a concessão do Multipurpose? José Luís Cacho - Em maio passado, o concurso lançado para o terminal Multipurpose de Sines atribuiu novamente, por 20 anos, a concessão ao Grupo ETE (Portsines – Operações Portuárias S.A.). Neste momento estão previstas intervenções com o objetivo de reequipar o terminal com novas valências para movimentação de novas cargas, projetos a cargo da concessionária que estão a evoluir favoravelmente.
APAT - O aumento da quota de mercado ibérico é outra das opções estratégicas. Em concreto, o que está a ser feito / planeado para captar cargas de / para o hinterland ibérico? José Luís Cacho - O reforço do mercado do nosso hinterland centra-se, particularmente, ao nível da ferrovia, estando o Governo Português a melhorar a conexão Sines - Elvas - Badajoz. Esta intervenção trará um aumento da capacidade diária, dos atuais 36 comboios com 400m para 51 comboios com 750m, o que corresponde a um acréscimo de capacidade de duas vezes e meia a atual. Esta ligação é também relevante para a eficiência ambiental, uma vez que por cada comboio operam-se, em média, 42 camiões. Igualmente em curso está a melhoria dos acessos rodoviários de Sines à A2 para suportar o crescimento de tráfego previsto.