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Compromissos para uma logística nacional mais sustentável - Nabo Martins
from Revista APAT 138
by Apat
Recentemente assistimos a alterações muito significativas no comportamento dos atores logísticos, nomeadamente aquando da pandemia Covid-19. Aparentemente não há uma relação direta, mas o que é facto é que todos referem essa correlação e que tudo se iniciou com o parar e o re-andar do mundo globalizado em que hoje vivemos. É por demais evidente que o mundo é cada vez mais global; É por demais evidente a dependência relativamente aos países produtores de energia; É por demais evidente que a velocidade a que o mundo avança é maior; É por demais evidente que o mundo é mais digital, tecnológico e artificial; É por demais evidente que há um aumento inesperado da procura. Nos últimos tempos temos passado por pandemias, guerras (leste), inflação, subida das taxas de juros, aumentos relevantes na energia e perda de poder de compra. São dificuldades de um país que ao mesmo tempo vê sair os seus talentos para o estrangeiro, vê degradarem-se os serviços públicos e continuamos ainda muito distantes das metas para a redução de CO2. Ainda assim, os transitários continuam a apoiar as empresas nacionais a atingir números razoavelmente bons, em que as exportações e importações registaram variações homólogas nominais de +40,6% e +46,4%, respetivamente, em maio 2022, pelo que o défice da balança comercial de bens se agravou em 976 milhões de euros face a maio de 2021, atingindo 2.421 milhões de euros. Temos muito consciente que há muito a
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Nabo Martins Presidente Executivo APAT
PORTUGAL CONTINENTAL, AÇORES, MADEIRA, ESPANHA, CABO VERDE E GUINÉ-BISSAU
- MAIOR SHIPOWNER PORTUGUÊS NA LISTA ALPHALINER DOS 100 MAIORES DO MUNDO - ÚNICO GRUPO EMPRESARIAL PORTUGUÊS A INTEGRAR O CONSÓRCIO MULTINACIONAL QUE OPERA O TERMINAL DE CRUZEIROS DE LISBOA - MAIOR OPERAÇÃO LOGÍSTICA DE GNL, NO ATLÂNTICO, ASSEGURANDO O ÚNICO GASODUTO VIRTUAL NA MACARONÉSIA
TRANSPORTE DE CARGA TRANSPORTE MARÍTIMO DE PASSAGEIROS ENERGIA
‣ TRANSPORTE MARÍTIMO
SHIPOWNER
OPERAÇÃO PORTUÁRIA
SERVIÇOS DE REBOQUE
AGENTES DE NAVEGAÇÃO
SHIPMANAGEMENT ‣ LOGÍSTICA INTEGRADA PLATAFORMAS LOGÍSTICAS TRANSITÁRIOS TRANSPORTE TERRESTRE MANUTENÇÃO ‣ NAVIO FERRY ‣ UNIDADES HOTELEIRAS ‣ AGÊNCIA DE VIAGEM ‣ TERMINAL DE CRUZEIROS ‣ GASODUTO VIRTUAL DE GÁS NATURAL ‣ UNIDADE AUTÓNOMA DE GÁS (UAG) ‣ PARQUE EÓLICO ‣ PARQUE FOTOVOLTAICO
fazer e que o nosso futuro logístico será uma disrupção permanente, porque ninguém é capaz de antecipar ou antever o fim desta desordem logística que atinge praticamente todos os sectores dos transportes. Logo, a cadeia global, logo, o transporte internacional de bens e produtos, logo, países, empresas e pessoas, vão ser impactados diretamente e quase de certeza com maiores custos. Podemos talvez minudenciar um pouco mais os problemas mais relevantes e prementes com que as empresas exportadoras e importadoras nacionais se deparam, e devíamos assumir uma série de compromissos para uma logística mais sustentável, mais harmoniosa para as empresas nacionais e mais defensora da economia nacional.
COMPROMISSOS Transporte Marítimo: • Regular e gerir a falta de navios, de contentores, de mão-de-obra especializada, e a descarbonização, que provocam o aumento exponencial dos preços; • Proibir a recusa em dar cotação aos Transitários; • Obstar à imposição de determinados serviços sem deixar opção de escolha; • Regular a integração vertical da atividade, que deixa sem margem de manobra os operadores mais pequenos, especialmente os nacionais, que são o elemento diferenciador no agilizar dos difíceis processos logísticos; • Impedir as abusivas penalizações com demurrages / storages; • Short-Sea vs. Rodoviário (-7% emissões); Incentivos à cabotagem; • Aumentos das despesas portuárias vs. fraca competitividade dos portos.
Transporte Aéreo: • O crescimento do e-commerce e o elevado investimento em novos meios de transporte atrasam a descarbonização do sector, pelo que há que encontrar o equilíbrio; • Investir em melhorar os Terminais de Carga – rastreio das cargas –, diminuição de burocracia; • Rever os aspetos regulatórios que obstaculizam o crescimento; • Aumentar a conetividade interna dos principais aeroportos nacionais mediante a implementação de investimentos criteriosos em Lisboa, Porto, Beja e Faro que permitam ligações rápidas de comboio, de passageiros e carga, entre aeroportos; • Criar condições para a fixação de indústria exportadora como resultado do investimento no incremento de conetividade internacional, principalmente em Lisboa e Porto.
Transporte Ferroviário: • Criar infraestruturas mais eficientes que resultem num aumento da competitividade do sector e do país, a nível internacional; • Criar uma rede de Terminais Intermodais (Portos Secos) – Nova Matriz a) só com boas ligações entre o tráfego rodoviário, marítimo e ferroviário será possível reduzir a emissão de gases com efeito de estufa e criar parcerias competitivas; • Agilizar o processo de certificação de novos operadores; • Agilizar o processo de certificação de novos equipamentos e material; • Implementar o sistema Europeu de Segurança urgentemente; • Permitir maior concorrência e menor monopolização.
Transporte Rodoviário: • A crescente automatização de veículos e a criação de rotas mais inteligentes torna essencial a criação e a modernização das infraestruturas do país; • Promover a capacitação de mais motoristas; • Reduzir a dependência do preço dos combustíveis e da energia; • Implementar legislação que permita ter camiões mais eficientes, com maior capacidade e a circulação de dual trailers.
Sistemas Informáticos: • Investir seriamente no processo JUL, uma vez que a tecnologia ajudará a suportar a resiliência do sector; • Otimizar as cadeias logísticas e a matriz logística nacional é fundamental para permitir que as empresas sejam mais eficientes e reduzam custos; • A digitalização pode permitir a uniformização e automatização dos processos operacionais.
Instituições: • Agilizar e digitalizar os processos aduaneiros com a atualização da Infraestrutura digital nacional; • Simplificar e ajustar a AT à economia “real”; • Adequar os Recursos humanos; • Maior razoabilidade na intervenção das entidades fiscalizadoras; • Diminuição da burocracia com a simplificação e independência das entidades regulatórias; • Promoção da eficiência do “serviço” público; • Aposta na educação, inovação e sustentabilidade ambiental.
É por estas razões que a APAT defende a criação de uma Secretaria de Estado, ou uma Direção Geral para a área da Logística, de forma a poder agregar, conjugar e agilizar atores e parceiros num objetivo comum, que é o aumento das exportações nacionais e a colocação de produtos importados ao dispor das pessoas, empresas e do país a preços mais competitivos.