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Reconstrução da Ucrânia após a guerra com a Rússia - Danuta Kondek
from Revista APAT 138
by Apat
“Serão necessários pelo menos 750 biliões de dólares para reconstruir a Ucrânia após a guerra com a Rússia”, disse o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, em outubro, num fórum empresarial germano-ucraniano em Berlim. O Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento (BERD) afirma que alocará até três biliões de euros, em 2022 e 2023, para ajudar a apoiar a economia da Ucrânia e os negócios afetados pela guerra. O Banco Mundial informou, no início de outubro, que, devido à invasão russa, a economia da Ucrânia encolherá 35% em 2022 e estimou que a reconstrução do país após a guerra custará, pelo menos, 349 biliões de USD. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o chanceler alemão, Olaf Scholz (SPD), estão a fazer campanha pelo desenvolvimento de um “Plano Marshall” para a reconstrução da Ucrânia. Desde que a Rússia lançou uma guerra de destruição à Ucrânia, a UE tem apoiado o setor energético ucraniano através de vários canais e meios. Graças ao ENTSO-E, foi possível sincronizar as redes elétricas da Ucrânia e da Moldávia com a rede continental para garantir a estabilidade do sistema elétrico. A fim de dar resposta às necessidades de reconstrução mais urgentes, a Comissão apoiou a criação do Fundo de Apoio à Energia da Ucrânia, juntamente com o Secretariado da Comunidade da Energia. Ao abrigo do Mecanismo de Proteção Civil da UE, a Comissão, através do seu Centro de Coordenação de Resposta a Emergências, facilitou também numerosas entregas de equipamento de energia vital, desde geradores a transformadores e cabos. Além disso, foram fornecidas contramedidas químicas, biológicas, radiológicas e nucleares e equipamentos relacionados, no valor de mais de 40 milhões de euros, pelas reservas da UE. A Comissão apoiou igualmente o Centro Nacional de Ciência e Tecnologia da Ucrânia para a segurança nuclear e radiológica com 7,7 milhões de euros. Esta é, de facto, a maior reconstrução da Europa moderna, que levará muitos anos de preparação e posterior implementação. Devido aos danos, é claro, o principal desafio e oportunidade colocam-se à indústria da construção, apesar de existirem barreiras. A procura na Europa já é alta, e não se sabe se as empresas conseguirão aumentar a capacidade de produção. Os estudos que estão a ser realizados atualmente incluem também uma análise de outras indústrias necessárias nesta recuperação. Os analistas avaliaram que a indústria petroquímica, indústrias de energia e gás (especialmente na área de infraestrutura de transmissão e distribuição) e setores produtores de materiais usados na construção e na indústria (produção de produtos plásticos e de borracha, produtos minerais e metais) terão especial relevo. Poderá existir espaço para uma maior participação das empresas também na área de meios de transporte (material circulante, elétricos, autocarros), cuja frota necessitará de uma renovação integral. Os dados da Escola de Economia de Kiev informam que, apenas na infraestrutura da Ucrânia, as perdas chegam a 104 biliões de USD. As necessidades de reconstrução são estimadas em até 350 biliões de USD, e a modernização total da economia, aproximando-a dos padrões ocidentais, pode custar até 750 biliões de USD. Isso significa que o Ocidente deve levar em consideração a necessidade de investir 300-500 biliões de USD na Ucrânia. Infelizmente, isso está a acontecer num momento em que, devido à inflação, o preço do dinheiro e da dívida emitida está a subir. No entanto, a ajuda à Ucrânia também pode ser tratada como um investimento. É um país chave do ponto de vista da segurança alimentar mundial, sem falar no acesso a matérias-primas valiosas. As condições estruturais para a reconstrução da Ucrânia estão a ser discutidas com representantes de organizações internacionais e organizações não-governamentais. À semelhança do sucedido no pós-2.ª Guerra Mundial, nos anos 1948-1952, em que os Estados Unidos financiaram a reconstrução da Alemanha e de outros países europeus com biliões de dólares sob o Plano Marshall. Agora, a Europa tem um papel especial a desempenhar no apoio à Ucrânia, que é candidata à adesão à UE. O caminho para a reconstrução é, portanto, também o caminho da Ucrânia para a União Europeia, e a ajuda à Ucrânia faz parte do nosso investimento no futuro da nova Europa.
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Danuta Kondek Consultora, Formadora, Sócia Gerente da Funktor, Consultoria, Lda. danuta.kondek@gmail.com

