KÉRAMICA revista da indústria cerâmica portuguesa
Publicação Bimestral €8.00
nº376
Edição Maio/Junho . 2022
HISTÓRIA E HISTÓRIAS DA CERÂMICA PORTUGUESA PATRIMÓNIO INDUSTRIAL CERÂMICO
www.cevisama.com
27 Feb - 3 Mar 2023 València – Spain
Organiza:
cevisama@feriavalencia.com
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Index
Editorial . 03
Certificação . 32 A Certificação das Produções Artesanais Tradicionais Portuguesas no sector da Cerâmica
Destaque . 04
Construção . 36
Turismo Industrial – A Cerâmica e o Vidro em Portugal
Evolução da Produção na Construção na Área do Euroconstruct
História e Histórias da Cerâmica Portuguesa . 11
Internacionalização . 38
11 Azulejos das Estações Ferroviárias 15 História da Cerâmica em Coimbra
A Maior Rede Colaborativa da Diáspora Portuguesa
Entrevista . 17
Gestão da Informação . 40
A conversa com o Dr. Miguel Capão Filipe
Gestão da Informação e Cultura Digital nas PME Industriais de Portugal
Património Industrial Cerâmico . 20
Notícias & Informações . 42
20 O Sector Cerâmico em Portugal na Época Contemporânea. Cultura Material, Arqueologia e Património Industriais, Cultura das Organizações 23 Lufapo – um passado e um futuro! 27 A Real Fábrica de Custódio Ferreira Braga 34 Louça de Conimbriga – Condeixa Criativa
Secção Jurídica . 30
Novidades das Empresas Cerâmicas Portuguesas
Calendário de Eventos . 48
Medida Compromisso Emprego Sustentável
Propriedade e Edição APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria NIF: 503904023 Direção, Administração, Redação, Publicidade e Edição Rua Coronel Veiga Simão, Edifício C 3025-307 Coimbra [t] +351 239 497 600 [f] +351 239 497 601 [e-mail] info@apicer.pt [internet] www.apicer.pt
Colaboradores Albertina Sequeira, Ana Carvalho, Ana Teresa Manaia, António Oliveira, Armando Malheiro da Silva, Edgar Vigário, Eliane Pawlowski Araújo, Filomena Girão, João Paulo Avelãs Nunes, Luís Miguel Ribeiro, Marta Frias Borges, Sonia Estrela, Teresa Costa. Paginação Nuno Ruano
Diretor Marco Mussini
Impressão Gráfica Almondina - Progresso e Vida; Empresa Tipográfica e Jornalística, Lda Rua da Gráfica Almondina, Zona Industrial de Torres Novas, Apartado 29 2350-909 Torres Novas [t] 249 830 130 [f] 249 830 139 [email] geral@grafica-almondina.com [internet] www.grafica-almondina.com
Editor e Coordenação Albertina Sequeira [e-mail] keramica@apicer.pt
Distribuição Gratuita aos associados e assinatura anual (6 números) ; Portugal €32,00 (IVA incluído); União Europeia €60,00; Resto da Europa €75,00; Fora da Europa €90,00
Conselho Editorial Albertina Sequeira, António Oliveira, Marco Mussini, Martim Chichorro e Susana Rodrigues
Versão On-line https://issuu.com/apicer-ceramicsportugal
Capa Nuno Ruano
Notas Proibida a reprodução total ou parcial de textos sem citar a fonte. Os artigos assinados veiculam as posições dos seus autores. Esta edição vem acompanhada da revista Técnica n.º 15 Maio / Junho 2022 (CTCV) Esta edição inclui um destacável sobre Descarbonização – “Economia Circular”
Tiragem 500 exemplares
Índice de Anunciantes BONGIOANNI (Verso Contra-Capa) • CERTIF (Página 47) • CEVISAMA (Verso-Capa) • GOLDENERGY (Página 43) • INDUZIR (Contra-Capa) • REDEGLOBAL (Página 39) SEW-EURODRIVE (Página 1) • TECNA ( Página 3) Conteúdos conforme o novo acordo ortográfico, salvo se os autores/colaboradores não o autorizarem Publicação Bimestral nº 376 . Ano XLVII . Maio . Junho. 2022
Depósito legal nº 21079/88 . Publicação Periódica inscrita na ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social] com o nº 122304 ISSN 0871 - 780X Estatuto Editorial disponível em http://www.apicer.pt/apicer/keramica.php
p.2 . Kéramica . Index
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Editorial
Era minha convicção de que o Editorial do número anterior da KÉRAMICA tivesse sido o último do meu mandato como Presidente da Direção da APICER. Assim não é na realidade, mas esta será mais uma história a ficar para o futuro. Entretanto, e com pedidos de desculpa aos nossos leitores pela ousadia de ocupar este prolongamento em tempo extra com memórias pessoais, gostaria de aproveitar este espaço fazendo jus a factos e sobretudo a pessoas que marcaram a minha vida associativa na cerâmica. Para além do prazer que me dá reviver estes factos, faço-o também com sentido de justiça para com essas pessoas, algumas das quais ainda felizmente entre nós, e entidades algumas das quais ainda existem também. Afinal estamos em tempo de comemoração de aniversário da APICER, pelo que é entendível que o faça neste momento. À cabeça vem-me a experiência vivida ainda em tempos da APICC (entretanto extinta para surgimento da APICER), na área da Formação para empresários (que agora se chama pomposamente de capacitação). A necessidade de evoluir na gestão, levou-nos na altura à contratação dos serviços de um consultor externo, dedicado exclusivamente aos empresários da cerâmica, com os quais trabalhava durante um ano, deslocando-se a todas as empresas inscritas para esse curso que tinha a duração de 1 ano, com 12 empresários por ano. Refiro-me ao Engº Vasco Cruz de quem alguns empresários ainda se recordarão, e que classifico como um verdadeiro especialista na área da comunicação e da gestão. Não direi que fez milagres, mas foi verdadeiramente o responsável por uma mudança significativa nos padrões de gestão, que mexeu com o subsetor e o fez crescer de forma visível e objetiva. A história do que conseguiu com o seu trabalho é afinal património do subsetor, mas a história de hoje conta-nos como conseguiu a APICC contratar os seus serviços, sem meios financeiros próprios para o fazer, e sem poder contar com a cobertura
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dos custos pelos seus beneficiários, como seria razoável e adequado. E não conseguia essa cobertura dado tratar-se de uma experiência nova, numa área em que muito poucos acreditavam como sendo uma mais-valia, e considerando ainda que ao tempo, o recurso à Formação profissional era um sinal de atraso e de incompetência que cairia menos bem aos olhos da opinião pública. Por isso, o primeiro grupo de participantes foi feito a convite da APICC, e sem qualquer custo para os inscritos. Estes primeiros 12, passaram a sua experiência ao segundo grupo e depois ao terceiro, até ao 6 grupo. Foi o custo necessário ao lançamento da ação, e à criação de agentes mobilizadores para replicar novas ações. No total, o Engº Vasco Cruz trabalhou nestas condições durante seis anos, sempre com 12 participantes/ano, dos quais apenas o primeiro foi gratuito e os seguintes foram sendo cada vez mais caros até que as receitas das inscrições cobriram completamente os respetivos custos. Mas quem financiou então a primeira sessão? Sem meios próprios e sem receitas suplementares, mas sobretudo porque a APICC acreditou na mais-valia desta iniciativa e no seu sucesso, recorremos ao CEDINTEC, associação que ainda existe e à qual apresentamos o nosso projeto e a necessidade de cobertura integral da primeira ação e o apoio nas duas seguintes. O CEDINTEC acreditou no projeto e financiou-o a 100% no primeiro ano. A minha e a nossa homenagem fica aqui para os responsáveis do CEDINTEC na altura, Dr. Alcides Pereira, Engº Vitor Vasques, Eng. Carvalho Oliveira, Dr. José Manuel Moreira e Engº Jorge Tello. Do mesmo CEDINTEC e com os mesmos protagonistas, fica ainda o apoio do CEDINTEC/IAPMEI à criação do 1º Laboratório Móvel para a cerâmica, como ainda um outro episódio que aqui recordo a seguir. Numa altura de maior aperto financeiro para a APICC, dirigi-me pessoalmente ao CEDINTEC para pedir um apoio reembolsável. Era Presidente do IAPMEI o Engº Amadeu Pires que, com os mesmos Vitor Vasques, Carvalho Oliveira, José Moreira e Jorge Tello, aceitaram sem reservas fazer o empréstimo que pedimos, e até com o pormenor de que podia ter trazido ainda nesse mesmo dia o cheque da importância que pedimos, apenas com a assinatura de documento comprovativo da receção desse cheque, com despesas a justificar posteriormente. Podemos chamar a isto o que quisermos, mas … que bons velhos tempos, em que a confiança era a palavra de ordem, e o compromisso era cumprido como foi, com o reembolso do empréstimo concedido. Isto parece pré-histórico, mas foi apenas há menos de 4 décadas. Como as coisas mudaram …!!! Gratos ao Engº Vasco Cruz, ao CEDINTEC e aos seus dirigentes, porque sem a colaboração e empenho de um e dos outros, teriam perdido não só a cerâmica como o País!
Dr. José Luís Sequeira (Presidente da Direção da APICER)
Editorial . Kéramica . p.3
Destaque
TURISMO INDUSTRIAL – A CERÂMICA E O VIDRO EM PORTUGAL
po r Gr u p o D i n a m i z a d o r d a Rede Por t ugu es a do Tu r i sm o In d u st r i a l
O Turismo Industrial tem vindo a consolidar-se em Portugal através das visitas a fábricas em laboração e a equipamentos museológicos ligados a antigos complexos industriais, por parte de turistas nacionais e estrangeiros. Estas diferentes experiências de contacto com os produtos e processos produtivos proporcionam a descoberta do património industrial e/ou da indústria viva que caracterizam e diferenciam os territórios, e que contribuem para a promoção de Portugal através das suas atividades económicas diferenciadoras e da sua cultura, bem como para o reforço da atratividade do setor industrial e do seu potencial de inovação e crescimento junto dos jovens. A relevância do Turismo Industrial para o desenvolvimento turístico sustentável assenta, assim, na valorização do património cultural e das atividades identitárias das regiões, através de experiências autênticas e originais que podem ser usufruídas em todo o país e ao longo de todo o ano, e que proporcionam aos turistas vivências únicas no âmbito de uma feliz conjugação de conhecimento e emoção. A estruturação deste produto tem vindo a ser feita através do Grupo Dinamizador da Rede Portuguesa de Turismo Industrial, do qual fazem parte o Turismo de Portugal, as Entidades Regionais de Turismo, municípios e empresas, numa atuação concertada, a nível nacional, com o objetivo de consolidar a oferta, ganhar escala e maior notoriedade. São já mais de cem empresas e municípios de todo o país que dinamizam iniciativas de Turismo Industrial, contribuindo assim, para um melhor conhecimento da produção nacional, distinta na tradição e na modernidade, como ocorre com o incontornável setor da cerâmica e do vidro, um dos mais representativos da atividade industrial em Portugal.
p.4 . Kéramica . Destaque
Desde tempos remotos que, praticamente em todas as regiões do país, encontramos vestígios da atividade cerâmica. No séc. XVIII registou-se um surto de fábricas de cerâmica que vieram consolidar a afirmação deste sector, nomeadamente a Real Fábrica de Louça do Rato (Lisboa), pioneira no fabrico moderno de cerâmica, a Fábrica de Louça de Massarelos (Porto), ou a Fábrica de Louça de Darque (Viana do Castelo), que se tornaram famosas pela qualidade da sua produção, ainda hoje apreciada e alcançando valores elevados nos leilões da especialidade. Já no séc. XIX destacam-se a Fábrica da Vista Alegre (Ílhavo), a Fábrica de Louça de Sacavém (Loures), a Fábrica de Cerâmica das Devesas (Vila Nova de Gaia), que chegou a constituir uma das mais importantes na produção de artefactos cerâmicos para aplicação na arquitetura, a Fábrica de Faianças Artísticas de Raphael Bordallo Pinheiro (Caldas da Rainha) ou a Fábrica da Viúva Lamego (Lisboa). Ao longo do século passado surgiram inúmeras fábricas de cerâmica, no Continente e Ilhas, que deixaram uma marca importante na atividade industrial do sector. Sem preocupações de exaustão, destacamos a Companhia das Fábricas Cerâmica Lusitânia (cuja unidade principal se localizava em Lisboa), as Fábricas Jerónimo Pereira Campos (Aveiro e Alvarães, Viana do Cas-
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Rimini Expo Centre - Italy
27 - 30 SEPTEMBER 2022 The international exhibition of technologies and supplies for surfaces
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Destaque
Berço Vidreiro
Museu da Olaria
telo), ou a Empresa Industrial de Ermesinde, atualmente reutilizada como Fórum Cultural de Ermesinde. Constata-se, com facilidade, que o sector da cerâmica e do vidro apresenta um enorme potencial para integrar a oferta nacional de turismo industrial. À data, os visitantes já possuem um conjunto de recursos visitáveis, incorporados nesta estruturação da oferta em curso. Esta rede de oferta de Turismo Industrial é evolutiva, à medida que se vão identificando empresas e equipamentos museológicos que reúnem as condições de visitação necessárias para proporcionar uma experiência de qualidade. O sector da cerâmica e do vidro tem e continuará a ter uma enorme relevância nesta rede de Turismo Industrial que se está a consolidar, contribuindo para o reforço da identidade cultural, preservação da memória coletiva e afirmação da inovação. Iniciando a nossa viagem pelo Norte do país, não deixe de vivenciar na região experiências criativas tão diferenciadoras no âmbito da cerâmica. Barcelos convida-o a visitar o Museu da Olaria, com um acervo com mais de 9000 peças, maioritariamente provenientes do concelho de Barcelos mas também de outras regiões de Portugal e dos países lusófonos, e que, enquanto lugar de memórias, sítio de vidas, oficina do imaginário, perpetua a identidade de um povo, sendo, ao mesmo tempo, centro dinamizador de cultura e propalador da transmissão geracional cultural. Em Barcelos conheça ainda uma empresa de cariz artesanal onde as peças em terracota são elaboradas, manualmente, em rodas de oleiro: a Cerâmica Normand oferece-lhe a experiência autêntica de manusear o barro na roda de oleiro. A Norterra, também localizada em Barcelos, combina na sua produção, técnicas tradicionais da cerâmica terracota artesanal com um processo de produção moderno e aplica as últimas tendências em design e envidraçamento colorido, proporcionando-lhe uma experiência única de harmoniosa conjugação estética. Prossiga a viagem pelo setor da Cerâmica e do Vidro, que fazem parte do ADN do Porto e Norte de Portugal, com realce para a importância secular de Oliveira de Azeméis no setor vidreiro: a indústria dos moldes e a vontade de trazer para o presente vivo esse património histórico, culminou com a feliz criação e dinamização do Berço Vidreiro, que funciona na Casa das Heras, no coração do Parque de La Salette.
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Vista Alegre
Museu do Vidro
Destaque
Este espaço vocacionado, essencialmente, para as crianças, visa promover a história do vidro através de uma exposição de artefactos e engenhos ligados à conceção de peças de vidro, da produção de objetos ao vivo e da sua comercialização. Este tão interessante processo produtivo, é assegurado diariamente por pessoas ligadas à criação artesanal do vidro. Das suas mãos saem, como antigamente, peças que podem ser adquiridas pelos visitantes. Presépios, pisa-papéis, flores, jarras, fruteiras, castiçais, adereços e pratos decorativos são alguns das apelativas peças, que pode encontrar e adquirir no Berço Vidreiro. Um local de visita obrigatória que permite desvendar a forma como se produzia o vidro há séculos e quais as técnicas usadas, bem como a importância da atividade no concelho, desde que foi criada em Oliveira de Azeméis a primeira fábrica de vidro do país. Prosseguindo a nossa rota de Norte para Sul, no Centro de Portugal destacamos a Fábrica e Museu Vista Alegre, uma marca nacional de inquestionável referência no sector da cerâmica. Fundada em 1824, a Fábrica de Porcelana da Vista Alegre foi a primeira unidade industrial dedicada à produção da porcelana em Portugal. Para a fundação e sucesso deste arriscado empreendimento industrial foi determinante o espírito de persistência do seu fundador, José Ferreira Pinto Basto. Conservar e guardar a memória da produção da porcelana artística da Vista Alegre foi tradição na fábrica, inerente ao prestígio que a marca alcançou ao longo do século XIX. Apesar de, desde o início da sua produção, ter colecionado os melhores exemplares, o primeiro museu organizado data de 1947 e foi instalado no palácio,
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junto da Capela da Vista Alegre. Em 1964 o museu foi ampliado e aberto ao público, mudando para os edifícios antigos da fábrica, local com espaço para alojar o espólio de peças de porcelana, documentos e desenhos. Entre 2014 e 2016 o Museu Vista Alegre sofreu obras de requalificação, que incluíram a recuperação do património edificado existente e a ampliação dos espaços expositivos, destacando-se a integração de dois antigos fornos da empresa nas áreas de receção do Museu. O museu pretende mostrar a história da fábrica, a evolução estética da produção de porcelana e a sua importância na sociedade portuguesa nos séculos XIX e XX, através de um dos mais completos espólios museológicos do género, que conta com mais de 30.000 peças. Além das renovadas salas de exposição, poderá visitar, integradas no circuito do Museu, a Capela em Honra a Nossa Senhora da Penha de França (Monumento Nacional do século XVII) e a Oficina de Pintura Manual da Fábrica da Vista Alegre, onde terá a oportunidade de observar o delicado trabalho de pintura cerâmica. O Museu Vista Alegre oferece diversas propostas de lazer e descoberta no Sítio Industrial da Vista Alegre incluindo visitas guiadas e Oficinas de modelação ou pintura de porcelana. No Lugar da Vista Alegre os visitantes poderão passear pelo Bairro Operário da Fábrica, testemunho da história da indústria em Portugal e da cultura e vivências operárias na Vista Alegre, e visitar as lojas Vista Alegre, Outlet e Bordallo Pinheiro. Continuando viagem em direção ao Sul, a oferta da Marinha Grande é incontornável no que ao vidro diz respeito.
Destaque . Kéramica . p.7
Destaque
Crisal
Desde logo, o Museu do Vidro que tem como missão o estudo, a preservação e a divulgação dos testemunhos materiais e imateriais do Homem e do seu meio no que diz respeito ao vidro não apenas como material e matéria de expressão artística, estética e industrial, mas também como fator identitário e de significações sociais e culturais. Trata-se do único museu em Portugal especificamente vocacionado para o estudo da arte, artesanato e indústria vidreira. Dispõe de dois espaços distintos de exposição – Núcleo de Arte Contemporânea e Coleção Visitável do Futuro Museu da Indústria de Moldes - nos quais reúne coleções e saberes que testemunham a atividade vidreira portuguesa sob as perspetivas industrial, artesanal e artística, desde meados do século XVII/XVIII até à atualidade. No espaço do Serviço Educativo, junto ao palácio, o museu disponibiliza uma oficina de produção e decoração de vidro, protagonizada por artistas e artesãos da Marinha Grande que trabalham várias técnicas ao vivo, e onde é possível contactar diretamente com a prática da atividade vidreira em contexto oficinal. Destaca-se, igualmente, o Estúdio do Vidro da PoeirasGlass como um espaço onde o visitante pode ver e aprender a trabalhar o vidro de forma artesanal. O espaço foi desenvolvido para a produção de peças em vidro e proporciona ao visitante o contacto com as técnicas de Sopro, Modelagem, Moldagem, Casting, Fusing ou Maçarico, dando a possibilidade de participar no processo
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de fabricação do produto final. As técnicas são explicadas pela experiência e história do vidro contadas pelo Mestre Poeiras. A Normax desenvolve a sua atividade no sector das indústrias transformadoras de vidro, no ramo do vidro científico, sendo o maior fabricante em Portugal. Os seus produtos, vidraria de laboratório e material de uso médico não farmacêutico, destinam-se a satisfazer as necessidades de clientes dos sectores da saúde, ensino, investigação, controlo e análise industrial. Dispõe de um laboratório de calibração de vidraria volumétrica (NORMALAB), funcionando de modo independente da produção. A atividade da empresa está dividida em duas vertentes: o fabrico de material de laboratório e a comercialização de outros produtos complementares à gama produzida. Não deixe de visitar a Leerdam Crisal Glass. A Crisal, fundada em 1944 em Alcobaça, com o objetivo de produzir lustres em cristal e vidro doméstico, através da fusão de areia, soda e cal a temperaturas superiores a 1500º centígrado. Em 1970, inaugura uma nova fábrica na Marinha Grande a qual teve uma enorme expansão. Esta expansão fez nascer a primeira fábrica em Portugal com produção automática e a comercialização de produtos com a marca “Crisal Glass”. Atualmente, a Leerdam Crisal Glass integra o Grupo Anders Invest, possuindo a única fábrica do género em Portugal. A fábrica possui dois fornos com capacidade máxima total de fusão de 160 ton/dia, os quais alimentam 7 linhas de produção, proporcionando elevada capacidade disponível e grande variedade no processo de moldação do vidro. O segredo do sucesso tem sido, e continuará a ser, o contínuo investimento em nova tecnologia, design e qualidade, com preocupações ambientais e sociais. Produz uma gama variada de produtos, desde canecas, copos, decantadores, taças, cálices e outros artigos. Surpreenda-se com a transparência e a cor na loja da fábrica. Por fim, o CENCAL – Centro de Formação Profissional para a Indústria da Cerâmica. Criado em dezembro de 1981, tendo sido alargada a sua atividade formativa e de apoio técnico e tecnológico ao vidro pela sua integração com o CRISFORM da Marinha Grande criado em 2000. Presentemente o CENCAL desenvolve nas instalações da Marinha Grande vários tipos de formação, dirigidas a profissionais de empresas e por conta própria, como para jovens e desempregados. As áreas abrangidas são nomeadamente nas técnicas de vidro soprado, vitral,
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Museu da Cerâmica Caldas da Rainha
Destaque
fusing, casting, pâte de verre, lapidação e a pintura bem como, o vidro automático, a gestão da produção, organização do trabalho, línguas, etc. Também dispõe de um laboratório de ensaios físico-químicos para controlo do processo e da qualidade do vidro para apoio às empresas do setor. Durante o período de fevereiro a maio normalmente têm ligado o forno de vidro. Produtos/Serviços que disponibiliza: Formação/Workshops de Vidro Partindo em direção a Caldas da Rainha, o Museu da Cerâmica expõe a tradição centenária dos fazeres ligados à cerâmica que atravessam gerações e trespassam técnicas, estilos e linguagens muito diversas. Criado em 1981, o Museu da Cerâmica é uma instituição museológica dedicada ao património relacionado à cerâmica e, também, à sua indústria. As coleções do Museu são constituídas por uma síntese representativa de vários centros cerâmicos portugueses e estrangeiros, desde o século XVI aos nossos dias. Predomina a produção local, desde a produção artística da inovadora Maria dos Cacos – oleira e cerâmica caldense que, a inícios do século XIX fundou a primeira fábrica da região – passando por autores como Manuel Mafra, até às criações contemporâneas de alguns ceramistas caldenses, como Ferreira da Silva ou Eduardo Constantino. O acervo está disposto em um Palacete, envolto em Jardins de traçado romântico, decorados com
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azulejaria e elementos cerâmicos. O local, mandado construir pelo Visconde de Sacavém em finais do século XIX, está a passar por um procedimento de classificação como monumento de interesse nacional. Trata-se de mais um importante reconhecimento, tanto pela singularidade da construção, como também de suas coleções, as quais oferecem aos visitantes encontros com produções de cariz industrial e, também, artesanal. De entre o acervo, merece destaque a notável evolução de peças da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro, executadas na Fábrica de Faianças de Caldas da Rainha, bem como a produção “Arte Nova” de Costa Motta Sobrinho. Mostram-se ainda núcleos de azulejaria, assim como de miniaturas, com destaque para as obras de Francisco Elias. Partindo em direção a Alcobaça, a António Rosa Cerâmicas, é uma empresa de gestão familiar há 30 anos no mercado da cerâmica decorativa e utilitária. Desde as suas origens, pelas mãos do mestre cerâmico António Rosa e dos seus filhos, a empresa dedicou-se à produção de peças em faiança, com qualidade e acabamentos superiores. Ao longo dos anos, a António Rosa Cerâmicas floresceu e afirmou o seu papel de relevo no panorama da cerâmica de Alcobaça e de Portugal, com foco na modelação, desenvolvimento e produção de peças exclusivas para clientes e de linhas próprias decorativas (Konsensual e Byfly), utilitárias, souvenirs (tiAlice) e de casa de banho (AR). Na última década, a António Rosa Cerâmicas especializou-se no segmento Private Label, com a criação de raiz de coleções únicas de matriz diferenciada para clientes espalhados pelos 5 continentes do mundo. Com cerca de 100 funcionários, a António Rosa Cerâmicas é hoje uma empresa adaptada aos tempos modernos, aos mercados, exigências e tendências emergentes, tendo recentemente diversificado o seu leque de opções comerciais, com o enquadramento do grés como matéria-prima no seu portfolio produtivo.
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Destaque
Chegados a Loures, na região de Lisboa, conheça o Museu de Cerâmica de Sacavém, distinguido em 2002 com o Prémio Luigi Micheletti. O Museu encontra-se instalado num edifício construído de raiz, nos antigos terrenos da Fábrica de Loiça de Sacavém. Desde a sua abertura, a 7 de julho de 2000, dedica-se ao estudo da história e da produção da Fábrica de Loiça de Sacavém e
do património industrial do concelho de Loures, desenvolvendo projetos expositivos nesse âmbito. São, assim, inúmeras as propostas para eleger o país como Destino preferencial para uma renovada grelha de leitura do Turismo Industrial e, mais concretamente, dos setores da Cerâmica e do Vidro! Venha descobrir…
CONTACTOS PARA EFEITOS DE VISITA Museu da Olaria de Barcelos 4750-306 Barcelos . GPS: 41.52892, -8.62063 T: 253 824 741 www.museuolaria.pt Cerâmica Normand 4750-584 Oliveira - Barcelos . GPS: 41.58862, -8.54141 T: 253 842 755 | 936 359 275 www.cm-barcelos.pt/locais/lista/cera%CC%82mica-normand Norterra 4754-909 Lama - Barcelos . GPS: 41.56883, -8.54947 T: 253 843 490 | 937 959 430 www.norterra.pt Berço Vidreiro Parque de La Salette 3720-291 Oliveira de Azeméis . GPS: 40.843889, -8.465150 T: 963 630 797 | 927 994 397 www.cm-oaz.pt/oliveira_de_azemeis.1/berco_vidreiro.1579/berco_vidreiro.a318.html Fábrica e Museu da Vista Alegre 3830-292 Ílhavo . GPS: 40.58949, -8.68376 T: 234 320 628 https://vistaalegre.com/ Museu do Vidro Palácio Stephens 2431-522 Marinha Grande . GPS: 39.74950, -8.93330 T: 244 573 377 www.cm-mgrande.pt
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Poeiras Glass Praça Guilherme Stephens Edifício da Resinagem, loja 7 2431-522 Marinha Grande . GPS: 39.72349, -8.92903 T: 960 225 209 | 964 529 316 www.poeirasglass.pt Crisal Zona Industrial do Casal da Lebre Rua de Portugal, lote 1 2431-903 Marinha Grande . GPS: 39.72349, -8.92903 T: 244 545 800 https://crisal.pt/ CENCAL Zona Industrial do Casal da Lebre Rua da Alemanha, 18 2431-902 Marinha Grande . GPS: 39.72208, -8.92990 T: 244 502 021 www.cencal.pt António Rosa Ceramics Alto Varatojo 2460-581 Maiorga, Alcobaça . GPS: 39.58766, -8.97361 T: 919 962 626 www.antoniorosa.pt Museu da Cerâmica Rua Dr. Ilídio Amado 2504-910 Caldas da Rainha . GPS: 39.39909, -9.13018 T: 262 840 280 www.culturacentro.gov.pt/museu-ceramica/ Museu de Cerâmica de Sacavém Praça Manuel Joaquim Afonso 2685-145 Sacavém . GPS: 38.79402, -9.10252 T: 211 150 536 | 211 151 083/4 www.cm-loures.pt/AreaConteudo.aspx?DisplayId=898
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História e Histórias da Cerâmica Portuguesa
AZULEJOS DAS ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS
por IP Pat r i mó ni o
Introdução Comemoram-se no próximo dia 28 de outubro, 166 anos de história do caminho-de-ferro em Portugal história da construção e exploração de linhas e de estações por diversas companhias do setor ferroviário desde a sua inauguração, em 1856, até ao presente. A história do caminho-de-ferro é também a história do património histórico e cultural ferroviário nacional. A IP, Infraestruturas de Portugal é detentora de um vasto património constituído por um extenso conjunto de bens móveis e imóveis que testemunham a cultura rodoviária e ferroviária em território nacional. Na Unidade de Gestão do Património Histórico e Cultural da IP Património, o nosso trabalho baseia-se em quatro pilares: • Inventariar - Conhecer. • Conservar - Preservar. • Proteger - Salvaguardar. • Divulgar - Valorizar. Património azulejar Num universo de 900 estações e apeadeiros, quer com serviço de passageiros e/ou mercadorias quer desativadas, 308 têm azulejos, de diferentes tipologias: • Composições figurativas, • Composições não figurativas, • Composições de módulo padrão, de interior e de exterior, com motivos geométricos, nalguns casos relevados, • Composições de azulejos enxaquetados, • Toponímia, por vezes em paralelo com o nome da estação escrito a vidraço preto, em pavimentos de calçada portuguesa, • Azulejos de figura avulsa, • Azulejos isolados,
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• Azulejos lisos de uma só cor, • Painéis singulares: informativos, instalações sanitárias, publicitários, com assinaturas, moradas (rua, largo, avenida), legendas, sinalização (armazéns), outros, • PK/ponto quilométrico associado às PN / passagens de nível, • Suportes, quer de lanternas (antiga iluminação das plataformas), quer de horários e informação diversa, • “Escudos da Nação” animando os alçados dos edifícios construídos pelos Caminhos de Ferro do Estado, • Placas para atribuição dos prémios para as “Estações Floridas”, com desenho original do pintor Carlos Botelho. No caso dos painéis figurativos, e numa primeira fase, a temática escolhida foram as paisagens e sítios, usos e costumes, tradições e fainas agrícolas ou piscatórias, constituindo como que “bilhetes postais” de cada localidade. As diferentes fontes de inspiração derivaram muitas vezes de gravuras ou fotografias, revelando a intuição e competência dos pintores de azulejos na adaptação dessas imagens à escala monumental da arquitetura. Nalguns edifícios, com as composições de padrão conseguiu-se, num reduzido espaço de tempo, encontrar soluções plásticas para os diversos casos, empregando um
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limitado número de padrões geométricos, introduzindo pequenas variantes controláveis com facilidade, de resto com notável capacidade inventiva. Este tipo de azulejo são uma solução de inegável inteligência pragmática. A conceção e a produção dos azulejos, o “saber fazer”, integra-se no registo das boas práticas de património imaterial e na história social do trabalho: por mais simples que sejam, são testemunhos de intenções, vontades, de técnicas e de criatividade. Conservação e Restauro Para a preservação dos azulejos têm sido desenvolvidas ações de conservação e restauro, adotando metodologias e técnicas definidas para trabalhos desta natureza, desde o registo da situação existente, remoção de argamassas, consolidações, estabilizações, colagens, reintegrações cromáticas e dessalinização. Nos painéis mais danificados, por força da forte presença de humidade no suporte, opta-se, por vezes, por fazer o seu assentamento num suporte móvel, evitando o contacto com a parede e, consequentemente, a migração de sais para os azulejos ou até por recorrer à manufatura de réplicas.
são de um património que é de todos nós, patente em inúmeras estações da rede ferroviária nacional e em muitas das estradas sob gestão da IP. As estações são, como costumamos dizer, um museu ao ar livre. • Rotas Autoria: sobre a obra de um determinado pintor, como por exemplo as rotas da obra de Jorge Colaço e de Gilberto Renda; • Rotas Localização: sobre os azulejos das estações de uma determinada linha ou ramal, como as rotas da Linha do Minho e a da Linha do Norte; • Rotas tipologia azulejar: sobre painéis figurativos, de padrão ou outros. O acesso às rotas pode ser feito a pé, de bicicleta, de comboio, de carro ou, ainda, pela internet. Rotas dos Azulejos que se encontram disponíveis: Rota Autoria - Jorge Colaço A primeira Rota Autoria, apresenta o trabalho do pintor Jorge Colaço para nove estações da rede ferroviária
“Zona Ribeirinha de Vila Franca de Xira” Estação de Vila Franca de Xira. Autor Jorge Colaço
Protocolo de Cooperação com a Polícia Judiciária No dia 28 de outubro de 2014, foi assinado um Protocolo de Cooperação entre a ex-REFER e a Polícia Judiciária, através da Escola de Polícia Judiciária, que integra o Museu de Polícia Judiciária, estabelecendo formas de cooperação de modo a alcançar, no domínio da missão do Projeto SOS Azulejo, maior proteção ao património azulejar associado à rede ferroviária nacional.
“Praia de Moledo” Estação de Caminha . Autor Gilberto Renda
Placa SOS Azulejo, dissuasora de roubo e vandalismo de azulejos . Colocada em 240 estações e apeadeiros de caminho-de-ferro
Rotas dos Azulejos Rotas dos Azulejos é um projeto da IP Património, que tem como objetivo incitar à descoberta e à compreen-
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Toponímia. Estação de Pinhal Novo
nacional e para algumas das antigas casas de cantoneiros. Foi lançada no Dia Nacional do Azulejo, 6 de maio de 2020. https://www.ippatrimonio.pt/pdfs/flipbook/RotaJorgeColaco/index.html Rota Autoria - Gilberto Renda A segunda Rota Autoria apresenta o trabalho do pintor Gilberto Renda para oito estações ferroviárias. Foi lançada no dia 18 de dezembro de 2021, para comemoração dos 137 anos do nascimento do pintor. https://www.infraestruturasdeportugal.pt/pdfs/ flipbook/RotaGilbertoRenda/index.html
Rota Localização - Linha do Norte entre Lisboa Santa Apolónia e o Carregado A segunda Rota Localização apresenta o património azulejar para as estações da Linha do Norte, entre Lisboa-Santa Apolónia e o Carregado. Foi lançada no dia 28 de outubro de 2021, para comemoração dos 165 anos da inauguração do caminho-de-ferro em Portugal e do Ano Europeu do Transporte Ferroviário. https://www.ippatrimonio.pt/pdfs/flipbook/RotasdosAzulejosLinhadoNorte/index.html Rota Localização – Rota Travessia Ferroviária Norte – Sul A terceira Rota Localização apresenta património artístico azulejar e escultórico das 15 estações da Travessia Ferroviária Norte-Sul, com intervenções de artistas contemporâneos, em Roma-Areeiro, Entrecampos, Sete Rios e Campolide, na margem norte e Pragal, Corroios, Foros de Amora, Fogueteiro, Coina, Penalva, Pinhal Novo, Venda do Alcaide, Palmela, Palmela A e Setúbal, na margem sul. As intervenções artísticas realizadas faseadamente neste percurso exibem uma linguagem arquitetónica
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Placa “Estações Floridas”
Rota Localização - Linha do Minho e Ecopista do Minho, ex-Ramal de Monção A primeira Rota Localização apresenta o património azulejar para a totalidade das estações da Linha do Minho e da Ecopista do Minho (ex-Ramal de Monção). Foi lançada no Dia Nacional de Azulejo – 06 de maio de 2021 https://www.ippatrimonio.pt/pdfs/flipbook/RotasdosAzulejosLinhadoMinho/index.html
semelhante, onde podemos apreciar o traço da modernidade e conhecer a obra de diversos autores contemporâneos: um símbolo do futuro da ferrovia sem esquecer a sua história. Foi lançada no Dia Nacional de Azulejo – 06 de maio de 2022 e será publicada em breve. As rotas estão disponíveis online no site da IP Património, seguindo os separadores: A Descobrir / Património Ferroviário / Património Azulejar. Prevê-se o lançamento de mais três rotas ainda este ano: • Rota Localização - Rota da Estrada Nacional 2 • Rota Localização - Restantes estações da Linha do Norte entre o Carregado e Porto Campanhã • Rota Autoria - Rota Battistini
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“Escudo da Nação”
Estação de Penalva , Autor Querubim Lapa
E s t a ç ã o d e Ve n d a d o A l c a i d e . A u t o r R e n é Bertholo
PK Ponto quilométrico das passagens de nível
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Prémios e Reconhecimentos Estação Ferroviária de Porto São Bento Prémio “Intervenção de Conservação e Restauro SOS Azulejo 2013”. Contributo para a valorização do património azulejar português pela reabilitação dos painéis de azulejo. Prémio Brunel Awards, 2014 - Projeto de Reabilitação de Painéis de Azulejo Classificada como Imóvel de Interesse Público (IIP), em 31 de dezembro de 1997 - Estação Ferroviária de São Bento, incluindo a gare metálica, os painéis de azulejos e a boca de entrada no túnel Estação Ferroviária do Pinhão Prémio “Intervenção de Conservação e Restauro SOS Azulejo 2013”. Contributo para a valorização do património azulejar português pela reabilitação dos painéis de azulejo.
Prémio “Segurança SOS Azulejo 2016” A IP foi distinguida com o Prémio Boas Práticas SOS Azulejo pelo trabalho desenvolvido na preservação do património azulejar, pelas ações na área da segurança (inventariação – manutenção – proteção). Prémio “Intervenção de Conservação e Restauro SOS Azulejo 2019-2020” Ana Bidarra – Cinábrio / RC3 / Infraestruturas de Portugal, pelo trabalho “Linha do Oeste – Conservação e Restauro dos painéis azulejares das estações de Caldas da Rainha, Valado, Outeiro, Bombarral, Mafra, Leiria e Óbidos. Prémio “Trabalhos de Divulgação SOS Azulejo 2021” Trabalhos de divulgação do Património Azulejar nas Estações Ferroviárias
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HISTÓRIA DA CERÂMICA EM COIMBRA
por Câmara Mu n i ci p a l d e Co i m br a
A Cerâmica é uma das atividades artesanais preferidas pelo povo português. Vermelho ou vidrado, preto ou engobado, é infinito o número de formas e aplicações que o povo sempre lhe deu. O documento mais antigo, escrito, que faz referência à existência desta arte em Coimbra, data de 1145. Encontra-se depositado/arquivado na Câmara Municipal e alude aos fabricantes de telhas. Outro documento reporta a compra, de uma Tenda de Louças a Pedro Soares, com dois fornos, pelo Mosteiro de Santa Cruz, em 1203, sendo outro documento de 1213 e reporta outra compra a Paio Gonçalves. Outras evidências que remetem para a indústria cerâmica em Coimbra estão patentes na toponímia das ruas. A atual Rua Direita, nos séculos XIII | XIV, dividir-se-ia em Rua dos Caldeireiros e Rua da Figueira Velha; nos séculos XIV | XV, os dois troços chamavam-se Rua das Caldeirarias e mais tarde, já no século XVI, surge referida como Rua de Sansão. Não obstante, as referências à cerâmica coimbrã só começam a surgir com mais abundância a partir do século XV. Do século XVI, até meados do século XVIII, verifica-se uma grande evolução no número de fábricas de cerâmica existentes em Coimbra. No século XVI, ainda é possível aos artesãos instalarem-se no interior das muralhas, passando posteriormente a ocupar zonas mais próximas do rio Mondego. A Rua da Madalena é mais tarde integrada na Av. Fernão Magalhães, a Rua Lopo Martins não se conhece o local exato, o Terreiro das Olarias é hoje o Largo das Olarias, no “Bota Abaixo” e a Rua Estevão Nogueira corresponde à atual Rua da Fornalhinha. É também provável que nas Ruas Simão de Évora, João Cabreira, de Santo António, da Louça e dos Oleiros, se encontrassem outras olarias.
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O fabrico da faiança em Coimbra data de finais do século XVI. Surge então o novo ofício de pintor de louça, que transcrevem, em versão popular, motivos eruditos e orientais para as peças que fabricam. Na segunda metade do século XVIII, já Coimbra exportava a sua faiança para outras terras e mesmo, através do porto da Figueira da Foz, para o Algarve, Ilhas adjacentes e Inglaterra. Na segunda metade do século XVIII, surgem dois nomes que se destacam na produção e fabrico da faiança em Coimbra: - Manuel da Costa Brioso, um dos nomes maiores à época, responsável pela produção de peças decoradas com ramalhetes de delicados filamentos, muitas vezes rodeados de tarjas, folhagem, silvas, grinaldas, concheados e outros motivos; em termos de cor, destaca-se a policromia, com preferência pelos azuis e roxos acetinados, que contrastam com os verdes e os amarelos-torrados; não raro as peças, designadamente os pratos, são marmoreadas ou esponjadas no reverso. - Domingos Vandelli, médico e naturalista, funda, em 1784, uma fábrica no Rossio de Santa Clara, cuja faiança foi muito apreciada graças à qualidade das suas peças. Na decoração, preponderavam os ramalhetes compostos com rosas, tulipas e folhas (miúdas e largas), por vezes delineadas ou preenchidas com pinceladas verdes, simples e vistosas. No século XIX, existem ainda registos de 10 unidades fabris de pequena dimensão. Com as Invasões Francesas, a indústria cerâmica portuguesa para a produção quase por completo, fazendo-se sentir fortemente a concorrência da Louça Fabril Inglesa. Nos anos 80 do século XX, subsistiam na cidade e na sua periferia algumas empresas artesanais que se dedi-
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cavam ao fabrico da faiança vidrada, no estilo dos séculos XVII e XVIII. Entre as principais características da louça de Coimbra, destaca-se a textura da pasta, muito macia e regular, pinturas manuais com preferência pelas cores roxo, azul-cobalto, castanho, verde e amarelo. Em termos de produção, são consideradas peças típicas da cerâmica coimbrã as Tobias, Canecas de peixe, Jarras de leque, Jarras de dedos, Pratos de morrão, Travessas, Talhas, Potes e Boiões.
Entre as principais indústrias cerâmicas com atividade em Coimbra destaca-se a Sociedade Cerâmica Antiga de Coimbra, Lda., que, num primeiro momento, foi conhecida como Fábrica do Lagar segundo vários registos, por ter sido erguida num edifício onde anteriormente funcionava um lagar. Em 1925, a fábrica tinha sido já adquirida por Alfredo de Oliveira, ficando esta conhecida por Fábrica de Louça | Viúva Alfredo D’Oliveira, sendo uma das raras fábricas de cerâmica que ainda subsistem na cidade.
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Entrevista
E N T R E V I S TA – C OM O DR . M IG U E L C A PÃO F I L I P E PRESIDENTE DA DIRECÇÃO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE CIDADES E VILAS DE CERÂMICA
Dr. Miguel Capão Filipe
Kéramica – Dr. Miguel Capão Filipe, é o atual Presidente da Direção da APTCVC - Associação Portuguesa de Cidades e Vilas de Cerâmica, é uma circunstância do acaso ou tem, ou tinha, alguma ligação à cerâmica. MCP - Sou médico, mas “o médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe.” A APTCVC foi fundada em abril de 2018, abençoada pelo Real Edifício de Mafra e fui o seu primeiro Presidente da Assembleia Geral, inerente a ser Vereador da Cultura de Aveiro; neste novo ciclo autárquico que se seguiu, a Direcção
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anterior cessante, na pessoa da sua Presidente (Dra. Célia Fernandes de Mafra) e respectiva direcção, acharam – como continuei no exercício da vida autárquica - com o perfil de memória e continuidade para este desígnio de ainda fase instituidora. Por outro lado, como alguém também disse “no princípio sempre foi o homem, o espírito e o barro”; isto é ADN aveirense, aqui qualquer cidadão tem ligação à cerâmica. Kéramica – Quando foi constituída a APTCVC? Qual o desafio que esteve na origem da sua criação? Qual a missão que a rege? MCP - Conforme referi foi fundada, concretamente a 17 de abril de 2018, em Mafra, tendo a sua Sede Social nas Caldas da Rainha. Trata-se de uma associação sem fins lucrativos composta por municípios, podendo incluir também associados honorários (entidades colectivas que não municípios ou individualidades ligadas à cerâmica). O desafio foi o de englobar, numa corporação de abrangência nacional, os principais centros cerâmicos de Portugal, caracterizados por uma forte atividade e tradição sustentável da cerâmica. Uma referência especial ao nosso Director Executivo, o Dr. José Luís Silva, que a desafio do Sr. Beppe Olmetti, italiano e secretário-geral da Associação Europeia foram verdadeiros iniciadores desta congénere portuguesa. Como está definido nos Estatutos, a APTCVC tem como principais missões a defesa, a valorização e a divulgação do património cultural e histórico cerâmico, o intercâmbio de experiências entre os associados, o estabelecimento
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Exposição Itinerante da AptCVC, Batalha
Entrevista
de parcerias, a promoção da criação artística e a difusão da cerâmica tradicional e contemporânea. Pretende-se dar resposta ao “Portugal Cerâmico”, numa dimensão transversal a partir da Cultura, em contributo para o desenvolvimento sustentável – económico e social, de investigação e I&D, de criatividade e inovação- de muitas das Regiões do país, também através do ecossistema “Cerâmica”. Reafirma-se o quanto pode ser pertinente e decisivo o papel da Associação, do trabalho dos municípios que a compõem bem como dos membros honorários, numa Rede dinâmica com várias componentes - do ensino, da investigação, da preservação patrimonial, etc. – na afirmação da cerâmica portuguesa. Igualmente, a APTCVC poderá vir a participar em missões e projetos europeus via Agrupamento Europeu Territorial das Cidades Cerâmicas (AEuCC), cuja adesão nossa, de Portugal, foi concretizada recentemente, em 2021. Kéramica – Quais as cidades, vilas, entidades são associadas da APTCVC? Como funciona a adesão, por convite ou por manifestação de vontade? MCP - Constituída por 22 municípios portugueses, tendo como fundadores, em 2018, Alcobaça, Aveiro, Barcelos, Batalha, Caldas da Rainha, Ílhavo, Mafra, Montemor-o-Novo, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Tondela, Viana do Alentejo, Viana do Castelo e Vila Nova de Poiares, admitiu-se em 2020, como novos membros Oliveira do Bairro e Porto de Mós e depois em 2021 Leiria e Condeixa-a-Nova. Já no início do ano de 2022 aderiram o município do Fundão, Estremoz, Loures e Vila Real. No que diz respeito a associados honorários, temos entre outras entidades a APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria (Coimbra), CENCAL - Centro de Formação Profissional para a Indústria Ce-
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râmica (Caldas da Rainha), CEPAE - Centro de Património da Estremadura (Batalha), CTCV – Centro Tecnológico da Cerâmica e Vidro (Coimbra), DEMaC - Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica da Universidade de Aveiro (Aveiro), ESAD.CR - Escola Superior de Artes e Design (Caldas da Rainha), PH - Património Histórico PH – Grupo de Estudos (Caldas da Rainha), SPCV - Sociedade Portuguesa de Cerâmica e Vidro (Aveiro), Projecto SOS Azulejo e como associado honorário individual o Arquiteto Manuel da Bernarda e o mestre Manuel Cargaleiro. As adesões funcionam dos dois modos referidos na pergunta, por convite, após sugestão de um dos membros associados ou então por manifestação de vontade; é um processo dinâmico, temos neste momento várias adesões em curso, carecendo a sua aprovação definitiva em Assembleia Geral. Kéramica – Que iniciativas estão a desenvolver ou preveem desenvolver a curto e médio prazo? MCP - Dentro das Iniciativas Nacionais, destacamos: O “Bom Dia Cerâmica”, normalmente no terceiro fim de semana de maio. A APTCVC concretiza através dos seus associados, anualmente o Dia Europeu da Cerâmica ou também chamado “Bom Dia Cerâmica”, uma das principais iniciativas de marca das cidades cerâmicas a nível europeu, em articulação com a Rede Europeia de Cidades de Cerâmica. Na sequência de uma Resolução da Assembleia da República que consagra o dia 6 de maio como o Dia Nacional do Azulejo, os membros da Associação participam através de programas próprios no dia comemorativo do azulejo. Estamos em curso com o melhoramento do processo de comunicação, com o reforço da página Web da APTCVC e a criação de uma Newsletter, através das quais daremos a conhecer a programação regular dos associados, nas suas actividades próprias anuais associados à cerâmica tais como Eventos, Exposições, Feiras, I&D e Serviço Educativo, entre outros. Procederemos à melhoria da presença nas redes sociais e já temos a funcionar um serviço clipping, monitorização e avaliação da atividade da marca Cerâmica em Portugal, distribuído diariamente aos nossos associados. A nível das edições está em curso a elaboração do Catálogo da Exposição Itinerante da APTCVC, dum Dicionário digital dos recursos cerâmicos em Portugal do tipo “Quem é Quem?” e de um Centro de Documentação Digital da Cerâmica, em Rede. Já marcámos, estando em fase de organização o 1º Congresso Nacional e Mostra das Cidades e Vilas
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Cerâmicas, para o fim de novembro do próximo ano de 2023, no Centro de Congressos de Aveiro. Kéramica – O público em geral participa nas exposições realizadas ou ainda há um caminho a fazer, neste campo? Os jovens manifestam interesse nestas artes cerâmicas? MCP - Temos uma Exposição Itinerante da APTCVC em curso, a Exposição “A Cerâmica Portuguesa” que dá uma expressiva panorâmica da cerâmica portuguesa através de um conjunto de obras das 22 vilas e cidades que formam a Associação e escolhidas pelas próprias. A partir da exposição apresentada nas Caldas da Rainha, também começaram a fazer parte da mesma, trabalhos dos seus membros honorários. A próxima etapa da exposição será Leiria. Temos sabido de um forte número de visitas pelos diferentes municípios da Rede por onde tem passado. Estudamos a realização de outras iniciativas e exposições, passíveis também de uma itinerância pelos municípios da Rede. Sendo decisivo e importante o Sistema Educativo (famílias e Crianças) e o cativar dos jovens nomeadamente por intercâmbios de estágios ou residências em municípios, fábricas, entre outros. Kéramica – A APTCVC faz parte de uma rede europeia. Quais os objetos desta rede europeia? Que países fazem parte da mesma? As preocupações são comuns? MCP - Como já referido foi concretizado em 2021 a adesão de Portugal ao Agrupamento Europeu Territorial das Cidades Cerâmicas (AEuCC), que passou a contar com 7 países, dos fundadores às mais recentes adesões, respetivamente Itália, França, Espanha, Roménia e mais recentemente Portugal, Alemanha e República Checa. Outros países estão em processo de adesão, aproximandose rapidamente das duas centenas de cidades cerâmicas europeias. O objetivo desta Associação inclui a participação nas Assembleias Gerais e acompanhamento das iniciativas para a defesa em comum da cerâmica na Europa, o potencial de participação em Feiras internacionais organizadas pelas associações nacionais das cidades cerâmicas e a participação que se espera cada vez mais crescente e importante em Projetos Europeus apresentados a cofinanciamento à Comissão Europeia pela AEuCC, num trabalho em Rede. Kéramica – Os turismos, especialmente em municípios mais afastados da costa, podem incrementar o interesse e a preservação do artesanato local? MCP - Com o número crescente de empresas de cerâmica artesanal, de trabalhos de autor realizados por ceramistas portugueses em ateliers, a utilização da cerâmica em formas de expressão criativa e cultural na arte pública, da
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Comemorações do 4º aniversário no Fundão
Entrevista
classificação de património existentes ou em curso, numa espécie de “EN2” também pela cerâmica, obviamente que será factor apelativo em termos de turismo fora das grandes rotas. Kéramica – Celebraram recentemente o 4ª aniversário. Quais são as expectativas para o futuro da associação? MCP - No passado dia 27 de maio e integrado na jornada europeia do “Bom Dia Cerâmica 2022”, comemorámos o 4º aniversário da criação da Associação na inspirativa Casa do Barro, em Telhado, Fundão. Na sessão, foram destacados os principais desafios da cerâmica artesanal, industrial, tecnológica ou artística, bem como patrimonial no nosso país, bem como o seu enquadramento na cerâmica europeia, tendo sido destacado que presentemente Portugal é o segundo produtor mundial da cerâmica de mesa e decorativa, bem como existe um forte movimento para valorizar e incrementar a cerâmica artesanal e de autor em todo o país, com o apoio de muitas autarquias. Nesta reunião, foi anunciada a realização no final do próximo ano em Aveiro, por ocasião da Bienal Internacional da Cerâmica Artística, do 1º Congresso Nacional e Mostra de Cidades e Vilas de Cerâmica, com a participação internacional de todos os países que compõem o Agrupamento Europeu das Cidades Cerâmicas, que já conta com mais de uma centena e meia de cidade de toda a Europa. Saímos, todos nós equipa directiva, restantes órgãos sociais, membros associados, deste aniversário com a expectativa de contributo e missão em prol da “Cerâmica Portugal”, ainda com a maior pertinência como é no contexto actual do pós-Pandemia, e de outros factores a afectar a indústria cerâmica - dos maiores consumidores de gás natural -, como é a Crise Energética e a Guerra na Ucrânia. Sempre em Rede, em trabalho de Equipa e onde a APICER e os seus distintos associados constituem nós essenciais da malha desta Rede.
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Património Industrial Cerâmico
O SECTOR CERÂMICO EM PORTUGAL NA ÉPOCA CONTEMPORÂNEA. CULTURA MATERIAL, ARQUEOLOGIA E PATRIMÓNIO INDUSTRIAIS, CULTURA DAS ORGANIZAÇÕES p o r Jo ã o Pa u l o Av e l ã s Nu n es , UC/ FL / DH E E A A e Ce nt r o d e E s t u d o s Int e rd i s ci p li n are s da UC
João Paulo Avelãs Nunes
1. Introdução No Portugal das últimas décadas, talvez alguns dos mais importantes factores de bloqueio ao potencialmente maior relacionamento entre empresas do sector cerâmico/a APICER, a historiografia (conhecimento científico) e saberes tecnológicos de base científica como o património cultural e a cultura organizacional tenham a ver com representações que não corresponderão a parte substancial da realidade. Por um lado, empresas e associações empresariais observariam a historiografia e o património cultural como conjuntos de discursos sobretudo valorativos e condenatórios acerca do capitalismo e dos empresários; veriam a cultura organizacional essencialmente como instrumento de marketing de organizações ou de publicidade a bens e a serviços. Por outro lado, historiadores e especialistas em património cultural pressuporiam que as empresas e as associações empresariais adoptam quase sempre uma postura defensiva e de secretismo ou uma atitude proactiva e manipuladora
quanto ao conhecimento sobre os respectivos passados; tenderiam a encarar o património cultural como política pública pouco útil e muito dispendiosa, limitadora da liberdade de iniciativa dos agentes económicos. Quer no nível dos princípios abstractos quer no plano das iniciativas concretas, será, no entanto, possível defender outras soluções e observar a presença de práticas menos redutoras, maniqueístas e unilaterais. Tanto do universo das empresas e das associações empresariais como do lado dos investigadores em historiografia, património cultural e cultura organizacional — para já não referir mais actores relevantes como outras organizações da sociedade civil, o sistema político e o aparelho de Estado —, verifica-se, igualmente, a existência de pressupostos deontológicos e epistemológicos, teóricos e metodológicos viabilizadores de uma acrescida cooperação entre gestores de empresas, dirigentes de organizações de cariz socioprofissional (associações empresariais e sindicatos), investigadores em historiografia, património cultural e cultura organizacional. Viso no presente artigo, sumariamente, salientar que, de acordo com o Paradigma Neo-Moderno e com a História Nova, os historiadores devem produzir e divulgar conhecimento tão objectivante quanto possível sobre a realidade (o mais afastado possível do senso comum e da ideologia). Terão, para o efeito, de recorrer aos diversos tipos de documentação — escrita (narrativa ou serial, de arquivo ou publicada), material e gráfica, oral e audiovisual — e a várias metodologias, praticar sincretismo teórico e debate transdisciplinar, envolver-se em actividades de transferência multilateral de saber e de criação/aplicação avaliada de conhecimento tecnológico de base científica também derivado da historiografia (didáctica da História e património cultural, cultura organizacional e diferenciação territorial, lazer e turismo culturais, etc.). 2. Conceitos nucleares A categoria teórica de cultura material contemporâ-
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Património Industrial Cerâmico
nea remete para a vertente da realidade social global que decorre do esforço de satisfação, em maior ou em menor grau, das necessidades materiais dos membros das comunidades humanas existentes durante o que poderemos designar como época contemporânea. Simplificando uma reflexão bastante mais complexa, dir-se-ia que o período em causa tem decorrido entre o início da segunda metade do século XVIII e os nossos dias. O conhecimento — historiográfico, geográfico, antropológico e/ou sociológico — sobre a referida vertente das sociedades contemporâneas é primeiramente estruturado a partir da análise de vestígios materiais (vestígios nesse momento transformados em documentação e, depois, eventualmente, em património cultural). Quanto à categoria teórica de arqueologia e património industriais, identifica um sub-universo transdisciplinar de produção de conhecimento acerca da cultura material das sociedades contemporâneas e, ao mesmo tempo, de governação de património industrial formal e informal, já referenciado e ainda a identificar. Tendo em conta a abrangência da cultura material contemporânea, a noção de património industrial inclui bens — materiais (imóveis, integrados e móveis) e imateriais — ligados desde à indústria, à produção/ distribuição de energia e aos sistemas de transportes como a todos os outros vectores das sociedades contemporâneas, crescentemente marcadas pelos processos de industrialização, de urbanização e de afirmação da ciência/da tecnologia de base científica. Relativamente à categoria teórica de cultura das organizações, designa tanto um fenómeno inerente à realidade social — inconsciente ou conscientemente, as organizações geram, no seu seio e para o exterior, um determinado modo de funcionamento e uma certa imagem de si próprias — como uma área de saber tecnológico de base científica, também derivada da historiografia, que tem por objectivo facilitar uma governação mais deliberada e mais operatória da referida parcela da realidade. De acordo com escolhas previamente feitas, essa gestão pode ser concretizada de forma estruturante (tentando conhecer, melhorar e divulgar uma leitura objectivante sobre a organização) ou instrumental (visando divulgar uma narrativa positiva acerca da organização).
do fim da Guerra Civil, em 1834). Trata-se de materialidades e de imaterialidades associadas a modalidades artesanais e industriais, a agentes económicos e a associações socioprofissionais, ao poder político e ao aparelho de Estado, a outras organizações da sociedade civil e a entidades de outros países. Estamos, igualmente, perante um enorme conjunto de experiências e de informação sobre matérias primas e fontes de energia, engenharia de materiais e questões de atenuação da poluição/de poupança de energia, design e metodologias de produção, materiais de construção e utilidades domésticas, artesanato e expressão artística, condições de trabalho e apoios sociais, circuitos de comercialização e técnicas publicitárias, relações com organizações e instituições, etc. Acumulada desde as primeiras comunidades humanas neolíticas, consolidada durante a época moderna — nomeadamente por Ordens Religiosas e Instituições de Ensino Superior, Companhias Privilegiadas e Corporações de Ofício —, a referida base de dados pode ajudar a qualificar e a promover práticas e iniciativas, bens e serviços actuais ou futuros. Complementarmente aos espólios mais ou menos salvaguardados de indivíduos e de empresas, de associações empresariais e de sindicatos, de organismos da “acção católica” e de jornais, destaco algumas instituições que salvaguardam documentação relacionada com o sector cerâmico: Direcção-Geral de Energia e Geologia, bem como organismos anteriores (sobretudo a Direcção-Geral de Minas e Serviços Geológicos); Direcção-Geral das Actividades Económicas, bem como organismos anteriores (sobretudo a Direcção-Geral da Indústria); Direcções Regionais do Ministério da Economia, bem como organismos anteriores (sobretudo as Circunscrições Industriais); Instituto Nacional da Propriedade Industrial, bem como organismos anteriores (registos de patentes e de marcas); Inspecção das Condições de Trabalho, bem como organismos anteriores (sobretudo o Instituto Nacional do Trabalho e Previdência).
3. Caracterização sumária Mesmo tendo em conta eventuais níveis desnecessariamente elevados de delapidação de vectores de memória, continuam hoje a existir em Portugal quantidades impressionantes de vestígios — potencialmente documentação e património cultural — sobre a evolução do sector cerâmico na época contemporânea (desde a Revolução de 1820 ou a partir
4. Hipótese de intervenção Focando a atenção nos actores sociais e nas empresas da indústria cerâmica em Portugal, diria que muitas das organizações em causa dispõem, ainda, de vestígios relevantes da respectiva actividade passada que podem ser mobilizados (como documentação e enquanto património cultural) ao serviço de estratégias de gestão estruturante das respectivas culturas organizacionais. Nos casos em que os agentes económicos já deixaram de existir, a iniciativa pode ser assumida, em nome do fomento do sector e/ou da diferenciação territorial, pela APICER ou por outras associações empresariais, por Câmaras Municipais ou por Comunidades Intermunicipais.
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Correndo, certamente, o risco de não referir diversos tipos de vestígios (de documentação e de património cultural) significativos, elenco alguns dos subuniversos de recursos potenciais que continuam na posse de empresas do sector cerâmico, de associações empresariais ou de entidades do aparelho de Estado com responsabilidades de regulação do mesmo: zonas de extracção de matérias-primas e sistemas de transportes, edifícios/estruturas tecnológicas e máquinas/ objectos, ficheiros sobre produtos e moldes, mostruários e catálogos, registos de patentes e de marcas, artefactos publicitários e materiais decorrentes da participação em eventos de marketing, parcerias com artistas plásticos e com arquitectos ou engenheiros. No que concerne à memória de actores sociais protagonistas do sector cerâmico — empresários e quadros superiores, chefias intermédias e outros trabalhadores, dirigentes associativos e técnicos de organismos públicos, especialistas ligados a instituições de investigação e transferência multilateral de saber —, trata-se, essencialmente, de recolher, de salvaguardar e de permitir a consulta de documentação oral e de espólios pessoais. Dados os cuidados deontológicos hoje requeridos e o grande número de indivíduos potencialmente envolvidos, justificar-se-ia, para este efeito, conceber projectos de maior escala (nacional ou regional) que envolvessem diversos parceiros. 5. Conclusão Procurei argumentar quanto à viabilidade e quanto à utilidade de, em Portugal, se recorrer mais sistematicamente aos vestígios gerados pelo funcionamento do sector cerâmico para potenciar actividades nos âmbitos da investigação em historiografia e noutras ciências sociais, em património cultural e em museologia, em cultura organizacional e em diferenciação territorial, em lazer e em turismo culturais. Saliento que, quando hoje se considera o âmbito do património cultural, em causa estão a classificação formal mas, também, a referenciação informal; a monumentalização/musealização mas, também, a reutilização ou, mesmo, a recolha de informação e a destruição controlada; a tutela pública mas, também, a iniciativa privada e associativa ou por parte de Fundações. Lembro, a terminar, tipos de artefactos comunicacionais que, entre nós, têm sido e que poderão passar a ser mais utilizados na qualidade de vectores de promoção operatória e sustentável — porque objectivante e qualificada — do sector cerâmico: arquivos/bibliotecas e centros de documentação, museus/núcleos museológicos e centros de interpretação, exposições temporárias e roteiros de visita, catálogos e álbuns comemorativos, monografias/obras colectivas e artigos em
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publicações periódicas, espaços de divulgação de longa duração ou temporários, dispositivos multimédia e digitais. Muitas vezes, o Estado português e a União Europeia disponibilizam recursos financeiros de apoio à concretização de estratégias desta natureza. Alguma documentação e bibliografia ALVES, Helena e NUNES, João Paulo Avelãs, “Minas e georecursos”, BRITO, José Maria Brandão de e outros (Dir.), Engenho e obra. Uma abordagem à história da engenharia em Portugal no século XX, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2002, p. 186-191. ANDRIEUX, Jean-Yves, Le patrimoine industriel, Paris, PUF, 1992. Cerâmica portuguesa. Tradição e inovação, Coimbra, APICER, 2016. CUSTÓDIO, Jorge e outros, Museologia e arqueologia industrial, Lisboa, APAI, 1991. Empresariado português. Uma abordagem às suas realizações, Porto, AIP, 1994. I Encontro Nacional sobre o património industrial. Actas e comunicações, 2 volumes, Coimbra, APAI/Coimbra Editora, 1989/1990. A Innovadora Portuguêsa, Lisboa, A Innovadora Portuguêsa, s.d. MENDES, José M. Amado, A área económica de Coimbra. Estrutura e desenvolvimento industrial (1867-1927), Coimbra, CCRC, 1984. MENDES, José M. Amado, "Cultura de empresa: uma nova dinâmica organizacional", Gestão e Desenvolvimento, nº 1, 1992, p. 49-57. NUNES, João Paulo Avelãs, “Inventores, registos de patentes e de marcas e arqueologia industrial. Um exemplo concreto”, Revista Portuguesa de História, t. XXIX, 1994, p. 181-212. NUNES, João Paulo Avelãs, “Arqueologia industrial, património cultural, nova história regional e local”, Vértice, II Série, nº 73, Julho/Agosto de 1996, p. 103-110. NUNES, João Paulo Avelãs, “Valorização e desvalorização social do trabalho na época contemporânea”, Dirigir & Formar, nº 23, Julho-Setembro de 2019, p. 15-18. NUNES, João Paulo Avelãs, “Historiografia e tecnologias derivadas: relevância social, epistemologia e deontologia”, VAQUINHAS, Irene Maria e outros (Coords.), História, empresas, arqueologia industrial e museologia, Coimbra, IUC, 2021, p. 343-366. Vista Alegre, 1824, Ílhavo, VA, 2021.
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LUFAPO – UM PASSADO E UM FUTURO!
Esta indústria, localizada num terreno com cerca de 9 hectares, foi também inovadora para o seu tempo, tendo construído algumas casas para operários, um campo de futebol, laboratórios, escolas e creches para os filhos dos trabalhadores, entre outras inovações para a época.
Planta de alçado de 1919? existente no Arquivo Urbanístico da CMC.
A história da LUFAPO começará talvez nos primórdios do século XX, mas ainda com outro nome. Todavia, sabe-se com exatidão, que em 21 de junho de 1923 já existiria como “A Cerâmica Limitada”, pois a empresa representada pelos sócios gerentes Francisco Ferreira e Ezequiel dos Santos Donato, escrituraram um terreno situado no Vale Paraíso, no Loreto, freguesia de Eiras, onde já estaria construído o edifício principal (na altura apenas com dois andares) do que mais tarde viria a ser um dos maiores complexos industriais cerâmicos do país! Julga-se que surgiu neste local, junto à linha do caminho-de-ferro, em consequência da necessidade de se deslocalizarem as inúmeras cerâmicas que abundavam na baixa de Coimbra durante o século XIX, impedidas de se desenvolverem por estarem estranguladas pela própria cidade. Considera-se que esta unidade fabril iniciou a época da grande indústria cerâmica em Coimbra, tendo tido um crescimento rápido nos primeiros anos de produção “chegando mais tarde a empregar cerca de 1000 operários e a ser, no seu género, uma das maiores do país."
Capa do catálogo de ladrilhos hidráulicos produzidos nas “Fábricas «Lufapo» de Faianças e Porcelanas, com sede e fábricas em Coimbra e filial e fábricas «Massarelos» no Porto.
por Ana Car valh o , Ce nt r o Te cno ló g i co d a Cerâ mic a e do Vi d r o*Lufa po Hu b
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Peças de loiça decorativa e utilitária da marca Lufapo
Peças de loiça decorativa e utilitária da marca Lufapo
Fotografia de painel de azulejos da estação velha retirado pelo município de Coimbra e que irá ser recolocado brevemente na Urbanização do Loreto (nos antigos terrenos da LUFAPO).
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A fábrica era constituída por múltiplos edifícios ligados entre si, e construído em vários patamares.
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Em 1929, a Companhia das Fábricas Cerâmica Lusitânia adquiriu este complexo industrial, à semelhança da fábrica de Massarelos no Porto. A designação e a marca LUFAPO é construída a partir das palavras LUsitânia, FAianças e POrcelanas, tendo surgido em meados da década de 1940, no âmbito da reconversão da indústria cerâmica portuguesa após a II Guerra Mundial. Sabe-se que a marca LUFAPO foi usada em louças domésticas e decorativas, louças sanitárias, louças eletrotécnicas, azulejos lisos e decorados, mosaicos cerâmicos, ladrilhos hidráulicos, grés para canalizações e produtos refratários. Estando a maioria dos seus produtos intrinsecamente ligados ao modernismo e ao movimento Bauhaus em Portugal. De acordo com os registos encontrados no arquivo urbanístico da câmara municipal de Coimbra, em 1955 o edifício principal da LUFAPO foi ampliado, acrescentado mais um piso. O layout fabril encontrado em plantas da década de 50 do século passado nos arquivos do CTCV, demonstra bem a magnitude deste complexo industrial. Infelizmente, à semelhança das outras indústrias cerâmicas de Coimbra (e não só as cerâmicas), este complexo industrial entrou em declínio culminando na sua insolvência e, em 1977, o município de Coimbra fica com a sua penhora. Nesta época, o Professor Doutor Mário Augusto da Silva, uma das mais notáveis personalidades da Física em Portugal que fez o seu doutoramento em Paris com Marie Curie e o criador e primeiro Diretor do Museu Nacional da Ciência e da Técnica, sabendo do encerramento deste complexo industrial tão relevante, interessou-se por recolher todo o material que pudesse mais tarde ser usado no seu museu. Contudo, infelizmente, o Prof. Mário Silva faleceu em 1977, sem ter tido a oportunidade de catalogar e musealizar todo o antigo espólio da LUFAPO, tendo este ficado esquecido desde então, armazenado no escuro dos arrumos do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra. Entretanto, nos anos 80 constrói-se o loteamento do Loreto, demolindo todos os edifícios do antigo complexo industrial da Lufapo, incluindo as inúmeras chaminés tão marcantes da paisagem local. Sobrevivendo apenas o edifício principal e a antiga escola primária, os únicos que chegam aos nossos dias.
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Foto do edifício principal sede do CTCV
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Finalmente, em 1987, o edifício principal passa para a gestão do CTCV, que faz novamente obras de ampliação, adicionando mais um piso ao edifício A, construindo simultaneamente e de raiz os edifícios B e C (onde se encontra a APICER). Atualmente, passados intensos 35 anos, a atividade do CTCV desenvolve-se, maioritariamente, nos novos edifícios do Iparque, em Antanhol. Nos antigos edifícios está a nascer um projeto inovador, fazendo ressurgir o nome “Lufapo”, mas dando-lhe uma nova abrangência, acompanhando as tendências europeias do movimento do New European Bauhaus. O LUFAPO HUB é um novo conceito que está a ser desenvolvido pelo CTCV inspirado noutros projetos internacionais e nacionais de sucesso e nas novas políticas económicas que privilegiam a co-criação, a inovação inclusiva e o empreendedorismo. Pretende-se, assim, criar um complexo criativo e empreendedor aproveitando o conhecimento existente
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e criando sinergias entre as indústrias criativas, as indústrias tradicionais e as indústrias 4.0. Transformando os antigos edifícios do Loreto, propriedade do CTCV num ecossistema multinível de co-criação, coworking, start-ups e scale-ups. Por forma a atingir estes desígnios, o CTCV tem procurado financiamentos, quer para a dinamização do complexo LUFAPO HUB, quer para a sua reabilitação. Estando, neste momento, a desenvolver um conjunto de iniciativas apoiadas pelo CENTRO 2020 e integradas no projeto CiTecH - CTCV Tech Hub for Innovation 4.0, que visam dar corpo ao Lufapo Hub para a inovação nos setores do Habitat e Construção, posicionando-o como parceiro privilegiado de criativos e empresas - startups e scaleups de base industrial - para a cooperação. O Lufapo Hub, para além da componente de empreendedorismo industrial, pretende ser também um centro de indústrias criativas, um local inspirador que concilie a arte com a inovação, a sustentabilidade e a inclusão. Neste âmbito, poderá promover-se, inclusivamente, o desenvolvimento de novos produtos inspirados nos produzidos antigamente pela LUFAPO. Nessa perspetiva, um protocolo já assinado no dia 14 de janeiro de 2022 com a CEARTE – Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património – foi o pontapé de saída para o acolhimento de um atelier de co-criação de cerâmica. Está a ser instalado no 1º Piso do Edifício A, nos antigos laboratórios e será destinado a criadores na área da cerâmica em regime de coworking e co-criação, onde terão disponíveis os utensílios, ferramentas e equipamentos necessários para as suas atividades em articulação e mentoria de inovação tecnológica do CTCV e do CEARTE. Inesperadamente, há uns meses, o atual Diretor do Museu da Ciência e do Exploratório de Coimbra, o ilustre Professor Doutor Paulo Trincão contactou o CTCV por ter tido conhecimento de que a nossa entidade quereria revitalizar a marca e o antigo edifício da LUFAPO e que estaria à procura de peças, catálogos, equipamentos e histórias da antiga fábrica. Generosamente, informou-nos de que a Universidade de Coimbra estaria disponível para ceder todo o espólio que tinha guardado da LUFAPO para o CTCV poder usar, expor e estudar e quem sabe revitalizar a produção de peças inspiradas nos desenhos e moldes antigos. E assim, ao final de quase 50 anos uma parte importante da história desta fábrica e desta marca retorna ao seu lugar de origem onde será certamente acarinhada!
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No 3º piso, está também a nascer um espaço de coworking nas instalações da antiga mediateca/biblioteca com cerca de 15 postos de trabalho. Há 23 empresas já alojadas no Lufapo Hub - a sua maioria startups - onde trabalham mais de 80 pessoas nos 3 edifícios – a sua maioria jovens qualificados! Contudo, há ainda cerca de 60% de espaço edificado disponível para novos projetos inspiradores estando um projeto de arquitetura a ser desenvolvido para a reabilitação integral de todo o edifício. Quem sabe um co-living e um roof-top na cobertura que atraia nómadas digitais e criadores de todo o mundo? Por forma a facilitar a comunicação e a atração de novos utilizadores para o espaço e inspirado no seu passado, mas também no que se pretende para o seu futuro desenvolveu-se agora uma nova imagem e um novo Logotipo Este novo logotipo será lançado oficialmente no dia 8 de julho de 2022! E este será, sem dúvida, o marco
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de mais um renascimento do resistente edifício LUFAPO, bem como da sua marca, hoje também propriedade do CTCV. Bibliografia MENDES, JOSÉ MARIA AMADO - A área económica de Coimbra, Estrutura e desenvolvimento industrial, 1867-1927. Comissão de coordenação da região centro. Coimbra, 1984. FERREIRA, BRUNA DANIELA CALEIRO - Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitetura Departamento de Arquitetura da FCTUC Sob a orientação do Prof. Doutor Arq. Rui Pedro Mexia Lobo, Coimbra, 2012 ARAÚJO, ARMANDO OCTAVIANO PALMA – A fábrica de louça de Massarelos, contributos para a caracterização de uma unidade fabril pioneira - Dissertação de Mestrado em estudos do património sob orientação do Professor Doutor Paulo Oliveira Ramos, Universidade Aberta, Lisboa 2012 Processo Urbanístico nº 01-569/54 e Processo de Loteamento nº 266/85 – Arquivo Urbanístico da Câmara Municipal de Coimbra
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A REAL FÁBRICA DE CUSTÓDIO FERREIRA BRAGA
por E dg ar Vi g ár i o
Resumo Em 1907 no seu livro Cerâmica Portugueza [1], José Queiroz refere a Real Fábrica de Custódio Ferreira Braga como uma das mais influentes no desenvolvimento da faiança portuguesa no último terço do século XVIII. Que fábrica era esta?
Figura 1 . Pote; atribuído à Real Fábrica de Custódio Ferreira Braga [1][2]; faiança; finais séc. XVIII – inícios séc. XIX; altura: 27,5 cm, diâmetro: 21,5 cm.
A política de desenvolvimento industrial iniciada por D. João V e seguida pelo Conde de Oeiras e futuro
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Marquês de Pombal alterou, no último terço do século XVIII, o modelo de produção nacional com o declínio das olarias tradicionais e a construção um pouco por todo o território nacional de fábricas semi-industriais que seguiam o modelo francês. Estas fábricas, cuja peças são hoje em dia expostas em museus e consideradas como objetos de culto por colecionadores e apreciadores, iniciaram o seu percurso na história das artes decorativas após terem sido referenciadas na obra de José Queiroz, Cerâmica Portuguesa [1]. Da lista de fábricas que o autor introduziu como impulsionadoras do desenvolvimento cerâmico no último terço do século XVIII nesta obra, são hoje tidas como bem ou razoavelmente documentadas: a Real Fábrica de Loiça ao Rato e a Real Fábrica da Bica do Sapato em Lisboa; a Fábrica do Rossio de Santa Clara em Coimbra; a Fábrica de Massarelos as fábricas do Cavaquinho, a Fábrica de Miragaia, a Fábrica da Afurada e a de Santo António do Vale da Piedade na região do Porto e Gaia; a Fábrica do Côjo em Aveiro; a Fábrica Darque em Viana do Castelo; e embora desconhecendo-se muita da sua produção, a Fábrica de Estremoz. No entanto, o autor considerou também a presença de marcas provavelmente possessórias em objetos como indicativas do seu local de produção presumindo a existência de fábricas para as quais não foram encontradas provas documentais como é o caso da Real Fábrica de Custódio Ferreira Braga [3]. Apesar de se conhecerem duas peças marcadas desta fábrica, um pote e um aquário, é o tipo decorativo que o pote exibe que pressupõe ser a marca nele apresentada destinada a uma utilização de carácter publicitário e não a de uma indicação de fabrico, pois, num dos dois medalhões existentes no seu bojo a legenda "FÁBRICA DE CUSTÓDIO FRª BRAGA" aparece envolta numa cercadura de flores e folhas ladeada por duas figuras de
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Figura 2 . Extrato do Diario das Cortes da Nação Portugueza [5], Segunda Legislatura, Tomo 2; Lisboa, Imprensa Nacional; 1923.
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mulher soerguendo as saias com uma mão e tendo na outra um cesto em cujo interior se encontram tecidos [2]. Convém então determinar que tipo de fábrica o pote publicitava e se por sua vez existe alguma prova documental dela. De facto, nos manuscritos da Junta do Comércio no período de 1793 a 1832 Jorge Pedreira [4] seguiu o percurso ao longo de mais de trinta anos de um negociante bracarense de nome Custódio José da Costa Braga. Em traços gerais, Custódio José da Costa Braga requereu a sua matrícula em Braga como negociante de tecidos durante 1793 e em 1795 inicia na mesma cidade a construção de um edifício para a instalação de uma fábrica de tecidos contratando um mestre para supervisionar a laboração de 11 teares. Em 1799 devido ao baixo consumo interno de sedas passa a produzir riscados de linho e algodão e obtém da marinha uma encomenda de 4000 varas de pano o que o faz aumentar o número de teares para 40 e de trabalhadores para 100 [4]. Em 1809 já não produz seda e tem 32 teares ativos e em 1812 obtém da Junta de Comércio a licença para abrir em Lisboa na rua da Fancaria uma loja para vender os artigos da sua fábrica de Braga. Parece, contudo, ter contornado as proibições de venda de outros produtos e ter-se dedicado à especulação mercantil devido à sua
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fábrica em Braga só ter 9 empregados em 1815 e 5 em 1818 [4]. Em 1820 começa a pensar na manufatura de lãs e decide criar uma fábrica em Lisboa. Com o seu filho põe a funcionar 8 teares no Palácio Malheiros na freguesia de S. Sebastião da Pedreira, contudo começa a apresentar dificuldades económicas e em 1823 pede um donativo à Junta do Comércio que apesar de um parecer favorável lhe é negado [5]. Em 1830 pretende retomar a fábrica em Braga que obtém em 1832 [4] existindo ainda registos com o seu nome nas Relações dos passaportes conferidos na Administração do Concelho de Évora de abril de 1836 e março de 1838 [6][7]. Com um percurso tão rico tudo indica que o pote e o aquário seriam então encomendas para ornamentar os espaços da loja ou fábrica deste empreendedor, contudo, apesar dos primeiros e últimos nomes serem iguais os do meio não correspondem o que impede uma atribuição imediata. Existe ainda uma outra referência publicada na Chronica Constitucional de Lisboa de 10 de agosto de 1833 referente a um donativo na classe de Lençaria para Calças e Camisas para a Divisão do Exército Restaurador de 100 varas de brim, desta vez feita em nome de Custódio José Ferreira Braga [8].
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Figura 3 . Extrato da Chronica Constitucional de Lisboa [8], num. 14; 1883.
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Será este Custódio José Ferreira Braga um outro indivíduo, também comerciante ou industrial de tecidos, ou tratar-se-á do mesmo onde somente nas diversas referências alguns dos seus nomes foram omitidos. Parece, contudo, dadas as evidências documentais aliadas à já referida decoração, que é mais natural atribuir o pote como uma peça publicitária a uma loja ou fábrica de tecidos do que a uma fábrica de faiança para a qual ainda nenhum documento que a cite foi encontrado. Referências [1] José Queiroz; Ceramica Portugueza; Lisboa: Typographia do Annuario Commercial; 1907; https://archive.org/details/ceramicaportugue00queiuoft. [2] Ficha de inventário; MatrizNet (website); http:// www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=268127; acedido em junho 2022. [3] Alexandre Nobre Pais, João Pedro Monteiro; Interrogações e perplexidades no estudo da faiança portuguesa in 100 Peças de Faiança dos Séculos XVIII e XIX na Coleção Pereira de Sampaio; coordenação de Ramiro Leão e Jorge Pereira de Sampaio; 2012. [4] Jorge Pedreira; O "Génio Emprehendedor"; Quetzal Editores; Lisboa; 1988; https://www.researchgate.net/publication/28224557_O_Genio_Emprehendedor.
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[5] Extrato do Diario das Cortes da Nação Portugueza, Segunda Legislatura, Tomo 2; Lisboa, Imprensa Nacional; 1923; https://books.google. pt/ books?id=SHFFAAAAcAAJ&pg=PA244&lpg=PA244&dq=cust%C3%B3dio+jos%C3%A9+da+costa+braga&source=bl&ots=sVbrGSVkaz&sig=gt09yX9FBgJT5pHdqEJcpHmlmu4&hl=pt-PT&sa=X&ved=0ahUKEwj4-ZvUxr_ZAhXKvxQKHb5uDSIQ6AEIVDAJ#v=onepage&q=cust%C3%B3dio%20 jos%C3%A9%20da%20costa%20braga&f=false; acedido em junho 2022. [6] Relações dos passaportes conferidos na Administração do Concelho de Évora em abril de 1836; http://digitarq.adevr.arquivos.pt/details?id=1119472; acedido em junho 2022. [7] Relações dos passaportes conferidos na Administração do Concelho de Évora em março de 1838; http://digitarq.adevr.arquivos.pt/details?id=1120826; acedido em junho 2022. [8] Extrato da Chronica Constitucional de Lisboa, num. 14; 1883; https://books.google.pt/ books?id=3e0vAAAAYAAJ&pg=PA63&lpg=PA63&dq=custodio+ferreira+braga+capit%C3%A3o&source=bl&ots=trYJNMe9fw&sig=Qdu8TYsl-X3C7NMVpywNRHW5Jds&hl=pt-PT&sa=X&ved=0ahUKEwiFwdLnrcHZAhVDbRQKHWPmCw04ChDoAQhGMAY#v=onepage&q=custodio%20ferreira%20 braga%20capit%C3%A3o&f=false; acedido em junho 2022.
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Secção Jurídica
MEDIDA COMPROMISSO EMPREGO SUSTENTÁVEL
p o r Fi l o m e n a Gi r ã o e Ma r ta Fr ia s B or ges , FA F A d v o g a d o s
A Portaria n.º 38/2022, de 17 de janeiro, veio criar e regular a medida Compromisso Emprego Sustentável. Esta medida, de caráter excecional e transitório, assume como propósito, à saída da crise, fomentar a contratação permanente de desempregados e entrada de jovens no mercado de trabalho. Assim, enquanto a Medida Estágios ATIVAR confere apoio financeiro à entidade empregadora para pagamento da bolsa de estágios com duração de 9 meses, a Medida Compromisso Sustentável visa criar vínculos laborais estáveis, sem sujeição a prazo, conferindo apoio financeiro às empresas que as estimule a este tipo de contratação. A medida consiste essencialmente na concessão, à entidade empregadora, de apoios financeiros à celebração do contrato de trabalho sem termo com desempregado inscrito no IEFP, I.P., nos seguintes termos: a. Apoio financeiro à contratação, correspondente a 12 vezes o valor do IAS, ou seja € 5.318,40: I. O referido apoio financeiro pode ainda ser alvo das seguintes majorações, cumuláveis até ao limite de três:
• Majoração de 25 %, quando esteja em causa a contratação de jovens com idade até aos 35 anos, inclusive; • Majoração de 35 %, quando esteja em causa a contratação de pessoas com deficiência e incapacidade; • Majoração de 25 %, quando a retribuição base associada ao contrato apoiado seja igual ou superior a duas vezes o valor da retribuição mínima mensal garantida; • Majoração de 25 %, quando esteja em causa posto de trabalho localizado em território do interior; • Majoração de 25 %, quando a entidade empregadora seja parte de instrumento de regulamentação coletiva de trabalho negocial;
Filomena Girão e Maria Inês Basto
II. O referido apoio será, ainda, sempre majorado em 30% quando esteja em causa a contratação de desempregados do sexo sub-representado em determinada profissão; III. Assim, e com todas as majorações, o apoio financeiro à contratação sem termo pode atingir os € 11.434,56.
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Secção Jurídica
b. Apoio financeiro ao pagamento de contribuições para a segurança social, correspondente a metade do valor da contribuição para a segurança social, durante o primeiro ano de vigência dos contratos de trabalho apoiados, não podendo, no entanto, ultrapassar € 3.102,40. Podem candidatar-se à medida as pessoas singulares ou coletivas de natureza privada, com ou sem fins lucrativo (incluindo aquelas que tenham iniciado processo especial de revitalização ou regime extrajudicial de recuperação de empresas), desde que obedeçam aos seguintes requisitos: i. Estejam regularmente constituídas; ii. Preencham os requisitos legais exigidos para o exercício da atividade ou apresentem comprovativo de ter iniciado o processo aplicável; iii. Tenham a situação tributária e contributiva regularizada; iv. Não se encontrem em situação de incumprimento no que respeita a apoios concedidos pelo IEFP, I.P.; v. Tenham a situação regularizada em matéria de
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restituições no âmbito dos financiamentos dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento; vi. Disponham de contabilidade organizada; vii. Não tenham pagamentos de salários em atraso; viii. Não tenham sido condenadas em processo-crime ou contraordenacional grave ou muito grave por violação de legislação de trabalho. A concessão do apoio financeiro está dependente da publicitação e registo de oferta no portal do IEFP, sinalizada com intenção de candidatura à medida, e pressupõe a criação líquida de emprego (i.e., por via do contrato de trabalho apoiado, a entidade deve alcançar um número de trabalhadores superior à média registada nos 12 meses que precedem o registo da oferta). As candidaturas serão avaliadas com base em critérios definidos pelo IEFP, I.P., tais como a contratação de desempregados com maior dificuldade de integração no mercado de trabalho, nomeadamente jovens e pessoas com deficiência e incapacidade. O período de candidaturas decorre de 15 de março a 30 de dezembro de 2022, através do portal https:// iefponline.iefp.pt/.
Secção Jurídica . Kéramica . p.31
Certificação
A CERTIFICAÇÃO DAS PRODUÇÕES ARTESANAIS TRADICIONAIS PORTUGUESAS NO SECTOR DA CERÂMICA
po r Te r e sa Co st a , D i r e t o ra e Re sp on sáve l de Ce r t i f i ca çã o d a A .C E RTI F IC A
Cada vez mais, é necessário preservar os nossos “saberes fazeres”, e transmiti-los às novas gerações. É unanimemente reconhecida a importância das artes e ofícios na afirmação da identidade nacional e na defesa da genuinidade dos seus produtos, é por isso importantíssimo a sua proteção e valorização, quer no mercado nacional quer internacional, é o que se propõe desde sempre A.CERTIFICA enquanto Organismo de Certificação. Certificar para proteger, fomentar, dignificar e promover as produções e os seus artesãos e/ou unidades produtivas artesanais. O Sistema Nacional de Qualificação e Certificação de Produções Artesanais Tradicionais (SNQCPAT) existe desde 2015 através do Dec.Lei 121/2015. A.CERTIFICA é o único Organismo de Certificação de produções artesanais tradicionais acreditado pelo IPAC (Instituto Português da Acreditação), contando até à data com a certificação de 21 produções de várias áreas de produção, tais como os têxteis, as fibras vegetais, os instrumentos musicais e naturalmente dos processos cerâmicos. Para que se perceba melhor são certificáveis todos os produtos com referente geográfico associado à origem histórica ou centro difusor mais relevante dessa produção, desde que comprovada a sua importância cultural, considerando a tradição da atividade no território; e a sua expressão económica e social. Para que se possa certificar uma produção é essencial que todos estes processos tenham como base um Caderno de Especificações. Diríamos que é facto assente que as artes e ofícios tradicionais devem ser estudadas séria e aprofundadamente, pois são prova inequívoca de saberes, técnicas, modos de estar e de viver das comunidades, documentos essenciais para o conhecimento da cultura popular e para o reconhecimento das linhas que definem as características próprias de uma identidade. Esta
p.32 . Kéramica . Certificação
necessidade de estudo das artes e ofícios tradicionais torna-se ainda mais premente quanto sabemos que há atualmente produções completamente descaracterizadas, totalmente desvinculadas da sua história de origem, desenquadradas do seu contexto socio cultural, e ainda outras em vias de extinção, sem seguidores, que se apagarão dos registos caso não sejam tomadas medidas urgentes tendentes ao seu estudo e revitalização. Este Caderno de Especificações dará lugar à sua publicação em DR (Diário da República) e posterior ao respetivo registo de Indicação Geográfica, que são a marca necessária e obrigatória para proteção nacional, como são o caso dos processos cerâmicos da Olaria de Barcelos, o Figurado de Barcelos, a Louça Preta de Molelos - Tondela, o Barro Preto de Olho Marinho – Vila Nova de
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Certificação
Poiares, o Boneco de Estremoz, ou as Cantarinhas dos Namorados de Guimarães. Processos cerâmicos tradicionais ainda são alguns em Portugal continental e ilhas, assim para além das produções que já se encontram certificadas, podemos ainda referir produções como Barro negro de Vilar de Nantes – Chaves; Olaria negra de Bisalhães – Vila Real; Olaria pedrada de Nisa; Olaria do Redondo; Olaria de S. Pedro do Corval (Reguengos de Monsaraz); Olaria de Viana do Alentejo; Olaria do Carapinhal (Miranda do Corvo); Olaria da Bajouca (Leiria); Figurado das Caldas da Rainha, e nas ilhas temos em Vila Franca, em S. Miguel, e Angra do Heroísmo, na Terceira, com centros produtores que dão continuidade à olaria tradicional dos Açores. Produções que necessitam de salvaguarda dos seus saberes e de garantir a sua transmissão para que de futuro não se tornem apenas memórias bibliográficas e fotográficas. Muitas destas produções têm ainda núcleos de produção ativos e significativos, quer para as suas economias locais, quer para o seu turismo. Algumas já com estudo das suas produções que se podem aproveitar para iniciar processos de produções, e outras que é necessário que os seus responsáveis locais queiram manter as tradições vivas e que possam no tempo não se perder. A melhor forma de garantir a preservação das produções é delinear medidas de salvaguarda das mesmas, sendo que uma dessas medidas passa pela certificação das produções, pois cumprindo os seus principais objetivos só assim se pode garantir a autenticidade da produção, a sua qualidade, o saber fazer tradicional, bem como diferenciar e singularizar um produto com características próprias no quadro de determinada região ou localidade, que fará com que cada vez mais se pos-
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sa informar o consumidor promovendo a sua confiança quando pretender adquirir uma peça artesanal tradicional. Esta marca da certificação tem levado os seus mentores, leia-se artesãos a verem as suas produções em espaços privilegiados para a comercialização, em que o consumidor/público encontram num só lugar uma panóplia de peças de mais de 25 “mestres” diferentes, em que para além de apreciar podem adquirir, como acontece por exemplo com o Grupo do Valor do Tempo que em 2021 decide abrir ao público aquela que é a primeira loja de Figurado de Barcelos só com produção certificada. Por outro lado, cada vez mais vemos designes e marcas a querer ter parcerias com os artesãos para produzir peças únicas tradicionais contemporâneas que não descaracterizam o produto e não deixam de ser certificadas. Só podemos concluir que uma das maiores armas para salvaguarda de todas as produções em geral e da cerâmica em particular é sem dúvida a sua certificação.
Certificação . Kéramica . p.33
Património Industrial Cerâmico
LOUÇA DE CONÍMBRIGA – CONDEIXA CRIATIVA
po r An a Te r e sa Ma n a i a , Ve re adora da Câ m a ra Muni ci pa l Co nd e i xa
Foto 1 . Pintura manual de Louça – in “Turismos do Centro”
O Município de Condeixa-a-Nova é fortemente reconhecido pela importante tradição, que se mantém até aos nossos dias, ligada à produção e pintura artesanal de louças. A “Louça de Conímbriga” é uma arte inspirada na tradição oriental, mas também é influenciada pelo estilo árabe, é aqui que os desenhos patentes nos mosaicos Romanos das Ruinas de Conímbriga inspiram esta tradição artesanal. Esta atividade que ainda emprega algumas dezenas de pessoas no concelho está alicerçada no segredo do saber fazer e assume um carácter de excelência, onde cada peça é única. A decoração da louça artesanal é feita integralmente à mão e é sempre da responsabilidade de cada artesão que a concebe e assina, originando assim peças exclusivas com elevado valor. Focado no que são as suas raízes e com o intuito de potenciar o seu património único, o Município adquiriu
p.34 . Kéramica . Património Industrial Cerâmico
em 2018 a antiga fábrica “Cerâmica de Conímbriga” e em parceria com o Instituto Pedro Nunes lança o “Condeixa Criativa”, um projeto apoiado pelo programa INOV-C e que posteriormente viu aprovada uma candidatura no âmbito do Programa PT2020 que visa a execução de obras de recuperação e conversão da antiga fábrica num centro de desenvolvimento cerâmico e de promoção de indústrias criativas onde, de acordo com o presidente da Câmara Municipal Nuno Moita, se procurará "mostrar e preservar a tradição da pintura à mão da cerâmica". Esta arte tradicional que nos últimos tempos tem apostado no desenvolvimento não só de louça decorativa mas também de louça utilitária, mantendo o processo manual quer na moldagem quer nos acabamentos e pintura, tem vindo a crescer e a sua capacidade de exportação para mercados fora da Europa são neste momento uma aposta dos empresários que ainda operam no sector. É aqui que o Município pretende ser um parceiro deste setor industrial importante para a dinâmica empresarial do concelho, criar condições para que o sector cresça apostando na diferenciação, na inovação, mas mantendo a identidade dos produtos. É assim que nasce o projeto Condeixa Criativa, um centro de desenvolvimento cerâmico que pretende dinamizar o empreendedorismo local através da criação de espaços de incubação e de Co-Work para produção (ateliers), comer-
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VII Exposição de Cerâmica- Condeixa-a-Nova
Foto 2 . Fábrica Cerâmica de Conimbriga In “Campeão das Províncias”
Património Industrial Cerâmico
cialização e demonstração. Este centro surge como uma solução para o lançamento de novas iniciativas empreendedoras de base artística e cultural, especialmente alicerçadas na temática da cerâmica tradicional e que possa servir de pólo de dinamização de atividades empreendedoras no município. Por outro lado, é também objetivo que o Condeixa Criativa seja um espaço de saber e de inovação que potencie novas tecnologias de produção aliadas ao Eco-design que estejam estritamente aliadas com a transição digital das empresas e a sustentabilidade ambiental. Pretende-se que este espaço fomente a criação de parcerias entre empresas, universidades, politécnicos e centros tecnológicos com vista à dinamização do sector e ao seu crescimento económico. O centro terá também espaço para exposições e espaços de laser abertos a toda a população. Tendo em consideração a aposta do Município na valorização do setor é com este objetivo que em 2021, o Município aderiu à Associação Portuguesa de Cidades e Vilas de Cerâmica (APTCVC). A APTCVC é constituída por 22 municípios portugueses, Alcobaça, Aveiro, Barcelos,
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Batalha, Caldas da Rainha, Condeixa-a-Nova, Estremoz, Fundão, Ílhavo, Leiria, Loures, Mafra, Montemor-o-Novo, Oliveira do Bairro, Porto de Mós, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Tondela, Viana do Alentejo, Viana do Castelo, Vila Nova de Poiares e Vila Real. No âmbito desta associação são dados a conhecer todos os artesãos existentes no concelho e os seus trabalhos. Trata-se de uma parceria em rede que dissemina a louça de Conímbriga em Portugal e em outras redes Europeias de Cerâmica. No âmbito desta associação todos os Municípios promovem atividades de disseminação para celebrar o Bom dia Cerâmica, este ano integrado na VII Exposição de Cerâmica que decorreu no dia 15 de maio. O Município de Condeixa levou o turismo e a cerâmica de Conímbriga à Expo Dubai, no âmbito da participação da CIM-Região de Coimbra, a convite da AICEP, naquela feira mundial, que decorreu nos Emirados Árabes Unidos. “Para além de promover o turismo, nomeadamente Conímbriga e o Museu PO.RO.S, a nossa participação centrou-se estrategicamente num dos nossos setores mais tradicionais, o da cerâmica, em particular o da cerâmica artística e decorativa, nomeadamente a louça de Conímbriga, pelo facto de os Emirados Árabes Unidos serem um mercado interessante, em termos de oportunidades de negócio”, afirmou Nuno Moita, edil de Condeixa. Para efeito, foi realizado e produzido um vídeo promocional sobre as empresas, os profissionais e as técnicas de produção da cerâmica de Conímbriga, que servirá de suporte à promoção e divulgação daquele setor tradicional em futuras feiras e outros eventos. Na Expo Dubai, onde o presidente Nuno Moita esteve acompanhado pelo presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Luís Castro Henriques, foram ainda oferecidas diversas peças de louça de Conímbriga a visitantes e empresários.
Património Industrial Cerâmico
. Kéramica . p.35
Construção
EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO NA ÁREA DO EUROCONSTRUCT
p o r An t ó n i o Ol i v e i r a , E co n omi sta da A PICE R
Quadro 1 . Produção Total no Setor da Construção (% variação em termos reais) - Fonte: Euroconstruct, junho 2022 - a) Previsões | b) Perspetiva
De acordo com a nota de imprensa divulgada pelo Euroconstruct (*) por ocasião da sua 93ª Conferência, que decorreu em Varsóvia, na Polónia, nos dias 9 e 10 de junho de 2022, a produção do setor europeu da construção atingiu em 2021 os 1.854 mil milhões de euros, o que representa um crescimento de 5,6% face ao ano anterior, após ter contraído 4,4% em 2020, num ano marcado pelos condicionalismos e restrições associadas à pandemia da Covid-19. Os valores alcançados em 2021 representam uma recuperação integral do setor em relação aos níveis atingidos em 2019 (período pré-pandemia), no que diz respeito ao conjunto dos mercados de construção europeus abrangidos pela rede Euroconstruct.
Nesta conferência foram abordados 2 temas específicos: “As consequências da guerra Rússia-Ucrânia” e “O Impacte do Programa Próxima Geração UE / Next Generation EU na Construção Civil Europeia”.
Paises
2018
2019
2020
2021
2022(a)
2023(a)
2024(b)
Áustria Bélgica Dinamarca Finlândia França Alemanha Irlanda Itália Paises Baixos Noruega Portugal Espanha Suécia Suiça Reino Unido Europa Ocidental (EC-15) Chéquia Hungria Polónia Eslováquia Europa Ocidental (EC-4) Países Euroconstruc (EC-19)
5,6 2,6 1,5 3,9 3,1 2,0 10,2 1,8 8,2 -0,9 10,2 6,4 1,8 0,9 0,5 2,8 7,0 20,0 14,3 8,0 12,8 3,3
4,0 1,1 3,4 -2,5 2,2 1,4 5,8 3,5 5,4 0,9 8,6 4,6 0,2 -0,2 3,0 2,5 3,5 16,8 5,0 -4,6 5,9 2,7
-3,7 -5,1 10,8 -0,6 -11,6 1,3 -4,4 -4,5 -1,3 -1,7 3,4 -9,3 2,4 -0,3 -13,2 -4,4 -3,3 -6,6 -2,1 -12,7 -3,8 -4,4
3,1 8,3 6,4 1,8 6,7 -1,2 -4,2 18,4 2,1 2,6 3,0 6,7 8,4 1,0 11,9 5,7 2,1 6,7 3,7 -4,7 3,4 5,6
1,1 2,6 1,3 2,3 3,3 0,0 4,9 2,6 3,7 1,8 0,5 5,2 2,1 0,2 4,3 2,3 0,8 0,0 0,9 3,5 0,9 2,3
1,2 2,2 1,3 -4,3 1,6 1,0 4,1 5,4 2,9 0,7 1,2 5,5 -2,2 0,4 3,9 2,3 1,5 1,3 2,7 5,9 2,3 2,3
1,0 2,3 1,6 -3,4 1,3 0,6 5,4 0,5 2,2 0,4 1,4 3,0 -0,5 0,4 3,2 1,3 2,5 2,5 3,4 3,6 3,1 1,4
p.36 . Kéramica .Construção
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Após um aumento de 5,6% em 2021, o crescimento do setor da construção irá abrandar para 2,3% em 2022, e uma taxa semelhante está prevista para 2023. Em 2024 o crescimento baixará para 1,4%. A instabilidade do mercado resultante da guerra na Ucrânia e a alta inflação irão condicionar a realização de novos investimentos no setor da construção. No contexto dos 5 principais países que integram a rede do Euroconstruct, os chamados “BIG-5” (França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido), apenas a Itália superou o seu nível pré-crise em 2021 (+13,0%, após uma queda de 4,5% em 2020). Na Alemanha, a produção de construção em 2021 ficou próxima do nível de 2019 (+0,1%), enquanto a produção diminuiu 5,7% na França, 3,2% na Espanha e 2,9% no Reino Unido. Dentro do período de previsão, 2022-2024, o Euroconstruct prevê um aumento acumulado na produção de construção no conjunto dos 19 países (EC-19). Nos países da Europa Ocidental (EC-15), o crescimento acumulado será de 6,1%, ligeiramente inferior ao dos países da Europa Central e Oriental (EC-4), onde se prevê uma taxa de 6,4%. O crescimento acumulado mais elevado é esperado na Irlanda (+15,1%), seguida pela Espanha (+14,3%) e Eslováquia (+13,5%). Na Alemanha, a tendência é de estagnação. No maior mercado europeu, a produção diminuiu em 2021 (-1,2%) após um pequeno crescimento em 2020 (+1,3%), esperando-se que em todo o período 2022-2024 a produção de construção aumente menos de 1,5%. As expectativas para os países escandinavos são distintas, com a Finlândia e a Suécia a apresentarem perspetivas de evolução negativas, ao contrário da Noruega e Dinamarca, que esperam um crescimento total entre os 3% e os 4% no período de previsão 2022-2024 No gráfico seguinte (figura 1), pode observar-se a evolução esperada da produção na construção no conjunto dos países do Euroconstruct (EC-19) e nos “BIG-5”, observando-se que, tendo como base o ano de 2021, Espanha, Reino Unido e Itália são os países onde o crescimento esperado no período 2022-2024 é maior. No período 2022-2024, está previsto que os três principais segmentos do mercado da construção nos países do Euroconstruct registem aumentos em termos reais, mas as perspetivas de crescimento são bastante moderadas, pois as taxas de crescimento anuais esperadas irão variar entre os 2% e os 3%. Isto aplica-se à construção de edifícios, à reconstrução e renovação e também à engenharia civil. O crescimento projetado ao
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Evolução da Produção na Construção na Área do Euroconstruct (em termos reais) - Ano base: 2021 120 115 110 105 100 95 90 85 80 2018
2019
2020
2021
França
Alemanha
Espanha
Reino Unido
2022
2023
2024
Itália Euroconstruct 19
longo do período de previsão reflete sobretudo o alto nível de incerteza em relação aos investimentos a realizar. Para a construção residencial prevê-se um abrandamento significativo da taxa de crescimento, que deverá atingir 1,3% em 2024. Isto resulta das tendências de estagnação tanto na construção nova como na renovação (em 2024, o crescimento previsto é de 1,5% e 1,2%, respetivamente). Após a queda acentuada no total da construção não residencial, a produção deverá crescer no conjunto dos países do EC-19 durante o período 2022-2024. No entanto, este segmento não deverá recuperar para os níveis pré-pandemia em vários países do EC-15, como França, Alemanha, Reino Unido, Finlândia e Irlanda, bem como em dois países do EC-4, Eslováquia e Chéquia. O segmento da engenharia civil foi o menos afetado pelos efeitos adversos da pandemia em 2020 (a produção diminuiu apenas 0,4%) devido à implementação de muitos grandes projetos de infraestrutura financiados por orçamentos nacionais e fundos da UE. O Euroconstruct prevê que a engenharia civil cresça 2,7% ao ano em média entre 2022 e 2024. Depois de acelerar para 3,9% em 2023, a taxa de crescimento anual cairá significativamente para 1,7% em 2024.
(*) O Euroconstruct é um grupo europeu para a investigação tecnológica e análise económica do setor da construção. Fundado em 1975, reúne dezanove institutos de análise económica e técnica de toda a Europa. O Euroconstruct integra os seguintes 19 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Países Baixos, Irlanda, Itália, Noruega, Portugal, Reino Unido, Suécia, Suíça, Hungria, Polónia, Chéquia e Eslováquia.
Construção . Kéramica . p.37
Figura 1 – Evolução da Produção na Construção na área do Euroconstruct Fonte: Euroconstruct, junho 2022
Construção
Internacionalização
A MAIOR REDE COLABORATIVA DA DIÁSPORA PORTUGUESA
po r Lu í s Mi g u e l Ri be i r o , P r e si de n te d a Fund a çã o A E P
A Rede Global da Diáspora, promovida pela Fundação AEP, é a rede colaborativa que une portugueses em 130 países, conta com mais de 7500 inscritos e perto de 29.500 empresas registadas. Trata-se de uma rede social colaborativa que une os portugueses através de uma ferramenta digital, disponível em www.redeglobal.pt, onde a diáspora portuguesa consegue comunicar entre si. O processo de adesão é muito simples, gratuito e as vantagens são visíveis logo no momento da adesão. Enquanto pessoa individual, pode contactar com os vários elementos da sua comunidade, encontrar produtos e empresas portuguesas que existam perto de si e identificar oportunidades de emprego, networking e potenciais negócios. Enquanto empresa, os benefícios são diversos e vão desde disponibilização de um canal privilegiado para comunicar com as comunidades portuguesas, acesso às comunidades portuguesas (instituições, empresas e pessoas), contacto preferencial com portugueses-chave, possibilidades de recrutamento de quadros ou mobilidade de quadros, acesso a informação de mercados atualizada, acessos às redes de distribuição da diáspora, partilha de oportunidades de negócios e ações de ativação de marca. Enquanto investidor, que poderá ou não ser uma empresa, o acesso à Rede vai permitir investir fora de Portugal, encontrar Investidores, identificar Parceiros, partilhar Oportunidades de Negócios, aceder a Soluções de Financiamento, conhecer os Incentivos ao Investimento. “A ideia da criação da Rede Global da Diáspora surgiu da circunstância de a Fundação AEP, já com financiamento do Portugal 2020, COMPETE e FEDER, ter desenvolvido um esforço de aproximação dos nossos jovens emigrantes, muito deles qualificados, no sentido de regressarem a Portugal num contexto de superação da crise financeira de 2008. No desenvolvimento desse projeto - o “Empreender 2020, regresso de uma geração preparada”, constatámos a oportunidade de de-
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senvolver ofertas para a comunidade emigrante no sentido de partilhar com a mesma o esforço coletivo de promover Portugal e a portugalidade,” conta Luís Miguel Ribeiro, Presidente da Fundação AEP. No horizonte a Rede Global da Diáspora tem em vista a cooperação ao nível económico, particularmente através da promoção das exportações nacionais. Pretende-se também facilitar o investimento direto, particularmente nas regiões de onde saíram os nossos emigrantes, promovendo a aplicação de recursos nas comunidades do interior. “Trata-se, num e noutro caso, de estimular o melhor de todos nós para criar uma plataforma que una verdadeiramente os portugueses em todo o mundo e permita a realização de negócios em português, “afirma Luís Miguel Ribeiro. “Na construção deste projeto pensamos nas melhores fórmulas, e foi esta a escolhida, para partilhar um ativo extraordinário que são os protagonistas de Portugal e os produtos que têm origem neste país,” continua. Assim, tendo também subjacente uma preocupação económica, foram colocados no leque dos principais objetivos, a promoção da marca Portugal e o efeito que terá na alavancagem das exportações das pequenas e médias empresas portuguesas, estimulando em simultâneo a colaboração entre as comunidades portuguesas de todo o mundo. Neste momento já é possível ter acesso às Rotas Lusitanas, para promover os estabelecimentos que comercializem produtos nacionais, sejam eles propriedade de portugueses ou não, incentivando outras empresas a comercializarem produtos e/ou marcas portuguesas, para atrair clientes junto das comunidades portuguesas. Está também disponível o Portal de Negócios, uma área específica da Rede Global orientada para a criação de um ambiente de negócios para a diáspora, estimulando a troca de oportunidades e a partilha de interesses entre os membros
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Internacionalização
da Rede. Trata-se de uma funcionalidade exclusivamente dirigida a Empresas e Investidores, que visa facilitar e acelerar negócios à escala global, assim como, a Diáspora Business Intelligence, uma ferramenta que possibilita conhecer a diáspora ao pormenor, permitindo às empresas identificar os canais de distribuição mais adequados a cada negócio e/ou setor de atividade, através de uma ferramenta de business intelligence.
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“Tendo em conta o crescimento das exportações de produtos cerâmicos no primeiro trimestre de 2022 (aumento de 24%) está claro que o mercado está recetivo aos produtos portugueses e reconhece a sua qualidade. Acreditamos que esta plataforma poderá, em larga escala, ajudar a potenciar ainda mais a criação de oportunidades de negócios,” termina Luís Miguel Ribeiro.
Internacionalização . Kéramica . p.39
Gestão da Informação
GESTÃO DA INFORMAÇÃO E C U LT U R A DIG I TA L NA S PM E INDUSTRIAIS DE PORTUGAL
por Sónia Estrela, Universidade de Aveiro, Armando Malheiro da Silva, Universidade do Porto e Eliane Pawlowski Araújo, Universidade Federal de Minas Gerais.
A Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria é uma das parceiras de uma iniciativa que procura fortalecer a relação universidade-empresa e contribuir para a adoção de boas práticas de gestão de informação e de tecnologias digitais. Esta iniciativa, que consiste no desenvolvimento do projeto Gestão da informação e cultura digital nas PME industriais de Portugal: comportamento, memória e inovação (GIPMEI), é apoiada pelo Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória (CITCEM), da Universidade do Porto, conta com uma equipa multidisciplinar de investigadores de diversas universidades portuguesas e brasileiras e tem como outros parceiros diversas associações empresariais de relevo no contexto empresarial português¹. Cenário As empresas enfrentam atualmente uma intensa competição, globalização dos negócios e contínuo desenvolvimento tecnológico e este contexto, segundo o Professor da Universidade do Porto, Armando Malheiro, um dos coordenadores do projeto, enfatiza o papel da informação como ativo e recurso estratégico, apontando para a necessidade de sua gestão eficaz para estimular a competitividade das pequenas e médias empresas (PME). Esta gestão que é responsável, entre outros, por auxiliar as empresas a terem a informação correta, para as pessoas certas, nos formatos certos, nos momentos certos e a custos razoáveis, é uma realidade ainda distante em muitas empresas. Estudos exploratórios demonstraram que as PME têm dificuldades na forma como gerem a informação, com implicações na qualidade das decisões, o que pode condicionar a sua atuação e resposta aos desafios da economia global.
O projeto Iniciado em janeiro de 2022, o GIPMEI foca-se nas PME industriais das regiões Centro e Norte (RCeN), que concentram cerca de 54% das PME portuguesas. A escolha pelo ramo industrial resulta da importância estratégica da indústria para o país, sendo este um setor no qual a competitividade, a inovação em tecnologias de informação e os desafios ambientais são especialmente sentidos. Com duração prevista de dois anos, o projeto contempla 2 fases: na primeira, a informação recolhida através de um inquérito e entrevistas a empresários permitirá fazer o diagnóstico das práticas de gestão de informação e do digital nas PME e desenhar um modelo de gestão de infocomunicação e memória ativa. A partir deste diagnóstico serão realizadas oficinas interativas com empresários e membros das associações empresariais parceiras para validar o modelo desenhado. Na segunda fase será realizado um piloto de preservação da memória empresarial que procurará validar os pressupostos da importância da informação armazenada para o estabelecimento de estratégias empresariais. Destaca-se, nessa fase, a memória organizacional, vista como uma questão económica e empresarial por constituir um capital de experiência conquistado pela empresa que deve ser otimizado mediante a sua disponibilização ao serviço da gestão, fornecendo informações sobre o posicionamento da marca, dos produtos e/ ou serviços e, ainda, do ativo patrimonial e identitário da empresa.
1 Uma apresentação mais completa do GIPMEI pode ser consultada em https://tinyurl.com/2p862kxf
p.40 . Kéramica . Gestão da Informação
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Gestão da Informação
Como desdobramentos desta investigação, serão organizadas sessões com as associações empresariais, com relevo para as parceiras do projeto, para apresentar as conclusões e o Guia de Boas Práticas de Gestão da Informação e Preservação da Memória que resultará do trabalho realizado ao longo do projeto.
Informações adicionais sobre o projeto podem ser obtidas através do e-mail sestrela@ua.pt.
Parceria Conforme destaca Sónia Estrela, investigadora da Universidade de Aveiro e uma das coordenadoras do projeto, o envolvimento das associações empresariais e dos empresários é fulcral para os objetivos do GIPMEI, assim como para a sua divulgação, extensão e acompanhamento, dada a sua proximidade e o conhecimento prático do universo a estudar. Pretende-se, segundo a mesma investigadora, que o projeto constitua o início de uma cooperação de longo prazo entre académicos e mundo empresarial e que seja seguido de outras iniciativas porque, ainda que focado nas PME industriais das RCeN, o projeto é escalável, sendo possível alargá-lo a empresas de outros setores e espaços geográficos. Em suma, iniciativas e parcerias que contribuam para capacitar as PME a tornarem-se mais inovadoras, sustentáveis, digitais e resilientes.
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Gestão da Informação . Kéramica . p.41
Notícias & Informações
NOVIDADES DAS EMPRESAS CERÂMICAS PORTUGUESAS
p o r Al be r t i n a S e q u e i r a , Diretora-Geral da Apicer
Drinking Glasses
CRISAL PRODUTORA NACIONAL DE VIDRO DE MESA DE NOVO EM MÃOS EUROPEIAS A Crisal, uma das fábricas mais icónicas da indústria vidreira em Portugal e na Europa, deixa o grupo americano Libbey LLC, após ser adquirida pela Anders Invest's Industriefonds. Juntamente com a sua parceira holandesa, Royal Leerdam, torna-se a Leerdam Crisal Glass.
A Crisal localiza-se na zona industrial da Marinha Grande, uma área bastante conhecida pela sua indústria vidreira. Esta fábrica é a única do género em Portugal e está fortemente implantada na Península Ibérica, exportando para mais de 100 países nos 5 continentes. Com mais de 70 anos de uma história única na Indústria Vidreira, oferece produtos icónicos para os mercados da hotelaria e restauração, o retalho e a customização de produtos para a indústria das bebidas, onde a Crisal tem recursos próprios na área do design e desenvolvimento de produto. A Crisal e a Royal Leerdam (anteriormente designadas por Libbey EMEA), empregam mais de 600 colaboradores e juntas iniciam um novo capítulo como Leerdam Crisal Glass. "Vamos focar-nos no negócio europeu continuando a inovar e a desenvolver produtos icónicos. Estou ansioso por dar este passo juntamente com os nossos parceiros, e continuar a oferecer aos nossos clientes produtos de alta qualidade.” comenta Antoine Jordans, Diretor Geral da Leerdam Crisal Glass. Ao adquirir a Crisal e a Royal Leerdam, a Anders Invest compromete-se a manter o foco na inovação e diversificação, assim como continuar a investir em novas tecnologias, designs únicos, processos de produção de alta qualidade e sustentáveis.
Tiki Collection
REVIGRÉS Novas Coleções SYNCHRONY da REVIGRÉS 7 coleções de revestimentos e pavimentos cerâmicos. O efeito da madeira, do mármore e pedra natural, em perfeita sintonia. Em 2022, continuamos a reinventar a funcionalidade dos espaços, procurando o equilíbrio. Reflexo das atuais preocupações com a sustentabilidade, as nossas escolhas recaem sobre soluções amigas do ambiente. Destacam-se os espaços arquitetónicos híbri-
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dos, onde a natureza invade o interior através da opção por materiais que promovem a conexão com a paisagem, num ecossistema luminoso e harmonioso. Assim surgem as novas coleções de revestimento e pavimentos cerâmicos SYNCHRONY.
Uma SINCRONIA de estilos Juntas ou em combinação com o efeito de outros materiais, as novas coleções resultam em 5 estilos de decoração diferentes, para interiores e exteriores e espaços públicos e residenciais: • Nature Soul, um mergulho profundo na Natureza que cria espaços revigorantes; • Glam Wish, ambientes que combinam luxo com a personalidade dos materiais naturais;
O n i x G o l d E m o t i o nT i m e
C a l a c a t t a C l a s s i c G l a mW i s h
Nordik OrganicVibe
No rd i k L i m e s t o n e Ne w s t a l g i aWa y
Uma SINCRONIA de efeitos estéticos Com o efeito ultra realístico da madeira, mármore e pedra natural, as novas coleções SYNCHRONY - Nordik Now, Marbles e Neo Stone - evocam materiais intemporais e apresentam revestimentos e numa simbiose perfeita entre texturas e tons naturais. A coleção Nordik evoca a nobreza das madeiras nórdicas, criando ambientes serenos e orgânicos. Introduz 3 novas cores e o acabamento antiderrapante para espaços exteriores. Nas coleções com o efeito do mármore, Calacatta Classic apresenta veios ousados sobre fundo branco, enquanto Onix Gold reflete um mármore majestoso de tons
cálidos. Já a personalidade de Rainforest Green, com um fundo verde e veios exóticos, remete para as florestas tropicais. Em Neo Stone, a coleção Limestone reproduz os minerais da pedra calcária, French Stone apresenta tons naturais que dão requinte e caráter aos espaços, e Di Alba Stone reproduz os movimentos arrojados de tons e de efeitos da pedra natural da Albânia.
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• Organic Vibe, espaços de tons térreos enriquecidos com formas orgânicas; • Emotion Time, nuances de cor que criam espaços com diferentes temperamentos; • e Newstalgia Way, ambientes com linhas modernas e revivalistas. Mais informação em: https://www.revigres.pt/p/revestimentos-e-pavimentos-ceramicos-synchrony.
RainforestGreen NatureSoul
D i A l b a St o n e Ne w s t a l g i aWa y
OrganicVibe
SAINT-GOBAIN AS MARCAS ISOVER, PLACO® E WEBER TÊM UMA NOVA IDENTIDADE A Saint-Gobain Portugal S.A. acaba de apresentar novos logótipos para as marcas ISOVER, Placo® e Weber. Alinhados com os compromissos da Saint-Gobain Portugal S.A., sob o claim “Nova imagem, os mesmos valores”, a nova identidade reflete a inovação e modernidade inerente ao Grupo, reforçando os princípios das marcas. Através da nova identidade pretende-se que as marcas ISOVER, Placo® e Weber possam ser comunicadas de forma coerente e harmoniosa, através de uma imagem gráfica alinhada com a da insígnia. Foram mantidas as cores originais dos logótipos para manter o reconhecimento das marcas, tendo sido utilizados símbolos gráficos simples, modernos e geométricos. “Os novos logótipos apresentados agora ao mercado são uma extensão da imagem da Saint-Gobain e pretendem refletir o sentimento de pertença das marcas ao Grupo. A nova imagem realça ainda a nossa vontade de estarmos na vanguarda do setor, refletindo a nossa capacidade de ditar tendências”, sublinha Rita Bastos, Diretora de Marketing da Saint-Gobain Portugal - ISOVER, Placo® e Weber. Posicionando-se, uma vez mais, como empresa de referência no setor da construção, a Saint-Gobain Portugal S.A. pretende reafirmar o seu posicionamento no mercado português, no qual almeja continuar a posicionar-se num formato inovador e moderno.
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SANINDUSA Sanlife faz “Hat-trick” em Prémios Internacionais de Design “Red dot Award 2022” foi a mais recente distinção obtida pela Sanindusa na categoria de Product Design. O produto premiado foi a sanita suspensa Sanlife texturada que arrecadou assim o terceiro prémio internacional de design. Este é um dos mais prestigiados concursos a nível mundial que distingue a excelência do design há mais de 60 anos. Ostentar o selo Red Dot significa pertencer ao elenco dos melhores e traduz-se em prestígio e visibilidade a nível global. A sanita suspensa Sanlife, da autoria da designer Melissa Vilar, foi reconhecida pela sua inovadora textura agregada a uma estética apelativa. Exibe, em relevo, um padrão geométrico suave e ligeiramente aveludado. O contraste entre o acabamento branco mate e a superfície texturada acetinada permitem uma experiência sensorial fascinante. Uma sensação visual que eleva a criatividade e apela ao positivismo. Esta versão suspensa define-se ainda pela ausência do tradicional aro fechado que garante a descarga eficiente de água e a higienização perfeita do interior da sanita, características intrínsecas do sistema rimflush que a equipa. O resultado final é uma peça sóbria que irradia elegância e prazer ao toque. Este ano o júri da competição, composto por cerca de 50 peritos em diferentes áreas, analisaram cada produto individualmente. Apreciaram um número record de candidaturas, sendo examinadas em pormenor e avaliadas em termos da sua conceção, qualidade e grau de inovação. Ser premiado é testemunho da extraordinária excelência do produto. A Sanindusa marcará presença na cerimónia de entrega de prémios que decorrerá em Essen, na Alemanha, no dia 20 de junho. A empresa acrescentará esta distinção à sua montra prémios de design conquistados até ao momento. Este será o sexto galardão que eleva a singularidade do seu produto e diferenciação do seu design. Sanindusa eleva sanitário português em Milão A 8ª edição do Salone Internazionale del Bagno decorreu de 7 a 12 de junho em Milão e este ano contou com a presença da Sanindusa. Com um stand inspirado na obra renascentista do artista italiano Michelangelo o espaço foi dedicado à “criação artística e de design de produto” como referiu a designer do projeto, Melissa Vilar. Durante os 6 dias a empresa apresentou com dinamismo, inovação e qualidade de produto. Nos sanitários e
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Sanlife Reddot Award
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nas torneiras as novidades centraram-se em torno de novos acabamentos e novas cores que a marca aproveitou para testar a recetividade junto de um público cada vez mais exigente e altamente crítico. O evento foi ainda propício à criação de relações humanas e de negócios. No stand da empresa foram recebidos clientes – atuais e potenciais -, agentes e visitantes interessados em conhecer a criatividade da oferta Sanindusa, conforme ilustram as fotos (link) do evento. Lançada em 2003, esta feira, surgiu integrada no grande “Salone Internazionale del Mobile” e é atualmente uma referência no sector com as mais recentes tendências do banho em exposição. A Sanindusa pretendeu “levar o nome de Portugal mais longe” e “elevar o sanitário português ao mais alto nível” como sublinhou Eduardo Veiga, Administrador da empresa, no vídeo de reportagem do salão (link). As expetativas desta presença foram atingidas e superadas, ficando a promessa de participação na próxima edição do Salone Internazionale del Bagno.
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Membro de vários Acordos de Reconhecimento Mútuo Presente em 25 países
Acreditada pelo IPAC como organismo de certificação de produtos (incluindo Regulamento dos Produtos de Construção), serviços e sistemas de gestão
R. José Afonso, 9 E – 2810-237 Almada – Portugal — Tel. 351.212 586 940 – E-mail: mail@certif.pt – www.certif.pt
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Calendário de eventos
CERAMIC TECH DAYS Anual- Alcobaça (Portugal) De 06 a 07 Julho 2022
The New York Tabletop Show´2022 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – New York (EUA) De 18 a 21 de Outubro de 2022 41madison.com/
ISH’2023 (Cerâmica de Louça Sanitária) Bienal – Frankfurt (Alemanha) De 13 a 17 de Março de 2023 ish.messefrankfurt.com/frankfurt/en.html
MAISON & OBJET’2022 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Bianual - Paris (França) De 08 a 12 de Setembro de 2022 maison-objet.com
EQUIPHOTEL’2022 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Bienal – Paris (França) De 06 a 10 de Novembro de 2022 equiphotel.com
EXPOREVESTIR’2023 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – São Paulo (Brasil) De 14 a 17 de Março de 2023 exporevestir.com.br/
HOMI’2022 (Design/Tendências) Anual – Milão (Itália) De 16 a 19 de Setembro de 2022 homimilano.com/en/
LONDON BUID ‘2022 (Materiais de Construção) Anual – Londres (UK) De 16 a 17 de Novembro de 2022 londonbuildexpo.com
MOSBUILD 2023 (Materiais de Construção) Anual – Moscovo (Rússia) De 28 a 31 de Março de 2023 mosbuild.com
100% DESIGN’2022 (Design/Tendências) Anual – Londres (R.U.) De 21 a 24 de Setembro de 2022 100percentdesign.co.uk/
BIG 5 SHOW´2022 (Materiais de Construção) Anual – Dubai (EAU) De 5 a 8 de Dezembro de 2022 thebig5.ae/
The New York Tabletop Show´2023 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – New York (EUA) De 18 a 21 de Abril de 2023 41madison.com/
CERSAIE’2022 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Bolonha (Itália) De 26 a 30 de Setembro de 2022 cersaie.it
THE INTERNATIONAL SURFACE EVENT’2023 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Las Vegas (USA) De 31 de janeiro a 02 de Fevereiro de 2023 Intlsurfaceevent.com
BAU’2023 (Materiais de Construção) Anual – Munique (Alemanha) De 17 a 22 de Abril de 2023 bau-muenchen.com/en/
TECNARGILLA’2022 (Tecnologia Cerâmica) Anual – Rimini (Itália) De 27 a 30 de Setembro de 2022 en.tecnargilla.it/
AMBIENTE’2023 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Frankfurt (Alemanha) De 3 a 7 de Fevereiro de 2023 ambiente.messefrankfurt.com
COVERINGS’2023 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Orlando (USA) De 18 a 21 de Abril de 2023 coverings.com/
BATIMAT’2022 (Materiais de Construção) Bienal – Paris (França) De 03 a 06 de Outubro de 2022 batimat.com
MAISON & OBJET’2023 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Bianual - Paris (França) De 19 a 23 de Janeiro de 2023 maison-objet.com
TEKTONICA’2023 (Construção) Anual – Lisboa (Portugal) De 04 a 07 de Maio de 2023 tektonica.fil.pt/
IDEOBAIN’2022 (Louças Sanitárias) Bienal – Paris (França) De 03 a 06 de Outubro de 2022 ideobain.com
SURFACE DESIGN SHOW’2023 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Londres (R.U.) De 7 a 9 de Fevereiro de 2023 surfacedesignshow.com/
THE HOTEL SHOW’2023 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) AAnual – Dubai (EAU) De 23 a 25 de Maio de 2023 thehotelshow.com/
CONCRETA’2022 (Construção) Anual – Matosinhos (Portugal) De 13 a 16 de Outubro de 2022 concreta.exponor.pt/
CEVISAMA’2023 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Valência (Espanha) De 27 de Fevereiro a 3 de Março de 2023 cevisama.feriavalencia.com
NEOCON’ 2023 (Design/Tendências) Anual – Chicago (USA) De 12 a 14 de Junho de 2023 neocon.com//
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