9 Fora do Lugar 2020

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9 FORA DO LUGAR 2020 FESTIVAL INTERNACIONAL DE MÚSICAS ANTIGAS EARLY MUSICS INTERNATIONAL FESTIVAL IDANHA-A-NOVA UNESCO CIDADE CRIATIVA DA MÚSICA CREATIVE CITY OF MUSIC PORTUGAL


Conceito original Original concept Arte das Musas Direcção artística e de produção Managing artistic direction Filipe Faria Produção executiva Executive prodution Rita Santos Assistentes de produção Production assistants Daniel Carreiro Mário Alves Tiago Matias Design e paginação Design and layout Filipe Faria \Arte das Musas Festival Fora do Lugar www.foradolugar.pt www.facebook.com/foradolugar Um projecto A project by Arte das Musas Arte das Musas Morada Address Centro Empresarial de Idanha-a-Nova, 6060-182 Idanha-a-Nova - Portugal Tel.: +351 917936202 • Email: mail@artedasmusas.com Web: www.artedasmusas.com © Arte das Musas 2020


Abertura Opening Armindo Jacinto Abertura Opening Filipe Faria

7 9

Programa Programme

10

Teaser Território Territory Olha para mim que pode não ser verdada amanhã Educação Education Interruptor Corpo 1-4 Trigger Body Território Territory Experiência do Lugar 1 Experience of Place Música Music João Barradas Território Territory Experiência do Lugar 2 Experience of Place Música Music Khytar 12.6 Território Territory Experiência do Lugar 3 Experience of Place Educação Education Interruptor Som 1-4 Trigger Sound Território Territory Experiência do Lugar 4 Experience of Place Música Music Üryan Território Territory Experiência do Lugar 5 Experience of Place Música Music Kabeção Território Territory Experiência do Lugar 6 Experience of Place Educação Education Interruptor Terra 1-4 Trigger Earth/Soil/Land Território Territory Experiência do Lugar 7 Experience of Place Música Music O Bando de Surunyo Dias Secretos Secret Days A Escolha de Sofia Sofia's Choice No More Cities! O Parlamento de Josefina Josefina's Parliament Manuel Panão Jantar Pobre Pauper's Dinner Observar quem observa Watch who’s watching Webinar Crimes Ambientais Environmental Crimes Território Territory Experiência do Lugar 8 Experience of Place Música Music Galandum Galundaina Território Territory Experiência do Lugar 9 Experience of Place Posfácio Afterword Mapa Map

16 17 18 21 23 33 35 45 46 49 51 56 57 62 63 68 69 80 81 82 85 86 87 94 96 83 89 97 98 103


Um projecto A project

Apoios Supporters

Media partners

Em parceria In partnership

Rede internacional International network

Prémio Award

Rede Network


Ao longo do catálogo é possível encontrar QR codes com links directos para os conteúdos específicos em vídeo. Throughout the catalogue you can find QR codes with direct links to specific video content.


ARMINDO JACINTO Presidente do Município de Idanha-a-Nova Mayor of the Municipality of Idanha-a-Nova UNESCO Creative City of Music

Abertura Opening

Encerramento Closing

8


Um território que se reinventa e persiste Em 2020, o Fora do Lugar – Festival Internacional de Músicas Antigas vê-se obrigado a inaugurar novos espaços de diálogo com o território de Idanha-a-Nova e com o público que, fielmente, acompanha um dos projetos culturais mais inovadores do país. Num ano tão atípico, a 9ª edição do Fora do Lugar também se preparou para responder à incerteza dos tempos. O programa de 2020 combina assim uma oferta presencial e online, mas a proposta é a de sempre: afirmar o meio rural como espaço criador e aberto ao mundo, habitar os lugares mais admiráveis de Idanha-a-Nova – Cidade Criativa da Música da UNESCO com música, passeios, histórias, oficinas, cinema e gastronomia. Ao longo dos anos, a ligação entre a dimensão global da música e a experiência peculiar do lugar tornou o Fora do Lugar especial, ousado e inovador. Este ano voltaremos a revelar um território que se reinventa e persiste em trilhar um caminho feito de legados, mas de rosto voltado para o futuro. Resultado da parceria entre a Arte das Musas e o Município de Idanha-a-Nova, e com o apoio do Ministério da Cultura e da Direcção-Geral das Artes, o Fora do Lugar 2020 redesenhou as suas paisagens, os afectos e proximidades, mas mantém o seu olhar singular sobre a música e o mundo.

A territory that reinvents itself and lives on In 2020, the Fora do Lugar – International Festival of Early Music has been forced to open new spaces to inspire dialogue with the territory of Idanha-a-Nova and with the public that has faithfully followed one of the most innovative cultural projects in the country. In such an atypical year, the 9th edition of Fora do Lugar has also been prepared to respond to the uncertain times facing us all. While the 2020 programme combines face-to-face events with a component offered online, the proposal is the same as always: to establish the rural world as a creative space that is open to all, and to fill the most remarkable spaces in Idanha-a-Nova – UNESCO’s Creative City of Music – with music, tours, stories, workshops, cinema and gastronomy. Over the years, the connection between the global dimension of music and the particular experience of our territory has turned Fora do Lugar into the special, bold and innovative event it is today. This year we will once again showcase a territory that perpetually reinvents itself and lives on, following a path built on legacies past but with our eyes set on the future. The result of a partnership between Arte das Musas and the Municipality of Idanha-a-Nova, and with the support of the Ministry of Culture and the Directorate-General for the Arts, Fora do Lugar 2020 has redesigned landscapes, affection and kinship with the same unique perspective of music and the world as always.

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FILIPE FARIA Director Fora do Lugar + Arte das Musas

Hoje pode não ser verdade amanhã Os dias que vivemos são dias estranhos, impossíveis de prever. O que é verdade hoje pode não ser verdade amanhã. Se é tão importante voltarmos ao normal - ou a um novo normal – é, igualmente, importante que o façamos em segurança. Foi sobre estas premissas que desenhámos a 9ª edição do Fora do Lugar – Festival Internacional de Músicas Antigas 2020 – uma edição atípica para tempos atípicos, com apoio numa rede de parcerias que promove, há muitos anos, um trabalho de desenvolvimento territorial no “lugar mais bonito do mundo”, Idanha-a-Nova – Cidade Criativa da Música da UNESCO. Este trabalho é mais extenso, chega ao tecido artístico e procura promover - a partir de um território rural, interior e raiano –, uma visão da cultura ligada, de modo umbilical, à experiência do território. A programação é, hoje em dia, uma aventura delicada. O que é verdade hoje pode não ser amanhã... são tantas as variáveis e estas mudam com tanta rapidez e frequência que trabalhamos sobre uma rede que teima em desviar-se. Foram muitos os cenários tentando prever todas as eventualidades e o seu efeito no nosso Festival e no seu papel charneira de desenvolvimento territorial na região de Idanha-a-Nova. Apesar de pequenos, quisemos assumir um exemplo de regresso à normalidade – ou a um novo normal ainda em construção –, contribuindo para que o tecido cultural e artístico recupere do tsunami que brutalmente o afectou. Redesenhámos integralmente a programação 2020 e recebemos, agora, músicos portugueses (ou residentes em Portugal) para mais uma programação tão irreverente como surpreendente... Esperamos ter dado passos no melhor sentido. Tendo em conta os dias que vivemos e a evolução da situação sanitária no país e no mundo a parceria Fora do Lugar – Arte das Musas, Município de Idanha-a-Nova e Ministério da Cultura/Direcção-Geral das Artes – decidiu converter 2020 numa edição híbrida, com parte da oferta “em casa” 10


(online) e parte “no lugar” (presencial). São múltiplas as razões (calendário, meteorologia, demografia, lugar, cruzamento, públicos...) que levaram a esta decisão... Para o território e para a parceria, apesar do enorme trabalho e esforço de adaptação que as circunstâncias implicam, ficamos felizes que tenha sido possível manter, integralmente, embora adaptado, este projecto charneira e que seja possível fazer acontecer novamente – a partir do mundo rural – uma proposta com esta assinatura, num território UNESCO. É tão bom voltar a estar Fora do Lugar, a partir do lugar mais bonito do mundo! Today may not be true tomorrow We live in strange and unpredictable times. What is true today may not be true tomorrow. While it is important we go back to normality – or at least to what some have suggested is the “new” normal – it is equally important that we do so safely. We have designed the 9th edition of Fora do Lugar – International Festival of Early Musics 2020 with this in mind: an atypical edition of our festival for atypical times, with the support of the same partner network that, for several years now, has promoted the territorial development of the “most beautiful place in the world”, Idanha-a-Nova – UNESCO’s Creative City of Music. The work resulting from this mission is extensive, conditions our country's artistic fabric and promotes a vision of culture with an umbilical connection to the experience of our interior, rural and border territory. Programming in today’s world is a delicate task. What is true today may not be true tomorrow. With so many variables changing so often and so quickly, working in a shifting and unpredictable environment, we tried to foresee and weigh up many different scenarios and assess how they could affect our festival and its pivotal role in the territorial development of the region of Idanha-a-Nova. Above all, we sought to offer a small but real example of a return to normality – or at least to the “new” normal currently under construction – so as to contribute to the recovery of a cultural and artistic community that has been brutally affected by this tsunami of disruption. We completely redesigned the 2020 festival to exclusively host musicians from Portugal (or musicians residing here) for a programme that is as irreverent as it is surprising. We hope we have taken steps in the best possible direction. Taking into account the current health situation in the country and the world, the Fora do Lugar partnership, made up of Arte das Musas, the Municipal Council of Idanha-a-Nova, and the Ministry of Culture/ Directorate-General of Arts, has decided to make 2020 a hybrid festival with part of our events offered “at home” (online) and another part “in person”. Multiple factors relating to dates, weather, demographics, place, exchanges and audiences have led to this decision. For the region and the partnership, despite the enormous amount of work involved in adapting to the circumstances, we are delighted to be able to offer another complete edition of this pivotal festival from the rural heart of our UNESCO world heritage territory. It is so good to be Fora do Lugar (out of place) again – here in the most beautiful place in the world! 11


No lugar PRESENCIAL

FIM-DE-SEMANA BACH FORA DE PÉ

FIM-DE-SE

Em casa ONLINE

SEXTA-FEIRA

SÁBADO

SEXTA-FEIRA

SÁBADO

20 NOVEMBRO

21 NOVEMBRO

27 NOVEMBRO

28 NOVEMBRO

9.00

9.00

9.30

9.30

1O.OO 1O.3O

PROG. EDUCATIVO

CORPO

1O.OO

Interruptor Corpo #1

Inscrição obrigatória FAMÍLIAS

11.OO 11.3O 12.OO

PROG. EDUCATIVO

ESCOLAS

ENCONTRO COM O PÚBLICO

Khytar 12.6

CORPO

PORTUGAL

Interruptor Corpo #2

Em casa ONLINE FAMÍLIAS

ESCOLAS

LUGARES LIMITADOS

12.3O

1O.3O

9.00

PROG. EDUCATIVO

1O.OO

Interruptor Som #1

Inscrição obrigatória FAMÍLIAS

11.OO 11.3O 12.OO

9.30

MÚSICA

PROG. EDUCATIVO

ESCOLAS

MÚSICA CORPO

Interruptor Som #2 ESCOLAS

12.3O 13.OO

13.3O

13.3O

11.OO

ENCONTRO COM O PÚBLICO

11.3O

Em casa ONLINE

LUGARES LIMITADOS

INTERACTIVO

1O.3O

Üryan TURQUIA PORTUGAL Kabeção PORTUGAL

FAMÍLIAS

13.OO

ENCONTRO COM O PÚBLICO

12.OO 12.3O 13.OO

INTERACTIVO

14.OO 14.3O

PROG. EDUCATIVO

CORPO

14.OO

Interruptor Corpo #3

14.3O FAMÍLIAS

15.OO 15.3O 16.OO

PROG. EDUCATIVO

15.3O

Interruptor Corpo #4

16.OO

17.OO

17.OO

17.3O

19.OO

ESCOLAS

15.OO

MÚSICA CORPO

15.3O

Interruptor Som #4

Inscrição obrigatória FAMÍLIAS

16.3O

18.3O

14.3O

PROG. EDUCATIVO

ESCOLAS

16.3O

18.OO

14.OO

FAMÍLIAS

15.OO

13.3O

MÚSICA CORPO

Interruptor Som #3

ESCOLAS

CORPO

FAMÍLIAS

PROG. EDUCATIVO

ESCOLAS

WEBINAR Crimes

Ambientais SPEA

17.3O

Inscrição obrigatória

Em casa ONLINE

LUGARES LIMITADOS

18.OO

ENCONTRO COM O PÚBLICO

18.3O

João Barradas PORTUGAL

NATUREZA

INTERACTIVO

16.OO 16.3O 17.OO 17.3O 18.OO 18.3O

19.OO

19.OO

19.3O

19.3O

2O.OO

2O.OO

2O.3O

2O.3O

2O.3O

21.OO

21.OO

21.OO

19.3O

Em casa ONLINE

LUGARES LIMITADOS

2O.OO INTERACTIVO

21.3O

CONCERTO

CONCERTO

21.3O

CONCERTO

CONCERTO

21.3O

CON

João Barradas

Khytar 12.6

Üryan

Kabeção

O

Em casa ONLINE

Em casa ONLINE

Em casa ONLINE

Em casa ONLINE

Em

PORTUGAL

WEBSITE + REDES SOCIAIS

PORTUGAL

WEBSITE + REDES SOCIAIS

TURQUIA PORTUGAL

WEBSITE + REDES SOCIAIS

PORTUGAL

WEBSITE + REDES SOCIAIS

PO

W


FIM-DE-SEMANA FORA DO LUGAR, NO LUGAR INSCRIÇÕES LIMITADAS

SEXTA-FEIRA

SÁBADO

SEXTA-FEIRA

SÁBADO

DOMINGO

27 NOVEMBRO

28 NOVEMBRO

4 DEZEMBRO

5 DEZEMBRO

6 DEZEMBRO Inscrição obrigatória

9.00

PROG. EDUCATIVO

9.30

MÚSICA

1O.OO

Interruptor Som #1

Inscrição obrigatória FAMÍLIAS

PROG. EDUCATIVO

ESCOLAS

MÚSICA CORPO

Interruptor Som #2

ENCONTRO COM O PÚBLICO

ESCOLAS

11.OO

ENCONTRO COM O PÚBLICO

11.3O

Em casa ONLINE

LUGARES LIMITADOS

PROG. EDUCATIVO

MÚSICA NATUREZA

Interruptor Terra #1

12.OO

Inscrição obrigatória ENCONTRO COM O PÚBLICO

FAMÍLIAS

Üryan TURQUIA PORTUGAL Kabeção PORTUGAL

FAMÍLIAS

1O.3O

NATUREZA

ESCOLAS

O Bando do S. PORTUGAL ENCONTRO COM O PÚBLICO

PROG. EDUCATIVO

MÚSICA NATUREZA

Interruptor Terra #2

Galandum G. PORTUGAL

ESCOLAS

LUGARES LIMITADOS

12.3O INTERACTIVO

13.OO

MÚSICA CORPO

14.OO

Interruptor Som #3

14.3O FAMÍLIAS

PROG. EDUCATIVO

PROG. EDUCATIVO

15.3O

Interruptor Som #4

Inscrição obrigatória ESCOLAS

MÚSICA NATUREZA

NATUREZA

WEBINAR Crimes

Ambientais SPEA Em casa ONLINE

LUGARES LIMITADOS

INTERACTIVO

16.OO

VISITAS CONCERTOS

Interruptor Terra #3

PROG. EDUCATIVO

ESCOLAS

MÚSICA NATUREZA

EXPERIÊNCIAS

Dia Cheio [Programa Secreto]

14.OO 14.3O 15.OO

16.3O 17.OO

17.3O

17.3O

18.OO

18.OO

18.3O

18.3O

19.OO

19.OO

21.3O

19.3O

Inscrição obrigatória

2O.OO

EXPOSIÇÃO FILME

MÚSICA

Noite Cheia [Programa Secreto] CONCERTO

[Lugar Secreto]

INSCRIÇÕES LIMITADAS

CONCERTO

Kabeção

O Bando de Surunyo

Galandum Galundaina

Em casa ONLINE

Em casa ONLINE

Em casa ONLINE

Em casa ONLINE

WEBSITE + REDES SOCIAIS

13.3O

ESCOLAS

Üryan

WEBSITE + REDES SOCIAIS

12.3O

17.OO

21.OO

PORTUGAL

SÃO PEDRO DE INSCRIÇÕES LIMITADAS VIR-A-CORÇA

16.OO FAMÍLIAS

2O.3O

TURQUIA PORTUGAL

12.OO

Monsanto [Lugar Secreto]

16.3O

2O.OO

CONCERTO

11.OO

15.3O

Interruptor Terra #4

19.3O

CONCERTO

1O.3O

GASTRONOMIA FAMÍLIAS

MÚSICA CORPO

FAMÍLIAS

Inscrição obrigatória

ESCOLAS

15.OO

1O.OO

13.OO

INTERACTIVO

PROG. EDUCATIVO

9.30

11.3O

Em casa ONLINE FAMÍLIAS

13.3O

2ª Caminhada Caminhada de anual observação de observação de aves de aves em Monsanto com a SPEA vcom a SPEAPortuguesa \Sociedade \Sociedade para o Estudo Portuguesa paraAves das o Estudo das Aves

9.00

PORTUGAL

WEBSITE + REDES SOCIAIS

[Lugar Secreto]

INSCRIÇÕES LIMITADAS

PORTUGAL

WEBSITE + REDES SOCIAIS

2O.3O 21.OO 21.3O



PROGRAMA PROGRAMME


TEASER


TERRITÓRIO TERRITORY

Realizador Director Filipe Faria Consultor Consultant Paulo Longo Com With Idalina Gameiro Isabel Milheiro Baltazar Molina Filmado em Filmed in Idanha-a-Velha Penha Garcia Monsanto S. Pedro de Vir-a-Corça Idanha-a-Nova Barragem M. Carmona Capela do CNAE/Monte Trigo Assistente de Produção Production Assistant Daniel Carreiro Duração Lenght 37'45"

FILME FILM No domingo, 21 de Junho de 2020, primeiro dia de Verão, às 19h41m19s, visitámos o "lugar mais bonito do mundo", Idanha-a-Nova, através da lente fora do lugar de Filipe Faria. 25 Cidades Criativas da Música da UNESCO, de todo o mundo, juntaram-se para uma Fête de la Musique especial, comemorativa do Solstício de Verão. Esta foi a primeira vez que abrimos a porta Fora do Lugar, Fora de Tempo deste ano atípico e levámos connosco o filme de Filipe Faria Olha para mim, que pode não ser verdade amanhã. On Sunday 21 June 2020, the first day of summer, at 19h41m19s, we visited the "most beautiful place in the world", Idanha-a-Nova, through the "out of place" lens of Filipe Faria. 25 UNESCO Creative Cities of Music, all around the world, came together for a special Fête de la Musique, commemorating the summer solstice. This was the first time we opened the doors of the Fora do Lugar, Fora do Tempo (Out of Place, Out of Time) in this atypical year and we took with us Filipe Faria's film "Look at me, it might not be true tomorrow". 17


PROGRAMA EDUCATIVO EDUCATIONAL PROGRAMME

Conceito Original Original Concept Filipe Faria Criação e Performance Creation and Performance Carla Albuquerque Coreógrafa e professora Choreographer and teacher Destinatários Target Famílias e Escolas Families and Schools

Interruptor Corpo 1 Trigger Body 1 18.11.2020 10h00 Interruptor Corpo 2 Trigger Body 2 18.11.2020 12h00 Interruptor Corpo 3 Trigger Body 3 19.11.2020 10h00 Interruptor Corpo 4 Trigger Body 4 19.11.2020 12h00

INTERRUPTOR CORPO TRIGGER BODY O desafio é simples... ligar o interruptor! São três as propostas do Programa Educativo Fora do Lugar nas áreas do corpo, música e território... cada uma com quatro interruptores diferentes... São 12 os interruptores Fora do Lugar! Cada interruptor carrega um desafio e o nosso desafio é que liguem o interruptor... O desafio é que as crianças, as famílias e as escolas encontrem, nestas propostas, a vontade e a urgência de ligar o interruptor criativo e que nos façam chegar o resultado dessa energia... Pequenos vídeos “caseiros”, com enquadramentos semelhantes e respostas inspiradas nos nossos interruptores... Sobre a mesma música, sobre outra música, com a mesma iluminação, com outra, com os mesmos recursos minimais e criativos... Os melhores vídeos serão publicados no website oficial do Fora do Lugar sob a designação... “Interruptor Ligado!” Vamos levar a energia Fora do Lugar a todo o mundo! The challenge is simple... flick the trigger! The Fora do Lugar Education Programme has three proposals on the topics of the body, music and

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the territory... each with four different triggers... There are 12 Fora do Lugar triggers! Each trigger contains a challenge and our challenge is for you to flick the trigger... The challenge is for children, families and schools to find, in these proposals, the enthusiasm and urgency to flick the creative trigger and send us the result of this energy... Short "homemade" videos, with similar contexts and responses inspired by our triggers... Over the same music, over another piece of music, with the same lighting, with different lighting, with the same minimal creative resources... The best videos will be published on the official Fora do Lugar website under the name... "Trigger Flicked!" We will spread the Fora do Lugar energy all around the world! Carla Albuquerque estuda dança clássica desde os sete anos. Teve formação clássica com os professores Michèle Destréez, Patrick Hurde, Ruth Silk e Mark de Graef . Mais tarde, estudou dança moderna, jazz, sapateado e dança contemporânea. Fez vários cursos de formação complementar em dança, como o Estágio Internacional de Dança de Lisboa, 14º Estágio da professora Barbara Fewster em Inglaterra, no Stage-Danse Monpellier, Master’s Class em França, entre outros. Em 2002 concluiu a sua Licenciatura em Dança – Ramo de Educação, na Escola Superior de Dança. Desde então deu aulas de Dança Clássica, Dança Criativa e Música e Movimento para bebés em várias escolas, tendo desempenhado o cargo de Directora Pedagógica na Academia de Dança de Lisboa, entre 2003 e 2005. Participou em vários cursos e seminários dedicados ao ensino da dança em idade pré-escolar e escolar entre os quais o Estágio Pedagógico dirigido pelo professor Alain Davesne presidente da Association Française des Maîtres de Dance Classique, Movimento Improvisação e Ritmo do professor Edwin Gordon e A Dança no Ensino Obrigatório, orientado pelo professor Maurizio Padovan, entre outros. Desde 2005 que colabora com a Companhia de Dança de Almada, tendo coreografado, interpretado e coproduzido em parceria com M. J. Mirco e M. J. Bernardino os bailados “O Sonho da Princesa Clarice”, “A Floresta” e “A Cidade que era Cinzenta”. Desde 2005 é professora e coordenadora da Escola de Dança da Companhia de Dança de Almada, desenvolvendo um trabalho de apoio a jovens criadores e incentivando os alunos a explorar e a desenvolver as dimensões criativa e estética, que considera tão importantes como a aprendizagem técnica. Carla Albuquerque studied classical dance from the age of seven, receiving classical training from Michèle Destréez, Patrick Hurde, Ruth Silk, and Mark

\

Teaser Interruptor Corpo 1-4 Trigger Body 1-4

Interruptor Corpo 1 Trigger Body 1 Música Music Noa Noa Virgem da Consolação (Trad. Idanha-a-Nova)

Interruptor Corpo 2 Trigger Body 2 Música Music Noa Noa Senhora do Almurtão (Trad. Idanha-a-Nova) 19


Interruptor Corpo 3 Trigger Body 3 Música Music Noa Noa Esta montaña d’enfrente (Sefarad)

Interruptor Corpo 4 Trigger Body 4 Música Music Noa Noa Por riba se ceifa o pão (Trad. Idanha-a-Nova)

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de Graef . She went on to study modern dance, jazz, tap, and contemporary dance. She has undertaken various complementary training courses in dance, including the Estágio Internacional de Dança de Lisboa and the 14th Barbara Fewster Internship in England, the Stage-Danse Montpellier, Master Class in France, and others. In 2002, she graduated in Dance (Education Branch) from the Escola Superior de Dança. Since then she has taught Classical and Creative Dance and Music and Movement for babies in several schools, having held the post of Director of Education at the Academia de Dança de Lisboa between 2003-2005. She has participated in several courses and seminars dedicated to school and pre-school dance education, including the Pedagogic Internship headed by Professor Alain Davesne, president of the Association Française des Maîtres de Dance Classique, Movement Improvisation and Rhythm with Edwin Gordon, and Dance in Compulsory Education, supervised by Maurizio Padovan, among others. She has worked with the Companhia de Dança de Almada since 2005, choreographing, performing, and co-producing the ballets “O Sonho da Princesa Clarice”, “A Floresta”, and “A Cidade que era Cinzenta” in partnership with M. J. Mirco and M. J. Bernardino. Since 2005, she has been a teacher and co-ordinator at the Companhia de Dança de Almada Dance School, supporting young creators and encouraging students to explore and develop creative and aesthetic dimensions, which she considers to be of equal importance to technical training.


TERRITÓRIO TERRITORY

20.11.2020 Experiência do Lugar 1 Experience of Place Filmado em Filmed in Monsanto Realizado por Directed by Filipe Faria

A linha com que cosemos os dias… Estar fora do lugar é fazer parte de um mundo no qual a experiência do lugar – dos seus espaços e hábitos, da paisagem, dos sons e dos cheiros, da temperatura e da humidade, das pessoas com que nos cruzamos, do paladar, do esforço físico ou da sua ausência, da descoberta, da surpresa passiva ou activa –, no lugar mais bonito do mundo, Idanha, é o fio condutor, o fio com que cosemos os dias e que liga os nossos desafios, propostas e provocações. Os dias que vivemos são de outros desafios. Como ligar, como coser os dias? Esta é uma ideia... uma narrativa do lugar... que se pode seguir como uma cronologia, olhando para o relógio ou esquecendo-o... The thread with which we sew our days... Being fora do lugar (out of place) means being part of a world in which the experience of a place – its spaces and customs, the landscape, the sounds and smells, the temperature and humidity, the people we meet, the flavours, physical effort or its absence, discovery, passive or active surprise – the most beautiful place in the world, Idanha, is the common thread, the thread with which we sew our days and which binds together our challenges, proposals and provocations.... The days we are experiencing now present another kind of challenge... How can we flick on, how can we sew these days? Here’s an idea... 21



PROGRAMA PRINCIPAL MAIN PROGRAMME

JOÃO BARRADAS Fim-de-semana Bach Fora de Pé 1 Bach Out of Depth Weekend 1

Barradas já é uma estrela. Determinado a reescrever as regras que definem o que o acordeão pode ou não fazer, movimenta-se sem esforço pelos mundos do jazz, música clássica, folk e improvisação. Barradas is something of a superstar already. Determined to rewrite the rules about what an accordion can do, he moves with effortless style between the worlds of jazz, classical, folk and improv. Barbican Centre Londres London


MÚSICA MUSIC


CONCERTO CONCERT

Bach Solo João Barradas Acordeão Accordion

Teaser 17.11.2020 Encontro Meeting 20.11.2020, 18h00 Concerto Concert 20.11.2020, 21h30 Entrevista Interview 22.11.2020, 11h00

João Barradas é um dos mais conceituados e reconhecidos acordeonistas europeus, movendo-se, simultaneamente, entre a música Clássica, o Jazz e a música improvisada. Venceu alguns dos mais prestigiados concursos internacionais, dos quais se destacam, entre outros, o Troféu Mundial de Acordeão (CMA), que vence por duas vezes, o Coupe Mondale de Acordeão (CIA), o Concurso Internacional de Castelfidardo e o Okud Istra International Competition. Barradas tem-se apresentado nas seguintes salas: Het Concertgebouw Amsterdam, Wiener Konzerthaus, Elbphilarmonie Hamburg, Kolner Philarmonie, Philarmonie Luxembourg, Fundação Calouste Gulbenkian Lisboa, Casa da Música Porto, Philarmonie Paris, Konzerthaus Dortmund, L'Auditori Barcelona, Konserthuset Stockholm, Mupa Budapest, Sage Gasteshead, Festival d'Aix en Provence, La Monnaie, Stuttgart Opera House, Centro Cultural de Belém, Tribeca Performing Arts Center New York. Enquanto intérprete teve a seu cargo dezenas de estreias mundiais para acordeão solo escritas para ele por alguns dos mais destacados compositores europeus, como Yann Robin, Tuomas Turriago, Nuno da Rocha, Dimitris Andrikopoulos ou Jarmo Sermila. Em 2016 grava, com a editora nova iorquina Inner Circle Music, o seu primeiro álbum enquanto líder. “Directions” conta com a produção de Greg Osby e foi considerado um dos melhores álbuns do ano pela revista Downbeat, aparecendo na sua prestigiada lista "Best Albums of The Year". Ao mesmo tempo, começa a ser mencionado por alguns dos maiores nomes do Jazz Americano, como Joe Lovano, Nicholas Payton, Randy Brecker, Lenny White ou Walter Smith III. João Barradas tem colaborado com diversos músicos de renome, nomeadamente com Greg Osby, Mark Turner, Aka Moon, Mike Stern, Gil Goldstein, Fabrizio Cassol, Mark Colenburg, Jacob Sacks, Miles Okasaki, Rufus Reid, Jerome Jennings, Stephanne Galland, Michel Hatzigeorgiou, entre muitos outros. Foi nomeado ECHO Rising Star pela European Concert Hall Organization para a temporada 2019/2020. Nessa mesma temporada a prestigiada BBC Music Magazine nomeou João Barradas como um dos seus Rising Stars. João Barradas is one of the most renowned and widely known European accordionists, equally at home with classical, jazz and improvised music. He has won some of the most prestigious international contests, including 25


Teaser

Entrevista Interview

Encontro Meeting

the World Accordion Trophy (CMA), which he has won twice, the Coupe Mondiale of Accordion (CIA), the International Castelfidardo Contest and the Okud Istra International Competition. Barradas has played at the Royal Concertgebouw in Amsterdam, Wiener Konzerthaus, Elbphilarmonie Hamburg, Kölner Philarmonie, Philarmonie Luxembourg, Calouste Gulbenkian Foundation Lisbon, Casa da Música Porto, Philarmonie Paris, Konzerthaus Dortmund, L'Auditori Barcelona, Konserthuset Stockholm, Mupa Budapest, Sage Gateshead, Festival d'Aix en Provence, Bozar Brussels, Festspielhaus Baden-Baden, La Monnaie, Stuttgart Opera House, Sadler's Wells Theatre London, Onassis Cultural Center Athens, L'Arsenal Metz, Sava Center Belgrade, Centro Cultural de Belém and the Tribeca Performing Arts Center in New York. He has premiered dozens of pieces written for him over the years. The composers who have dedicated works to him include Yann Robin, Tuomas Turriago, Nuno da Rocha, Dimitris Andrikopoulos and Jarmo Sermilä. Barradas is one of the most active musicians in jazz accordion nowadays. “Directions,” his first album under the New York label Inner Circle Music, was praised highly by critics all over the world and was named as one of DownBeat magazine’s Best Albums Of The Year. At the same time, he started garnering attention from some of the top names in American Jazz, such as Joe Lovano, Nicholas Payton, Randy Brecker, Lenny White or Walter Smith III. He played at the top national and international jazz festivals and venues. As an outstanding improviser, he has collaborated with a number of renowned musicians, among them Greg Osby, Mark Turner, Aka Moon, Mike Stern, Gil Goldstein, Fabrizio Cassol, Mark Colenburg, Jacob Sacks, Miles Okasaki, Rufus Reid, Jerome Jennings, Stephanne Galland, Michel Hatzigeorgiou and many others. BBC Music magazine nominated Barradas as one of this year's rising stars. Barradas was nominated ECHO Rising Star 2019/2020 by the European Concert Hall Organisation. NOTAS Suite Inglesa n.o 3 em Sol menor, BWV 808 – Considera-se que as Suites Inglesas tenham sido o primeiro de três conjuntos de suites para instrumentos de tecla compostos por Bach (a que se acrescentariam mais tarde as Suites Francesas e as Partitas), e que terão sido compostas enquanto foi organista em Weimar, por volta de 1713 ou 1714. O manuscrito autógrafo não chegou aos nossos dias, e a referência a Inglaterra no título (que não veio do compositor) poderá estar associada a Johann Nikolaus Forkel que, na sua biografia do compositor (de 1802), menciona um suposto

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dedicatário inglês. No entanto, é a influência da suite francesa para teclas que prevalece neste conjunto composto por Bach. Nas Suites Inglesas, o compositor segue a estrutura comum das suites de dança, adoptando um modelo que remonta ao início do séc. XVII, e que consiste numa sequência de danças contrastantes. Ao tempo de Bach, as suites já não se destinavam a serem dançadas, mas apenas a serem tocadas. No entanto, os andamentos individuais, apesar da complexidade de escrita que os caracteriza, mantiveram vários traços das danças que lhes tinham dado origem, nomeadamente a nível de padrões rítmicos. A Suite n.o 3, em Sol menor, abre com um Prélude claramente influenciado pelo concerto grosso barroco. Bach alterna secções de texturas mais densas, formadas por acordes e escrita polifónica, com secções de texturas mais leves, em que reduz a incidência da polifonia e adopta um estilo quase violinístico na parte da mão direita. Desta forma consegue representar, em um único instrumento, os correspondentes contrastes de texturas do concerto grosso orquestral da época, em que se contrapunha o tutti orquestral a um ou vários solistas. A Allemande demonstra o cariz sóbrio normalmente associado a esta designação, através da fluidez das linhas melódicas, dialogando num jogo de imitação e resposta que enfatiza essa graciosidade discreta. A Courante evidencia idêntico cuidado contrapontístico, mas adicionando. -lhe ambiguidades rítmicas que destacam o seu carácter dançante. Expressiva e intensa, a Sarabande chegou até nós numa versão de partitura extremamente completa, já que inclui os agréments, ou seja, a ornamentação a adicionar à versão de base. A prática da ornamentação era uma premissa normalmente associada às competências dos músicos da época. Descrita em tratados, que eventualmente incluíam exemplos e instruções, não era normalmente registada em partituras publicadas. Logo, a inclusão dos agréments, acreditando que tenham sido da autoria de Bach, constitui uma rara oportunidade de vislumbrar a arte deste reputado improvisador e intérprete, e de perceber como levaria a cabo a ornamentação da sua própria música. A intensidade da Sarabande é seguida pela leveza e elegância de duas Gavottes, tocadas em alternância (Gavotte I —Gavotte II (ou musette) — Gavotte I), em que o carácter de dança é reforçado pela utilização de notas pedal em ambas. A Suite termina com uma Gigue que, como grande parte das gigas compostas por Bach, se aproxima do cariz de dança

Concerto Concert

Programa Programme Bach Solo Sonata in B minor, K.87 D. Scarlatti (1685-1757) arr. João Barradas English Suite No. 3 in G minor, BWV 808 J. S. Bach (1685-1750) arr. João Barradas Passacaglia and Fugue in C minor, BWV 582 J. S. Bach (1685-1750) arr. João Barradas

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pela vivacidade e pela virtuosidade, mas simultaneamente contradiz essa ligação pela complexidade que demonstra, assumindo, em certas passagens, características idênticas às fugas para tecla compostas por Bach. Helena Marinho [Casa da Música, 2020] A Passacaglia e Fuga em Dó menor, BWV 582, é uma das obras para órgão mais conhecidas de Bach, o que levou à sua adaptação para outros contextos, incluindo transcrições orquestrais. Trata-se de uma composição que faz extenso uso dos recursos do órgão, nomeadamente da pedaleira, que é empregue logo no início para expor o tema da passacaglia. Este termo, de origem espanhola (passacalle), regista as suas primeiras utilizações no início do séc. XVII e remete para uma prática de improvisação ou composição sobre uma sequência de acordes (o estilo mais antigo associado à palavra), ou sobre uma melodia de tessitura grave. Esse material vai sendo repetido, e a cada repetição variam os conteúdos improvisados ou compostos que lhe são associados. Ou seja, a partir de um material de base relativamente simples — a melodia grave que inicia a passacaglia de Bach tem 8 compassos e toca-se em aproximadamente 30 segundos apenas — abrem-se possibilidades de criação praticamente ilimitadas, sob a forma de variações sobre essa linha de baixo. No caso desta obra de Bach, para além da exposição inicial do tema, existem 20 variações acompanhadas por esse baixo ostinato — predominantemente na sua forma original, mas por vezes também sujeito a variantes ou transferências para outras tessituras. A esse nível, esta Passacaglia assume-se como uma antologia de práticas de cariz improvisatório, claramente focada na demonstração da virtuosidade tanto do compositor como do intérprete, e que tem levantado várias hipóteses de análise, tanto de carácter simbólico como explorando a numerologia implícita nas combinações musicais. A Fuga segue sem interrupção, baseada em excertos do tema da Passacaglia. Trata-se de uma fuga dupla, ou seja, um modelo de fuga baseado em dois temas principais, em vez do formato mais comum, que se baseia em apenas um tema. Estes temas são apresentados em simultâneo logo no início e, a estes, junta-se outro tema com funções de acompanhamento, um contra-sujeito. Este facto aumenta o nível de complexidade na articulação entre vozes, já que obriga a que estas sejam planeadas e construídas de forma a poderem ser combinadas de formas diversas, sem que ocorram dissonâncias desagradáveis ou 28

Ficha Técnica Datasheet João Barradas Bach Solo Filmado em Filmed in Idanha-a-Velha, Antiga Sé Realizado por Directed by Filipe Faria Câmaras Cameras Filipe Faria Rita Santos Mário Alves Som Sound Filipe Faria Assistente de Produção Production Assistant Daniel Carreiro Voz Voice Idalina Gameiro


transgressões às regras do contraponto musical. A sofisticação deste processo de composição, nem sempre aparente através da simples audição, é extrema, e uma das razões pelas quais Bach é reconhecido como um expoente máximo da técnica contrapontística. Helena Marinho [Casa da Música, 2020] O musicólogo Willi Apel, em 1946, descrevia como o equivalente musical de uma tradução literária a adaptação de uma obra para instrumentos que não aqueles para os quais tenha sido originalmente composta. Normalmente designada de arranjo, esta prática tem uma longa história, mas nunca esteve totalmente isenta de discussão. No contexto da música erudita ocidental, a associação de determinados repertórios a instrumentos específicos estabeleceu-se de forma gradual sobretudo a partir do período barroco. Este facto levou a que esta associação se tornasse uma marca distintiva e exclusiva, ou seja, a instrumentação passou a ser vista como um componente da própria identidade da obra musical. Outro termo associado a estas adaptações entre diferentes recursos instrumentais é o de transcrição, técnica em que se presumia uma maior proximidade em relação à versão original, embora a distinção entre os dois termos nem sempre assuma recortes claros. Contrastando com outros contextos de performance musical, na música erudita a prática da transcrição (ou até do arranjo), embora reconhecida e admitida, nem sempre tem sido bem vista ou aceite como consentânea com o estatuto conferido a determinadas obras e compositores. Esta questão prende-se com tópicos complexos, como a própria definição do que é ou constitui uma obra musical, e com as tradições performativas e repertórios associados a diferentes géneros, instrumentos ou compositores. Independentemente destas perspectivas, as práticas de adaptação de repertórios têm funcionado como um recurso particularmente relevante para instrumentos de história recente, ou que não tenham desenvolvido um repertório de música erudita tão extenso como outros instrumentos, como é o caso do acordeão moderno. Na produção de Johann Sebastian Bach, a obra para tecla distingue-se pela sua adequação aos vários instrumentos dessa família mais utilizados na época: o cravo, o clavicórdio, o órgão, ou talvez até o emergente pianoforte (existe registo da actividade de J. S. Bach como intermediário na venda deste, do que se deduz familiaridade com o instrumento). Embora nem todo o repertório específico para órgão transite com a mesma facilidade para outros instrumentos de tecla (que não apresentam pedaleira), já as restantes obras demonstram uma adaptabilidade quase geral. Daí decorre uma tradição de interpretação de obras de Bach em instrumentos que este não chegou a conhecer, como o piano moderno, e que seguramente tem legitimado abordagens semelhantes por parte de outros instrumentistas. Helena Marinho [Casa da Música, 2020] NOTES English Suite no. 3 in G minor, BWV 808 – It is thought that the English Suites were the first of three sets of suites for keyboard instruments composed by Bach (to which the French Suites and Partitas would be added later on) and that they would have been composed while he was an organist in Weimar, around 1713 or 1714. The autograph manuscript has been lost, and the reference to England in the title (which did not come from the composer) could be associated with Johann Nikolaus Forkel who, in his biography of the composer (from 29


1802), mentions a supposed English dedication. However, it is the influence of the French Suite for keyboard that prevails in this set composed by Bach. In the English Suites, the composer follows the common structure of dance suites, adopting a model that dates from the beginning of the 17th century and which consists of a sequence of contrasting dances. In Bach’s time, the suites were not intended to be danced to, only to be played. Nevertheless, the individual movements, despite the complexity of writing that characterises them, maintained various features of the dances from which they originated, including their rhythmic patterns. Suite no. 3, in G minor, opens with a Prelude clearly influenced by baroque concerto grosso. Bach alternates sections of denser textures, formed by chords and polyphonic writing, with sections of lighter textures, in which he reduces the incidence of polyphony and adopts an almost violinistic style for the right hand. He thus manages to represent, in a single instrument, the corresponding contrasts of textures of the orchestral concerto grosso of the period, in which the orchestral tutti was contrasted with one or several soloists. The Allemande demonstrates the sober nature normally associated with this designation, through the fluidity of the melodic lines, initiating a dialogue in a game of imitation and response that emphasises this discreet gracefulness. The Courante shows identical contrapuntal care but adding to it rhythmic ambiguities that highlight its dancing character. Expressive and intense, the Sarabande has survived until now with an extremely comprehensive score, including the agréments, in other words, the ornamentation to be added to the basic version. The practice of ornamentation was a premise normally associated with the competencies of musicians of the time. Described in treatises, which sometimes included examples and instructions, it was not usually integrated in published scores. Therefore, the inclusion of the agréments, assuming they were written by Bach, constitutes a rare opportunity to glimpse the art of this famous improviser and interpreter and to understand how he would carry out the ornamentation of his own music. The intensity of the Sarabande is followed by the lightness and elegance of two Gavottes, played alternately (Gavotte I – Gavotte II, or musette – Gavotte I), in which the dancing character is reinforced by the use of pedal notes in both. The Suite ends with a Gigue which, like most of the gigues composed by Bach, is similar in nature to a dance because of its vivacity and virtuosity but simultaneously contradicts this connection due to its complexity, assuming, in certain passages, characteristics identical to the fugues for keyboard composed by Bach. Helena Marinho [Casa da Música, 2020] Passacaglia and Fugue in C minor. BWV 582, is one of Bach’s most well-known works for organ, which led to its adaptation for other contexts, including orchestral transcriptions. It is a composition that makes extensive use of the organ's resources, namely the pedal, which is employed right at the beginning to exhibit the theme of the passacaglia. This term, of Spanish origin (passacalle), was first used at the beginning of the 17th century and refers to a practice of improvisation or composition around a sequence of chords (the oldest style associated with the word), or a melody with a low tessitura. This material is repeated, and on each repetition the improvised or composed content that is associated with it varies. In other words, from relatively simple basic material – the low melody which begins Bach’s passacaglia has 8 bars and is played in only approximately 30 seconds –


practically limitless creative possibilities open up, in the form of variations over this bass line. In the case of this work by Bach, beyond the initial exposition of the theme, there are 20 variations accompanied by this ostinato bass – predominantly in its original form but sometimes also subject to variations or changes in tessitura. In this way, the Passacaglia defines itself as an anthology of practices of an improvisatory nature, clearly focussed on demonstrating the virtuosity of both the composer and the interpreter, and has led to various hypotheses analysing its symbolism and exploring the numerology implicit in the musical combinations. The Fugue follows on from this, with no break in between, based on excerpts of the theme of the Passacaglia. It is a double fugue, in other words, a fugue model based on two principal themes, instead of the more common format, which is based on just one theme. These themes are presented simultaneously right at the beginning and are combined with another theme with the function of an accompaniment, a countersubject. This increases the level of complexity in the articulation between voices, since it means that they must be planned and constructed so that they can be combined in various ways, without causing unpleasant dissonances or transgressions of the rules of musical counterpoint. The sophistication of this process of composition, not always apparent when simply hearing it, is extreme and one of the reasons why Bach is recognised as one of the greatest exponents of contrapuntal technique. Helena Marinho [Casa da Música, 2020] In 1946, musicologist Willi Apel described the adaptation of a work for instruments other than those for which it was originally composed as the musical equivalent of literary translation. Normally called an arrangement, this practice has a long history, but it has never been entirely exempt from discussion. In the context of Western erudite music, the association of certain repertoires with specific instruments was gradually established, especially from the baroque period onwards. As a result, this association became a distinctive and exclusive feature, in other words, instrumentation began to be seen as a component of the very identity of the musical work. Another term associated with these adaptations between different instrumental resources is transcription, a technique in which a greater proximity to the original version is presumed, although the distinction between the two terms is not always clear. In contrast with other contexts of musical performance, the practice of transcription (or even of arrangement) in erudite music, although recognised and allowed, has not always been seen or accepted as being in line with the status conferred on certain works and composers. This issue is related to complex topics, such as the very definition of what is or what constitutes a musical work, and to performative traditions and repertoires associated with different genres, instruments and composers. Regardless of these perspectives, practices of adapting repertoires have served as a particularly important resource for instruments which are relatively new, or which have not developed a repertoire of erudite music as extensive as other instruments, as is the case of the modern accordion. In the production of Johann Sebastian Bach, work for keyboard is distinguished by its adequacy for the various instruments of this family most used at the time: the harpsichord, the clavichord, the organ and even the emerging pianoforte (there are records of J.S. Bach working as an intermediary in the sale of the latter, so we can deduce that he was familiar with the instrument). While not all the specific repertoire for organ translates as easily to other keyboard instruments (which do not have pedals), the rest of his works demonstrate an almost universal adaptability. This has led to a tradition of interpretation of Bach’s works for instruments that he never 31


knew, such as the modern piano, and which have surely legitimised similar approaches on the part of other instrumentalists. IMPRENSA “Barradas já é uma estrela. Determinado a reescrever as regras que determinam o que o acordeão pode ou não fazer, movimenta-se sem esforço pelos mundos do jazz, música clássica, folk e improvisação.” — Barbican Centre • “Estrela em ascensão” — BBC Music Magazine • “Convincente: João Barradas. Surpreendentes são as diferentes facetas que Barradas consegue atingir. Na versão da Passacaglia em Dó menor (BWV 582) para a qual ele próprio fez o arranjo, Barradas ouve uma tal variedade de acentuação de motivos e temas que nos questionamos sobre como o consegue fazer. Mas é claro: ele improvisa, compõe, arranja e transcreve, sendo a cereja no topo do bolo na criação de música contemporânea para acordeão.” — Daniel Conrad in Luxemburger Wort •“Estrela em ascensão” na Elbphilharmonie de Hamburgo: João Barradas impressiona pela forma virtuosa como toca acordeão. (…) Passacaglia concentrada e inspirada. (…) O começo foi bastante típico para um recital a solo que atravessa diferentes épocas. Bach costuma começar assim. Infelizmente, trata-se muitas vezes de um exercício obrigatório, mas não foi o caso esta noite: Barradas interpretou a gloriosa Passacaglia em Dó menor com concentração e inspiração. Em menos de um quarto de hora, tornou-se mais do que evidente porque é que, em primeiro lugar, esta obra tem vindo frequentemente a ser transposta para outros instrumentos e, em segundo, o acordeão estava de certa forma predestinado a reproduzir obras polifónicas, como se de um “mini-orgão” se tratasse. — Klassik Begeistert PRESS “Barradas is something of a superstar already. Determined to rewrite the rules about what an accordion can do, he moves with effortless style between the worlds of jazz, classical, folk and improv.” — Barbican Centre •“Rising Star” — BBC Music Magazine •“Convincing: João Barradas. What is striking is what facets Barradas can achieve, in the version of Bach’s Passacaglia in C minor (BWV 582) that he arranged himself, he hears such a varied accentuation of motifs and themes that the question arises how he does it. And it becomes clear: He improvises, composes, arranges and transcribes - and acts as icing on the cake for contemporary music creation in the accordion repertoire.” — The Luxemburger by Daniel Conrad •“Rising Star” in the Elbphilharmonie Hamburg: João Barradas impresses with virtuoso accordion playing. (…) Concentrated and inspired Passacaglia. (…) So the start was quite typical for a cross-epoch solo recital - Bach often starts here. Unfortunately, it is often more of a compulsory exercise, but it was different that evening: Barradas worked his way through the mighty Passacaglia in C minor, concentrated and inspired. In just under a quarter of an hour it became more than clear why, firstly, this work had often been transposed for other instruments, and secondly, the accordion was, in a way, almost predestined to reproduce polyphonic works as a “mini organ”. — Klassic Begeister

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TERRITÓRIO TERRITORY

21.11.2020 Experiência do Lugar 2 Experience of Place Filmado em Filmed in Idanha-a-Velha Rio Pônsul River Pônsul Realizado por Directed by Filipe Faria

A linha com que cosemos os dias… Estar fora do lugar é fazer parte de um mundo no qual a experiência do lugar – dos seus espaços e hábitos, da paisagem, dos sons e dos cheiros, da temperatura e da humidade, das pessoas com que nos cruzamos, do paladar, do esforço físico ou da sua ausência, da descoberta, da surpresa passiva ou activa –, no lugar mais bonito do mundo, Idanha, é o fio condutor, o fio com que cosemos os dias e que liga os nossos desafios, propostas e provocações. Os dias que vivemos são de outros desafios. Como ligar, como coser os dias? Esta é uma ideia... uma narrativa do lugar... que se pode seguir como uma cronologia, olhando para o relógio ou esquecendo-o... The thread with which we sew our days... Being fora do lugar (out of place) means being part of a world in which the experience of a place – its spaces and customs, the landscape, the sounds and smells, the temperature and humidity, the people we meet, the flavours, physical effort or its absence, discovery, passive or active surprise – the most beautiful place in the world, Idanha, is the common thread, the thread with which we sew our days and which binds together our challenges, proposals and provocations.... The days we are experiencing now present another kind of challenge... How can we flick on, how can we sew these days? Here’s an idea... 33



PROGRAMA PRINCIPAL MAIN PROGRAMME

KHYTAR 12.6 Fim-de-semana Bach Fora de Pé 2 Bach Out of Depth Weekend 2

É cruel, sabe, que a música possa ser tão bela. Tem a beleza da solidão e da dor: da força e da liberdade. A beleza do desapontamento e do amor sempre insatisfeito. A beleza cruel da natureza, e a beleza perene da monotonia. It is cruel, you know, that music should be so beautiful. It has the beauty of loneliness of pain: of strength and freedom. The beauty of disappointment and never-satisfied love. The cruel beauty of nature and everlasting beauty of monotony. Benjamin Britten (1913-1976)


MÚSICA MUSIC


CONCERTO CONCERT

ENCOMENDA COMMISSION FESTIVAL FORA DO LUGAR

Guitarras Bem Temperadas The Well-Tempered Guitars J.S. Bach (1685-1750) Miguel Amaral Guitarra portuguesa Portuguese guitar Pedro Rodrigues Guitarra clássica Classical guitar

Teaser 18.11.2020 Encontro Meeting 21.11.2020, 10h30 Concerto Concert 21.11.2020, 21h30 Entrevista Interview 22.11.2020, 14h00

Guitarra Portuguesa, Guitarra Clássica e Johann Sebastian Bach. Eis-nos perante o universo do recital Guitarras Bem Temperadas. Junção aparentemente distante. Fruto da nossa vontade de trazer cada vez mais música para os nossos instrumentos, mas sobretudo, fruto de uma das mais belas características da obra genial em questão: o seu carácter universal, a sua pluralidade. A humildade com que se deixa apropriar. A generosidade com que se sente em casa numa combinação instrumental tão peculiar no que toca à música em questão. A partir daqui há todo um mundo sonoro em descoberta. semelhanças com o cravo, com o alaúde e toda uma porta aberta para que esta música se possa ouvir, mais uma vez, como uma novidade. Khytar 16.2 estreia-se neste ano de 2020. A vontade de nos juntarmos tem alguns anos mas foi com o convite para participar neste festival que se concretizou. Podemos dizer que a semente é antiga mas a raiz nasceu “Fora do Lugar”! Portuguese Guitar, Classical Guitar and Johann Sebastian Bach. We find ourselves in the universe of the recital "Guitarras Bem Temperadas" [The Well-Tempered Guitars]. An apparently distant connection. The fruit of our desire to bring more and more music to our instruments, but above all, the fruit of one of the most beautiful characteristics of the brilliant work in question: its universal nature, its plurality. The humility with which it lends itself to adaptation. The generosity with which it feels at home in an instrumental combination so peculiar in relation to the music in question. There is a whole world of sound to be discovered here. Similarities with the harpsichord, with the lute, and a door wide open so that this music can be heard, once more, as a novelty. Khytar 16.2 is making their début in 2020. We have wanted to come together for several years now, but the invitation to participate in this festival was what finally made it happen. You could say that the seed has been there for a long time but the root grew ‘Out of Place’ [i.e., Fora do Lugar, as in the name of the festival]! NOTAS A Aria Variata é, com excepção das partitas corais, a única obra com variações dos tempos de juventude de Bach. De características inusuais e atractivas, com especial relevo para uma expressiva harmonia, as suas variações contêm uma variedade de figuração superior àquela praticada em obras similares neste período. A palavra Aria tem o mesmo significado 37


Teaser

Entrevista Interview

Encontro Meeting

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que tem noutras obras para tecla de compositores como Pachelbel e outros autores do século XVII: uma curta forma binária que serve como para variações, a maior parte compostas por uma figuração rápida e viva. Em 1731, Bach publica a sua primeira série de obras para cravo sob o título “Clavierübung” (Exercícios para tecla). Este primeiro volume que conta com Seis Partitas para cravo obtém um expressivo sucesso e estimula Bach a continuar esta série de publicações (quatro no total). O segundo volume contém duas obras representativas de géneros instrumentais essenciais deste período: o Concerto e a Ouverture. Cada um deles procura representar, tal como mencionado no título, o italiänischer Gusto e a französische Art. O Concerto BWV 971 integra a fogosidade e impetuosidade associadas ao estilo italiano, bem como o ritornello consuetudinário. Das Wohltemperierte Klavier (O Cravo Bem-Temperado) é, provavelmente, a obra mais famosa de Bach para tecla. Publicada em 1722, Bach descreve assim a sua obra: “Das Wohltemperierte Klavier, ou Prelúdios e Fugas, através de todos os tons e semitons, incluindo aqueles com uma terceira maior ou Ut-Ré-Mi bem como aqueles com uma terceira menor ou Ré-Mi Fá. Para uso e lucro da juventude musical desejosa de instrução, e para o deleite daqueles já qualificados neste estudo, elaborado e escrito por Johann Sebastian Bach.” O Prelúdio em Dó# Maior sugere uma invenção a duas vozes com dois temas distintos que alternam regularmente entre as duas mãos (neste caso, entre as duas guitarras) e o seu brilho denota uma influência da escola violinística italiana. O Prelúdio em Ré Maior é de uma refrescante inspiração harmónica e inicia com uma variação de uma fórmula cadencial simples. Apesar de uma configuração de aparente singeleza, não podemos ignorar, entre outras, a alternância regular entre pontos de dissonância e as sequências modulatórias que nos transportam ao longo desta obra. O Prelúdio em Ré menor é baseado no formato de arpejo e, tal como o Prelúdio em Ré Maior, a voz superior é a voz mais activa. No entanto, o baixo que nasce como nota pedal, transforma-se gradualmente numa voz cada vez mais independente e adquire uma expressividade própria. O Prelúdio em Mi Maior é uma forma sonata concisa (ou uma larga forma ternária) cuja métrica e figuração sugere uma giga. Por seu turno, as notas pedais, tão características de prelúdios, revelam um carácter quase pastoral e gentil. É possível traçar um paralelo entre o Prelúdio em Mi menor e os Préludios em Ré Maior e menor, afinal trata-se novamente de um prelúdio arpejado, embora esta figuração esteja presente na voz inferior. Bach adiciona uma melodia, cuja ornamentação se encontra escrita, e transforma esta obra num Adagio ao estilo italiano. O Prelúdio em Fá# menor recorda, novamente, uma viva invenção a duas vozes. Rapidamente esta vivacidade muda de carácter para, sensivelmente a meio da obra, se transformar numa variação invertida que começa a ser acompanhada por breves acordes de três notas e tal denota uma


forte concepção sonora. O material principal do Prelúdio em Lá menor consiste numa forma escrita de mordente e esta figura é estendida ao longo do início através de três repercussões na voz inferior. O Prelúdio em Si Maior é um dos mais curtos prelúdios de toda a colecção, mas assinalável pela sua dimensão interna, sendo composto inicialmente por três vozes seguido uma inversão desta textura na segunda parte e, finalmente, uma preparação cadencial com um alargamento a quatro vozes. O Prelúdio em Si menor recorre a uma tonalidade especialmente querida por Bach, basta pensar na Missa em Si menor ou na Sonata para Flauta BWV 1030. Esta obra é a única, em ambos os cadernos de Das Wohltemperierte Klavier, em que Bach inclui o tempo (Andante). O prelúdio é em forma binária e os seus baixos e suspensões sugerem empréstimos de Corelli O Concerto em Ré menor BWV 974 é um arranjo do concerto para oboé atribuído a Alessando Marcello numa antologia intitulada “Concerti a cinque”, antologia esta que incluía obras de diversos compositores e que foi publicada em Amesterdão em torno a 1716. Tal como outros concertos Venezianos, é uma obra estilisticamente concisa e comedida e o seu carácter recorda mais uma sonata do que um concerto. Bach usa a sua arte para embelezamento, principalmente do segundo andamento, e como demonstração do potencial dinâmico do cravo. Miguel Amaral NOTES Aria Variata is, with the exception of his chorale partitas, the only work with variations from Bach’s youth. Featuring unusual and attractive characteristics, with particular emphasis on an expressive harmony, its variations contain a higher variety of figuration than that practised in similar works from this period. The word Aria has the same meaning that it has in other works for keyboard by composers such as Pachelbel and other authors from the 17th century: a short binary form used for variations, the majority composed of a rapid and lively figuration. In 1731, Bach published his first series of works for harpsichord under the title ‘Clavierübung’ [Exercises for keyboard]. This first volume, which has six partitas for harpsichord, was very successful and encouraged Bach to continue this series of publications (four in total). The second volume contains two works that are representative of fundamental instrumental genres of this period: concerto and ouverture. Each of them seeks

Concerto Concert

Programa Programme Guitarras Bem Temperadas The Well-Tempered Guitars J.S. Bach (1685-1750) Aria Variata Alla Maniera Italiana, BWV 989 O Cravo Bem Temperado 1º Caderno Prelúdio nº 9 em Mi Maior BWV 854 Prelúdio nº 10 em Mi menor BWV 855 Prelúdio nº 20 em Lá menor BWV 864 Concerto em Ré menor Bach/Marcello BWV 974 I - (Allegro) II - Adagio III - Presto Arr. Pedro Rodrigues e Miguel Amaral

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to represent, as mentioned in their titles, the italiänischer Gusto and französische Art. Concerto BWV 971 integrates the passion and vigour associated with the Italian style, as well as the customary ritornello. Das Wohltemperierte Klavier [The Well-Tempered Clavier] is probably Bach’s most famous work for keyboard. Published in 1722, Bach described his work as follows: "The Well-Tempered Clavier, or Preludes and Fugues, through all the tones and semitones, both with the major 3rd, or Ut Re Mi, and with the minor 3rd, or Re Mi Fa, for the use and improvement of musical youth eager to learn, and for the particular delight of those already skilled in this discipline composed and presented by Johann Sebastian Bach." The Prelude in C major suggests an invention in two voices with two distinct themes that regularly alternate between the two hands (in this case, between the two guitars) and their brilliance denotes the influence of the Italian violin school. The Prelude in D major shows an invigorating harmonic inspiration and begins with a variation of a simple cadential formula. Despite a configuration of apparent simplicity, we cannot ignore, among other elements, the regular alternation between points of dissonance and the modulatory sequences that transport us throughout this work. The Prelude in D minor is based on the arpeggio format and, like the Prelude in D major, the higher voice is the most active. However, the bass which begins as a pedal note gradually transforms into an increasingly independent voice and acquires an expressiveness of its own. The Prelude in E major is a concise sonata form (or a long ternary form) whose metric and figuration suggest a gigue. The pedal notes, in turn, so characteristic of preludes, reveal an almost pastoral and gentle character. It is possible to draw a parallel between the Prelude in E minor and the Preludes in D major and minor, since it consists of another arpeggiated prelude, although this figuration is present in the lower voice. Bach adds a melody, whose ornamentation is written down, and transforms this work into an adagio in the Italian style. The Prelude in F minor again recalls a lively invention in two voices. This liveliness quickly changes character, approximately halfway through the work, to transform into an inverted variation that begins to be accompanied by brief three-note chords and in this manner denotes a strong sonorous conception. The principal material of Prelude in A minor consists of a written form of mordent and this figure is extended at the beginning through three repercussions in the lower voice. The Prelude in B major is one of the shortest preludes of the whole collection, but is remarkable for its internal dimension, initially being 40

Ficha Técnica Datasheet Khytar 12.6 Guitarras Bem Temperadas The Well-Tempered Guitars Filmado em Filmed in Idanha-a-Nova, Centro Cultural Raiano Realizado por Directed by Filipe Faria Câmaras Cameras Filipe Faria Rita Santos Mário Alves Som Sound Filipe Faria Assistente de Produção Production Assistant Daniel Carreiro Voz Voice Idalina Gameiro


composed of three voices, followed by an inversion of this texture in the second part and, finally, a cadential preparation with an extension in four voices. The Prelude in B minor uses a tonality that was especially dear to Bach; one need only think of Mass in B minor or Flute Sonata BWV 1030. This is the only work, in both books of Das Wohltemperierte Klavier, in which Bach includes the tempo (Andante). The prelude is in a binary form and its basses and suspensions suggest borrowing from Corelli. The Concerto in D minor BWV 974 is a concerto arrangement for oboe attributed to Alessandro Marcello in an anthology entitled ‘Concerti a cinque’, which included works by various composers and was published in Amsterdam around 1716. Like other Venetian concertos, it is a stylistically concise and moderate work and is more similar in nature to a sonata than a concerto. Bach uses his art for embellishment, principally in the second movement, and as a demonstration of the dynamic potential of the harpsichord. Miguel Amaral BIOGRAFIAS Pedro Rodrigues Guitarra Clássica “Todo o trabalho de Rodrigues com a guitarra é verdadeiramente excepcional!” — Classical Guitar Magazine. Vencedor do Artist's International Auditions (Nova Iorque), Concorso Sor (Roma), Prémio Jovens Músicos e premiado nos concursos de Salieri-Zinetti, Paris, Montélimar, Valencia, Sernancelhe entre outros, Pedro Rodrigues iniciou o seu percurso musical aos 5 anos de idade, tendo estudado com José Mesquita Lopes na Escola de Música do Orfeão de Leiria onde terminou os estudos com a classificação máxima como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Posteriormente estuda com Alberto Ponce na École Normale de Musique de Paris onde recebe os Diplomas Superiores de Concertista em Música de Câmara e Guitarra, este último com a classificação máxima, unanimidade e felicitações do júri. Participou em masterclasses com David Russell, Leo Brouwer, Joaquin Clerch e Darko Petrinjiak. Sob a orientação de Paulo Vaz de Carvalho e Alberto Ponce concluiu em 2011 o Doutoramento na Universidade de Aveiro como bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Apresentou-se a solo em salas reconhecidas internacionalmente como o Weill Hall do Carnegie Hall de Nova Iorque, a Salle Cortot de Paris, National Concert Hall de Taipei, Ateneo de Madrid, Sala Manuel de Falla de Madrid, Endler Hall de Cape Town, India International Centre de New Delhi, Sala Raúl Juliá de San Juan, Centro Cultural de Belém, Casa da Música, o Grande Auditório da Fundação Gulbenkian e os festivais de Mikulov, Paris, Santo Tirso, Música Viva, Sernancelhe, Caruso Festival, Miguel Llobet, Forfest Kromeriz, Vital Medeiros entre outros. Estreou mais de 60 obras dos mais importantes compositores portugueses como João Pedro Oliveira, Cândido Lima, Isabel Soveral, Sara Carvalho, Sérgio Azevedo, José Luís Ferreira, António Sousa Dias, Carlos Caires entre outros. Muitas destas obras foram-lhe dedicadas. Fez gravações para RTP, RDP, RTM, SABC, Cesky Rozhlas, WIPR e gravou discos com as editoras Numérica, Nuova Venezia, Portugaler, Slovartmusic e JNS Music e foi solista com a Orquestra Gulbenkian, Filarmonia das Beiras, Orquestra do Algarve, Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras entre outras. É igualmente convidado com regularidade para leccionar masterclasses em conservatórios e universidades na Europa, América do Norte e Sul, África e Ásia. As suas transcrições e edições estão editadas pela Mel Bay Publications, AVA 41


Editions e Notação XXI. Como investigador, proferiu conferências em Inglaterra, Brasil e Portugal dedicadas às temáticas da transcrição, música contemporânea e educação. Recentemente criou e apresentou o programa “Seis Cordas Para Um País” transmitido na Antena 2. Presentemente é Investigador Integrado do INET-md e Professor Auxiliar no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro. Miguel Amaral Guitarra Portuguesa Nasceu no Porto em 1982. Estudou Guitarra Portuguesa com Samuel Cabral, José Fontes Rocha e Pedro Caldeira Cabral, formação Musical com António Torres Pinto, Análise, Harmonia e Contraponto com Daniel Moreira, Composição com Dimitris Andrikopoulos e Improvisação e estudo da linguagem do Jazz com Nuno Ferreira. Desde então, tem-se apresentado regularmente como solista em recitais em Portugal e no estrangeiro, bem como inserido em agrupamentos de música de câmara ou em programas de musica para orquestra, tendo passado por salas como Casa da Musica, Fundação Calouste Gulbenkian, Culturgest, Philharmonie du Luxembourg, Teatro Solis ( Montevideo ), Centro Cultural Kirchner ( Buenos Aires ). No ano de 2013, lança “Chuva Oblíqua”, o seu álbum de estreia a solo, inteiramente dedicado ao repertório solista que tem vindo a desenvolver. Ainda em 2013, forma com o pianista Mário Laginha e o contrabaixista Bernardo Moreira o Novo Trio de Mário Laginha, tendo gravado ainda nesse ano o disco Terra Seca. Escreve para este disco a peça “Fuga para um dia de Sol”. Em 2015, inicia o curso de Mestrado em Composição e teoria musical, na ESMAE - Escola Superior de Música Artes e Espectáculo. Destaca-se ainda a participação na estreia mundial da obra “Folk Songs” de Mário Laginha, para Orquestra, Piano, Voz e Guitarra Portuguesa, na Philharmonie du Luxemburg, com Cristina Branco e Mário Laginha, sob a direcção de Peter Rundel, que voltou a ser tocada com a Antwerp Symphony Orchestra sob a direcção de Dirk Brossé e também com a Filharmonia de Galicia sob a direcção de Pedro Neves. Participa no recital “Fado Barroco”, sob a direcção de Marcos Magalhães, com Ana Quintans, Ricardo Ribeiro, Marco Oliveira e a Orquestra Barroca de Helsínquia, no Helsinki Music Center. Por encomenda de Marcos Magalhães, compõe para este programa a peça Luz de Outono, para Orquestra Barroca e Guitarra Portuguesa. Em Dezembro de 2017 integra a comitiva do Governo Português na deslocação à FIL - Feira Internacional do Livro de Guadalajara, no México. Toca a solo na cerimónia de passagem de testemunho para o ano Português. Em 2019 lança o disco “Saudade“ em duo com o músico brasileiro Yuri Reis. Dedicado ao repertório tradicional da Guitarra Portuguesa e do violão de 7 cordas. BIOGRAPHIES Pedro Rodrigues Classical Guitar “Rodrigues’ guitar work is really outstanding throughout!” — Classical Guitar Magazine Winner of the Young Concert Artists International Auditions (New York), Concorso Sor (Rome) and Prémio Jovens Músicos (Portugal), Pedro Rodrigues has also been awarded prizes in the Salieri-Zinetti International Chamber Music Competition and competitions in Paris, Montélimar, Valencia and Sernancelhe, among others. He began his musical career at 5 years old, having studied with José Mesquita Lopes at the Escola de Música do Orfeão, 42


in Leiria, where he concluded his studies with top marks as a scholarship holder of the Calouste Gulbenkian Foundation. He later studied with Alberto Ponce at the École Normale de Musique de Paris, where he received higher diplomas as a concert musician in chamber music and guitar, the latter with distinction and unanimous congratulations from the jury. He has participated in masterclasses with David Russell, Leo Brouwer, Joaquin Clerch and Darko Petrinjiak. In 2011, under the guidance of Paulo Vaz de Carvalho and Alberto Ponce, he completed his doctorate at the University of Aveiro with a scholarship from the Foundation for Science and Technology. He has performed as a soloist in famous venues such as the Weill Recital Hall in Carnegie Hall in New York, the Salle Cortot in Paris, Tapei National Concert Hall, the Ateneo de Madrid, the Sala Manuel de Falla in Madrid, the Endler Hall in Cape Town, the India International Centre in New Delhi, Sala Raúl Juliá in San Juan, Centro Cultural de Belém in Lisbon, Casa da Música in Porto, the Grand Auditorium of the Calouste Gulbenkian Foundation in Lisbon and the festivals of Mikulov, Paris, Santo Tirso, Música Viva, Sernancelhe, Caruso Festival, Miguel Llobet, Forfest Kromeriz and Vital Medeiros, among others. He has premièred over 60 works by some of the most important Portuguese composers, such as João Pedro Oliveira, Cândido Lima, Isabel Soveral, Sara Carvalho, Sérgio Azevedo, José Luís Ferreira, António Sousa Dias and Carlos Caires. Many of these works were dedicated to him. He has made recordings for RTP, RDP, RTM, SABC, Cesky Rozhlas and WIPR and has recorded albums with record labels Numérica, Nuova Venezia, Portugaler, Slovartmusic and JNS Music. He has performed as a soloist for the Gulbenkian Orchestra, the Beiras Philharmonic, the Algarve Orchestra, and the Cascais and Oeiras Chamber Orchestra, among others. He is also regularly invited to teach masterclasses in conservatories and universities in Europe, North and South America, Africa and Asia. His transcriptions and editions are published by Mel Bay Publications, AVA Editions and Notação XXI. As a researcher, he has given lectures in England, Brazil and Portugal dedicated to the themes of transcription, contemporary music and education. He recently created and presented the programme "Seis Cordas Para Um País" [Six Strings for a Country], broadcast on Antena 2. He is currently a researcher at INET-md and Assistant Professor in the Communication and Art Department of the University of Aveiro. Miguel Amaral Portuguese Guitar Miguel Amaral was born in Porto in 1982. He studied Portuguese guitar with Samuel Cabral, José Fontes Rocha and Pedro Caldeira Cabral; musical training with António Torres Pinto; analysis, harmony and counterpoint with Daniel Moreira; composition with Dimitris Andrikopoulos and improvisation and the language of jazz with Nuno Ferreira. Since then, he has regularly performed as a soloist in recitals in Portugal and abroad and in chamber music groups or orchestra programmes, having played at venues such as Casa da Música (Porto), the Calouste Gulbenkian Foundation (Lisbon), Culturgest (Lisbon), Philharmonie de Luxembourg, Teatro Solis (Montevideo) and Centro Cultural Kirchner (Buenos Aires). In 2013, he released "Chuva Oblíqua" [Oblique Rain], his début solo album, entirely dedicated to the soloist repertoire he has come to develop. Also in 2013, he formed the Novo Trio de Mário Laginha with pianist Mário Laginha and double bass player Bernardo Moreira, recording the album "Terra Seca" [Dry Land], for which he wrote the piece "Fuga para um dia de Sol" [Escape to a Sunny Day]. 43


In 2015, he began his Master’s in Musical Composition and Theory, at ESMAE – School of Music and Performing Arts. He also participated in the world début of the work "Folk Songs", by Mário Laginha, for orchestra, piano, voice and Portuguese guitar, at the Philharmonie de Luxembourg, with Cristina Branco and Mário Laginha, under the direction of Peter Rundel. He played it again with the Antwerp Symphony Orchestra, under the direction of Dirk Brossé, and also with the Royal Philharmonic Orchestra of Galicia, under the direction of Pedro Neves. He participated in the recital "Fado Barroco", under the direction of Marcos Magalhães, with Ana Quintans, Ricardo Ribeiro, Marco Oliveira and the Helsinki Baroque Orchestra, at the Helsinki Music Center. He was commissioned by Marcos Magalhães to compose the piece "Luz de Outono" [Autumn Light], for baroque orchestra and Portuguese guitar, especially for this programme. In December 2017, he was part of the delegation of the Portuguese government at FIL – Guadalajara International Book Fair, in Mexico. He played as a soloist in the signing ceremony of Portugal as guest of honour for the year 2017. In 2019, he released the album "Saudade" [Longing] with Brazilian musician Yuri Reis, dedicated to the traditional repertoire of Portuguese guitar and seven-string guitar.

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TERRITÓRIO TERRITORY

22.11.2020 Experiência do Lugar 3 Experience of Place Filmado em Filmed in Idanha-a-Velha Realizado por Directed by Filipe Faria

A linha com que cosemos os dias… Estar fora do lugar é fazer parte de um mundo no qual a experiência do lugar – dos seus espaços e hábitos, da paisagem, dos sons e dos cheiros, da temperatura e da humidade, das pessoas com que nos cruzamos, do paladar, do esforço físico ou da sua ausência, da descoberta, da surpresa passiva ou activa –, no lugar mais bonito do mundo, Idanha, é o fio condutor, o fio com que cosemos os dias e que liga os nossos desafios, propostas e provocações. Os dias que vivemos são de outros desafios. Como ligar, como coser os dias? Esta é uma ideia... uma narrativa do lugar... que se pode seguir como uma cronologia, olhando para o relógio ou esquecendo-o... The thread with which we sew our days... Being fora do lugar (out of place) means being part of a world in which the experience of a place – its spaces and customs, the landscape, the sounds and smells, the temperature and humidity, the people we meet, the flavours, physical effort or its absence, discovery, passive or active surprise – the most beautiful place in the world, Idanha, is the common thread, the thread with which we sew our days and which binds together our challenges, proposals and provocations.... The days we are experiencing now present another kind of challenge... How can we flick on, how can we sew these days? Here’s an idea... 45


PROGRAMA EDUCATIVO EDUCATIONAL PROGRAMME

Conceito Original Original Concept Filipe Faria Criação e Performance Creation and Performance Vânia Moreira Violoncelista e professora Cellist and teacher Destinatários Target Famílias e Escolas Families and Schools

Interruptor Som 1 Trigger Sound 1 25.11.2020 10h00 Interruptor Som 2 Trigger Sound 2 25.11.2020 12h00 Interruptor Som 3 Trigger Sound 3 26.11.2020 10h00 Interruptor Som 4 Trigger Sound 4 26.11.2020 12h00

INTERRUPTOR SOM TRIGGER SOUND O desafio é simples... ligar o interruptor! São três as propostas do Programa Educativo Fora do Lugar nas áreas do corpo, música e território... cada uma com quatro interruptores diferentes... São 12 os interruptores Fora do Lugar! Cada interruptor carrega um desafio e o nosso desafio é que liguem o interruptor... O desafio é que as crianças, as famílias e as escolas encontrem, nestas propostas, a vontade e a urgência de ligar o interruptor criativo e que nos façam chegar o resultado dessa energia... Pequenos vídeos “caseiros”, com enquadramentos semelhantes e respostas inspiradas nos nossos interruptores... Sobre a mesma música, sobre outra música, com a mesma iluminação, com outra, com os mesmos recursos minimais e criativos... Os melhores vídeos serão publicados no website oficial do Fora do Lugar sob a designação... “Interruptor Ligado!” Vamos levar a energia Fora do Lugar a todo o mundo! The challenge is simple... flick the trigger! The Fora do Lugar Education Programme has three proposals on the topics of the body, music and

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the territory... each with four different triggers... There are 12 Fora do Lugar triggers! Each trigger contains a challenge and our challenge is for you to flick the trigger... The challenge is for children, families and schools to find, in these proposals, the enthusiasm and urgency to flick the creative trigger and send us the result of this energy... Short "homemade" videos, with similar contexts and responses inspired by our triggers... Over the same music, over another piece of music, with the same lighting, with different lighting, with the same minimal creative resources... The best videos will be published on the official Fora do Lugar website under the name... "Trigger Flicked!" We will spread the Fora do Lugar energy all around the world! Vânia Moreira nasceu no Porto e integrou a classe de violoncelo da professora Isabel Delerue no Conservatório de Música dessa cidade. Prossegue os seus estudos na Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco (ESART) nas classes do professor Miguel Rocha e Catherine Strynckx, onde concluí a Licenciatura em violoncelo, Mestrado em Performance e Mestrado em Ensino da Música. Frequentou masterclasses com Márcio Carneiro, Agnès Vesterman, Michel Strauss, Xavier Gagnepain, Susanne Müller-Hornbach, Eduardo Vassallo, Paulo Gaio Lima, Jed Barahal, Filipe Quaresma e Pavel Gomziakov; participou ainda como ouvinte em masterclasses com Natália Shakovskaya e com Anne Gastinel. Colaborou com várias orquestras, entra as quais Jeune Philharmonie Franco-Allemande, Camerata Nov’Arte, Orquestra Clássica do Centro, Orquestra Clássica de Espinho, Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, Orquestra Ibérica, Orquestra de Câmara de Almada. Em 2011 participa no I Concurso – Jovens Intérpretes de Música Antiga, sendo o seu grupo de música de câmara um dos grupos premiados. E em 2012 obtém o 2º lugar no Concurso Folefest na categoria Música de Câmara. Actualmente leciona no Projecto Orquestra Geração e na Academia de Música de Almada. Vânia Moreira was born in Porto and joined Isabel Delerue’s cello class at the city’s Conservatory of Music. She continued her studies at the Superior School of Applied Arts in Castelo Branco (ESART), taught by Miguel Rocha and Catherine Strynckx, where she completed her cello degree, a master’s in Performance and a master’s in Music Teaching. She attended masterclasses with Márcio Carneiro, Agnès Vesterman, Michel Strauss, Xavier Gagnepain, Susanne MüllerHornbach, Eduardo Vassallo, Paulo Gaio Lima, Jed Barahal, Filipe Quaresma and Pavel Gomziakov; she also sat in on masterclasses with Natália Shakovskaya and Anne Gastinel. She worked with various orchestras, including Jeune

Teaser Interruptor Som 1-4 Trigger Sound 1-4

Interruptor Som 1 Trigger Sound 1 Música Music J. S. Bach (1685-1750)

Interruptor Som 2 Trigger Sound 2 Música Music Vânia Moreira

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Philharmonie Franco-Allemande, Camerata Nov’Arte, the Classical Orchestra of Central Portugal, the Classical Orchestra of Espinho, the Cascais and Oeiras Chamber Orchestra, the Iberian Orchestra and the Almada Chamber Orchestra. In 2011, she took part in the 1st Young Performers of Early Music Competition, and her chamber music group was among the winners. And in 2012, she came 2nd in the Folefest Competition in the Chamber Music category. She currently teaches with the Orquestra Geração Project and at the Almada Academy of Music. Interruptor Som 3 Trigger Sound 3 Música e História Music and Story Vânia Moreira

Interruptor Som 4 Trigger Sound 4 Música Music Trad. Idanha-a-Nova

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TERRITÓRIO TERRITORY

27.11.2020 Experiência do Lugar 4 Experience of Place Filmado em Filmed in Monsanto Realizado por Directed by Filipe Faria

A linha com que cosemos os dias… Estar fora do lugar é fazer parte de um mundo no qual a experiência do lugar – dos seus espaços e hábitos, da paisagem, dos sons e dos cheiros, da temperatura e da humidade, das pessoas com que nos cruzamos, do paladar, do esforço físico ou da sua ausência, da descoberta, da surpresa passiva ou activa –, no lugar mais bonito do mundo, Idanha, é o fio condutor, o fio com que cosemos os dias e que liga os nossos desafios, propostas e provocações. Os dias que vivemos são de outros desafios. Como ligar, como coser os dias? Esta é uma ideia... uma narrativa do lugar... que se pode seguir como uma cronologia, olhando para o relógio ou esquecendo-o... The thread with which we sew our days... Being fora do lugar (out of place) means being part of a world in which the experience of a place – its spaces and customs, the landscape, the sounds and smells, the temperature and humidity, the people we meet, the flavours, physical effort or its absence, discovery, passive or active surprise – the most beautiful place in the world, Idanha, is the common thread, the thread with which we sew our days and which binds together our challenges, proposals and provocations.... The days we are experiencing now present another kind of challenge... How can we flick on, how can we sew these days? Here’s an idea... 49



PROGRAMA PRINCIPAL MAIN PROGRAMME

ÜRYAN

Quando olhamos para o cosmos, os movimentos das estrelas e dos planetas, as leis da vibração e do ritmo – tudo perfeito e imutável –, vemos que o sistema cósmico funciona segundo a lei da música, a lei da harmonia. When one looks at the cosmos, the movements of the stars and planets, the laws of vibration and rhythm – all perfect and unchanging – it shows that the cosmic system is working by the law of music, the law of harmony. Hazrat Inayat Khan (1882-1927)


MÚSICA MUSIC


CONCERTO CONCERT

Cores da Anatólia Anatolian Colors Terra comum, caminhos diferentes Common land, different paths Raquel Reis Violoncelo Cello Gulami Yesildal Turquia Turkey Saz e voz Saz and voice Tiago Santos Percussão Percussion

Teaser 25.11.2020 Concerto Concert 27.11.2020, 21h30 Encontro Meeting 28.11.2020, 10h30 Entrevista Interview 29.11.2020, 11h00

Anatólia, uma terra onde o sol nasce do leste, um antigo solo de tradições, sabores e cores diversos, é o palco musical de Üryan. Os três músicos de Üryan conheceram-se em Lisboa, ligados através de uma paixão comum pela música desta região. De diferentes origens culturais e musicais, os músicos exploram novas formas de entrar em diálogo com os seus instrumentos, cada um com um historial diferente de actuações. Juntos, criam novos arranjos e espaço para a criatividade e improvisação nas suas performances. As músicas apresentadas neste programa partilham um sentido de espiritualidade e do lado divertido da vida. Vida e profundidade entram em diálogo em perfeita harmonia com “as leis da vibração e do ritmo”. Anatolia, a land where the sun rises from the east, an ancient ground of diverse traditions, flavours and colours, is the musical stage of Üryan. The three musicians of Üryan met in Lisbon, connected through a common passion for the music of this region. Coming from different cultural and musical backgrounds, the musicians explore new ways of entering into dialogue with their instruments, which each have a different performance history. Together, they create new arrangements and create space for creativity and improvisation in their performances. The songs presented in this programme share a sense of spirituality and of the fun side of life. Life and depth enter into dialogue in perfect harmony with “the laws of vibration and rhythm”. BIOGRAFIAS Üryan (nu, despido, em turco) resulta do encontro entre três músicos com percursos musicais distintos que, juntos, criam uma sonoridade particular em torno da tradição musical dos Balcãs até ao Cáucaso, com arranjos e originais. Juntos, em palco, partilham o seu fascínio pela música, num registo intimista. Raquel Reis, violoncelista portuguesa, estudou em Portugal e nos Estados Unidos. Toca na Orquestra Gulbenkian desde 2007 e tem-se apresentado a solo e em projectos de música de câmara em Portugal e no estrangeiro. Curiosa por diferentes universos e linguagens musicais, tem procurado encontros focados no diálogo entre músicos com diferentes backgrounds. Colaborou recentemente com Mário Laginha, 53


Mbye Ebrima, Ricardo Ribeiro, Pedro Jóia e Waldemar Bastos. Gravou com o seu Trio Pessoa um projecto inteiramente dedicado à música portuguesa para trio e o CD “Mundo Grande” de mpb, no Rio de Janeiro.

Teaser

Entrevista Interview

Gulami Yesildal é cantor e multi-instrumentista. Nascido na Turquia, educado na Holanda e na Índia, veio até Lisboa numa grande viagem musical pela Europa. Toca “Saz” (Turquia), “Oud” (Oriente Médio), “Tar” (Irão) e “Sarod” (Índia). A viver na Mouraria há quatro anos, tem tido a oportunidade de participar em diferentes projectos em Lisboa e em todo o país. Tiago Santos, multi-instrumentista especializado em percussão tradicional portuguesa e percussão oriental, colaborando com artistas nacionais e internacionais nos mais variados estilos e géneros musicais. Autodidacta em instrumentos de corda e sopro, teve como formação musical bateria jazz, adquirindo ao mesmo tempo aulas informais de sonoplastia e de conceitos e técnicas de gravação. As viagens permitiram a recolha de material fonográfico, várias entrevistas e aulas musicais, não só em Portugal mas também em Espanha, Marrocos, Brasil, Turquia, Irão, Senegal. BIOGRAPHIES Üryan (‘naked’/‘bare’ in Turkish) is the result of a meeting of three musicians with different musical backgrounds who together create a particular sound based on musical traditions from regions ranging from the Balkans to the Caucasus, with both arrangements and original works. Together on stage, they share their fascination for music in an intimate register.

Encontro Meeting

Raquel Reis, a Portuguese cellist, studied in Portugal and the United States. She has played in the Orquestra Gulbenkian since 2007 and has performed as a soloist and in various chamber music projects in Portugal and abroad. Curious about different musical traditions and languages, she has sought to enter into dialogue with musicians of varying backgrounds. She has recently collaborated with Mário Laginha, Mbye Ebrima, Ricardo Ribeiro, Pedro Jóia and Waldemar Bastos. She has recorded with Trio Pessoa, a project dedicated exclusively to Portuguese trio music, and recorded the mpb CD ‘Mundo Grande" in Rio de Janeiro. Gulami Yesildal is a singer and multi-instrumentalist. Born in Turkey and educated in Holland and India, he came to Lisbon as part of a great musical journey through Europe. He plays "Saz" (Turkey), "Oud" (Middle East), "Tar" (Iran) and "Sarod" (India).

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Having moved to Mouraria four years ago, he has had the opportunity to participate in various projects in Lisbon and throughout the country. Tiago Santos is a multi-instrumentalist specialising in traditional Portuguese and oriental percussion and has collaborated with national and international artists in a wide range of musical styles and genres. Self-taught on wind and string instruments, he received musical training in jazz drums while also undertaking informal classes in sound design and recording concepts and techniques. His travels have facilitated the collection of phonographic material, several interviews and musical classes in Portugal, Spain, Morocco, Brazil, Turkey, Iran and Senegal.

Ficha Técnica Datasheet: Filmado em Filmed in Idanha-a-Velha, Lagar Realizado por Directed by Filipe Faria Câmaras Cameras Filipe Faria, Rita Santos, Mário Alves Som Sound Filipe Faria Assistente de Produção Production Assistant Daniel Carreiro Voz Voice Idalina Gameiro

Concerto Concert

Programa Programme Cores da Anatólia Anatolian Colors Huma Kusu, Erzurum, Turquia (Traditional hymn Aydar) Havun Havun, Arménia, Gregor Narekatsy (10th c.) Pir Turkey-Iraq, Sufi song Krunk, Arménia, Komitas (1869-1935) Es gisher, Arménia, Folk Dance Mom Bar, Arménia, Folk song (candle dance) Darhejîrokê şarkı sözleri ile Kurdish song

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TERRITÓRIO TERRITORY

28.11.2020 Experiência do Lugar 5 Experience of Place Filmado em Filmed in N. Senhora da Azenha Realizado por Directed by Filipe Faria

A linha com que cosemos os dias… Estar fora do lugar é fazer parte de um mundo no qual a experiência do lugar – dos seus espaços e hábitos, da paisagem, dos sons e dos cheiros, da temperatura e da humidade, das pessoas com que nos cruzamos, do paladar, do esforço físico ou da sua ausência, da descoberta, da surpresa passiva ou activa –, no lugar mais bonito do mundo, Idanha, é o fio condutor, o fio com que cosemos os dias e que liga os nossos desafios, propostas e provocações. Os dias que vivemos são de outros desafios. Como ligar, como coser os dias? Esta é uma ideia... uma narrativa do lugar... que se pode seguir como uma cronologia, olhando para o relógio ou esquecendo-o... The thread with which we sew our days... Being fora do lugar (out of place) means being part of a world in which the experience of a place – its spaces and customs, the landscape, the sounds and smells, the temperature and humidity, the people we meet, the flavours, physical effort or its absence, discovery, passive or active surprise – the most beautiful place in the world, Idanha, is the common thread, the thread with which we sew our days and which binds together our challenges, proposals and provocations.... The days we are experiencing now present another kind of challenge... How can we flick on, how can we sew these days? Here’s an idea...

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PROGRAMA PRINCIPAL MAIN PROGRAMME

KABEÇÃO

A sua alma nua. A música de Kabeção despe-o até ao seu âmago mais gentil, honesto e sem filtros. A melodia tece-se por magia. As paredes derretem. Os corações abrem-se. A pele vibra. Your soul is bared. Kabeção’s music gets right through to your most tender, unadulterated, authentic core. Melody is interwoven with magic. Walls melt. Hearts open. The skin tingles.


MÚSICA MUSIC


CONCERTO CONCERT

Freedom Expressions Expressões da Liberdade Kabeção [Carlos Rodrigues] Handpans

Teaser 26.11.2020 Encontro Meeting 28.11.2020, 10h30 Concerto Concert 28.11.2020, 21h30 Entrevista Interview 29.11.2020, 14h00

Kabeção é um multi-instrumentista, intérprete de handpan e explorador sonoro que actua por todo o mundo, cria música inspiradora e toca em contextos variados com músicos talentosos das mais diversas origens. O caminho de Kabeção para o sucesso tem sido marcado por acontecimentos memoráveis. Foi finalista no programa Got Talent Portugal e o seu álbum “Touching Souls” (lançado em Setembro de 2017) foi aguardado com expectativa e completamente financiado por melómanos e músicos de todo o mundo. “Touching Souls” excedeu as expectativas e objectivos durante a sua concepção e mantém-se fiel ao seu título, tocando-nos a alma. É algo completamente inédito. Com o seu espírito gentil, natureza lúdica e execução emotiva, a música de Kabeção parece transcender o tempo e o espaço. Este é um músico único na medida em que combina a sua habilidade enquanto percussionista com a nobre essência de um contador de histórias melódico, condensando experiências através dos canais de aço cantante. Carlos Rodrigues, também conhecido por Kabeção, é um multi-instrumentista, compositor, artista de rua e curandeiro sonoro português que cria uma abordagem única à música e ao som. O artista redefiniu as possibilidades musicais da handpan com o seu estilo poético e percussivo original. Ao tocar múltiplos instrumentos em simultâneo, cria música que é bela, hipnotizante e intensa. A sua humildade generosa permitem que todos alcancem um lugar de enorme paz e de bem-estar. Kabeção começou muito jovem com percussão e ritmo e adicionou mais tarde outros tipos de instrumentos, desde cordas a madeiras, concentrando-se na simples exploração do som. É autodidacta e tem combinado influências de diferentes partes do mundo. Brilha com a técnica original que usa ao tocar cada um dos seus instrumentos. Desde 2008, participou nos seguintes projectos: Tribolados (Reggae/Ska), Hikari (Drum ’n’ Bass/Jungle/Bossa Nova), T3ka (Trance acústico), Gapura (Klezmer/World Jazz) e Khayalan (Música Etnocontemporânea e do Mundo). Música editada: Primeiro EP a solo “High Gain Natural Awakening”, lançado em 2012, LP “Cosmic Seed”, lançado em 2014, e Duplo LP “Touching Souls”, lançado em 2017. Kabeção is a multi-instrumentalist, handpan player and sound explorer who plays all around the world, creates inspiring music and performs in various settings with talented musicians from all walks of life. Kabeção’s road to stardom has been punctuated by memorable milestones. He was a finalist on “Portugal’s Got Talent” and his album, “Touching Souls” (released in 59


Teaser

Entrevista Interview

Encontro Meeting

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September 2017), was long awaited and completely crowd-funded by music lovers and players from all around the world. “Touching Souls” exceeded expectations and targets, and the album holds true to its name. It is like nothing you have experienced before. With his gentle spirit, playful nature and emotive playing, Kabeção’s music seems to transcend time and space. He is a standalone player in terms of combining the skills of a percussionist with the great essence of a melodic storyteller, encapsulating experiences through the singing steel. Carlos Rodrigues, aka Kabeção, is a Portuguese multi-instrumentalist, composer, street busker and sound healer who crafts his own unique approach to music and sound. He has redefined the musical possibilities of the handpan with his unique poetic and percussive style. By playing multiple instruments simultaneously, he creates beautiful, mesmerising and intense music. His warm-hearted humility allows everyone to come home to a place of profound peace and wellbeing. Kabeção was involved with percussion and rhythm from a very young age, and then added other types of instruments, from strings to woodwind. His focus is the simple exploration of sound. He is self-taught and has combined influences from different parts of the world. He exhibits unique playing techniques on each of his instruments. Project since 2008: Tribolados (reggae/ska), Hikari (drum & bass/jungle/bossa nova), T3ka (acoustic trance), Gapura (klezmer/world jazz), Khayalan (ethnic/contemporary/ world music). Released music: first solo EP “High Gain Natural Awakening” released in 2012; LP “Cosmic Seed” released in 2014; double LP “Touching Souls” released in 2017 A sua alma nua. A música de Kabeção despe-o até ao seu âmago mais gentil, honesto e sem filtros. A melodia tece-se por magia. As paredes derretem. Os corações abremse. A pele vibra. Uma combinação de impecável técnica e som dinâmico flutua até ao ouvido do ouvinte, criando um portal de possibilidades. A música de Kabeção transmite uma mensagem ao público. Revela segredos. Invoca emoções que suscitam amor, criação e compreensão. Com um sentido de respeito e permissão delicada, a música de Kabeção atrai o ouvinte para uma experiência única e incomparável. Para além dos limites do tempo e do espaço, convida-nos a ser companheiros de viagem na exploração sonora. Intérprete de handpan ou percussionista (ou multiinstrumentista humano), Kabeção estabelece uma ligação instantânea com o público. A sua abordagem acessível à interpretação e ao ensino ajuda-nos a conectar com o outro, com as nossas emoções e o poder do som. Nós SOMOS o toque. Afinal, o indivíduo é o verdadeiro instrumento. Com cada toque da mão e iniciação completa ao momento presente, Kabeção cria uma forma de ouvir, interpretar e experienciar a música que é entusiasmante, realista, focada, mas também livre. Criada no coração, ela liberta-se em ondas de honestidade e ressoa na alma. A música de Kabeção relembra-nos da luz divina que somos, “brincando consigo mesma, sempre a criar,


sempre a moldar, sempre à procura de contorno e forma, e expressão”. Emite desejo. Sem desejo não há criação. Esta é a verdade comum a todos nós. Kabeção leva-nos numa viagem em que todos os sentidos são despertados. Your soul is bared. Kabeção’s music gets right through to your most tender, unadulterated, authentic core. Melody is interwoven with magic. Walls melt. Hearts open. The skin tingles. A combination of impeccable technique and dynamic sound floats into the ear of the listener, creating a portal for possibility. Kabeção’s music sends a message to people. It reveals secrets. It evokes emotions that inspire love, creativity and understanding. With a sense of respect and delicate license, Kabeção’s music pulls the listener into a unique experience unlike any other. Beyond the limits of time or space, he invites us to be co-travellers in sonic exploration. As a handpan player or percussionist (or human-multiinstrumentalist), Kabeção has an instantaneous rapport with the crowd. His relatable approach to performance and teaching helps us to connect with others, with our emotions, and with the power of sound. Here, we ARE touch. After all, the person is the real instrument. With every touch of the hand and his complete immersion in the present moment, Kabeção creates an exhilarating, down-to-earth, focused yet free approach to listening, playing and experiencing music. Created from the heart, it ripples out in waves of truth and resonates with the soul. Kabeção’s music reminds us of the divine light that we are, “at play, always creating, always moulding, always seeking shape, form and expression”. It exudes desire. Without desire, there is no creation. This is the common truth in us all. Kabeção’s takes us on a journey where all the senses come alive. “Se há alguém a desafiar os limites da arte do handpan é definitivamente Kabeção.” “If there is one person driving the handpan artform, it’s definitely Kabeção” – Comunidade de Handpan The Handpan Community “Um dos maiores professores e músicos de Handpan que alguma vez existiu.” “One of the greatest teachers and handpan musicians ever born.” – David Charrier

Concerto Concert

Programa Programme Freedom Expressions Expressões da Liberdade Astronaut Hyperboreal Life is too Short The Return of the Bucket Sell me One Ficha Técnica Datasheet: Filmado em Filmed in Idanha-a-Nova, Centro Cultural Raiano Realizado por Directed by Filipe Faria Câmaras Cameras Filipe Faria, Rita Santos, Mário Alves Som Sound Filipe Faria Assistente Assistant Daniel Carreiro Voz Voice Idalina Gameiro 61


TERRITÓRIO TERRITORY

29.11.2020 Experiência do Lugar 6 Experience of Place Filmado em Filmed in Toulões Toulica Realizado por Directed by Filipe Faria

A linha com que cosemos os dias… Estar fora do lugar é fazer parte de um mundo no qual a experiência do lugar – dos seus espaços e hábitos, da paisagem, dos sons e dos cheiros, da temperatura e da humidade, das pessoas com que nos cruzamos, do paladar, do esforço físico ou da sua ausência, da descoberta, da surpresa passiva ou activa –, no lugar mais bonito do mundo, Idanha, é o fio condutor, o fio com que cosemos os dias e que liga os nossos desafios, propostas e provocações. Os dias que vivemos são de outros desafios. Como ligar, como coser os dias? Esta é uma ideia... uma narrativa do lugar... que se pode seguir como uma cronologia, olhando para o relógio ou esquecendo-o... The thread with which we sew our days... Being fora do lugar (out of place) means being part of a world in which the experience of a place – its spaces and customs, the landscape, the sounds and smells, the temperature and humidity, the people we meet, the flavours, physical effort or its absence, discovery, passive or active surprise – the most beautiful place in the world, Idanha, is the common thread, the thread with which we sew our days and which binds together our challenges, proposals and provocations.... The days we are experiencing now present another kind of challenge... How can we flick on, how can we sew these days? Here’s an idea...

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PROGRAMA EDUCATIVO EDUCATIONAL PROGRAMME

Conceito Original Original Concept Filipe Faria Criação e Performance Creation and Performance Filipe Faria Músico Musician Director Fora do Lugar Destinatários Target Famílias e Escolas Families and Schools

Interruptor Terra 1 Trigger Earth/Soil/Land 1 3.12.2020 10h00 Interruptor Terra 2 Trigger Earth/Soil/Land 2 3.12.2020 12h00 Interruptor Terra 3 Trigger Earth/Soil/Land 3 4.12.2020 10h00 Interruptor Terra 4 Trigger Earth/Soil/Land 4 4.12.2020 12h00

INTERRUPTOR TERRA TRIGGER EARTH/SOIL/LAND O desafio é simples... ligar o interruptor! São três as propostas do Programa Educativo Fora do Lugar nas áreas do corpo, música e território... cada uma com quatro interruptores diferentes... São 12 os interruptores Fora do Lugar! Cada interruptor carrega um desafio e o nosso desafio é que liguem o interruptor... O desafio é que as crianças, as famílias e as escolas encontrem, nestas propostas, a vontade e a urgência de ligar o interruptor criativo e que nos façam chegar o resultado dessa energia... Pequenos vídeos “caseiros”, com enquadramentos semelhantes e respostas inspiradas nos nossos interruptores... Sobre a mesma música, sobre outra música, com a mesma iluminação, com outra, com os mesmos recursos minimais e criativos... Os melhores vídeos serão publicados no website oficial do Fora do Lugar sob a designação... “Interruptor Ligado!” Vamos levar a energia Fora do Lugar a todo o mundo! The challenge is simple... flick the trigger! The Fora do Lugar Education Programme has three proposals on the topics of the body, music and 63


Teaser Interruptor Terra 1-4 Trigger Earth/Soil/Land

Interruptor Terra 1 Trigger Earth/Soil/Land ´

Interruptor Terra 2 Trigger Earth/Soil/Land

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the territory... each with four different triggers... There are 12 Fora do Lugar triggers! Each trigger contains a challenge and our challenge is for you to flick the trigger... The challenge is for children, families and schools to find, in these proposals, the enthusiasm and urgency to flick the creative trigger and send us the result of this energy... Short "homemade" videos, with similar contexts and responses inspired by our triggers... Over the same music, over another piece of music, with the same lighting, with different lighting, with the same minimal creative resources... The best videos will be published on the official Fora do Lugar website under the name... "Trigger Flicked!" We will spread the Fora do Lugar energy all around the world! Filipe Faria nasceu, em Lisboa, em 1976. Pai, músico, compositor, autor, programador, produtor e investigador licenciou-se em Ciências Musicais pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa em 1998. Em 2000 termina a Pós-Graduação em Musicologia pela Universidade Autónoma de Lisboa, em 2002 a Especialização do Mestrado em Ciências Documentais pela Universidade de Évora e em 2004 a Pós-Graduação do Mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro pela Universidade de Lisboa/Faculdade de Letras/Instituto de História de Arte. Funda e co-coordena o projecto de licenciatura e pós-graduação em Musicologia - UAL - em 1999/2001 e funda e coordena o projecto de Licenciatura em Educação Musical - ISCE - em 2008/2009. Em 2000 funda a produtora e editora Arte das Musas da qual é gestor e director artístico e de produção e com a qual desenvolve projectos originais e parcerias nacionais e internacionais nas áreas da música, arte sonora, filme documental, etnografia, artes plásticas, fotografia, edição e programação. Cria e funda, em 2003, o Festival Terras sem Sombra de Música Sacra do Baixo Alentejo, do qual foi director artístico e de produção entre 2003 e 2010, e, em 2012, o Fora do Lugar - Festival Internacional de Músicas Antigas - em Idanha-a-Nova, do qual é director artístico e de produção. Estes projectos originais têm o apoio do Ministério da Cultura e da Direcção-Geral das Artes entre outras entidades. Foi elemento efectivo do Coro Gulbenkian entre 1998 e 2013 tendo realizado digressões em Portugal, Espanha, França, Itália, China, Estados Unidos da América, Malta, Holanda, Bélgica, Alemanha, Inglaterra, Japão, Israel, entre outros, e músico freelancer em ensembles de música antiga nacionais no mesmo período. Em 1999 funda o consort de música antiga e contemporânea Sete Lágrimas, que co-dirige, com uma discografia de 12 títulos - “Lachrimæ #1” (2007), “Kleine Musik” (2008), “Diaspora.pt: Diáspora, vol.1” (2008), “Silêncio” (2009), “Pedra Irregular” (2010), “Vento” (2010)


“Terra: Diáspora, vol.2” (2011), “En tus brazos una noche” (2012) e “Península: Diáspora. vol.3” (2013), “Cantiga” (2014), “Um dia normal” (2015) and “Missa Mínima” (2016) - e uma carreira de centenas de concertos em Festivais e Centros Culturais de doze de países da Europa e Ásia como Portugal, Bulgária, Itália, Malta, Espanha, China, Suécia, França, Bélgica, Noruega, Luxemburgo e República Checa. Em 2012 funda o projecto Noa Noa com uma discografia de 4 títulos - “Língua, vol. 1” (2014), “Língua, vol. 2” (2015), “De la mar” (2016), “Palavricas d’amor” (2017) - e concertos em Portugal, França, Bélgica e Japão. Em 2015 edita o seu primeiro livro, o poema gráfico “Um dia normal”. Em 2016 e 2017 cria os projectos multi-disciplinares “Todas as noutes passadas” (com Pedro Castro e Carla Albuquerque) e “Como dormirão meus olhos?” (com Pedro Castro), ambos sob encomenda do Centro Cultural de Belém/Fábrica das Artes em parceria com a Zonzo Compagnie (Bélgica) e com o financiamento do programa Europa Criativa da União Europeia. Em 2018 edita o CD dedicado à música original (escrita em colectivo com Pedro Castro) para “Todas as noutes passadas” e colabora com Mara Maravilha na criação e performance da banda sonora para o projecto “Isto não é uma nuvem” apresentado nos Dias da Música no CCB. Em 2018/2019 desenvolve seis paisagens sonoras - “Paisagem Sonora #1 a #6: Biofonias, Geofonias e Antropofonias de…” - em Proença-a-Nova, Vila Velha de Ródão, Oleiros, Penamacor, Castelo Branco e Idanha-a-Nova - estreadas nestas cidades em diálogo com os fotógrafos Valter Vinagre e Pedro Martins. Em 2020 é convidado pelo Projeto Cinco a desenvolver um projecto de paisagem sonora nos Municípios de Águeda, Idanha-a-Nova, Lousã, Óbidos e S. Pedro do Sul que resultou em “Cinco sopros para uma paisagem”. Este projecto de instalação sonora no espaço público estreou simultaneamente nestas cidades e foi adaptada a um espectáculo de homenagem ao antropólogo Benjamin Pereira (1928-2019), estreado no Centro Cultural Raiano. Em 2020 cria o projecto Museu dos Sons Perdidos e o podcast com o mesmo nome (Museum of Lost Sounds). Completou o Curso Geral do Conservatório Nacional em 1992, o Curso Complementar de Violino do Conservatório Nacional de Lisboa/FMAC em 1997, o Curso de Fotografia do Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual – com o fotógrafo Roger Meintjes, em 1995, o Curso de Pintura da Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA) entre 2001 e 2005 com os pintores Paiva Raposo e Mário Rita e, a convite, o Atelier Livre de Pintura da SNBA, com o pintor Jaime Silva, em 2005. Em 2014 é convidado para a Comissão de Candidatura de Idanha-a-Nova à Rede das Cidades Criativas da UNESCO na área da Música, aprovada em 2015 por esta entidade. Desde 2015 representa Idanha-a-Nova como stakeholder

Interruptor Terra 3 Trigger Earth/Soil/Land

Interruptor Terra 4 Trigger Earth/Soil/Land

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nos Encontros Internacionais UNESCO na Suécia (Östersund), Japão (Hammamatsu), Itália (Fabriano), Polónia (Katowice), no WOMEX 2017 (Polónia, Katowice), no European Congress of Local Governments/Institute for Eastern Studies/Economic Forum (Polónia, Cracóvia), como conferencista, etc. A Arte das Musas e o Festival Fora do Lugar, em Idanha-a-Nova, são, desde 2020, membros efectivos do REMA - Réseau Européen de Musique Ancienne/Early Music European Network. Filipe Faria was born in Lisbon in 1976. A father, musician, composer, author, programmer, producer, researcher... he graduated in Musicology from the School for Social Sciences and Humanities/Universidade NOVA de Lisboa in 1998. In 2000 he completed a post-graduation in Musicology at the Universidade Autónoma de Lisboa in 2000, a postgraduate specialisation in Documentation Science at the History Department of the Universidade de Évora in 2002 and a postgraduate course from the master’s programme in Art, Heritage and Restoration Theory at the Institute of Art History at the Universidade de Lisboa in 2004. He established and jointly coordinated the UAL undergraduate and postgraduate programme in Musical Sciences in 1999/2001. In 2008/2009, he established and coordinated UAL’s Musical Sciences undergraduate programme. In 2002, he established the production and publishing company Arte das Musas, for which he is managing artistic director, developing original projects and national and international partnerships in the areas of music, sound art, documentary film, ethnography, visual arts, photography, editing and programming. In 2003, he established the Sacred Music Festival - Terras sem Sombra - in Baixo Alentejo (Portugal), assuming the role of artistic and production director between 20032010, and the Fora do Lugar - Early Music(s) International Festival - in Idanha-a-Nova, for which he has been managing artistic director since 2012. These original projects receive support from among other organisations, the Portuguese Ministry of Culture and the Directorate-General for the Arts. He was member of the Gulbenkian Choir between 1998-2013, touring in Portugal, Spain, France, Italy, China, the United States, Malta, Holland, Belgium, Germany, England, Japan, and Israel, among others, and was a freelance musician in Portugal’s early music ensembles during the same period. In 1999, he founded the early and contemporary music consort Sete Lágrimas, of which he is co-director. Sete Lágrimas has a discography of 12 titles - “Lachrimæ #1” (2007), “Kleine Musik” (2008), “Diaspora.pt: Diáspora, vol.1” (2008), “Silêncio” (2009), “Pedra Irregular” (2010), “Vento” (2010) “Terra: Diáspora, vol.2” (2011), “En tus brazos una noche” (2012) e “Península: Diáspora. vol.3” (2013), “Cantiga” (2014), “Um dia normal” (2015) and “Missa Mínima” (2016) - and has performed hundreds of concerts at festivals and cultural centres in Europe and Asia, including Portugal, Bulgaria, Italy, Malta, Spain, China, Sweden, France, Belgium, Norway, Luxembourg and the Czech Republic. In 2012, he established the Noa Noa project, with a discography comprising 4 titles - “Língua, vol. 1” (2014), “Língua, vol. 2” (2015), “De la mar” (2016), “Palavricas d’amor” (2017) - and concerts in Portugal, France, Belgium and Japan. In 2015, he published his first book, the graphic poem “Um dia normal” (“A normal day”). In 2016 and 2017, he created the multi-disciplinary projects “All of the nights gone by” (with Pedro Castro and Carla Albuquerque) and “How will my eyes sleep?” (with Pedro Castro), both commissioned by the Centro Cultural de Belém/Fábrica das Artes in partnership with Zonzo Compagnie (Belgium) and with funding from the European Union Creative Europe programme. In 2018, he released a CD featuring the original music of “All of the nights gone by” (written together with Pedro Castro) and collaborates with Mara Maravilha in the creation and performance of the soundtrack for the project “Isto não é 66


uma nuvem” presented at Dias da Música at CCB. In 2018/2019 he develops six soundscapes - “Soundscapes # 1 to # 6: Biophonies, Geophonies and Anthropophonies of…” - in Proença-a-Nova, Vila Velha de Ródão, Oleiros, Penamacor, Castelo Branco and Idanha-a- Nova - premiered in these cities in dialogue with photographers Valter Vinagre and Pedro Martins. In 2020 he was invited by Projeto Cinco to develop a soundscape project in the Municipalities of Águeda, Idanha-a-Nova, Lousã, Óbidos and S. Pedro do Sul which resulted in “Cinco sopros para uma paisagem”. This sound installation project in the public space premiered simultaneously in these cities and was adapted to a show in honor of the anthropologist Benjamin Pereira (1928-2019), premiered at the Centro Cultural Raiano. In 2020 he created the project Museum of Lost Sounds and the podcast with the same name. He completed the National Conservatory General Course in 1992, the Complementary Violin Course at the National Conservatory of Lisbon/FMAC in 1997, the Ar.Co - Centro de Arte e Comunicação Visual Photography Course with photographer Roger Meintjes in 1995, the Painting Course at the Sociedade Nacional de Belas Artes with professors Paiva Raposo e Mário Rita between 2001-2005, and, by invitation, the SNBA Open Painting Studio with professor Jaime Silva in 2005. In 2014, he was invited to join the Idanha-a-Nova Candidature Committee in the area of music for the UNESCO Creative Cities Network application, which was approved in 2015. Since then Filipe has represented Idanha-a-Nova as a stakeholder in several international UNESCO meetings in Sweden (Östersund), Japan (Hammamatsu), Italy (Fabriano), Poland (Katowice), the European Congress of Local Governments/Institute for Eastern Studies/Economic Forum (Poland, Krakow), as a lecturer, etc... Arte das Musas and the Festival Fora do Lugar, in Idanha-a-Nova, are, since 2020, effective members of REMA - Réseau Européen de Musique Ancienne/Early Music European Network.

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TERRITÓRIO TERRITORY

4.12.2020 Experiência do Lugar 7 Experience of Place Filmado em Filmed in Idanha-a-Velha Rio Pônsul River Pônsul Realizado por Directed by Filipe Faria

A linha com que cosemos os dias… Estar fora do lugar é fazer parte de um mundo no qual a experiência do lugar – dos seus espaços e hábitos, da paisagem, dos sons e dos cheiros, da temperatura e da humidade, das pessoas com que nos cruzamos, do paladar, do esforço físico ou da sua ausência, da descoberta, da surpresa passiva ou activa –, no lugar mais bonito do mundo, Idanha, é o fio condutor, o fio com que cosemos os dias e que liga os nossos desafios, propostas e provocações. Os dias que vivemos são de outros desafios. Como ligar, como coser os dias? Esta é uma ideia... uma narrativa do lugar... que se pode seguir como uma cronologia, olhando para o relógio ou esquecendo-o... The thread with which we sew our days... Being fora do lugar (out of place) means being part of a world in which the experience of a place – its spaces and customs, the landscape, the sounds and smells, the temperature and humidity, the people we meet, the flavours, physical effort or its absence, discovery, passive or active surprise – the most beautiful place in the world, Idanha, is the common thread, the thread with which we sew our days and which binds together our challenges, proposals and provocations.... The days we are experiencing now present another kind of challenge... How can we flick on, how can we sew these days? Here’s an idea...

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PROGRAMA PRINCIPAL MAIN PROGRAMME

O BANDO DE SURUNYO

Docere, delectare, movere Ensinar, deleitar, comover To teach, to delight, to move Cicero (De Oratore, 55 B.C.)


MÚSICA MUSIC


CONCERTO CONCERT

Ũa enselada ibérica As conexões musicais peninsulares no “Siglo de Oro” Musical connections in the Iberian Peninsula during the Golden Age Eunice Abranches d’Aguiar Soprano Raquel Mendes Soprano Helena Correia Alto Carlos Meireles Tenor Sérgio Ramos Barítono Baritone Hugo Sanches Alaúde e direcção Lute and direction

Teaser 1.12.2020 Concerto Concert 4.12.2020, 21h30 Encontro Meeting 5.12.2020, 10h30 Entrevista Interview 6.12.2020, 11h00

Portugal e Espanha foram palco, durante os séculos XVI e XVII, de uma das eras mais notáveis de produção poética e musical da história da cultura europeia. As fontes documentais que chegaram até nós aportam uma visão de um extraordinário dinamismo na circulação e partilha de música, poesia e teatro no mundo ibérico de então através de redes diversificadas de relações institucionais e pessoais constituídas por mestres de capela, poetas, músicos e até mesmo reis. É neste fervilhante contexto que foi escrita a música e poesia que aqui apresentamos, organizada em cinco quadros temáticos que ilustram alguns dos principais géneros musicais e temáticas poéticas do renascimento e primeiro barroco ibéricos: "Da queda e da redenção"; "Do amor terreno"; "Do amor divino"; "Da esperança"; "Da condição humana". "Ensalada" é a designação de um importante género poético-musical cultivado na Península durante os séculos XVI e XVII. Caracterizada como uma "colagem" de diferentes estilos e registos poéticos-musicais, ensalada apresenta-se assim com suma propriedade como título para este programa onde se poderá escutar alguma da extraordinária música e poesia que então se cantava em Portugal e Espanha. During the 16th and 17th centuries, Portugal and Spain were the stage for one of the most notable eras of poetic and musical production in the history of European culture. Documentary sources that have survived until today provide a vision of an extraordinary dynamism in the circulation and distribution of music, poetry and theatre in the Iberian world of the time, through diverse networks of institutional and personal relationships consisting of chapel masters, poets, musicians and even kings. It was in this vibrant context that the music and poetry we are presenting here was written, organised into five thematic frameworks that illustrate some of the main musical genres and poetic themes of the Iberian renaissance and early baroque: "Da Queda e da Redenção" [Of the Fall and of Redemption]; "Do Amor Terreno" [Of Earthly Love]; "Do Amor Divino" [Of Divine Love]; "Da Esperança" [Of Hope]; vDa Condição Humana" [Of the Human Condition]. "Ensalada" is the name of an important poetic and musical genre cultivated in the peninsula during the 16th and 17th centuries. Characterised as a "collage" of different poetic and musical styles and registers, ensalada is thus fittingly presented as a title for this programme where we will be able to listen to some of the extraordinary music and poetry that used to be sung in Portugal and Spain. 71


NOTAS

Teaser

Entrevista Interview

Encontro Meeting

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A Península Ibérica apresenta, durante os séculos XVI e XVII, um riquíssimo quadro cultural que, alicerçado sobre uma matriz de pensamento comum a toda a Europa, possui, no entanto, características que lhe são distintivas. Tendo como eixo cronológico a união monárquica sob égide da dinastia filipina (1581-1640), Portugal e Espanha comungam de uma unidade ao nível da produção poética, musical e teatral que não só é anterior à coroa dual – encontrando-se já bem manifesta no terço final da dinastia de Avis – como persiste após a Restauração da Independência. Durante cerca de século e meio, circularam livre e intensamente pessoas, textos e música no espaço peninsular, originando uma das eras mais notáveis da história da cultura europeia. Mediado pelo castelhano enquanto língua franca (mas de modo algum exclusiva), geraram-se múltiplas correntes bidireccionais de influência literária e artística. Gil Vicente e Camões, por exemplo, são figuras de fulcral importância para a poesia e teatro castelhanos. Inversamente, a revolução poética iniciada por Luis de Góngora na década de 1580 e a "Comedia Nueva" preconizada por Lope de Vega no virar do século, marcaram profunda e incontornavelmente a cultura portuguesa durante os primeiros dois terços do Seiscentos. Neste vasto e rico sistema de vasos comunicantes a música constitui um fenómeno plástico e em constante fluxo. As fontes documentais que chegaram aos nossos dias aportam uma visão de um dinamismo extraordinário na circulação e partilha de música e textos poéticos e teatrais no mundo ibérico do Quinhentos e Seiscentos, através de redes diversificadas de relações não só institucionais mas também pessoais nas quais intervinham mestres de capela, poetas, nobres, copistas de música profissionais, cantores, capelães, familiares dos músicos e até mesmo os próprios reis. É neste fervilhante contexto que foi escrita a música e poesia que aqui apresentamos, organizada em cinco quadros temáticos que ilustram alguns dos principais géneros musicais do renascimento e primeiro barroco ibéricos: “Da Queda e da Redenção”; “Do Amor Terreno”; “Do Amor Divino”; “Da Esperança”; “Da Condição Humana”. "Ensalada" é a designação de um importante género poético-musical cultivado na Península durante os séculos XVI e XVII. A definição mais antiga que se conhece do termo encontra-se na "Arte poética española" (1592) de Juan Díaz Rengifo que a descreve como uma composição na qual se utilizam variados tipos de verso em diferentes idiomas ao “alvedrio do poeta”, acrescentando que “segundo a variedade de letras se vai mudando a música”. No entanto, a primeira ocorrência do termo provém de Portugal mais de oito décadas antes. O Auto da Fé de Gil Vicente, representado nas Matinas de Natal em 1509 ou 1510, termina com a seguinte didascália: “Cantam a quatro vozes ũa enselada que veio de França, e assi se vão com ela, e acaba a obra.”


Caracterizada como uma “colagem” de diferentes géneros, estilos, ambientes e registos poéticos-musicais, ensalada apresenta-se assim com propriedade como título para este concerto onde percorremos a extraordinária paleta de música e poesia que então se cantava em Portugal e Espanha. O concerto abre e fecha – como, de resto, o próprio título imporia – com duas ensaladas, ambas do compositor catalão Mateo Flecha, expoente máximo do género no século XVI. Chamando a si os diferentes procedimentos e técnicas de construção poético-musical então em uso, “El fuego” e “La bomba” desenham obras de uma teatralidade impactante. “El fuego” é um políptico poético-musical sobre o pecado e a redenção, simbolizados respectivamente pelo fogo e pela água. A temática é glosada com uma enorme riqueza descritiva e imagética, sendo a dimensão metafórica do texto eloquentemente espelhada pela variedade de quadros musicais que desfilam no decurso da obra. “La Bomba”, por sua vez, é uma obra satírica de forte influência vicentina, não só pela ironia e humor com que retrata certas fragilidades da natureza humana, como pela inclusão no texto de diversas passagens da tragicomédia de Gil Vicente, o “Triunfo do Inverno”. O nosso programa inclui alguns exemplares do riquíssimo legado musical seiscentista do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, então um dos mais importantes centros musicais e culturais da Península. A música do mosteiro chegou até nós em 16 cadernos contendo mais de 2500 páginas manuscritas com uma quantidade assombrosa de obras, exibindo uma riqueza e diversidade que fazem desta colecção um dos maiores tesouros do património imaterial português e europeu do Seiscentos. Foi aqui que o nosso ensemble encontrou o seu nome, mais precisamente no vilancico de negro: “A minino tam bonitio”. Nele, a líder de um festivo grupo de africanos canta versos de grande ternura ao menino Jesus recém-nascido, ao mesmo tempo que anuncia o bem que este trará à humanidade. No entanto, a trupe faz um alarido tal que ela se vê obrigada a repreendê-los, chegando mesmo ao ponto do insulto, chamando aos companheiros: “Mas que bando de surunyo!” (“mas que bando de estorninhos!”). A indignação, no entanto, é passageira e o grupo prossegue alegremente com a celebração. A extraordinária polifonia – quer em latim, quer em vernáculo – que se praticava em Portugal e Espanha nos séculos XVI e XVII encontrase representada também pelas penas de Pedro Escobar, Francisco

Concerto Concert

Programa Programme Ũa enselada ibérica An Iberian Enselada 1. Da queda e da redenção El fuego Espanha/pub. Praga, 1581, Mateo Flecha (1481-1553) Pater Peccavi Portugal/pub. Antuérpia, 1623, Duarte Lobo (c. 1565-1646) Aquam quam ego dabo Portugal/ Lisboa, 1648 Manuel Cardoso (1566 - 1650) 2. Do amor terreno La mas luzida belleza Portugal/Coimbra, c. 1642/45 Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra 3. Do amor divino Apuestan zagales dos Espanha/pub. Veneza, 1589 Francisco Guerrero (15281599) 73


Guerrero, Gabriel Díaz, Duarte Lobo e Manuel Cardoso. Os vilancetes e letrilhas de Guerrero e Díaz são notáveis pela forma como congregam um grande virtuosismo contrapontístico com uma absoluta clareza na veiculação dos textos poéticos e dos respectivos carácteres (burlesco, humorístico ou devocional). Por sua vez, os motetes dos portugueses Escobar, Lobo e Cardoso são extraordinários exemplos de como a música era então empregue ao serviço do “pathos” (apelo retórico à emoção), munindo os textos em latim de uma pungência que vai muito além daquela que as palavras, por si só, conseguiriam alcançar. NOTES During the 16th and 17th centuries, the Iberian Peninsula presented a very rich cultural framework which, based on a matrix of thought common to all of Europe, nevertheless possessed distinctive characteristics. In the chronological context of monarchic union under the aegis of the Philippine Dynasty (1581-1640), Portugal and Spain shared a common poetic, musical and theatrical production that not only predated the dual crown – already evident in the latter third of the Avis Dynasty – but which persisted after the Restoration of Independence. For approximately a century and a half, people, texts and music circulated freely and intensely throughout the peninsula, leading to one of the most notable eras in the history of European culture. Mediated, though by no means exclusively, by Castilian as a lingua franca, multiple twoway currents of literary and artistic influence came about. Gil Vicente and Camões, for example, are crucial figures in Castilian poetry and theatre. Conversely, the poetic revolution begun by Luis de Góngora in the 1580s and the "Comedia Nueva" advocated by Lope de Vega at the turn of the century profoundly and inevitably marked Portuguese culture during the first two thirds of the 1600s. In this vast and rich system of communicating vessels, music constituted a plastic phenomenon in a constant state of flux. Documentary sources that have survived until today provide a vision of an extraordinary dynamism in the circulation and distribution of music and poetic and theatrical texts in the Iberian world of the 1500s and 1600s, through diverse networks of not just institutional but also personal relationships involving chapel masters, poets, nobles, professional music copyists, singers, chaplains, musicians’ relatives and even kings themselves. It was in this vibrant context that the music and 74

Dexad al niño que llore Portugal/Coimbra, c. 1650 Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra 4. Da esperança Todo quanto pudo dar Espanha/pub. Veneza, 1589 Francisco Guerrero (15281599) 5. Da condição humana La bomba Espanha/pub. Praga, 1581 Mateo Flecha (1481-1553)

Ficha Técnica Datasheet Filmado em Filmed in Idanha-a-Velha, Catedral Realizado por Directed by Filipe Faria Câmaras Cameras Filipe Faria, Rita Santos, Mário Alves Som Sound Filipe Faria Assistente de Produção Production Assistant Daniel Carreiro Voz Voice Idalina Gameiro


poetry we are presenting here was written, organised into five thematic frameworks that illustrate some of the main musical genres of the Iberian renaissance and early baroque: "Da Queda e da Redenção" [Of the Fall and of Redemption]; "Do Amor Terreno" [Of Earthly Love]; "Do Amor Divino" [Of Divine Love]; "Da Esperança" [Of Hope]; "Da Condição Humana" [Of the Human Condition]. "Ensalada" is the name of an important poetic and musical genre cultivated in the peninsula during the 16th and 17th centuries. The oldest known definition of the term can be found in Arte Poética Española [Spanish poetic art] (1592), by Juan Díaz Rengifo, which describes it as a composition in which various types of verse in different languages are used in line with "the free will of the poet", adding that "the music changes according to the variety of words". However, the first occurrence of the term comes from Portugal, over eight decades earlier. Gil Vicente’s Auto da Fé, performed on Christmas morning in 1509 or 1510, ends with the following stage direction: "They sing, in four voices, an enselada from France, and thus depart, and the play ends." Characterised as a ‘collage’ of different poetic and musical genres, styles, environments and registers, ensalada is thus fittingly presented as a title for this concert where we look through the extraordinary palette of music and poetry that used to be sung in Portugal and Spain. The concert opens and closes – as the title itself would demand – with two ensaladas, both by Catalan composer Mateo Flecha, the greatest exponent of the genre in the 16th century. Invoking the different procedures and techniques of poetic and musical construction in use at the time, "El fuego" and "La bomba" are works of an impressive theatricality. "El fuego" is a poetic and musical polyptych about sin and redemption, symbolised by fire and water respectively. The theme is developed with an enormous descriptive and pictorial richness, with the metaphorical dimension of the text eloquently reflected in the variety of musical frameworks presented over the course of the work. "La Bomba", in turn, is a satirical work highly influenced by Gil Vicente, not only because of the irony and humour with which it portrays certain fragilities of human nature, but also due to the inclusion in the text of various passages of Gil Vicente’s tragicomedy, Triunfo do Inverno [The Triumph of Winter]. Our programme includes several examples of the extremely rich seventeenth-century musical legacy of the Santa Cruz Monastery in Coimbra, one of the most important musical and cultural centres of the peninsula at the time. The monastery’s music has survived until today in 16 books containing over 2500 handwritten pages with an astonishing quantity of works, exhibiting a wealth and diversity that make this collection one of the greatest treasures of Portuguese and European intangible heritage of the 1600s. It was here that our ensemble found its name, more precisely in the black villancico: ‘A minino tam bonitio’ [The most beautiful child]. In it, the leader of a merry group of Africans sings tender verses to the baby Jesus, announcing, at the same time, the good he will bring to humanity. However, the troupe makes such a racket that she is forced to reprimand them to the point of insult, calling her companions: ‘Mas que bando de surunyo!’ [What a flock of starlings!]. The indignation, however, is short-lived and the group happily carries on with the celebration. The extraordinary polyphony – both in Latin and in the vernacular – that was practised in Portugal and Spain in the 16th and 17th centuries is also represented in the quills of Pedro Escobar, Francisco Guerrero, Gabriel Díaz, Duarte Lobo and Manuel Cardoso. The villancicos and letrillas of Guerrero and Díaz are remarkable in the way that they bring together a great contrapuntal virtuosity with an absolute clarity in the transmission of poetic texts and their respective natures (burlesque, humorous or devotional). The motets of Portuguese composers 75


Escobar, Lobo and Cardoso, in turn, are extraordinary examples of how music at the time was employed at the service of the "pathos" (a rhetorical appeal to emotion), providing texts in Latin with a poignancy that went far beyond that which words could manage on their own. BIOGRAFIAS Criado em 2015, O Bando de Surunyo é um ensemble português especializado na interpretação de música dos séculos XVI e XVII. O nome é retirado de um vilancico seiscentista português e significa “bando de estorninhos”. O ensemble é a frente interpretativa e laboratorial de um projecto multidisciplinar que incide particularmente sobre repertório inédito albergado por fontes portuguesas, apresentando em quase todos os seus concertos obras inéditas em primeira audição moderna. O projecto abrange também música tanto de aquém como de além-fronteiras, tendo como objectivo proporcionar ao público e hoje o contacto com a pluralidade, ecletismo e riqueza do pensamento e imaginário do renascimento e barroco europeus, através da música e da poesia. A íntima relação entre som e palavra que emerge na música na transição do Quinhentos para o Seiscentos é o eixo central da abordagem d’O Bando de Surunyo ao estudo e interpretação do repertório. O som colocava-se então ao serviço do texto, veiculando, ilustrando e potenciado o seu conteúdo poético e afectivo. A transmissão eficaz e eloquente desse conteúdo nas suas múltiplas leituras e funções — literal, teatral, histórica, simbólica, religiosa, política e filosófica —, constitui a base para a construção de uma concepção interpretativa que persegue hoje o mesmo objectivo da música de então: divertir e comover o público através da palavra, do gesto e do som. Todo o projecto assume, pois, um alcance estético e comunicativo alargado através do qual, fazendo uso de práticas interpretativas e sonoridades históricas, se procura criar um objecto artístico pertinente, significativo e impactante para o público de hoje. O Bando de Surunyo tem realizado concertos de norte a sul de Portugal e no estrangeiro, destacando-se os seguintes: IV, V, VI, VII e VIII Jornadas Musicológicas Mundos e Fundos (Coimbra, 2015-2019); II Festival Internacional de Dança Portingaloise (V. N. Gaia, 07/2016); V Festival de Música Antiga Sons Antigos a Sul (Lagos, 08/2016); 3º Festival Internacional de Guitarra de Lagoa (Lagoa, 09/2016); Ciclos Musicórdia MMXVI e MMXVIII (Esposende, 2016 e 2018); Ciclo Cultura Viva - Fundação Manuel António da Mota (Porto, 12/2016); III Festival Internacional de Guitarra de Braga (Braga, 02/2017); Ciclo Sons do Caminho (Caminha, 04/2017); IX Festival dos Descobrimentos (Lagos, 05/2017); Festival Internacional Gaia todo um mundo (V. N. Gaia 06/2017); Festival CA Noroeste (Ponte da Barca 03/2018); Música em SI Maior (ciclo de música barroca) temporadas 2018 e 2019 (Loures); Dia Especial de Natal Euroradio/Antena 2 com transmissão radiofónica mundial (Lisboa, 12/2018); 1º Ciclo de Música Barroca (Cambados, Espanha, 08/2019); 8º Festival Internacional de Música Antiga Abvlensis (Ávila, Espanha, 08/2019); Encontros Internacionais de Música Antiga de Loulé Francisco Rosado (Loulé, Portugal, 10/2019); Festivais de Outono (Aveiro e Águeda, 11/2019); Sons da Cidade (Coimbra, 06/2020).

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Apaixonado pela música dos séculos XVI e XVII, tanto pela prática interpretativa como pela teoria e pensamento estético e filosófico, Hugo Sanches doutorou-se em 2019 em Estudos Musicais na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) com distinção e louvor, sendo ainda mestre e licenciado em música antiga pela Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE – Porto). É professor na ESMAE, onde lecciona teoria e prática interpretativa histórica, alaúde, música de câmara e baixo contínuo. É ainda professor convidado da FLUC. Colaborou e gravou com diversos agrupamentos nacionais e estrangeiros especializados em música renascentista e barroca, tais como Arte Mínima, Orquestra Barroca da Casa da Música, Sete Lágrimas, Orquestra Vigo 430, Ensemble Norte do Sul, Orquestra Barroca de Veneza, Os Músicos do Tejo, entre outros. Actuou em festivais e ciclos tais como Festival Internacional de Música de Espinho, “La Folle Journée”, Festival de Música Antigua de Úbeda y Baeza (Espanha), Festival Abvlensis (Espanha), Encontros de Música Antiga de Loulé, Festival Terras sem Sombra, Festival Internacional de Música da Madeira, Música em São Roque, Festival Via Stellae (Galiza), Stockholm Early Music Festival (Suécia), Festival Mozart Rovereto (Itália), Festival de Sablé (França), entre outros. No âmbito da música contemporânea estreou e gravou obras de compositores como João Madureira, Ivan Moody, Andrew Smith (todos com o ensemble Sete lágrimas) e Dimitris Andrikopoulos. É investigador do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da FLUC desde Março de 2013 onde se dedica ao estudo e edição do repertório musical português do século XVII. Dirige O Bando de Surunyo, ensemble que criou em Setembro de 2015, dedicado à interpretação e divulgação de música ibérica e europeia dos séculos XVI e XVII, contando-se entre o repertório do grupo a estreia moderna de mais de três dezenas de obras inéditas de fontes portuguesas seiscentistas. BIOGRAPHIES Created in 2015, O Bando de Surunyo is a Portuguese ensemble specialised in the interpretation of music from the 16th and 17th centuries. The name is taken from a seventeenth-century Portuguese villancico and means ‘flock of starlings’. The ensemble is the interpretative and laboratorial front of a multidisciplinary project which focusses, in particular, on an unheard repertoire of Portuguese origin, presenting in almost all their concerts works that have not yet been performed in modern times. The project also encompasses music from abroad, with the aim of bringing the public of today into contact with the plurality, eclecticism and wealth of thought and imagination of the European renaissance and baroque, through music and poetry. The intimate relationship between sound and word that emerges in the music of the turn of the seventeenth century is the primary focus of Bando de Surunyo’s approach to the study and interpretation of this repertoire. Sound would put itself at the service of text, conveying, illustrating and enhancing its poetic and affective content. The efficient and eloquent transmission of this content in its multiple readings and functions – literal, theatrical, historical, symbolic, religious, political and philosophical – constitutes the basis for the construction of an interpretive conception that today still pursues the same objective as music did then: to entertain and move the public through the word, the gesture and sound. The whole project therefore assumes a broad aesthetic and communicative 77


scope through which, making use of interpretive practices and historical sonorities, it aims to create an artistic object which is pertinent and meaningful and which makes an impact on the public of today. Bando de Surunyo has played concerts from the north to the south of Portugal and abroad, including: The 4th, 5th, 6th, 7th and 8th editions of the musicological conferences Mundos e Fundos (Coimbra, Portugal, 2015-2019); the 2nd Portingaloise International Festival of Early Music and Dance (Vila Nova de Gaia, Portugal, 07/2016); the 5th Festival of Early Music Sons Antigos a Sul (Lagos, Portugal, 08/2016); the 3rd International Guitar Festival of Lagoa (Lagoa, Portugal, 09/2016); MusiCórdia MMXVI and MMXVIII (Esposende, Portugal, 2016 and 2018); Cultura Viva – Fundação Manuel António da Mota (Porto, Portugal, 12/2016); the 3rd International Guitar Festival of Braga (Braga, Portugal, 02/2017); Sons do Caminho (Caminha, Portugal, 04/2017); the 9th Discoveries Festival (Lagos, Portugal, 05/2017); the International Forum Gaia Todo um Mundo (Vila Nova de Gaia, Portugal, 06/2017); Festival CA Noroeste ao Vivo (Ponte da Barca, Portugal, 03/2018); the baroque music series Música em SI Maior (2018 and 2019 seasons, in Loures, Portugal); the concert Dia Especial de Natal Euroradio / Antena 2 with worldwide radio broadcast (Lisbon, 12/2018); the 1st Barroque Music Series (Cambados, Spain, 08/2019); the 8th Abvlensis International Festival of Early Music (Ávila, Spain, 08/2019); International Meetings of Early Music in Loulé – Francisco Rosado (Loulé, Portugal, 10/2019); Autumn Festivals (Aveiro and Águeda, Portugal, 11/2019); and Sons da Cidade (Coimbra, Portugal, 06/2020). Hugo Sanches is fascinated by music from the 16th and 17th centuries, both its interpretive practice and its aesthetic and philosophical theory and thought. He completed his Doctorate in Musical Studies in 2019 at the Faculty of Letters of the University of Coimbra (FLUC) with distinction and commendation. He also has a master’s and bachelor’s degree in early music from the School of Music and Performing Arts in Porto (ESMAE). He is a professor at ESMAE, where he teaches historical interpretive theory and practice, lute, chamber music and basso continuo. He is also a visiting lecturer at FLUC. He has collaborated and recorded with various national and international groups specialised in renaissance and baroque music, such as Arte Mínima, Casa da Música's Baroque Orchestra, Sete Lágrimas, Orquestra Vigo 430, Ensemble Norte do Sul, Venice Baroque Orchestra and Os Músicos do Tejo, among others. He has performed in festivals and series such as Espinho International Music Festival (Portugal), La Folle Journée, Úbeda and Baeza Early Music Festival (Spain), Abvlensis Festival (Spain), International Meetings of Early Music in Loulé (Portugal), Terras sem Sombra Festival (Portugal), Madeira International Music Festival (Portugal), Música em São Roque (Portugal), Via Stellae Festival (Galicia), Stockholm Early Music Festival (Sweden), Mozart Rovereto Festival (Italy) and Sablé Festival (France), among others. In the field of contemporary music he has débuted and recorded works by composers such as João Madureira, Ivan Moody, Andrew Smith (all with the ensemble Sete Lágrimas) and Dimitris Andrikopoulos. Since March 2013, he has been a researcher at the Centre of Classical and Humanistic Studies at FLUC, where he studies and publishes works from the Portuguese musical repertoire of the 17th century. He directs Bando de Surunyo, an ensemble he created in September 2015, dedicated to the interpretation and dissemination of Iberian and European music from the 16th and 17th centuries. The group’s repertoire includes the modern début of over three dozen unheard works from 17th-century Portugal. 78


IMPRENSA “La fabrica de la belleza” - Inés Mogollón, musicóloga (Centro de Estudios “Tomás Luis de Victoria”, 30/08/2019) “La interpretación de O Bando de Surunyo fue de lo mejor del festival. [...] Estos “estorninos” portugueses dignificaron la música ibérica del Siglo de Oro elevándola a poesía sonora, popular, culta y llana. Disfrutaban cantando, conjuntando sus hermosas voces en distintas combinaciones vocales y, lo mejor de todo: nos emocionaron e hicieron disfrutar. [...] Ni una sola de las obras con que nos deleitaron tiene desperdicio. ¡Ni una sola! ¡Y ojalá hubiéramos tenido más! ¡Que nadie se pierda el oro de estos estorninos portugueses y sonoros!” - Michael Thallium (Revista Scherzo, 02/09/2019) PRESS ‘A factory of beauty’ - Inés Mogollón, musicologist (Tomás Luis de Victoria Research Centre, 30/08/2019) ‘Bando de Surunyo’s performance was the best in the festival. [...] These Portuguese ‘starlings’ dignified Iberian music of the ‘Siglo de Oro’, elevating it to popular, cultured and straightforward sound poetry. They enjoyed themselves singing, combining their beautiful voices in different vocal combinations and, best of all: they moved us and made us enjoy ourselves. [...] Every single one of the works they delighted us with was outstanding. Every single one! If only we could have had more! Nobody should miss out on these sonorous Portuguese starlings!’ - Michael Thallium (Scherzo magazine, 02/09/2019)

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DIAS SECRETOS SECRET DAYS Tendo em consideração os últimos desenvolvimentos da situação sanitária no país e as medidas que o Governo aprovou, nas últimas semanas, para a contenção da pandemia, foi tomada a decisão de alterar o modelo da proposta presencial [e secreta] desta edição Fora do Lugar. Todas as propostas estavam esgotadas... Numa primeira fase decidimos reduzir o número de lugares disponíveis, por si já muito limitados, para o intensíssimo programa presencial [e secreto] - de 4, 5 e 6 de Dezembro. Infelizmente, os novos desenvolvimentos aconselham outra solução... O modelo converte-se numa proposta online. Nos dias 4, 5 e 6 de Dezembro (sexta-feira, sábado e domingo próximos) é possível descobrir, nas plataformas Fora do Lugar, as propostas secretas desta edição... O desafio está lançado! Contamos com a vossa procura activa... e estamos cá para sermos encontrados! É muita a vontade de estar Fora do Lugar no “lugar mais bonito do mundo”... e aqui estaremos... Até já [secretamente]! Bearing in mind the latest developments in the health situation in the country and the measures approved by the government in recent weeks to contain the pandemic, the decision was made to change the model of in-person [and secret] events in this edition of Fora do Lugar. All the events were sold out... Initially, we decided to reduce the number of places available, which were already very limited, for the extremely intense inperson [and secret] programme – on 4, 5 and 6 December. Unfortunately, the new developments required another solution... The model moved fully online. On 4, 5 and 6 December (next Friday, Saturday and Sunday) you will be able to discover, on the Fora do Lugar platforms, the secret proposals of this edition... The challenge is launched! You can actively search for us... and we are here to be found! Who wouldn’t want to be fora do lugar in ‘the most beautiful place in the world’?... and we’ll be here... See you soon [in secret]! 80


EXPOSIÇÃO EXHIBITION

n.1 4.12.2020 21h00 Sofia Areal pintora painter Uma doação A donation Centro Cultural Raiano O Bando de Surunyo Eunice Abranches d'Aguiar Hugo Sanches Concerto apenas para Sofia Concert just for Sofia [devido à pandemia due to the pandemic SARS-CoV-2] Realizador Director Filipe Faria Consultor Consultant Paulo Longo Câmaras + Som Cameras + Sound Filipe Faria, Rita Santos Filmado em Filmed in Idanha-a-Nova, CCR

A ESCOLHA DE SOFIA SOFIA'S CHOICE Sofia Areal escolheu três obras para doar ao Centro Cultural Raiano. Essas obras acompanham, agora, a obra que ficou no território depois da exposição individual de 2018... e estão, hoje, aqui... Este é o primeiro passo dos dias secretos... e estaríamos todos juntos, com uma sopa na mão, servida pelos músicos que embalaram a nossa noite... Este ano não é assim... mas sugerimos que nos acompanhem com uma sopa quente... Como todos sabem, não há melhor do que uma sopa para aquecer os nossos dias secretos... Sofia Areal chose three works to donate to Centro Cultural Raiano. These pieces now accompany the work that stayed in the territory following her 2018 solo exhibition... and they are here today... This is the first step in our secret days... and we would be all be together, warming our hands on a bowl of soup, served by the musicians who soothe us into our evening... This year isn’t like the others... but we suggest you join us with a hot soup... As everyone knows, there’s nothing like soup to warm our secret days... 81


EXPOSIÇÃO EXHIBITION

n.2 4.12.2020 21h00 Paulo Longo Chefe de Divisão de Cultura... Head of Culture Division... CMIN José Cristóvão Arqueólogo Archaeologist CMIN Coordenação Coordination João Matos Professor auxiliar Assistant Professor Pedro Campos Costa Professor auxiliar convidado Guest Assistant Professor Departamento de Arquitectura da Universidade de Évora Agradecimentos Aknowledgment Departamento de Arquitectura da Universidade de Évora; Corso di Studi di Laurea Magistrale in Architettura “Architettura-Ambiente costruito-Interni” Politecnico di Milano Parceria Partnership Município de Idanha-a-Nova 82

NO MORE CITIES!

CENTRO CULTURAL RAIANO 12/2020 - 01/2021

Conversa a partir da montagem da exposição no more cities!, uma abordagem experimental à aldeia de Monsanto no âmbito da área de Projecto Avançado 1 do Mestrado Integrado em Arquitectura. Este é o segundo passo dos dias secretos, numa noite cheia... e ainda estaríamos todos juntos, com uma sopa na mão, servida pelos músicos que embalaram a nossa noite... Este ano não é assim... mas sugerimos que nos acompanhem com uma sopa quente... Como todos sabem, não há melhor do que uma sopa para aquecer os nossos dias secretos... Conversation based on the mounting of the no more cities! exhibition, an experimental approach to the village of Monsanto in the context of Advanced Project I of the Integrated Master’s in Architecture. This is the second step in our secret days, on a night with a packed programme... and we will all be together, warming our hands on a bowl of soup, served by the musicians who soothe us into our evening... This year isn’t like the others... but we suggest you join us with a hot soup... As everyone knows, there’s nothing like soup to warm our secret days...


TERRITÓRIO TERRITORY

5.12.2020 Experiência do Lugar 8 Experience of Place Filmado em Filmed in Rosmaninhal Realizado por Directed by Filipe Faria

A linha com que cosemos os dias… Estar fora do lugar é fazer parte de um mundo no qual a experiência do lugar – dos seus espaços e hábitos, da paisagem, dos sons e dos cheiros, da temperatura e da humidade, das pessoas com que nos cruzamos, do paladar, do esforço físico ou da sua ausência, da descoberta, da surpresa passiva ou activa –, no lugar mais bonito do mundo, Idanha, é o fio condutor, o fio com que cosemos os dias e que liga os nossos desafios, propostas e provocações. Os dias que vivemos são de outros desafios. Como ligar, como coser os dias? Esta é uma ideia... uma narrativa do lugar... que se pode seguir como uma cronologia, olhando para o relógio ou esquecendo-o... The thread with which we sew our days... Being fora do lugar (out of place) means being part of a world in which the experience of a place – its spaces and customs, the landscape, the sounds and smells, the temperature and humidity, the people we meet, the flavours, physical effort or its absence, discovery, passive or active surprise – the most beautiful place in the world, Idanha, is the common thread, the thread with which we sew our days and which binds together our challenges, proposals and provocations.... The days we are experiencing now present another kind of challenge... How can we flick on, how can we sew these days? Here’s an idea... 83



HISTÓRIAS DE VIDA LIFE STORIES

n.3 5.12.2020 17h30 Josefina Pissarra Mário Pissarra Penha Garcia

O PARLAMENTO DE JOSEFINA JOSEFINA'S PARLIAMENT Uma das mais devastadoras consequências da pandemia que vivemos desde Março de 2020 – e das inevitáveis respostas sanitárias de confinamento – é a redução radical das relações pessoais presenciais, do toque e da partilha. Em Penha Garcia, Josefina Pissarra decidiu combater essa ameaça e fundou O Parlamento. Tivemos a honra de sermos convidados.... aqui está ele... Este é o terceiro passo dos dias secretos... e estaríamos todos juntos, com Josefina... Este ano não é assim... mas sugerimos que nos acompanhem com uma sopa ou um chá quente... Como todos sabem, não há melhor do que estas memórias para aquecer os nossos dias secretos... One of the most devastating consequences of the pandemic we have been experiencing since March 2020 – and of the inevitable healthcare responses of lockdown – is the radical reduction of in-person relationships, touch and sharing. In Penha Garcia, Josefina Pissarra decided to fight this threat and founded O Parlamento [the parliament]. We had the honour of being invited... here it is... This is the third step in our secret days... and we will all be together, with Josefina... This year isn’t like the others... but we suggest you join us with a hot soup or a cup of tea... As everyone knows, there’s nothing like these memories to warm our secret days...

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HISTÓRIAS DE VIDA LIFE STORIES

n.4 5.12.2020 18h30 Manuel Panão Rancho Folclórico de Penha Garcia Penha Garcia

MANUEL PANÃO Manuel Panão dirige o Rancho Folclórico de Penha Garcia. Foi aos 8 anos, há 40 anos, que deu o primeiro passo. O par da irmã não podia estar e ela desafiou o director a chamar o irmão mais novo. 40 anos depois aqui está Manuel, com a mesma energia e fulgor do primeiro dia. Este é o quarto passo dos dias secretos... e estaríamos todos juntos, com o Manuel. Este ano não é assim... “O Manuel é fabuloso... um positivista criativo do qual precisamos tanto, ainda... para nos resgatar da espuma dos dias e alimentar ou recordar as memórias colectivas..." Manuel Panão runs Penha Garcia's folk dance group. It was at the age of 8, 40 years ago, that he took the first step. His sister’s dancing partner couldn’t make it and she challenged the director to call on her younger brother. 40 years later, here is Manuel with the same energy and glow as on that first day. This is the fourth step in our secret days... and we will all be together, with Manuel... This year isn’t like the others... "Manuel is fabulous... he has the kind of creative positivist outlook we still need so much... to rescue us from the dregs of our days and to feed or jog our collective memories." 86


GASTRONOMIA GASTRONOMY

n.5 5.12.2020 19h00 Um ensaio de An essay by Paulo Longo Filipe Faria

JANTAR POBRE PAUPER'S DINNER “Por onde se começa um jantar que não é um jantar mas um monólogo?” Este é o quinto passo dos dias secretos... e estaríamos todos juntos, a jantar... Este ano não é assim... mas sugerimos que nos acompanhem com talheres, apetite e uma boa dose de curiosidade... Como todos sabem, não há melhor do que os momentos passados à mesa para aquecer os nossos dias secretos... "Where do you start a dinner that isn't a dinner but a monologue?" This is the fifth step in our secret days... and we will all be together, having dinner... This year isn’t like the others... But we suggest you join us with a knife and fork, a healthy appetite and a generous serving of curiosity... As everyone knows, there’s nothing like time spent round the table to warm our secret days...

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“Em Maio de 2005, partiu para sempre Maria Joaquina dos Santos, formidável cozinheira e tia mais-que-tudo. Ao longo dos anos serviu a todos e, acima de tudo, à família, da qual foi um pilar essencial. O eterno olhar, doce e sorridente, que velava por uma mesa de casa de bonecas, deixou memórias maravilhosas.Ali desaguava todo o seu saber culinário, que iludia, magistralmente, a parca existência do quotidiano. O seu engenho, elevando o aproveitamento a um nível quase de requinte, é um exemplo notável de gastronomia sustentável, diríamos hoje.. Não fossem os laços de família que perduraram, que razões haveria para recordar Maria Joaquina? As particularidades do Fora do Lugar e o seu Jantar Pobre, momento de encontro que resgata histórias menos conhecidas da comida e da mesa das terras de Idanha. Numa das casas onde trabalhou, numa cozinha que conheceu, recorremos à sua memória, tão querida de alguns, para honrar todos aqueles com quem nos habituámos a partilhar os momentos de encontro deste tempo Fora do Lugar, este ano mais fora do que nunca.” Paulo Longo "In May 2005, Maria Joaquina dos Santos, the formidable cook and allround favourite, left us forever. Over the years she served everyone, especially her family, to whom she was an essential pillar. Her eternal gaze, sweet and smiling, presiding over a minuscule table, left us with mouthwatering memories. There she unleashed all her culinary knowledge, superbly elevating the frugality of everyday existence. Her skill in making use of every scrap, almost to the level of sophistication, is a remarkable example of sustainable gastronomy, as we call it nowadays... If not for the long-lasting family ties, what reason would there be to remember Maria Joaquina? The singularities of Fora do Lugar and its "Pauper's Dinner," a moment of coming together that rescues lesser-known stories of food and the table of the lands of Idanha. In one of the restaurants where she worked, in a kitchen she knew, we turn to her memory, so beloved to some, to honour all those with whom we are accustomed to coming together and sharing during the Fora do Lugar period, this year even more "out of place" than ever." Paulo Longo

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Fritos de abóbora Pumpkin Fritters • Abóbora cortada em fatias finas • Sal, água, farinha e ovo para o polme • Azeite para fritar • Pumpkin cut into thin slices • Salt, water, flour and egg for the batter • Olive oil for frying Bacalhau Ludovina Ludovina Cod • Pão regional duro, cortado em fatias muito finas • Azeite, cebola, alho, sal, louro, mangerona, malagueta • 1 a 2 postas finas de bacalhau, cozidas • Água da cozedura para embeber • Gema de ovo para pincelar • Hard regional bread, cut into very thin slices • Olive oil, onion, garlic, salt, bay leaf, marjoram, hot chilli • 1 to 2 thin pieces of salt cod, cooked • Cooking water to soak • Egg yolk to brush Pudim de leite Milk pudding • Açúcar, leite, ovos, raspa de laranja • Sugar, milk, eggs, orange zest


PROGRAMA PRINCIPAL MAIN PROGRAMME

GALANDUM GALUNDAINA Galandum Galundaina faz parte da genealogia de uma região com um património musical e etnográfico único, que durante muito tempo ficou esquecido. Galandum Galundaina is part of the genealogy of a region with a unique musical and ethnographic heritage, which was forgotten for a very long time.


MÚSICA MUSIC


CONCERTO CONCERT

D’alhá para acá. Las modas de ls nuossos abós, hoije From then to now. The ways of our grandparents, today Música Tradicional da Terra de Miranda Traditional Song from Terra de Miranda Paulo Preto Paulo Meirinhos Alexandre Meirinhos João Pratas

Teaser 2.12.2020 Encontro Meeting 5.12.2020, 10h30 Concerto Concert 5.12.2020, 21h30 Entrevista Interview 6.12.2020, 14h00

Galandum Galundaina faz parte da genealogia de uma região com um património musical e etnográfico único, que durante muito tempo ficou esquecido. Ao longo dos últimos 20 anos o grupo contribuiu para o estudo, preservação e divulgação da identidade cultural das Terras de Miranda, Nordeste Transmontano. O seu trabalho de investigação e recolha, junto de pessoas mais velhas com conhecimentos rigorosos do legado musical da região, a par da formação académica na área da música, concretizou-se num sentido renovado no modo de entender as sonoridades que desde sempre conheceram. Com a sua música não procuram criar novos significados, mas antes descrever os lugares e a vida; encontrar as raízes que permitem que a cultura se desenvolva. Para além da edição de quatro discos e um DVD ao vivo, o trabalho do grupo inclui a padronização da gaita-de-foles mirandesa, a construção de instrumentos tradicionais (usados em concerto), a organização do Festival itinerante de cultura tradicional “L Burro i l Gueiteiro”, bem como a produção e programação de outros festivais/eventos relacionados com a cultura tradicional. Em palco os quatro elementos apresentam um repertório vocal e instrumental na herança do cancioneiro tradicional das Terras de Miranda, onde as harmonias vocais e o ritmo das percussões nos transportam para um universo atemporal. Das memórias da Sanfona, da Gaita-de-foles Mirandesa, da Flauta pastoril, do Rabel, do Saltério, do Cântaro, do Pandeiro mirandês, do Bombo e da Caixa de Guerra do avô Ventura, nasce uma música que acumula referências, lugares, intensidades, tempos. Para Galandum Galundaina a música não se inventa, reencontra-se. Os álbuns editados têm tido uma excelente apreciação pela crítica especializada. Em 2010 para além da atribuição do Prémio Megafone, o álbum Senhor Galandum foi reconhecido pelos jornais Público e Blitz como um dos dez melhores álbuns nacionais. Do seu roteiro fazem parte alguns dos mais importantes Festivais de World Music/Folk em Portugal, Espanha, França, Itália, Bélgica, Alemanha, Marrocos, Cuba, Cabo Verde, Brasil, México e Malásia. Galandum Galundaina is part of the genealogy of a region with a unique musical and ethnographic heritage, which was forgotten for a very long time. Over the course of the past 20 years, the group has contributed to the study, preservation and promotion of the cultural identity of Terra de Miranda, Northeast Trás-os-Montes. 91


Teaser

Entrevista Interview

Their work in research and gathering of information from older people with precise knowledge of the musical legacy of the region, combined with an academic background in the area of music, has led them to a new way of understanding the sonorities they have always known. They do not seek to create new meanings with their music, but to describe places and life; to find the roots which allow culture to develop. In addition to producing four albums and a live DVD, the group has worked on the standardisation of the gaita-de-foles mirandesa (a type of Portuguese bagpipe), the construction of traditional instruments (used in concert), the organisation of the travelling festival of traditional culture "L Burro i l Gueiteiro" and the production and programming of other festivals/events related to traditional culture. On stage, the four members present a vocal and instrumental repertoire rooted in the traditional songs of Terra de Miranda, where the vocal harmonies and rhythm of the percussion transport us to a timeless universe. Memories of the hurdy-gurdy, the gaita-de-foles Mirandesa, the pipe, the rabel, the psaltery, the cântaro, the Mirandese timbrel, the bass drum and grandfather Ventura’s snare drum give rise to a music that accumulates references, places, intensities and times. For Galandum Galundaina, music is not invented, it is rediscovered. Their recorded albums have been very well received by critics. In 2010, as well as being awarded the Megaphone Prize, the album "Senhor Galandum" was recognised by newspapers Público and Blitz as one of the top ten national albums. They have played at some of the most important world music and folk festivals in Portugal, Spain, France, Italy, Belgium, Germany, Morocco, Cuba, Cape Verde, Brazil, Mexico and Malaysia. IMPRENSA

Encontro Meeting

“Embaixadores da música mirandesa…” – Agência Lusa 19/12/2015 • “Senhores de um som único e diferenciador, e que é o que de melhor e culturalmente mais relevante se vai fazendo em Portugal em contexto folk.” – Miguel Trofa Pereira 8/7/2013 • “Purismo não, génio sim.” – João Bonifácio, Suplemento Y, Público, 11/3/2010 PRESS ‘Ambassadors of Mirandese music’ – Agência Lusa 19/12/2015 • ´Musicians of a unique and distinctive sound, the best and most culturally relevant being made in Portuguese folk music today´. – Miguel Trofa Pereira 8/7/2013 • ´Not purism, but genius.´ – João Bonifácio, Suplemento Y, Público, 11/3/2010

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Ficha Técnica Datasheet Galandum Galundaina D’alhá para acá. Las modas de ls nuossos abós, hoije Filmado em Filmed in Idanha-a-Velha, Lagar de Varas Realizado por Directed by Filipe Faria Câmaras Cameras Filipe Faria Rita Santos Mário Alves Som Sound Filipe Faria Assistente de Produção Production Assistant Daniel Carreiro Voz Voice Idalina Gameiro

Concerto Concert

Programa Programme D’alhá para acá. Las modas de ls nuossos abós, hoije Lhoba Parda Chin Glin Din Canedo Tamborileira + Pingacho + Cirigoça Mirandum L Pandeiro La pulga I l piolho Burgalesa Para namorar morena Coquelhada Marralheira Fraile Cornudo Senhor Galandum Nós tenemos muitos nabos Temas do repertório tradicional mirandês com arranjos de Galandum Galundaina. Themes from the traditional Mirandese repertoire with arrangements by Galandum Galundaina.

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NATUREZA NATURE

n.6 6.12.2020 10h00 2ª Caminhada Anual de Observação de Aves: A SPEA Fora do Lugar 2nd Annual Bird Watching Walk: SPEA Out of Place

Lara Broom Bióloga Biologist SPEA Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves Portuguese Society for the Study of Birds

OBSERVAR QUEM OBSERVA WATCH WHO’S WATCHING Senhora da Azenha, Rio Pônsul, 6.12.2020 Este é o sexto e último passo dos dias secretos... e estaríamos todos juntos, a caminhar... Este ano não é assim... mas sugerimos que nos acompanhem com botas, casacos a par de um chá quente... Como todos sabem, não há melhor do que este lugar para aquecer os nossos dias secretos... “Já estamos mesmo a chegar à Senhora da Azenha, esperem só 5 minutos, por favor... A Lara Broom e a SPEA estão mesmo a chegar, também... Até já! Às 10h00 vamos 'observar quem observa'... Aproveitamos os dias que vivemos para olhar de outra forma... não as aves mas quem observa as aves e trabalha diariamente para promover a biodiversidade e uma natureza mais sustentável...” This is the sixth step in our secret days... and we will all be together, walking... This year isn’t like the others... but we suggest you join us with

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boots, a jacket and a nice hot tea... As everyone knows, there’s nothing like this place to warm our secret days... "We’ll soon be arriving at Senhora da Azenha, just wait 5 minutes, please... Lara Broom and the Society for the Study of Birds are coming too... See you soon! At 10am we're going to 'watch who’s watching..' We’re taking advantage of these days of lockdown to look in another way... not at the birds, but at who is looking at the birds and working on a daily basis to promote biodiversity and a more sustainable nature..." A SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves é uma Organização Não Governamental de Ambiente que trabalha para a conservação das aves e dos seus habitats em Portugal, promovendo um desenvolvimento que garanta a viabilidade do património natural para usufruto das gerações futuras. A SPEA desenvolve projetos em todo o território nacional e também em parceria no estrangeiro (ex.: Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Malta e Grécia). A sensibilização ambiental e a promoção do Birdwatching são também duas das suas prioridades. Mais especificamente, realizamos censos por todo o país (Portugal continental e ilhas) para produzir indicadores do estado da biodiversidade. Os nossos cientistas fazem parte de diversos projetos incluindo entender e mitigar o impacte das linhas elétricas nas aves; fazemos também parte da equipa que trabalha na gestão sustentável das Berlengas (conservar os seus habitats, plantas endémicas e populações de aves marinhas), o restauro da floresta Laurissilva nos Açores e proteção do priolo, e até sensibilizar o público para as mudanças climáticas e o problema da poluição. Além disto tudo, participamos na gestão do Espaço Interpretativo da Lagoa Pequena que está situado numa das mais importantes zonas de migração e nidificação de aves da Europa. E porque é que isto é importante? Estudos demonstram que 40% das espécies de aves selvagens do Mundo estão em declínio, e 1 em 8 espécies estão ameaçadas de extinção. Esta estatística inclui aves como o Britango, o Sisão e a Águia-imperial, mas aves comuns estão também a diminuir em números. As aves são bons indicadores do estado geral dos ecossistemas, ou seja, campos ricos em aves são campos saudáveis e livres de poluição. Como associação sem fins lucrativos, dependemos do apoio dos sócios e de diversas entidades para concretizar as nossas ações. Fazemos parte de uma rede mundial de organizações de ambiente, a BirdLife International, que atua em 120 países e tem como objetivo a preservação da diversidade biológica através da conservação das aves, dos seus habitats e da promoção do uso sustentável dos recursos naturais. Em Portugal, SPEA foi reconhecida como entidade de utilidade pública em 2012. SPEA – Portuguese Society for the Study of Birds is n non-governmental environmental organization working for the conservation of birds and their habitats in Portugal and promoting a development that guarantees the viability of the natural heritage for the enjoyment of future generations. We develop projects throughout Portuguese territory and also in partnership abroad (eg. Cape Verde, Sao Tome and Principe, Malta and Greece). Raising environmental awareness and promoting birdwatching are also two of our priorities. More specifically, we conduct census across the country (continental Portugal and islands) in order to produce indicators of the state of our biodiversity. Our scientists are part of many projects including understanding and mitigating the impact of power lines on birds; we are also part of the team that works on the sustainable management of Berlengas (conserving their habitats, endemic plants and seabird populations), the restoration 95


of the Laurel forest in the Azores and the protection of the Azores Bullfinch, and even raising public awareness around climate change and pollution. Furthermore, we participate in the management of the Lagoa Pequena Interpretation Center, which is located in one of the most important bird migration and nesting areas in Europe. And why is all of this so important? Studies show that 40% of bird species in the world are in decline, and that 1 in 8 species are threatened with extinction. This statistic includes species such as the Egyptian Vulture, the Little Bustard and the Spanish Imperial Eagle, but common birds are also declining in numbers. Birds are very good indicators of the general health of ecosystems and so fields that are rich in birds are healthy fields with low levels of pollution. As a non-profit association, we depend on the support of our partners and various entities to carry out our actions. We are part of a worldwide network of environmental organizations, BirdLife International, which operates in 120 countries and aims to preserve biological diversity through the conservation of birds, their habitats and the promotion of sustainable use of natural resources. In Portugal, SPEA was recognized as a public utility entity in 2012.

WEBINAR: CRIMES AMBIENTAIS WEBINAR: ENVIRONMENTAL CRIMES n.7 28.11.2020 16h00 Rui Machado Técnico de Conservação Terrestre da SPEA SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves LIFE Nature Guardians Venha descobrir quais os crimes ambientais que são comuns em Portugal, como reconhecê-los e como actuar nestas situações. Em Portugal, os crimes ambientais ocorrem anualmente e em todas as regiões, sendo importante a nossa sensibilização enquanto cidadãos para os denunciar, auxiliando à sua prevenção. Desde captura ilegal de aves, envenenamento a destruição de habitat, vamos fazer um resumo das situações mais comuns e indicar as melhores formas de actuação. Actividade organizada pelo projecto LIFE Nature Guardians. Come and find out about common environmental crimes in Portugal, how to recognise them and how to react if you see one taking place. In Portugal, environmental crimes are committed every year in every part of the country and, as responsible citizens, it is important that we are aware of this so that we can report and help to prevent them. From illegal bird trapping and poisoning to habitat destruction, we’ll summarise the most common crimes and suggest the best way to react to them. Activity organised by the LIFE Nature Guardians project. 96


TERRITÓRIO TERRITORY

6.12.2020 Experiência do Lugar 9 Experience of Place Filmado em Filmed in Medelim Realizado por Directed by Filipe Faria

A linha com que cosemos os dias… Estar fora do lugar é fazer parte de um mundo no qual a experiência do lugar – dos seus espaços e hábitos, da paisagem, dos sons e dos cheiros, da temperatura e da humidade, das pessoas com que nos cruzamos, do paladar, do esforço físico ou da sua ausência, da descoberta, da surpresa passiva ou activa –, no lugar mais bonito do mundo, Idanha, é o fio condutor, o fio com que cosemos os dias e que liga os nossos desafios, propostas e provocações. Os dias que vivemos são de outros desafios. Como ligar, como coser os dias? Esta é uma ideia... uma narrativa do lugar... que se pode seguir como uma cronologia, olhando para o relógio ou esquecendo-o... The thread with which we sew our days... Being fora do lugar (out of place) means being part of a world in which the experience of a place – its spaces and customs, the landscape, the sounds and smells, the temperature and humidity, the people we meet, the flavours, physical effort or its absence, discovery, passive or active surprise – the most beautiful place in the world, Idanha, is the common thread, the thread with which we sew our days and which binds together our challenges, proposals and provocations.... The days we are experiencing now present another kind of challenge... How can we flick on, how can we sew these days? Here’s an idea... 97


POSFÁCIO AFTERWORD


POSFÁCIO AFTERWORD FILIPE FARIA DIRECTOR FORA DO LUGAR E ARTE DAS MUSAS

E chegámos ao fim... O nono Fora do Lugar, neste ano tão especial, terminou... Foi uma narrativa construída em 42 passos, momentos que aconteceram mesmo, na realidade, com pessoas e tudo, afastadas mas presentes... Uma narrativa cosida pelas terras de Idanha, o lugar mais bonito do mundo... esta linha com que cosemos os dias... Durante meses procurámos desenhar uma forma de trazer este território espantoso - e estas pedras com gente maravilhosa lá dentro - para estes novos lugares, os da distância e da mediação... mas também os da proximidade e da cumplicidade... da ocupação de espaços invulgarmente pessoais, próximos, íntimos... improváveis de serem ocupados pelos tantos milhares de pessoas que nos seguiram neste caminho... e foram tantos de nós... 42 passos que foram 42 momentos reais, presentes, que resultaram em 52 filmes... procurando não ceder, por um lado, ao discurso poderoso que monopoliza os nossos dias há tanto tempo e, por outro, às suas trágicas consequências... É possível viver e agir nestes tempos como provou Josefina Pissarra com o seu Parlamento, em Penha Garcia… É possível aproveitar o "abanão" (como lhe chamou Josefina) e a oportunidade para criar novos lugares de encontro... É essencial aproveitar todos os dias, todos os minutos e segundos… Podemos provar aos tempos modernos que no mundo rural - especialmente neste que é o lugar mais bonito do mundo, Idanha - mora a nossa memória colectiva, a sensibilidade, a persistência… para além da resiliência, da modernidade, da inovação, da vontade e da criatividade... 42 passos... 12 desafios como interruptores cosidos pelo território, pelo corpo, pelo som, pela terra. 6 concertos como lugares onde mostrar o que se faz (este ano, inteiramente dedicados aos músicos e projectos portugueses). 6 momentos de conversa, na primeira pessoa, e 5 outros de conversa com o público. 5 ensaios como histórias de vida, da arte erudita e da popular, da gastronomia ou da "comida", do urbanismo, da antropologia e da arqueologia, da biodiversidade e da sustentabilidade. 9 dias do lugar, aqui vividos... e ainda muitos outros... 42 passos no final… em 52 filmes… Todos os dias, todas as narrativas e lugares com que os cosemos persistem, este ano, não apenas na memória de quem os experimentou aqui… mas para sempre... Este ano está todo aqui, nestes novos lugares Fora do Lugar, e pode ser visitado e revisitado... Estar fora do lugar é fazer parte de um mundo no qual a experiência do lugar - dos seus espaços e hábitos, da paisagem, dos sons e dos cheiros, da temperatura e da humidade, das pessoas com que nos cruzamos, do paladar, do esforço físico ou da sua ausência, da descoberta, da surpresa passiva ou activa -, no lugar mais bonito do mundo, Idanha, é o fio condutor, o fio com que cosemos os dias e que liga os nossos desafios, propostas e provocações... É isto estar fora do lugar... que é sempre o melhor lugar para estar... Os dias que vivemos são dias de outros desafios... Estas foram as perguntas que persistiram e guiaram todos 99


estes meses: Como ligar, como coser os dias? Como viver e experimentar estas terras e lugares sem os poder pisar, cheirar, tocar... sentir... A resposta está aqui para ser lida, para ser recebida… A resposta foi uma ideia... uma narrativa do lugar... que se pode seguir como uma cronologia, olhando para o relógio ou esquecendo-o... hoje, aqui... no lugar mais bonito do mundo, Idanha-a-Nova. Obrigado aos nossos parceiros, ao Município de Idanha-a-Nova, na pessoa do Presidente Armindo Jacinto, casa e interruptor deste projecto, e ao Ministério da Cultura e à Direcção-Geral das Artes… foram muitos meses de trabalho até encontrarmos este caminho… Obrigado ao público que nos seguiu - e continuará a seguir - em cada passo que demos… e foram tantos de nós… Obrigado Carla Albuquerque e Vânia Moreira pela entrega aos nossos interruptores criativos… obrigado pela vossa generosidade. Obrigado a todos os músicos Fora do Lugar. Foram a face mais brilhante deste ano: João Barradas, Khytar 12.6 (Miguel Amaral, Pedro Rodrigues), Carlos Rodrigues (Kabeção), Üryan (Raquel Reis, Gülami Yesildal, Tiago Santos), O Bando de Surunyo (Eunice Abranches d’Aguiar, Raquel Mendes, Helena Correia, Carlos Meireles, Sérgio Ramos, Hugo Sanches), Galandum Galundaina (Paulo Preto, Paulo Meirinhos, Alexandre Meirinhos, João Pratas), Baltazar Molina. E parabéns! Obrigado Lara Broom e SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves - pela renovação desta parceria que vos coloca Fora do Lugar. Obrigado Josefina Pissarra, Sofia Areal, Mário Pissarra, Manuel Panão, José Cristóvão pelo carinho com que abraçaram esta narrativa e partilharam um pouco de vós. Obrigado Idalina Gameiro por emprestar a sua fabulosa voz aos filmes Fora do Lugar… foi sua a voz que guiou os nossos dias… Obrigado à Quinta da Alvarinheira (Oledo) e Campo Nacional de Atividades Escutistas pela parceria. Obrigado a todos os apoiantes… Município de Idanha-a-Nova (já referido), Centro Cultural Raiano, Idanhaa-Nova - UNESCO Creative City of Music, Geopark Naturtejo - Geoparque Mundial da UNESCO, Aldeias Históricas de Portugal, Antena 2… Obrigado à REMA - Réseau Européen de Musique Ancienne. Esta foi a primeira edição Fora do Lugar como membros efectivos desta prestigiada rede europeia. Obrigado à equipa Arte das Musas, Rita Santos, Mário Alves e Daniel Carreiro sem a qual não teria sido possível esta aventura e à equipa CMIN e CCR (Centro Cultural Raiano) Carla Ribeiro da Silva, Bárbara Reino, Eduardo Lopes, Elizabete Robalo, Fernanda Rosendo, Luís Anahory, Maria do Almurtão, Nuno Capelo, Tiago Carvalho (e tantos mais ainda), pela vossa dedicação e amizade. Para terminar… obrigado ao meu parceiro dos dias, responsável por muito pensamento, criatividade e desafio, Paulo Longo, antropólogo e Chefe de Divisão de Cultura (entre outras) da Câmara Municipal de Idanha-aNova… Não seria assim sem ele… As portas de Idanha - o lugar mais bonito do mundo - continuam abertas... Terminou a nona edição do Fora do Lugar em Idanha-a-Nova - UNESCO Cidade Criativa da Música - por agora… Porque esta edição não termina... Que ano, este. Ficou tudo fora do lugar, outra vez... Até já! 100


FILIPE FARIA FORA DO LUGAR AND ARTE DAS MUSAS DIRECTOR

And we’re coming to the end... The ninth Fora do Lugar, held in this very special year, is now over... It was a narrative built in 42 steps. These were moments that really happened, with people and everything, who were distanced but present... A narrative sewn by the lands of Idanha, the most beautiful place in the world... that thread we use to sew the days together... For months, we tried to find a way to bring this stunning region – and its rocks and wonderful people – to new places of distance and mediation... as well as to places of proximity and closeness... occupying exceptionally personal, close, intimate spaces... unlikely to be occupied by the many thousands of people who followed us on this path... and there were so many of us... 42 steps that represent 42 real, present moments, resulting in 52 films... Trying not to give in to the powerful discourse that has monopolised our days for so long or to its tragic consequences... It is possible to live and take action in these times, as Josefina Pissarra proved with her Parlamento (Parliament) in Penha Garcia… It is possible to harness the "shake up" (as Josefina called it) and the opportunity to create new gathering places... It is essential to seize every day, every minute, every second... We can show the modern world that rural places – especially the world’s most beautiful place, Idanha – are home to our collective memory, sensibility and persistence... as well as resilience, modernity, innovation, determination and creativity... 42 steps... 12 challenges as switches sewn by the terrain, body, sound, land. 6 concerts as places for showcasing what is done (this year, they were dedicated exclusively to Portuguese musicians and projects). 6 one-to-one discussions and another 5 discussions with the audience. 5 essays as stories of life, of high art and popular art, of gastronomy or "food", of urbanism, of anthropology and archaeology, of biodiversity and sustainability. 9 days living here in this place... and plenty more... 42 steps in total... in 52 films... Every day, the narratives and places used to sew the days together persist, this year, not only in the memory of those who experienced them here... but forever... This year, it’s all here, in these new Fora do Lugar places, and it can be visited over and over again... Being fora do lugar (out of place) means being part of a world in which the experience of a place – its spaces and customs, the landscape, the sounds and smells, the temperature and humidity, the people we meet, the flavours, physical effort or its absence, discovery, passive or active surprise – the most beautiful place in the world, Idanha, is the common thread, the thread with which we sew our days together and which binds our challenges, proposals and provocations.... That is what it means to be out of place... which is always the best place to be... The days we are experiencing present another kind of challenge... Over the months, we were guided by these questions: How can we flick on the switch, how can we sew these days together? How can we live and experience these lands and places when we can’t walk on them, smell them, touch them... feel them... The answer is here to be read, to be obtained... The answer was an idea... a narrative of the place... followed as a timeline, either while looking at our watch or forgetting about time altogether...... today, here... in the most beautiful place in the world, Idanha-a-Nova. Thanks to our partners, to the Municipality of Idanha-a-Nova and its president Armindo Jacinto, which provided 101


the home and switch for the project, and to the Ministry of Culture and the Directorate-General for the Arts… it took many months of work to find this path... Thanks to the audience who followed us – and will continue to follow us – with every step we took... there were so many of us... Thanks to Carla Albuquerque and Vânia Moreira for their dedication to our creative switches… thanks for your generosity. Thanks to all the Fora do Lugar musicians. They brought the sparkle to this year’s edition: João Barradas, Khytar 12.6 (Miguel Amaral, Pedro Rodrigues), Carlos Rodrigues (Kabeção), Üryan (Raquel Reis, Gülami Yesildal, Tiago Santos), O Bando de Surunyo (Eunice Abranches d’Aguiar, Raquel Mendes, Helena Correia, Carlos Meireles, Sérgio Ramos, Hugo Sanches), Galandum Galundaina (Paulo Preto, Paulo Meirinhos, Alexandre Meirinhos, João Pratas), Baltazar Molina. And well done! Thanks to Lara Broom and SPEA – the Portuguese Society for the Study of Birds – for renewing this partnership that puts you Fora do Lugar. Thanks to Josefina Pissarra, Sofia Areal, Mário Pissarra, Manuel Panão and José Cristóvão for their enthusiasm in embracing this narrative and in sharing part of themselves. Thanks to Idalina Gameiro for lending her fabulous voice to the Fora do Lugar films… her voice guided us through the days… Thanks to Quinta da Alvarinheira (Oledo) and Campo Nacional de Atividades Escutistas (Idanha-a-Nova) for the partnership. Thanks to all our supporters… Municipality of Idanha-a-Nova (see above), Centro Cultural Raiano, Idanha-a-Nova - UNESCO Creative City of Music, Geopark Naturtejo - UNESCO Global Geopark, Aldeias Históricas de Portugal, Antena 2… Thanks to REMA - Réseau Européen de Musique Ancienne. This was the first edition of Fora do Lugar as full members of this prestigious European network. Thanks to the team at Arte das Musas, Rita Santos, Mário Alves and Daniel Carreiro, without whom this adventure would never have been possible, and to the team at CMIN and CCR (Centro Cultural Raiano) Carla Ribeiro da Silva, Bárbara Reino, Eduardo Lopes, Elizabete Robalo, Fernanda Rosendo, Luís Anahory, Maria do Almurtão, Nuno Capelo and Tiago Carvalho (and so many more) for their dedication and friendship. Finally... thanks to my colleague who works with me every day and is responsible for so much thought, creativity and courage: Paulo Longo, anthropologist and Head of the Culture Division (among other departments) at teh Municipality of Idanha-a-Nova… It wouldn’t be the same without him… The gates of Idanha – the most beautiful place in the world – remain open... The ninth edition of Fora do Lugar in Idanha-a-Nova – UNESCO Creative City of Music – is over for now… Because this edition never ends... What a year. Everything was out of place, once again... See you soon!

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