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GESTÃO DO DESIGN COMO FERRAMENTA PARA O ESTUDO DE ALTERNATIVAS PARA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS AO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Francisco Neudimar Ferreira Junior Design de Produto/UFCA juniisq@gmail.com Deborah Macedo dos Santos Professor /UFCA deborah.macedo@gmail.com
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1 Introdução
O Presente artigo se propõem estudar da importância da Gestão do Design como ferramenta para o estudo de alternativas para implementação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento regional. Compreender a importância da contribuição da gestão de design nas mudanças culturais acerca do consumo e modos de produção na sociedade. Pretende-se estudar a responsabilidade do design em relação ao desgaste socioambiental causado pela expansão das áreas urbanas, e o impacto ambiental causado pelo descarte não responsável de resíduos sólidos urbanos (RSU). Segundo Bonsiepe (2011) o desafio maior do design é solucionar problemas contribuindo com mudanças que já estão acontecendo em busca de um desenvolvimento sustentável para o planeta.
2 Fundamentação teórica
A geração de lixo nas cidades é inevitável devido à cultura do consumo. Segundo dados do IBGE, são produzidas, por dia, cerca de 1,2kg de resíduos sólidos por habitante no Brasil. A disposição inadequada de resíduos sólidos origina impactos ambientais negativos, portanto, as práticas de consumo têm uma notável parcela de responsabilidade nas relações de cunho ambiental e, para um desenvolvimento mais responsável e sustentável, se fazem necessárias mudanças comportamentais. Os hábitos e costumes urbanos, tais como a produção exacerbada de lixo, formam resíduos que geram intensas agressões ao ambiente urbano. A produção de lixo nas cidades se intensifica e não se pode conceber uma cidade sem problematizar os resíduos sólidos gerados por ela. Somente na cidade do Crato produz-se, por dia, cerca de 120 toneladas de resíduos sólidos, segundo o secretário do Meio Ambiente da cidade (Diário do Nordeste). A sociedade de consumo é caracterizada pelas relações de consumo e valores a elas associadas. Para Betts (2004), desde a revolução Industrial o conceito de consumo está associado ao suprimento de necessidades que foram se modificando ao passar do tempo, desde a sobrevivência até o indivíduo passar a buscar no consumo a experiência, aquilo que diz respeito ao produto e/ou serviço, indivíduo e sociedade. Para Arruda e Landim (2009) o consumo quando exagerado, é transformado em consumismo. O consumo tem uma parcela de responsabilidade na busca por um desenvolvimento se faz necessário mudanças comportamentais, por um desenvolvimento mais responsável e sustentável. O desafio da busca de um sistema sustentável, está ligado as mudanças do conceito de consumo da sociedade. E o entendimento deste conceito de sustentabilidade é sem dúvidas o primeiro passo para alcançar seus objetivos. Para Sanchs (1993) é necessário que compreenda a sustentabilidade, pelo menos, por meio de cinco dimensões, sendo elas: Sustentabilidade Social, Econômica, Ecológica, Espacial e Cultural. O desafio também passa pela avaliação da legislação ambiental em vigor no Brasil. A Lei nº 11.445/2007 estabelece, em seu artigo 1º, as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico. Em seu artigo 2º, inciso III, a lei determina que os serviços públicos de saneamento básico serão prestados, entre eles tem-se o abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente. A lei Nº 12.305/2010, institui a política nacional de resíduos sólidos, tendo como principal objetivo diretrizes relativas a gestão integrada dos resíduos sólidos. No Capítulo II, parágrafo XI a lei afirma que consiste em um “conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável”. Sabendo que o consumo consciente é uma das maneiras que a sociedade pode seguir para atingir o
desenvolvimento sustentável, cabe a este estudo questionar como a Gestão de Design pode contribuir para a transição de uma cultura do consumo excessivo à uma cultura do consumo consciente. De acordo com Fachinetto, Macedo e Nascimento (2006), a função do design é compreendida como aquela que está ligada ao que é tecnicamente possível ao que é ecologicamente necessário, assim se faz surgir novas propostas que sejam apreciadas tanto social como culturalmente. Sendo assim o design tem a possibilidade de minimizar os impactos ambientais e através da Gestão de Design compreender o gerenciamento de recursos das organizações a fim de alcançar seus objetivos estabelecidos, como também na condução de ações corretivas na busca de um desenvolvimento sustentável.
3 Procedimentos metodológicos
Para a realização desta pesquisa que investiga o perfil da população residente na área comercial do Crato, quando a produção e o descarte de resíduos sólidos no ambiente urbano, quando ao destino dado aos resíduos. Pretende-se aplicar uma pesquisa de campo, para o levantamento, com abordagem quantitativa do tipo descritiva para obter os objetivos. Segundo Gil (2009), levantamento “é uma pesquisa que envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento sobre determinada realidade se deseja conhecer”. O autor (Idem) a pesquisa descritiva tem como principal objetivo “a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 2009, p. 42).
4 Resultados e discussão
Não é de hoje a preocupação com a preservação dos recursos naturais e com os impactos gerados pela produção, com estudos desde a década de 1960 (SANTOS, 2011), com diversas abordagens, práticas e ferramentas que tratam de diretrizes ambientais no desenvolvimento de produto. Com este estudo pretende-se fazer o diagnóstico e propor soluções, através da gestão estratégica do design, para diminuir os impactos negativos que a indústria, o comercio e o consumismo causam ao meio ambiente. Trazer a reflexão da importância da transição a uma cultura de consumo consciente, possibilitando à sociedade um desenvolvimento justo, culturalmente aceito, ambientalmente correto e responsável. O design abrange uma nova gama de conhecimento e desempenha outras funções dentro das organizações além de desenvolver produtos ou serviços, ele vem agregando competência de gestão. Como afirma Niemeyer ao destacar uma das funções do design “onde o designer tem a função de integrar os aspectos de diferentes especialistas” (NIEMEYER, 2007, p. 24), para Mazine, um designer deve fazer uso de uma abordagem sistêmica para obter a possibilidade de visualizar com mais facilidade os impactos ambientais dos produtos. Este estudo se faz necessário, pois com ele pretende-se destacar de forma sistêmica o conjunto de ferramentas estratégicas, táticas e operacionais, de gestão do design, que visam interferir no desenvolver desta cultura de projetos sustentáveis através da percepção ambiental.
Referências
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Doutorado - Pós-graduação em Design,
Departamento de Departamento de Artes &
Design, Pontifica Universidade Católica, Rio de
Janeiro, 2011.
Agradecimentos
Agradeço ao Programa de Educação Tutorial –Cambada PET Design, por me proporcionar vivencias incríveis ao logo desse período junto trabalhamos construindo esse Escritório Modelo. Ao curso Design de Produto, por me proporcionar experiências teóricas e práticas do que é viver de design. A Universidade Federal do Cariri, pelo apoio institucional.