1690). O educador é possuidor de todo entendimento acertado do mundo e doa generosamente aos alunos desconhecedores da vida. Não existe uma troca quando não se leva em consideração os contornos da cultura dos alunos. Onde está a construção do saber? O saber é imposição ou criação? Para Freire, nos moldes da educação bancária não acontece a construção de um saber: “só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros” (FREIRE, 1978, p. 66). Em contraponto à educação que castra, a pedagogia do oprimido propõe uma educação que liberta, é a concepção da educação problematizadora (Freire, 1978, p. 78). Essa proposta pauta-se principalmente na extinção de arquivos, comunicados, informações padronizadas, tudo que apenas “mostra” o mundo para fora do sujeito. Não há mundo sem os homens e nem homens sem mundo. A concepção problematizadora enfatiza essa ligação vital entre mundo e os sujeitos e destaca a importância de uma postura argumentativa. A educação problematizadora aflora tudo o que a educação bancária reprimiu, é a concretização da busca pelo ser mais, procura o pensamento autêntico, enxerga as individualidades e se alimenta delas. Não há depósito de conceitos, ambas as partes constroem e possuem um saber próprio que é divido, educadores e educandos deslocam de posições, pois a fruição é de troca. Essa prática entende a educação como força não apenas intelectual, mas da ação, da interrupção de enquadramentos. A realidade do grupo é codificada e contestada como um desafio a ser pensado e ultrapassado. Os dois elementos analisados da pedagogia do oprimido fazem parte do suporte pedagógico de idealização desse projeto, se fizeram presentes nas aulas como base do raciocínio. O terceiro ponto a ser explicitado a seguir, além de possuir a mesma função de fundamentação, também foi parte objetiva na prática das aulas ministradas, sendo a base desencadeadora de todo o restante do processo. É a zona dos temas geradores.
Temas Geradores
O homem é um ser histórico-social (FREIRE, 1978, p. 108), seu percurso intervém e constrói a história. A história de cada homem está interligada a de todos os outros, formando uma continuidade histórica. Ser um indivíduo histórico-social implica em também ser um sujeito em situação. Os homens estão envolvidos por condições de tempo-espaço que interferem na sua forma de ser e igualmente interferem nessas condições. 18