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editorial

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Giuseppe Morandi

Giuseppe Morandi

Os encontros do 25 de Abril na Casa e no Largo da Achada, em Lisboa, após a manifestação popular na Avenida da Liberdade, foram-se tornando ao longo da última década, para muitos de nós, um dos momentos mais vibrantes e emocionantes do ano: exposições, encontros, conversas, canções a rodos e copos ao alto, um mar de gente solidária em festa sob o sorriso das olaias e dos vizinhos do largo.

Vem aí agora o 25 de Abril de 2020, esmagado pela quarentena, mas a Casa da Achada-Centro Mário Dionísio não se rende, mantém-se activa e mantém gentes em contacto digital: é publicado este jornal digital, o PVEC, Processo Viral Em Curso; haverá uma sessão especial da série «Ouvido de Tísico» dedicada ao 25 de Abril; poderão ser ouvidas três canções do Coro da Achada, possíveis pela maravilha do encontro digital; estarão no ar poemas de Mário Dionísio e leituras pelo Grupo de Teatro Comunitário da Casa da Achada; tudo sob a égide do sonho de um mundo com mais igualdade, mais justo, mais solidário.

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Não sabemos bem o que aí vem no pós-covid. Mas esperamos menos egoísmo, menos ganância, menos corrupção, menos racismo, menos exclusão, menos consumismo, menos frieza financeira a comandar a vida. E mais democracia verdadeira, mais liberdade de dizer, de fazer, de criar e de escolher. Teremos forças e coragem para isso?

«Anos e anos de crime, digamos o que dissermos, consentido. Até ao tal amanhecer: Aqui, posto de comando das Forças Armadas. Escancarado o portão de Caxias. O regresso dos exilados perante mares de gente gritante e confiante, até parecia um povo. O primeiro 1.° de Maio em liberdade, nas ruas, nas janelas, nos andaimes dos prédios em construção. Seria mesmo um povo?»

Mário Dionísio, Autobiografia

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