NEUROARQUITETURA APLICADA À CENOGRAFIA DE REALITY SHOWS

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NEUROARQUITETURA APLICADA À

CENOGRAFIA DE REALITY SHOWS

Neuroarchitecture Applied To Reality Shows Scenography

Cássia Severiano Mendes Graduando Arquitetura e Urbanismo cassiaseveriano@ucl.br

Sandra Moscon Coutinho Orientador

Arquitetura e Urbanismo sandramoscon@ucl.br

RESUMO

Objetivo: Analisar a cenografia de reality shows, à luz dos conceitos da neuroarquitetura, que vem ganhando destaque no mundo e também no Brasil, a fim de compreender como seus elementos podem causar impactos ao cérebro, interferindo no comportamento dos participantes.

Método: Utiliza os métodos de pesquisa exploratório, por meio de pesquisa bibliográfica e estudo de caso, com abordagem qualitativa de natureza aplicada.

Resultado: A partir da análise da cenografia das casas de algumas edições dos reality shows Big Brother Brasil e de Férias com o Ex, pode-se observar a evolução, ao longo dos anos, do emprego de elementos ligados à neuroarquitetura, usados estrategicamente com o intuito de gerar sentimentos que fomentem desentendimentos na dinâmica dos programas.

Conclusões: Através da pesquisa foi possível inferir que o cenário de um reality show pode interferir nas sensações dos participantes, assim como o espaço construído é capaz de influenciar nos sentimentos e comportamentos dos usuários. Assim, conclui-se que o uso da neuroarquitetura para além dos cenários de reality pode contribuir para aumento de produtividade, motivação, criatividade, relaxamento e qualidade de vida.

PALAVRAS-CHAVE: Neuroarquitetura Cenografia Reality show

ABSTRACT

Objective: This paper aims to analyze the scenography of reality shows, in light of the neuroarchitecture concepts, which have been gaining emphasis in the world and in Brazil, in order to understand how its elements can impact the brain, interfering with the participants behavior.

Methods: It uses exploratory research methods, through bibliographical research and case study, with a qualitative approach of an applied nature.

Results: Based on the analysis of the scenography of the houses in some editions of the reality shows Big Brother Brasil and De Férias com o Ex, one can observe the evolution, over the years, of the use of elements linked to neuroarchitecture, used strategically with the intention of generate feelings that foment misunderstandings in the dynamics of the programs.

Conclusions: Through the research it was possible to infer that the scenario of a reality show can interfere in the sensations of the participants, as well as the built space is able to influence the feelings and behaviors of the users. Thus, it is concluded that the use of neuroarchitecture beyond reality scenarios can contribute to increased productivity, motivation, creativity, relaxation and quality of life.

KEYWORDS: Neuroarchitecture. Scenography Reality show

Faculdade
Artigo Original
do Centro Leste - Manguinhos, Serra-ES

1 INTRODUÇÃO

A neuroarquitetura trata-se de um campo interdisciplinar que consiste na aplicação da neurociência aos espaços construídos, ou seja, explica como o ambiente físico afeta as emoções e comportamentos humanos, de acordo com Baptistelli e Giacomini (2020). Portanto, a forma de uso e combinação de elementos, como iluminação, ventilação, acústica, texturas, aromas, formas e cores têm influência direta nas emoções e comportamentos dos indivíduos que usufruem de determinado ambiente.

Segundo Paiva (2018), a neuroarquitetura nos ajuda a compreender quais características do ambiente tem maior possibilidade de nos causar um impacto negativo ao longo de uma ocupação contínua. Assim, tal estratégia é usada na cenografia de reality shows de forma proposital, a fim de causar sensações como estresse, ansiedade e impulsividade, interferindo na dinâmica entre os participantes.

Nessecontexto,essetrabalhoobjetiva aanálisede cenografiasdealguns reality shows,apartir de conceitos da neuroarquitetura, a fim de compreender como seus elementos podem causar impactos ao cérebro, interferindo no comportamento dos participantes Para tal, os seguintes objetivos específicos foram realizados: revisão bibliográfica abordando conceitos da neuroarquitetura, reality shows e cenografia Ao final, elaborou-se um quadro relacionando a difusão da neuroarquitetura no mundo e no Brasil com cenografia dos reality shows analisados.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Neuroarquitetura

Ultimamente tem-se testemunhado um crescimento significativo nas pesquisas dos neurocientistas, de acordo com Bayzidi e Malek (2018). Embora a Internacional Brain Research Organization (IBRO) tenha sido fundada em 1961, segundo a própria organização, o termo “Neuroarquitetura” passou a ser utilizado somente após 2003, quando na Convenção de junho de 2003 em San Diego, Estados Unidos, organizada pela American Institute of Architects (AIA) em cooperação com a Architectural Foundation, o reconhecimento da Academy of Neuroscience for Architecture (ANFA) foi oficializado, de acordo com a própria ANFA.

Segundo Bayzidi e Malek (2018), a neuroarquitetura é o resultado da integração de 3 campos: neurologia, psicologia e arquitetura, que estuda as reações efetivas, sensíveis, de reconhecimento e afetivas aos estímulos ambientais. Pesquisas medem as mudanças nas atividades cerebrais usando tecnologias que ajudam a entender os efeitos dos artefatos ambientais no comportamento humano de forma eficaz. De acordo com Villarouco (2021), grande parte da nossa percepção não é consciente, especialmente quando relacionada ao ambiente, que na maioria das vezes é o cenário de outras experiências, onde os usuários muitas vezes não entendem o espaço da mesma forma que o arquiteto, “O corpo sabe e lembra. O significado da arquitetura deriva das respostas arcaicas e reações lembradas pelo corpo e pelos sentidos” (PALLASMAA, 2009, p. 57).

Nesse sentido, é notável o quanto o espaço físico é capaz de afetar os sentimentos de seres que usufruem de determinado ambiente, e a neuroarquitetura chega com estudos que comprovam como a arquitetura é capaz de afetar a subjetividade dos indivíduos. De acordo com Abrahão (2019) a neuroarquitetura vem ganhando espaço no Brasil, o que impulsionou a criação do primeiro laboratório de neuroarquitetura do Brasil, o Roca NeuroLAB, uma parceria da Roca Cerâmica com a NeuroArq Academy. O laboratório conta com uma área de 145,00 m² localizado em Campo Largo (PR) e busca soluções para ajudar arquitetos e designers a conceberem ambientes que proporcionem bem-estar. Para a experiência, dispositivos de alta tecnologia permitirão medir respostas fisiológicas dos participantes, coletando dados que permitam analisar como corpos e cérebros podem reagir a

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espaços e estímulos. Os resultados obtidos nessa pesquisa serão publicados no final do ano de 2022, de acordo com a própria Roca.

Outro fato que não pode ser desconsiderado é o entendimento de que a percepção é relativa, ou seja, um indivíduo pode ter sentimentos afetados pelo ambiente onde se está inserido, enquanto outro indivíduo no mesmo ambiente não tem a mesma percepção, pois diversos fatores podem influenciar a percepção de uma mesma realidade.

A partir da interferência das cores nos ambientes, aborda-se a influência das cores no estado emocional das pessoas, pois, só assim, é possível a sua aplicação correta, uma vez que cada ambiente é composto por textura, por iluminação e por vários outros elementos que podem modificar uma proposta, conforme a sua utilização. Dessemodo,taisaspectossãoessenciaisparaaexperiênciadousuáriovistoquecada indivíduo apresenta uma percepção diferente de espaço. (PEDROTTI e PEZZINI, 2018, p.2)

Dessa forma, com a neuroarquitetura é possível compreender como características sensoriais dos ambientes podem afetar as percepções dos usuários, podendo causar motivação, relaxamento, estresse, alegria, ansiedade e outros sentimentos de acordo com a combinação de elementos como texturas, iluminação, formas, ventilação, cores, estampas e outros. Assim, a seguir serão abordados elementos pertinentesacercada neuroarquitetura,sãoeles: iluminação,psicologiadas cores ebiofilia.

2.1.1 Iluminação

Enquanto as luzes artificiais trouxeram infinitas e incalculáveis possibilidades à humanidade, ao mesmo tempo também causaram certa confusão ao nosso corpo que se adaptou por milhares de anos a responder aos estímulos da luz do sol e à ausência dele, durante a noite. Trata-se do Ciclo circadiano, que compreende o período de aproximadamente 24 horas, baseando-se no ciclo biológico dos seres vivos, recebendo influencias da temperatura, luz recebida e outros estímulos.

Segundo Souza (2021), de acordo com uma pesquisa de 2019 que estuda a interação entre luz e saúde de Talieh Ghane, no California Lighting Technology Center, a quantidade adequada de luz recebida diariamente melhora os níveis de humor e energia, enquanto a iluminação insuficiente pode contribuir para a depressão e outras carências no corpo. O estudo também revela que o volume e o tipo de iluminação afetam diretamente a concentração, o apetite, a disposição, e outras necessidades humanas. Já outro estudo, sendo este de 2014 e da Universidade de Toronto, mostra como a iluminação tem poder na nossa tomada de decisões, mostrando que luzes fortes intensificam a reação emocional inicial que temos a um estímulo, podendo causar efeitos tanto positivos como negativos.

Além da quantidade da iluminação, a cor também influencia muito a nossa percepção. Ainda de acordo com Souza (2021), quando falamos em luz quente ou fria, não estamos nos referindo ao calor físico da lâmpada, e sim à tonalidade de cor que ela irradia ao ambiente. Quanto mais alto o valor, medido em Kelvin (K), mais clara e fria a tonalidade da luz. Por sua vez, quanto menor o valor, mais amarelada e quente é a tonalidade desta iluminação. As luzes quentes, de baixa temperatura, possuem cor mais amarelada e alaranjada, aproximando-se da luz do entardecer e do amanhecer, sendo quando o corpo geralmente está mais relaxado. Essas são indicadas para dormitórios, banheiros e salas, já que tornam os ambientes mais aconchegantes e relaxantes. As luzes mais claras, com alta temperatura de cor, possuem o tom branco e até ligeiramente azulado, o que torna o ambiente mais estimulante, acreditando-se que reduz os níveis do hormônio melatonina, responsável pela sensação de sonolência, fazendo os usuários sentirem-se mais alertas e concentrados, podendo aumentar os níveis de produtividade, sendo indicadas para escritórios, salas de reunião, cozinhas industriais e fábricas, por exemplo, como mostra a Figura 1.

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De acordo com a Neuroarquitetura, além da quantidade de luz e temperatura de cor, outra característica muito importante para a iluminação artificial é o tipo de iluminação utilizada, podendo ser direta, indireta ou difusa. De acordo com Toledo (2008), a luz difusa (figura 2), também chamada de uniforme, se refere às porções do fluxo luminoso ascendente e descendente se equivalem, medindo cada uma delas entre 40% e 60%. Já a direta (figura 3) é quando o sistema ótico direciona 90% a 100% de seu fluxo luminoso emitido para baixo, sua distribuição pode variar de muito espalhado a altamente concentrado. A iluminação indireta (figura 4), por sua vez, tem sistemas óticos cujo fluxo luminoso é predominantemente ascendente (90% a 100%) iluminando o teto e a parte superior das paredes. Também existem outras variações para o tipo de iluminação, de acordo com a Commission Internationale de l'Eclairage (CIE), mas todas elas acabam sendo derivadas das três aqui citadas.

Logo, é possível constatar que a maneira incorreta de aproveitar a iluminação nos ambientes pode vir a prejudicar a saúde mental e até mesmo física dos indivíduos inseridos nesse espaço, da mesmaforma em queo uso da iluminação deformaadequadapromoveuma relação positivana forma do usuário lidar com o ambiente.

2.1.2 Psicologia das cores

De acordo com Abrahão (2019), paralelo ao estudo da iluminação é igualmente importante o estudo da psicologia das cores. A cor não é apenas um elemento decorativo ou estético, mas também, umfundamentodaexpressão,ligadoaosprincípios sensuaiseespirituais eculturais(FARINA,1986).

Conforme Pedrotti e Pezzini (2018), as cores podem afetar nossa mente e nossas emoções de diversas formas já que todas elas criam um espectro eletromagnético. A vibração de cada uma delas tem seu próprio comprimento de onda, a qual produz diferentes reações físicas e emocionais em cada indivíduo. Como dito porSouza(2021),apsicologiadas cores éum estudo querevela como océrebro humano identifica e entende as cores, influenciando em suas emoções, sentimentos e desejos.

As pessoas podem não mencionar o esquema cromático de um projeto, mas certamente, comentarão que um determinado ambiente é muito acolhedor, cálido, convidativo, limpo, espaçoso, elegante ou intimista – impressões diretamente provocadas pelas tonalidades de cor utilizadas. (GIBBS, 2014, p.110).

As cores podem expressar identidade, riqueza e até mesmo status, mas além disso, também tem efeito sob os sentimentos dos usuários, podendo acalmar as pessoas, encorajá-las e a relaxá-las ou para estimulá-las, de acordo com Brown e Farrelly (2014). De acordo com Nunes (2012), em

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Figura 1. Temperatura de cor e suas atividades indicadas (Plug Design, 2019) Figura 2. Iluminação difusa (Matheus Pereira, 2018) Figura 3. Iluminação direta (Matheus Pereira, 2018) Figura 4. Iluminação indireta (Matheus Pereira, 2018)

1949, o psicólogo, psiquiatra e filósofo suíço Max Luscher realizou, um teste interessante com as cores. Esse teste foi rapidamente difundido nos anos de 1960 pela Europa e Estados Unidos. Em sua pesquisa, Luscher descobriu que a preferência por uma cor está associada a um estado mental e de equilíbrio hormonal. Nunes (2012) conclui que as cores falam sobre nós, sabendo decifrar a mensagem que ela passa é possível identificar nossas necessidades e desejos, de forma inconsciente, porém essa mensagem tem linguagem complexa e é influenciada tanto pela cultura quanto pela subjetividade de cada indivíduo.

O estudo de Luscher avalia oito cores, sendo quatro básicas: vermelho, amarelo, verde e azul e quatro cores auxiliares: violeta, marrom, cinza e preto, que revelam diferentes sentimentos (NUNES, 2012). Luscher também afirma que as cores não possuem apenas um tipo de sentimento, podendo ser positivo ou negativo. De acordo com Abrahão (2019), é muito importante analisar as cores e sensações que as mesmas ocasionam, pois, cada coloração tem o poder de influenciar o ambiente de diversas maneiras (Quadro 1).

Quadro 1 - Efeitos positivos e negativos das cores Cor Efeito positivo Efeito negativo

CINZA Não citado pela autora. Desânimo, falta de confiança ou energia

PRETO Sofisticação, glamour e eficiência. Quando associada à outras cores faz com que os efeitos positivos da cor com que se associa tornem-se negativos.

MARROM Serenidade, calor, natureza, naturalidade e confiabilidade.

AMARELO Otimismo, alegria, calor, confiança, autoestima, inteligência e criatividade.

VERMELHO Força, coragem física, calor, energia, sobrevivência básica, paixão, agitação e estimulação, luxo, proibido, pecaminoso.

AZUL Harmonia, confiança, fidelidade, eficiência, serenidade, dever, inteligência, reflexão, frescor, calmaria e lógica.

VERDE Reconforto, paz, equilíbrio, restauração, consciência metal, harmonia, amor universal e frescor.

Falta de humor e angústia

Medo, ansiedade e fragilidade, inveja.

Impacto visual, tensão, guerra, agressão e desafio.

Frieza, altivez, apatia e falta de emoção, tristeza, depressão.

Tédio,estagnação,desinteresseeabatimento

Fonte: Adaptado de Heller (2014)

Segundo Heller (2014), as simbologias das cores foram construídas com a história da humanidade, enraizada nas diversas culturas, concluindo que a cultura possui grande influência na forma como as cores significam para cada indivíduo. A autora afirma que uma determinada cor transmite um efeito completamente diferente quando combinada com outra e que ao combiná-la com a cor preta, seu significado positivo torna-se contrário. Ela explica essa divergência de significados sobretudo nas cores primárias: vermelho, amarelo e azul. “Conhecemos muito mais sentimentos do que cores. Dessa forma, cada cor pode produzir muitos efeitos, frequentemente contraditórios. Cada cor atua de modo diferente, dependendo da ocasião” (HELLER, 2014, p. 17).

Ainda de acordo com Heller (2014), pelo fato de ser a cor do sangue, o vermelho traz consigo simbologias experimentadas pelo próprio corpo humano: a paixão, o amor e o ódio. O ser humano quando constrangido, apaixonado, ou com raiva, costuma passar pelo processo de vermelhidão do rosto, resultado da circulação sangue subindo à cabeça. Além disso, geralmente, é comum dizer quanto às paixões que “queimam” ou “ardem”, assim, relaciona-se o simbolismo do sangue ao simbolismo do fogo, também vermelho. Pelo fato de ser a cor mais intensa visualmente, visto que é a que possui o maior comprimento de onda, o vermelho também simboliza a força, a vida, a coragem. Contudo existem outras simbologias ligadas a essa cor, como a cor da felicidade (especialmente na

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culturachinesa),acordosnobresedoluxo;daguerraedaagressividade; acordoperigoedoproibido (evidenciado nas placas de trânsito e nos semáforos); a cor da sedução e da sexualidade; a cor do imoral e do pecaminoso (como do próprio inferno).

Já o amarelo é considerado a cor mais instável pois apenas uma pitada de qualquer outra cor já o altera drasticamente. “Ao amarelo pertencem a vivência e o simbolismo do sol, da luz e do ouro.” (HELLER, 2014, p. 85). A associação mais óbvia ao amarelo é o sol, simbolizando luz, otimismo e alegria. Quando combinado ao vermelho e ao laranja, desperta sensação de calor, com o branco traz leveza e, em contrapartida, com o preto se torna uma cor “inconvenientemente berrante” (HELLER, 2014, p. 85). É uma cor relacionada à inteligência, à iluminação proveniente do conhecimento também é a cor do verão e da maioria das flores Em contrapartida, os tons mais fechados e pálidos podem carregar significados negativos: inveja, ciúme, cobiça e insegurança, principalmente quando misturado ao preto e ao cinza. Como é uma cor mundialmente aceita e reconhecida como advertência por ser muito visível mesmo à distância como o amarelo nos semáforos representa atenção, está presente nos sinais indicativos de veneno, material radioativo e explosivos.

O azul, por sua vez, tem os simbolismos mais carregados de sentimentos positivos do que dos negativos, assim, torna-se uma cor que se adequa a quase todas as ocasiões de decoração, design e no dia-a-diadas pessoas.Éa cordocéu, então,também éumacoratribuídaao divino, ao grandeeeterno. Simboliza também a harmonia, a simpatia, a confiança e a fidelidade, mas também pode gerar sensação de distância e saudade. É a cor mais fria entre todas as cores, por possuir um dos menores comprimentos de onda no espectro, assim, sua simbologia também se relaciona com a frieza de sentimentos, com a tristeza e a depressão. Um ambiente todo azul pode trazer uma sensação de frio, ou de tranquilidade, mas dependendo do tom e do que se combina com ele, pode levar a uma imersão de tristeza. Outro simbolismo encontrado na natureza, além do céu, é a água, junto com ela e com suas características passivas, calmas e harmônicas.

Conforme Pinheiro e Schwengber (2016), todas as cores possuem significados e maneiras diferentes de influenciar os indivíduos transmitir sensações adversas a eles. Mancuso (2012, p 118) afirma “a cor influi muito na personalidade das pessoas. Uma pessoa trabalha, estuda, produz, enfim, vive melhor, quando rodeada por cores apropriadas as suas tarefas e para sua vida". De acordo com Lettieri (2018), as cores possuem dimensões, assim, se distinguem umas das outras devido a três aspectos:matiz,saturação,ebrilho.AfirmaçãocomplementadaporBanks eFraser:“Essasqualidades são independentes uma da outra e, para descrever inteiramente uma cor, temos de medir as três.” (BANKS e FRASER, 2007, p. 34).

Como dito por Lettieri (2018), a matiz (Figura 5) é um atributo associada ao o comprimento de onda. São as cores representadas no círculo cromático, onde as cores aparecem em seu maior grau de pureza, sem adição de branco ou de preto.

Ainda dizem que outras importantes propriedades da cor, é a saturação (Figura 6) e o brilho (Figura 7) da mesma. De acordo com Lettieri (2018, p. 17) “a saturação define se a cor é mais acinzentada (saturação mais baixa) ou mais vívida (saturação mais alta), já o brilho determina se a cor é mais clara ou mais escura (quando se trata de pigmento, este pode ser clareado ou escurecido adicionando-se o branco ou o preto)”. Segundo Dondis (1997) a imagem está carregada de expressão e emoção quando a cor de um objeto está mais saturada.

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Figura 5 Matiz (Cláudio Soares, 2019)

Assim, além do estudo do efeito das cores no ambiente, é valido o estudo desses aspectos (matiz, saturação e brilho) quando falamos de neuroarquitetura, visto que cores muito saturadas tendem a levar ao caos, como citado a seguir por Guimarães.

“A saturação leva ao caos da informação e a composição visual, seja ela uma tela ou uma página, perde a capacidade de organizar e hierarquizar a informação. Todos os elementos da composição se confundem, e a riqueza intersemiótica se decompõe na neutralização da capacidade de significação. Muitas vezes, confunde‐se autonomia e interatividade do processo de leitura com falta de orientação e direcionamento, e nessa confusão se dá uma profusão caótica de cores.” (GUIMARÃES, 2002, p. 6)

Assim, constata-se que a influência da cor aplicada aos ambientes sobre os sentimentos dos usuários é, de modo geral, subjetiva, acontece a partir da percepção de cada indivíduo sobre ela, porém, a associação de determinada cor com outra é capaz de alterar o sentido que essa cor poderá ter para cada indivíduo, ou seja, uma cor quando utilizada sozinha possui determinado efeito positivo, porém, usada em conjunto com outra cor, esse efeito positivo é convertido para um efeito negativo.

2.1.3 Biofilia

Desde as primeiras civilizações, a natureza tem servido à humanidade, fornecendo abrigo, comida e remédios. Ao longo da modernização, a revolução industrial e tecnológica foi tomando conta da paisagem, modificando a forma como nos relacionamos com a natureza, que fica cada vez mais escassa, trazendo o desequilíbrio como consequência. O termo 'biofilia' provém do grego antigo onde bios significa‘vida’ e philia significa ‘amor a’epodesertraduzido como ‘amoràs coisasvivas’. Segundo Fonseca (2009) a Biofilia trata-se do contato do humano com a Natureza, que está relacionado diretamente com a saúde e o bem-estar físico e psicológico dos indivíduos. Fonseca (2009) também diz que existem duas formas de se relacionar com a natureza: com o contato direto, através da presença da natureza no espaço, ou com o contato indireto, através de formas orgânicas, materiais e texturas, que podem ou não ser naturais, mas que remetem à natureza.

De acordo com Paiva (2018) o fato de olhar para uma imagem da natureza por alguns segundos pode reduzir a pressão sanguínea, relaxar tensões musculares e aumentar a capacidade de foco. Não basta aplicar qualquer elemento natural sem antes compreender alguns processos para maior eficiência, de acordo com o ecologista Stephen Kellert. Assim, a abordagem deve ser centrada no ser humano a fim de proporcionar às pessoas lugares e espaços saudáveis, propiciando melhoria do bem-estar, redução do estresse, melhora da cognição e criatividade e apoio ao restabelecimento da saúde psicológica, mental e física.

“Deveriam os arquitetos desenvolver o desejo de atender à permanente necessidade de uma interação afetiva do homem com o meio ambiente, favorecendo seu crescimento pessoal, a harmonia do relacionamento social e, acima de tudo, aumentando a qualidade de vida.” (OKAMOTO, 2002, p.11). Assim, é imprescindível o uso na arquitetura de elementos que remetem à natureza, de forma harmoniosa, refletindo equilíbrio de forma individual e social.

2.2 Reality shows

A partir de 1973, a televisão mundial testemunhou a criação do primeiro reality show da história: “An American Family” (Uma Família Americana), produzido pela rede de TV americana

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Faculdade do Centro Leste - Manguinhos, Serra - ES Figura 6 - Saturação (Cláudio Soares, 2019) Figura 7 - Brilho (Cláudio Soares, 2019)

PBS. No programa, o público pôde acompanhar o dia-a-dia de um casal da Califórnia e seus cinco filhos. Foram 12 episódios que geraram cenas que ficaram marcadas na TV americana, como em um dos episódios em que a mãe pediu divórcio ao marido e em outros episódios em que um dos filhos do casal abordou um tema pouco falado na época e chegou a usar batom e roupas femininas, gerando grande impacto no público e na crítica, inspirando produções semelhantes.

Inspirado pelo reality show familiar americano, o programa britânico “The Family” (A Família) produzido pela BBC, deu continuidade ao tipo de programa televisivo em 1974. Em 1992 a temática continuou nas telas, com um programa televisivo que prometia exibir a convivência de pessoas comuns, estranhas umas às outras e vivendo juntas em um “cativeiro”, tendo suas vidas filmadas e mostradas para todos os telespectadores. Assim foi a estreia do primeiro reality show da história: “The Real World” (Na Real), produzido e veiculado pela emissora MTV, de acordo com Garcia et. al (2006).

O reality show é um tipo de programa televisivo apoiado na vida real. Um exemplo é o programa mundialmente conhecido como “Big Brother” , criado em 1999 por John de Mol e inspirado no livro de George Orwell, "1984". Nesse ano, John de Mol, um executivo da TV holandesa, teve a ideia de criar um reality show em que pessoas comuns seriam selecionadas para viverem confinadas em uma casa, vigiada por câmeras 24 horas por dia, inspirado no livro de Orwell. De acordo com Muniz et. al., 2002 apud Garcia et. al., 2006, a febre em torno dos reality shows conseguiu até mesmo conquistar os conservadores europeus, inclusive franceses, transformando o Big Brother Francês de 2001 em sucesso de público. Logo, os Estados Unidos estrearam seus programas de realidade, porém, o Brasil demorou um pouco mais para adotar esse estilo de programa.

Segundo Garcia et. al (2006), o primeiro reality show a ser transmitido na TV brasileira foi o programa “20 e Poucos Anos”, uma filial do “Na Real” americano, pela MTV Brasil, entre julho e dezembro de 2000, mas obteve pouca repercussão. O segundo reality show no Brasil foi apresentado pela Rede Globo, iniciando em julho de 2000 (apenas 18 dias após a estreia de “20 e Poucos Anos”), foi o programa chamado “No Limite”, inspirado no programa norte-americano “Survivor”, alcançou grandes índices de audiência. Mas o sucesso do reality show no Brasil só aconteceu com a criação do programa “Casa dos Artistas”, do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), que teve sua primeira edição entre outubro e dezembro de 2001.

De acordo com Garcia et. al. (2006) o pesquisador uruguaio Fernando Andacht acredita que já se pode dizer que moramos em uma “telesfera” , ou seja, em um globo cheio de aparelhos de televisão por toda parte. O que na Idade Média era a Bíblia oral hoje é esse contínuo fluxo de imagens e sons. Segundo Bourdoukan (2002), nos reality shows, o comportamento dos "personagens" é ambíguoe,portanto,humano.Aindadeacordocomelenaseguinteinversãoestáafórmuladosucesso dos reality shows: os participantes são humanizados e os espectadores ganham poder de Deus.

No caso do Big Brother Brasil, os participantes são escolhidos através de suas inscrições e entrevistas. A possibilidade de ganhar um milhão e meio de reais, participar de campanhas publicitárias, fama, eventos famosos e muitos prêmios é um fator atrativo para muitas pessoas. Visando o sucesso do programa, os organizadores escolhem uma quantidade pequena de participantes. Segundo Santos (2010) a escolha cautelosa dos participantes é uma etapa crucial para o sucesso do Big Brother Brasil, com base em escolhas de temperamento, diferenças culturais, idade e outros fatores, sendo características importantes para gerar polêmicas e levantar faíscas na convivência, outro fator que pode gerar esse efeito é o ambiente onde os participantes convivem.

É por isso que, a cada edição, a produção do programa realiza uma série de mudanças tanto na decoração quanto na organização da casa, com o objetivo de experimentar e proporcionar formas diferentes de interação entre os confinados, explorando ao máximo os dilemas da convivência. (SANTOS, 2010, p. 43)

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Assim, o Quadro 2 apresenta os principais reality shows que aconteceram no mundo e no Brasil por ordem cronológica:

Quadro 2. Principais reality shows no mundo e Brasil

1973 An American Family (Uma Família

1974 The Family (A Família)

1992 The Real World (Na Real)

2000 20 e Poucos Anos

2000 No Limite

2001 Casa dos Artistas

2002 Big Brother Brasil

2014 Ex on the Beach (Ex na praia)

2016 De Férias com o Ex

Fonte: Da autora

Dessa forma, os reality shows foram ganhando cada vez mais fama. Muitos reality shows continuam realizando suas edições anualmente,como o Big Brother Brasil e oNo Limite, quetiveram suas últimas edições no ano de 2022, além de inspirarem tantos outros programas neste formato, estando cada vez mais presentes na vida das pessoas de todo o mundo. Segundo o pesquisador uruguaio Fernado Andacht, o reality show é uma forma de buscar a certeza de si mesmo, já que olhamos pessoas comuns, agindo no dia a dia sem ter certeza que estão sendo filmadas naquele momento. Garcia et. al. (2006) atribui o sucesso dos reality shows à facilidade de entendimento e aceitação por parte do público, tendo custos de produção acessíveis, possibilitando a exportação do formato para diferentes países.

2.2.1 Cenografia de reality shows

Segundo Maia e Muniz (2018, p. 02), a cenografia é um ato criativo e tem a intenção de organizar visualmente o espaço em que ocorre a interação, seja no teatro, ou em um estúdio, para que neleaconteçaarelaçãocenaepúblico.Paraisso,teoriasetécnicasdevemseraliadasaoconhecimento do profissional.

O teatro é uma arte que surgiu na antiguidade e pode ser encenado em qualquer lugar, não precisando de um espaço específico para isso. Por exemplo, na Grécia Antiga os primeiros teatros eram feitos ao ar livre e, com o decorrer do tempo foi passando por mudanças até chegar aos cenários que conhecemos hoje, que podem fazer o uso de decoração, luzes, temperatura, aromas e outros elementos. De acordo com Mantovani (1989), antigamente muitas vezes o cenário era fixo e eram acrescidos alguns elementos cênicos. Nesses cenários fixos eram recriados através da perspectiva, paisagens urbanas ou rurais onde se passaria a cena, com poucos ornamentos e possuíam sempre um caráter religioso, místico em cenas que representavam o céu e o inferno. Foi no renascimento que surgiram as primeiras ideias de cenário através da perspectiva de dois pontos.

Com o passar dos anos, a cenografia foi evoluindo em termos tecnológicos. De acordo com Maia e Muniz (2018), a Revolução Industrial trouxe inovações como a motorização e surgimento da luz artificial, alterando assim o sistema de produção até mesmo da cenografia. Com essa mudança, o público também mudou e os temas abordados também passaram a ser diferentes. Segundo Maia e

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PRIMEIRA
PROGRAMA EMISSORA PAÍS ÚLTIMA EDIÇÃO
PBS EUA 1973
EDIÇÃO
Americana)
BBC Inglaterra 1974
MTV EUA 2017
Verônica Holanda 2006
M6 França 2017
MTV Brasil 2000
1999 Big Brother
2001 Big Brother
CBS EUA 2022
2000 Big Brother
Rede Globo
2022
Brasil
SBT Brasil 2002
Rede Globo
2022
Brasil
MTV
EUA 2022
MTV
Brasil 2022

Muniz (2018) a cenografia é a interpretação e elaboração do espaço e hoje em dia não se limita ao teatro.

As casas onde se passam os reality shows, como Big Brother Brasil, também podem ser definidascomocenários,pensadosemontadosparaarealizaçãodeatividadesqueoprogramapropõe, como o caso do Confessionário do reality show Big Brother Brasil, veiculado pela Rede Globo de Televisão, onde os participantes do reality votam e justificam esses votos e explicam alguns comportamentos, que pode ter sido inspirado no confessionário católico, ambiente onde os fiéis se sentem seguros para expressar seus sentimentos para o sacerdote. Como o próprio site do Big Brother Brasil apresenta o confessionário do programa, “o cômodo mais importante da casa e o único lugar em que os participantes têm alguma privacidade. Nele, os BBB’s contam seus segredos, revelam e justificam seus votos”. Esse conceito de um cômodo como confessionário estende-se para fora do Big Brother Brasil e se faz presente em outros reality shows, como De Férias Com o Ex, exibido pela emissora MTV e Soltos em Floripa, da Amazon Prime Video.

A cada edição pode-se notar que a decoração da casa do Big Brother Brasil tem ficado mais colorida, com muitas estampas e adornos. Essas escolhas não acontecem por acaso, visto que, ambientes com muitas cores, texturas e iluminação forte com luz brancapodem intensificar sensações de desconforto, estresse e ansiedade o que pode afetar no comportamento dos “Brothers”, movimentando assim, o “jogo”.

O que acontece é que o ambiente fornece estímulos constantemente – de maior ou menor intensidade - que são captados pelo corpo como sensações para que a mente as processe, gerando percepção e consciência, o que pode desencadear uma resposta comportamental. (VILLAROUCO, 2021)

Segundo Campanella (2010, p. 60), em edições mais recentes do BBB, a Rede Globo chegou ao ponto de decorar aposentos de forma a ampliar o senso de desorientação. O mesmo cita que na edição 9, em 2009, a casa contava com o quarto “Palácio de Cristal” (Figura 8), que continha as paredes inteiramente cobertas por espelhos, e nele foi criada, segundo os próprios participantes do reality show, uma sensação constante de desconforto.

De acordo Urssi (2006, p.61), com “os novos experimentos cênicos encontraram expressão efetiva na televisão. A linguagem cênica adaptou-se aos novos meios”. E na cenografia de reality shows não é diferente. Com a difusão dos conceitos pertinentes à neuroarquitetura, esse conceito se faz cada vez mais presente em cada edição, estimulando os sentidos, podendo gerar novas interações e sentimentos nos participantes.

3 METODOLOGIA

Para essa pesquisa foi utilizado o método de pesquisa exploratório, com abordagem qualitativa. Como método de fundamentação foi utilizada a pesquisa bibliográfica, através de consultas em livros, artigos, monografias, teses, sites e outros textos acerca de assuntos relacionados

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Faculdade do Centro Leste - Manguinhos, Serra - ES Figura 8. Quarto Palácio de Cristal do BBB9 (Gshow, 2020)

ao tema da presente pesquisa, como neuroarquitetura, iluminação, psicologia das cores, cenografia e reality shows Após essas pesquisas, foram realizados estudos de caso, evidenciando os conceitos pertinentes à neuroarquitetura aplicados à cenografia da casa de algumas edições do Big Brother Brasil, da Rede Globo de Televisão, e da sexta edição do reality show De Férias com o Ex, da MTV Brasil Por fim, elaborou-se um quadro relacionando a difusão da neuroarquitetura no mundo e no Brasil com cenografia de ambientes da casa de algumas edições de reality shows.

4 DISCUSSÕES E RESULTADOS

A fim de cumprir os objetivos deste trabalho, serão analisados os cômodos: quartos, cozinha, sala e quarto do líder da casa do Big Brother Brasil, nas edições de 2004, 2014 e 2022 e dois cômodos da sexta edição do reality De Férias com o Ex: um dos quartos e a suíte máster, à luz dos conceitos da neuroarquitetutura abrangendo as seguintes características: iluminação, psicologia das cores e biofilia. As casas dessas edições se destacaram pelo colorido e outras características que chamaram atenção do público gerando muitos comentários, por isso foram as escolhidas para a análise.

Para o início das análises, é importante destacar que as primeiras três edições do Big Brother Brasil possuíam cenários sóbrios, com cores neutras e praticamente sem estampas, como por exemplo a primeira edição, realizada no início do ano de 2002 (Figura 9).

Figura 9 - Cômodos do BBB1 (Purebreak, 2015)

Nesta edição, a casa possuía tons terrosos, com paredes em tons quentes, como amarelo claro no quarto e vermelho escuro, na sala e cozinha. Também era possível notar a iluminação indireta, através de arandela e abajur e em tons mais quentes, amarelados e o uso de plantas naturais em alguns cantos da casa, que associadas aos móveis em madeira e palha, remetem à natureza. No mesmo ano, foi transmitida a segunda edição do programa, com sua estreia em maio, apenas um mês depois do final da primeira edição. Assim, a casa (Figura 10) não passou por grandes transformações, os quartos ainda possuíam cor clara, um na cor amarela e outro na azul, e não recebiam muitos adornos. Além disso, receberam também mais espelhos, favorecendo as filmagens, visto que se sabe que as câmeras ficam atrás dos espelhos

Já no BBB 3, no ano de 2003, a casa recebeu um pouco mais de alterações: o quarto do líder, que antes era ao lado do confessionário foi montado na área externa da casa, com visão privilegiada do jardim. Além disso, as paredes da sala (Figura 11) que antes tinham um tom vermelho escuro foram pintadas para amarelo.

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Figura 10 – Quartos do BBB2 (Purebreak, 2015)

Por sua vez, a edição do BBB 4 em 2004, começa a apresentar elementos diferentes das edições anteriores, que até então apresentava padrões comuns. Nessa edição começa-se a notar o uso de mais cores, ambientes com temas e iluminação mais próxima a de um estúdio. Nessa mesma época deu-se o advento da Neuroarquitetura e a criação da Academy of Neuroscience for Architecture (ANFA), em 2003, ou seja, começaram-se os estudos da aplicação da neurociência aos espaços construídos, relacionando como intervenções nos ambientes físicos podem causar impactos ao cérebro e consequentemente no comportamento humano. Essa edição e outras serão melhor apresentadas nos próximos itens.

4.1 Casa do BBB 4 (2004)

A casa do BBB 4 em 2004, apesar de apresentar cores, estampas e objetos decorativos, o equilíbrio entre esses elementos se fez presente, possuindo estampa apenas nas paredes, que por sua vez é regular e com cores neutras e claras, o piso possuía cor neutra e clara sem estampa, as cores chegam de forma pontual: as camas recebem edredons coloridos, porém sem estampa e sem almofadas (Figura 12). Quanto à iluminação, o teto recebeu uma quantidade maior de luminárias, dessa vez provocando uma iluminação direta e branca. Já no que se refere à biofilia, a mesma foi pouco explorada, com apenas mesas de cabeceira em madeira.

Com a sala não foi diferente, a mesma é composta por tons neutros e o grande sofá branco, identidadedasaladacasa doBBBatéentão,quebraasobriedadecom cores nas almofadas eno tecido do sofá (Figura 13), que lembra as pinturas abstratas do artista Jackson Pollock. As arandelas nas paredes foram substituídas por iluminação direta e branca no teto. O uso de materiais que remetem à natureza também diminuiu, estando presente apenas no assoalho amadeirado e em uma tímida vegetação no canto atrás do sofá.

A cozinha, por sua vez, começa a receber cores nessa edição.

com cadeiras de cores diferentes e marcenaria e adornos com tons mais vibrantes (Figuras 14 e 15).

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Faculdade do Centro Leste - Manguinhos, Serra - ES Figura 11 - Sala no BBB3 (Terra, 2014) Figura 12- Quarto Pelúcia BBB 4 (Gshow, 2020) Figura 13- Sala BBB 4 (Terra, 2014) Contando

O quarto do líder (Figura 16), continuou localizado na área externa da casa, e com aparência de chalé. O líder da semana e seus convidados puderam aproveitar um ambiente confortável, em tons neutros, com revestimentos que remetem à natureza e ampla vista para o jardim, que possuía muitas vegetações naturais, apesar do cenário observado ao fundo do quarto.

Observou-se então nessa edição alguns avanços do uso da neuroarquitetura, mesmo que de forma discreta, podemos relacionar esse fato ao da propagação do termo que se iniciou em 2003, o que pode ter sido levado em consideração pela produção do programa, já que conflitos geravam mais repercussão ao programa, e essas desavenças podem ser instigadas com o uso de elementos importantes na neuroarquitetura.

4.2 Casa do BBB 14 (2014)

Para a edição 14 do Big Brother Brasil, os decoradores não economizaram no uso de cores e estampas diferentes. De acordo com Vieira (2014), a própria cenógrafa do programa nessa edição, Camila Costa, afirma que a distribuição dos ambientes da casa gera conflitos e que a produção do programa tenta estimular essa dinâmica. Afirma ainda que, nessa edição abusaram da miscelânea de cores, e, se dependesse disso, não faltaria animação no confinamento.

Assim, a cozinha da casa (Figura 17) é uma mistura de cores e padrões de estampas. Essas cores ainda levam alto grau de saturação visual, que segundo Guimarães (2002), leva ao caos da informação e a composição visual. A iluminação branca foi utilizada de forma direta. Nesse cômodo elementos que fazem referência à natureza não estão presentes, tanto em materiais e texturas, quanto em vegetação. A sala do programa (Figura 18) recebe estampas de bichos (onça, zebra e tigre), fortes tons de rosa e elementos pontuais em amarelo, trazendo um clima de bordel antigo, segundo a designer de interiores Vivianne Pontes, de acordo com Vieira (2014).

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Faculdade do Centro Leste - Manguinhos, Serra - ES Figura 14 - Cozinha BBB 4 (Jetss, 2021) Figura 15 - Cozinha BBB 4 (Terra, 2014) Figura 16 - Quarto do líder BBB 4 (Terra, 2014) Figura 17 – Cozinha do BBB 14 (Extra, 2014) Figura 18 – Sala do BBB 14 (Extra, 2014)

Ainda segundo Vieira (2014), a designer de interiores Vivianne Ponte afirma que o objetivo da decoração não é deixar os participantes tranquilos. Tantas cores e elementos estimulam o conflito, dando repercussão ao programa. Nos quartos essa ideia se mantem, o Quarto Festa (Figura 19) é dominado por cores, texturas e elementos decorativos. Já no Quarto Sibéria (Figura 20), a ausência de muitas cores e estampa nos leva a pensar em serenidade, porém, pela ausência de tons quentes e presença de elementos que remetem ao frio, como o próprio nome do quarto diz, causa sensação de tristeza e depressão. Em ambos quartos a iluminação é artificial, direta e branca, em tom frio. Além disso não há presença de materiais e cores em tons que remetem à natureza.

O vermelho tomou conta do Quarto do Líder (Figuras 21 e 22), estando presente no piso, paredes e teto, com diferentes padrões de estampas e repleto de luminárias com iluminação direta e branca em tom frio. Há também muitos elementos decorativos, em diferentes estampas, como nas colchas e almofadas, e marcenaria e eletrodomésticos na cor vermelha, que segundo a psicologia das cores, além de representar a paixão e energia, também simboliza agressão, tensão e desafio.

Assim, observamos que o uso da neuroarquitetura nessa edição não aconteceu de forma aleatória e involuntária, os cômodos foram pensados estrategicamente por cenógrafos da casa nessa edição para estimular um ambiente de conflito, atribuindo repercussão ao programa.

4.3 Casa do BBB 22 (2022)

A última edição do Big Brother Brasil que aconteceu nos primeiros meses do ano de 2022 contou com referências retrôs, abusando de cores e estampas. Na cozinha (Figuras 23 e 24) as cores primárias se fizeram muito presente, com o uso de laca na cor amarela na marcenaria, que segundo a psicologia das cores pode gerar sensação de otimismo e criatividade, mas também ansiedade, e vermelho nos nichos e bancadas em pedra sintética, que pode ter efeito de energia, agitação e desafio. O azul, que simboliza a serenidade e a frieza, se faz presente, mesmo que de forma tímida, em revestimentos e nas cadeiras. O cômodo ainda é composto por um grande número de luminárias de cor fria, com iluminação direta. Nesse espaço também é possível notar a ausência de elementos que remetem à natureza, seja em formas, estampas, materiais, texturas, cores ou vegetação.

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Faculdade do Centro Leste - Manguinhos, Serra - ES Figura 19 - Quarto Festa BBB 14 (Gshow, 2020) Figura 20 - Quarto Sibéria BBB 14 (Terra, 2014) Figura 21 - Quarto do líder BBB 14 (Gshow, 2014) Figura 22 - Quarto do líder BBB 14 (Gshow, 2014)

Ainda em estilo retrô, a sala (Figura 25) também possui muitos padrões de estampas mesclando cores quentes e frias, com diferentes padrões de estampas no piso e almofadas, e paredes em textura aveludada em um forte tom de roxo.

Os quartos possuem grande importância na dinâmica do programa, visto que gera identidade entre os participantes, formando assim, grupos, que muitas vezes se tornam adversários no jogo. Nessa edição os quartos possuíram estilos completamente diferentes, mas com pontos de semelhança entre si: o abuso de estampas, iluminação direta em tom frio e ausência de elementos que lembram natureza.

No quarto mais requisitado da casa: o quarto do líder, ainda houve grande presença de diferentes padrões de estampa, dessa vez em tons frios, principalmente azul e roxo, com móveis brancos. A iluminação ainda se assemelha a de um estúdio, artificial, em grande quantidade, com tom frio e iluminando de forma direta.

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Faculdade do Centro Leste - Manguinhos, Serra - ES Figura 23 - Cozinha BBB 22 (Gshow, 2022) Figura 24 - Cozinha BBB 22 (Gshow, 2022) Figura 25 - Sala BBB 22 (Gshow, 2022) Figura 26 - Quarto Lollipop (Gshow, 2022) Figura 27 - Quarto Grunge (Gshow, 2022)

Não se observava a presença de quaisquer elementos que remetesse à natureza, pelo contrário, a cor roxa, segundo a psicologia das cores, é a cor mais artificial, visto ser a menos presente na natureza.

4.4 Casa do De Férias com o Ex Brasil 6 (2020)

Já no reality De Férias Com o Ex Brasil, exibido pela MTV Brasil, versão brasileira do formato original britânico Ex on the Beach (Ex na Praia), exibido pela MTV, é um reality show em que homens e mulheres jovens dividem uma mansão luxuosa alugada em um destino paradisíaco. A expectativa é de que novos romances e novas experiências possam acontecer. Porém, a paz é interrompida quando os ex-namorados dos participantes começam a aparecer inesperadamente a cada episódio,chegandopelapraia,quecomeçaaserum localtemidopelosparticipantes,jáqueelesnunca sabem quem pode aparecer e quando isso irá acontecer.

Assim, além da temáticaromântica, a ansiedade também se faz presente noreality, já que cada participante fica apreensivo se seu “ex” está chegando. Também há um cenário de discussão pois além de relembrar uma parte do passado, em sua maioria desagradável, devido ao término de relacionamento com uma pessoa, precisa conviver com ela e muitas vezes, com o relacionamento que essa pessoa possa ter com outro participante do reality, gerando muitos conflitos.

Em um dos quartos presentes na mansão onde o programa se passa (Figura 29), há grande presença de cores em tons fortes, diferença de estampas e texturas e elementos desordenados, ausência de janelas para iluminação e ventilação natural, iluminação artificial feita de forma direta e em tom frio e ausência de vegetação, cores, texturas e formas que remetam à natureza.

A proposta para a suíte máster (Figura 30), é completamente diferente, já que o cômodo promete ser cenário para cenas de romance e relaxamento entre o casal escolhido para lá pernoitar Assim, foram escolhidos tons, quentes para o piso, paredes e roupa de cama, especialmente o vermelho,quepelapsicologiadas coressimbolizaapaixão.Asuítetambém recebemenosiluminação do que o resto da casa, sendo essa de tom quente, amarelado, provocando relaxamento.

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Figura 28 - Quarto do líder BBB 22 (Gshow, 2022) Figura 29 - Quarto da mansão da 6ª edição do De Férias com o Ex Brasil

Outro elemento relaxante presente, segundo a neuroarquitetura,

os que remetem à natureza, tanto no uso de vegetação quanto em materiais, como a madeira do deck e da esquadria.

4.5 Conclusão dos ambientes de reality shows analisados

Baseado nas análises realizadas acima é possível notar a evolução no emprego de elementos ligados à neuroarquitetura na cenografia de reality shows, usado estrategicamente, a fim de gerar sentimentos que fomentem desentendimentos na dinâmica dos programas. Assim, o Quadro 3 apresenta relação dos temas abordados nesse trabalho acerca da neuroarquitetura com a cenografia das edições dos reality shows analisadas:

Quadro 3 Relação entre edições dos reality shows com conceitos da neuroarquitetura

NEUROARQUITETURA ILUMINAÇÃO CORES BIOFILIA

BBB 4 (2004) Advento em 2003 e criação da ANFA. Quente e indireta.

Tons neutros e quentes.

BBB 14 (2014) Não houve nenhum evento de relevância, porém houve aumento significativos em pesquisas sobre o tema.

BBB 22 (2022) Inauguração do primeiro laboratório de neurociência aplicada a arquitetura no Brasil.

De Férias com o Ex Brasil 6 (2020)

Não houve nenhum evento de relevância, porém houve Aumento significativos em pesquisas sobre o tema

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fria e direta. Muitas cores com muitas estampas.

Fria e direta Muitas cores com muitas estampas

Fria e direta nos cômodos comuns e quente na suíte máster.

Fonte: Da autora

Muitas cores com algumas estampas em locais comuns, cores quentes na suíte máster.

Uso de madeira nos móveis, tons quentes e neutros que remetem à natureza, algumas vegetações.

Ausente.

Ausente

Presença de vegetação e materiais naturais na suíte máster.

Essa pesquisa possibilitou a compreensão de temas pertinentes dentro do contexto da Neuroarquitetura, como iluminação, psicologia das cores e biofilia, através da análise e observação de sua aplicação em cenografias de algumas edições de reality shows. Com as análises, estudos e depoimentos aqui demonstrados, é possível inferir que o espaço construído pode interferir nos sentimentos e comportamentos dos usuários e como isso ocorre, sendo utilizado estrategicamente nos cenários de reality shows.

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Figura 30 - Suíte máster da mansão da 6ª edição do De Férias com o Ex Brasil são

Dessa forma, o emprego de elementos relacionados à Neuroarquitetura torna-se imprescindível até mesmo fora das telas televisivas, pois quando bem empregados, o ambiente pode provocar sensações de aconchego, acolhimento e relaxamento ou até mesmo concentração e disposição. A fim de melhorar o rendimento nos espaços corporativos, pode-se usar artefatos da Neuroarquitetura,assimcomoemhospitais,espaçosdelazer,restaurantes,moradiasediversosoutros locais, o seu emprego correto pode gerar maior qualidade de vida para o usuário.

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NOTAS

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me permitido chegar até aqui. À minha família, pela confiança e apoio ilimitado. À Sandra, pela atenção e disponibilidade. Aos professores que me conduziram pelo caminho do aprendizado, fornecendo sólidos alicerces na construção do saber. Ao meu namorado por estar ao meu lado me dizendo que sou capaz a cada linha escrita. Aos meus amigos, que mesmo longe, torceram por mim. A todos que acreditam que ainda é possível fazer arquitetura com amor e responsabilidade social, apoiada no profissionalismo visando melhor qualidade de vida para todos.

CONTRIBUIÇÃO E AUTORIA

Não se aplica.

FINANCIAMENTO

Não se aplica.

CONSENTIMENTO DE USO DE IMAGEM

Não se aplica.

CURSO

Arquitetura e Urbanismo

COORDENADOR DO CURSO

Aline Silva Sauer

DATA DE ENTREGA

20/11/2022

BANCA AVALIADORA

Claudia Stringari Piassi

Tatiana Caniçali Casado

DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE PLÁGIO

Declaro que o trabalho não contém plágio ou autoplágio total ou parcial. Todo o conteúdo utilizado como citação direta ou indireta foi indicado e referenciado.

LICENÇA DE USO

Os autores do artigo cedem o direito à divulgação e publicação do material para comunidade acadêmica através de portal da Biblioteca e repositório institucional. Esta autorização permite sua utilização como base para novas pesquisas, caso haja adaptação do conteúdo é necessário atribuir o devido crédito de autoria.

Faculdade do Centro Leste - Manguinhos, Serra - ES

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NEUROARQUITETURA APLICADA À

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA CENOGRAFIA DE REALITY SHOWS

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA BIOFILIA

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA PSICOLOGIA DAS CORES

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA NEUROARQUITETURA

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INTRODUÇÃO

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RESUMO

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