Povos Indígenas: memória e resistência

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A Inserção do Indígena no Mercado de Trabalho Na sociedade indígena, toda a atividade econômica, como pesca, plantação ou fabricação de objetos, garante a reprodução social, ou seja, são voltadas à produção de valores-de-uso de um corpo social. Essa organização, entretanto, não é encontrada em uma sociedade capitalista, já que seu objetivo econômico final é produzir e garantir o lucro. Dessa forma, desde a chegada dos portugueses, a estrutura econômica-social indígena foi desintegrada e desrespeitada, colocando-os a margem da sociedade. Sob essa ótica, durante a colonização, foi imposto aos nativos o trabalho escravo puro, empregado com o uso da força, brutalidade, preconceito e violência. Além disso, a escravização foi legalizada por meio da Guerra Justa e instituía que, caso o indígena se recu-

sasse à fé, ele deveria ser escravizado como forma de salvar a sua alma. Porém, com o passar do tempo, devido à presença jesuíta, o elevado índice de mortes por doenças trazidas pelo homem branco e as diferenças entre a mão de obra branca e indígena, os colonizadores passaram a “substituir” a mão de obra indígena pela negra escravizada, aumentando, assim, exponencialmente, o tráfico negreiro no país. Dessa forma, o indígena passou a ser “integrado” à sociedade por meio da aculturação, destribalização e catequização, entretanto, nunca deixou de ser escravizado. Assim, com todas essas mudanças que estavam acontecendo naqueles séculos, estereótipos como: “o índio é preguiçoso, traiçoeiro, incapaz e não civilizado”, foram criados pela sociedade e perpassados para as

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