Molde N.º 135

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DESAFIOS DA INDÚSTRIA

SUBPRODUTOS: O CAMINHO PARA A PREVENÇÃO DE RESÍDUOS

EMBALAGEM DE ELEVADO DESEMPENHO PARA FRUTOS PERECÍVEIS

MOLDPLÁS REFORÇA APOSTA NO FABRICO ADITIVO

ESPECIAL // CEFAMOL ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE MOLDES ANO 33 . N 135 . €4,50 Periodicidade Trimestral 10. 2022
Nº ISSN 1647-6557

INOVAÇÃO //

TECNOLOGIA //

Desafios

Estratégia &

Pessoas & Competências

Sustentabilidade

Subprodutos: o caminho para a prevenção de resíduos

Embalagem de elevado desempenho para frutos perecíveis

Um contributo para a produção sustentável de peças metálicas

HYBRIDPLÁS - desenvolvimento de tecnologias de produção com célula produtiva automatizada para peças híbridas

A Gestão da Qualidade na maximização da eficiência e rentabilidade das empresas rumo à indústria de moldes 4.0

Todos os pormenores contam

Elementos móveis, um novo conceito

Pensar processos e tempo, pensar tecnologia e pensar produtividade O flagelo das burlas através da app MBWAY

NEGÓCIOS //BUSINESS

Moldplás reforça aposta no fabrico aditivo Expositores otimistas apesar das “incertezas na economia”

Moldplás - Fabricantes de moldes com expectativas elevadas

Crescimento e preocupação

produzir diferenciação nas organizações do futuro

Precisamos de primeiros socorros psicológicos nas nossas empresas

PROPRIEDADE CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes • CONTRIBUINTE 500330212 • SEDE DO EDITOR, REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Centro Empresarial da Marinha Grande - Rua de Portugal, Lt. 18 - Fração A / 2430-028 MARINHA GRANDE - PORTUGAL / T: 244 575 150 / F: 244 575 159 / E: revista_omolde@cefamol.pt / www.cefamol.pt • FUNDADOR Fernando Pedro • DIRETOR Manuel Oliveira • CONSELHO EDITORIAL António Rato, Eduardo Pedro, Luís Abreu e Sousa, Manuel Oliveira, Maria Arminda • TEXTOS Álvaro M. Sampaio, Ana Pires, Ana Timóteo, António Baptista, António J. Pontes, Artur Ferraz, Diana Duarte, Hanife Gülen Tom, Helena Silva, João Caseiro, José Ferro Camacho, Kübra Kavut, Martinho Soares, Miguel Figueiredo, Nânci Alves, Pedro Bernardo, Pedro Dinis Gaspar, Pedro D. Silva, Ricardo Freitas, Rita Gonçalves, Rui Rocha, Sandra Carreira, Sonia Díaz, Vítor Ferreira • PUBLICIDADE Rui Joaquim • PRODUÇÃO GRÁFICA Colorestúdio – Artes Gráficas, Lda / Zona Industrial Casal da Azeiteira, Pav. 3 - Quintas do Sirol - 2420-345 St.ª

INDÚSTRIA DESTAQUE // HIGHLIGHT 03 04 16 18 22 26 75 76 82 84 31 38 42 44 30 74 Editorial Notícias CEFAMOL Notícias CENTIMFE Notícias dos Associados A Indústria à Lupa Entrevista: Artur Mateus (Diretor do CDRSP)
DESAFIOS DA
competitivos permanecem exigentes
Mercado
Eufémia - Leiria / T: 244 813 685 / E: colorestudio.lda@gmail.com • PERIODICIDADE Trimestral • TIRAGEM 500 exemplares • DEPÓSITO LEGAL 22499/88 • REGISTO ERC 113 153 • Nº ISSN 1647-6557 • Estatuto Editorial encontra-se disponível em www. cefamol.pt
AHP Merkle 2
SMW 5
Gecim
Fuchs 9 / Trumpf 11 / Cheto 13 / Simulflow 17 / Isicom 19; 33 / Oerlikon HRSflow 21 / Cadsolid 23; 83 / FerrolMarinha 25 / Sew Eurodrive 27 / S3D 29 / Millutensil 31 / Moldmak 35 / Sqédio 37 / HPS 39 / Metalcobre 41 / Inovatools 47 / Oerlikon Balzers 49 / SB Molde 51 / Sigmasoft 53 / Schunk 57 / Hasco 59 / Fluxoterm 61 / Arburg 63 / Newserve 65 / Eurocumsa 69 / Knarr 71 / Hotel Mar & Sol 73 / DNC Técnica 77 / Open Mind 79 / TTO 81 /Tecnirolo 85 / Maq Center capa interior / GrandeSoft contracapa interior / Tebis contracapa CAPA: Imagem gentilmente cedida pela empresa ITJ - Internacional Moldes. ÍNDICE // CONTENTS FICHA TÉCNICA
ANUNCIANTES
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TECHNOLOGY EQUIPAMENTOS . PROCESSOS . CONHECIMENTO EQUIPMENT . PROCESSES . EXPERTISE
INNOVATION O QUE AS EMPRESAS CONCEBEM DE FORMA SINGULAR E INOVADORA WHAT OUR COMPANIES CONCIEVE IN A SINGULAR AND INNOVATIVE WAY 48 60 49 52 56 58 61 66 68 70 72
GESTÃO DE PESSOAS // PEOPLE MANAGEMENT 87 88 86
Pessoas que
As
irão
ECONOMIA . MERCADOS . ESTATÍSTICAS ECONOMY . MARKET INFORMATION . STATISTICS

EDITORIAL

UM NOVO PARADIGMA NOS NEGÓCIOS

A sustentabilidade apresenta-se como um novo paradigma para a sociedade, para a sua economia e, consequentemente, para os negócios. Frequentemente encarada como um fator

intrínseco ao ambiente e às alterações climáticas, representa muito mais do que isso, sendo uma verdadeira conjugação de elementos económicos e sociais, representando novos desafios para as empresas, para a sua dinâmica e desenvolvimento, e que importa compreender e implementar.

A questão ambiental e climática - em virtude das alterações a que temos assistido ao longo dos últimos anos - constitui um verdadeiro problema ao qual a sociedade, como um todo, necessita de responder rapidamente. Os objetivos e metas traçadas pela União Europeia, seguidas pelos seus diferentes Estados, para reduzir emissões e promoverem a transição energética, são uma realidade que a guerra entre Rússia e Ucrânia veio acelerar e contribuir, decisivamente, para demonstrar a sua necessidade.

É certo que muitas são as empresas do nosso sector que, com estes processos e desafios em mente, têm apostado nesta vertente, realizando investimentos que permitam a redução da sua dependência energética e, deste modo, tentando combater o aumento substancial de custos nesta área a que temos estado sujeitos.

Neste contexto é de salientar ainda a preocupação com a disponibilidade de recursos que alguns países-destino das nossas exportações se poderão confrontar nos próximos meses. Tal irá influenciar decisivamente o clima económico e social em que vivemos e negociamos. A vertente económica poderá ser substancialmente afetada por estes fatores, acelerando aumentos nos custos de produção que, por sua vez, originam processos inflacionistas, combatidos pelo incremento de taxas de juro que irão acarretar maiores dificuldades para consumidores e empresas no financiamento ou realização de investimentos. Essas dificuldades serão mais intensas quando o acesso a capital ou apoios comunitários estiver diretamente indexado ao investimento e demonstração que as empresas terão de fazer da redução da sua pegada carbónica, tal como se prevê para o próximo período.

A questão social terá também um papel essencial neste novo paradigma. Cada vez mais as decisões de consumo são tomadas em função das políticas de sustentabilidade das empresas, pelo respeito que as mesmas apresentam pelo meio ambiente, pelo desenvolvimento de políticas de responsabilidade social. As

empresas que lidam diretamente com o consumidor final são muito sensíveis a este aspeto e irão (estão) impor que a cadeia de valor em que se inserem siga os mesmos pressupostos. Tal repercute-se até às nossas empresas que já são confrontadas com estes aspetos quando apresentam a sua oferta junto dos clientes ou potenciais clientes. Os “Relatórios de Sustentabilidade” estarão cada vez mais presentes e teremos de nos preparar para tal, não apenas por uma questão de diferenciação e redução de custos, mas porque, progressivamente, se irão tornar numa exigência.

A atração de talento será também influenciada por esta tendência. No outro dia ouvia, numa sessão dinamizada pela CEFAMOL, a estória de um jovem técnico qualificado que não assumiu um cargo superior numa empresa (fora da indústria de moldes) apesar de ser selecionado para tal, uma vez que, segundo o próprio, a mesma não cumpria as regras ambientais que considerava adequadas para a sociedade e não se via a trabalhar numa empresa que não tinha esta visão e propósito. Numa altura em que a “batalha” pela atração de talento para diferentes sectores e empresas é grande e todos procuram os melhores para reforçar a sua competitividade, concluímos que este é um elemento que devemos ter cada vez mais em conta. Há ainda que recordar que este indivíduo (à semelhança de muitos outros, da sua geração), é também um consumidor e que terá a mesma visão ou postura quando se tratar de fazer uma compra ou selecionar o seu fornecedor.

A sustentabilidade, mesmo que não seja, muitas vezes, interpretada de um modo integrado (questões ambientais, económicas e sociais), entrou decididamente no léxico e na agenda das empresas, e as de moldes não são exceção, até pela sua exposição ao mercado internacional e a cadeias de valor globais. Há então que compreender como alinhar a organização com estes temas, definir as políticas a implementar para o demonstrar ao mercado e aos seus stakeholders, mas, principalmente, como as fazer refletir num melhor desempenho a médio e longo prazo, garantindo a sustentabilidade da própria organização.

A entrada de novos requisitos legais nesta matéria irá acelerar o ritmo desta alteração, mas será o mercado, como sempre, o grande impulsionador da mudança nas empresas. Será o próprio a exigir novos requisitos a que temos de nos adaptar para manter o nosso sector no nível de excelência a que nos habituou e pelo qual somos reconhecidos mundialmente.

Estamos preparados?

REVISTA MOLDE CEFAMOL CEFAMOL NEWS //
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COOPERAÇÃO É O CAMINHO PARA GANHAR ESCALA E DIVERSIFICAR MERCADOS

A diversificação de mercados, geográficos e sectoriais é a resposta aos desafios que se colocam à indústria de moldes. A posição foi unânime entre todos os intervenientes na conferência ‘Market Days’, que decorreu dia 30 de setembro, organizada pela CEFAMOL, no âmbito do seu projeto de promoção internacional “Engineering & Tooling from Portugal”. Mas os oradores deixaram uma advertência: essa diversificação deve ser acompanhada por uma estratégia bem definida e pela cooperação entre os fabricantes de moldes nacionais, que lhes permita ganhar escala e, com isso, conquistar alguns mercados que vão revelar-se essenciais para assegurar o futuro do sector.

“Vamos ter de olhar para outros sectores, de forma a reduzir a dependência perigosa que temos da indústria automóvel, e também para outros mercados geográficos. O mundo vai mudar e não de forma linear como até aqui, a procura de moldes vai alterar-se e até o plástico, a principal matéria-prima, irá sofrer mudanças”, considerou Gabriel Silva, da empresa de consultoria TGA, no painel de debate subordinado ao tema ‘Diversificação de Mercados” que teve como moderador João Paulo Leonardo, da empresa Alfaloc. Realizado num formato híbrido, contou com dezenas de profissionais do sector a acompanhar, quer presencialmente, quer por via da transmissão online

Gabriel Silva defendeu ainda ser fundamental que, numa abordagem aos mercados, as empresas portuguesas consigam fazê-lo sob a forma de coopetição, ou seja, cooperando, apesar de serem concorrentes. É que, sustentou, “as pequenas empresas – que compõem a maior parte do nosso tecido empresarial - têm acesso a recursos limitados e, por isso, cooperar abre horizontes e

possibilidades”. Mas, aconselhou, “nesta estratégia de cooperação, é preciso que fiquem bem claros os benefícios e vantagens de cada uma das empresas”.

Gonçalo Caetano, do Grupo Simoldes, defendeu também a importância da cooperação, seja com empresas nacionais, seja com parceiros estratégicos nos mercados. “Temos de ter presente que a presença internacional não se consegue, apenas, com investimento direto. Faz-se com parcerias e esse é o grande desafio do nosso sector: é preciso abertura de espírito para cooperar, até porque as nossas empresas estão ‘encaixadas’ entre grandes clientes de um lado e grandes fornecedores do outro”.

Desta forma, considerou, as empresas conseguirão ganhar escala e conquistar mercados, algo fundamental para conseguirem diversificar. É que, no seu entender, a diversificação é o único rumo para esta indústria. Através de números, salientou que, desde 2017 até hoje, 72 % das exportações dos moldes portugueses estão concentrados em seis mercados.

“Para além desta concentração, há mercados interessantes, mas que estão muito longe de ser destinos dos moldes portugueses”, afirmou, alertando as empresas para que “os modelos e fórmulas de sucesso que têm sido seguidos até agora, deixarão de ter resultados no futuro”.

DIVERSIFICAR PARA ABRIR PORTAS

Dando como exemplo o seu grupo, explicou que a Simoldes aposta quase 100 % no automóvel. Uma estratégia que, adiantou, “estamos a tentar mudar”. Uma outra questão que, no seu entender, levanta alguma preocupação diz respeito ao preço médio das exportações

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/ / Painel – Diversificação de Mercados. 04

entre 2017 e 2021. Comparou o nosso país com a Alemanha, frisando que nesse período, os nossos moldes passaram de 26 dólares por quilo para 22 dólares por quilo, enquanto os alemães subiram de 40 para 43 dólares por quilo. Estabeleceu um paralelo com a China, lembrando que o valor dos moldes, aí, também subiu, de 16 para 18 dólares por quilo, o que, enfatizou, “aproxima perigosamente o nosso preço ao chinês”. Ora, defendeu, “os fatores de diferenciação dos nossos moldes têm de estar centrados na qualidade e especialização”.

O terceiro orador do painel, Idálio Silva, da empresa Uepro, chamou a atenção para o facto de a dependência de um mercado, seja sectorial ou geográfico, seja algo “extremamente perigoso”, uma vez que pode pôr em risco toda uma organização. Deu como exemplo a sua empresa, para explicar que, desde há vários anos, segue uma lógica de diversificação e que o sector automóvel, por exemplo, “nunca representa mais do que 5 %”. A maior aposta da empresa, esclareceu, centra-se atualmente na indústria aeronáutica, mas nem essa representa uma fatia tão grande que coloque em causa o negócio.

A diversificação é, assim, essencial. E só se consegue fazer, com êxito, quando suportada numa postura de cooperação. “Seja com fornecedores, seja com competidores, a cooperação é fundamental porque permite abrir muitas portas”, considerou.

OLHAR PARA NOVOS MERCADOS

O debate foi antecedido por uma apresentação de dois mercados que, salientou Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, constituem “bons exemplos para uma possível diversificação”: a Turquia e a África do Sul.

Coube a Celeste Mota, delegada da AICEP, fazer a apresentação do mercado turco. Trata-se, na sua opinião, de um mercado interessante porque “é resiliente”, afirmou, salientando que foi “dos que mais cresceu, em 2021, nos países do G20. Este ano, adiantou, é esperado um crescimento na ordem dos 5 %.

Em relação à indústria de moldes, contou que, em 2021, a Turquia importou 241 milhões, prevendo-se um crescimento nesse sector nos próximos anos. Atualmente, exporta moldes para mais de 60 países, adiantou, contando que, na prática, este é o país que “está a substituir parte das exportações que provinham da China para os Estados Unidos”.

As importações de moldes têm crescido, sendo os sectores automóvel, eletrodomésticos e, mais recentemente, o da defesa, os que mais atividade geram. Com uma predominância de PME, a Turquia tem também grandes empresas ali instaladas, como as principais marcas da indústria automóvel.

Este sector, considerou, tem sido o grande impulsionador das exportações turcas. “É o quatro produtor automóvel na Europa e o 13.º no mundo”, salientou, explicando ainda que tem também mais de quatro centenas de fornecedores de primeira linha ali instalados. Como forma de abordagem a este mercado, aconselhou as empresas a visitarem o país e a valorizar parcerias locais.

Já Guilherme Lopes, delegado da AICEP na África do Sul, fez a apresentação deste mercado, que classificou como “a economia mais desenvolvida e mais diversificada do mercado africano”. Salvaguardando questões como a criminalidade ou o baixo crescimento económico, considerou, ainda assim, que se trata de um mercado que pode oferecer boas oportunidades às empresas nacionais. Em 2022, salientou, a economia deverá subir 2,3%.

CEFAMOL NEWS //

A China é o principal parceiro económico da África do Sul e, na Europa, o primeiro lugar é ocupado pela Alemanha. Os moldes para plásticos e borracha são relevantes no número das importações. No entanto, nesta categoria, houve, apenas, 13 empresas de moldes portuguesas a exportar para lá no ano passado, sublinhou.

Destacou ainda que este país concentra 55 % da produção de automóveis do continente africano, tendo ali instalados sete OEM e cerca de meio milhar de fabricantes de componentes. Em 2021, sublinhou, 60 % dos veículos produzidos foram para exportação. Um outro sector que considerou interessante é o da saúde, no qual, contou, “estão previstos grandes investimentos nos próximos anos”.

Para aceder a este mercado, aconselhou as empresas a apostar em parcerias locais, bem como a participação em eventos que se realizam no país e estabelecer contactos com associações empresariais e sectoriais.

ESTADOS UNIDOS: MERCADO IMPORTANTE QUE É PRECISO TRABALHAR E CONHECER

‘EUA: Desafios e Oportunidades’ foi o tema da segunda sessão da conferência ‘Market Days’. Laurie Harbour, da consultora Harbour Results, protagonizou uma intervenção inicial, na qual considerou que se trata de um mercado importante para os moldes portugueses, mas que deve ser trabalhado, de forma a identificar as melhores oportunidades.

Contando que a pandemia deixou um enorme impacto negativo na economia, a exemplo do que aconteceu também na Europa, Laurie Harbour considerou, no entanto, que há oportunidades que devem ser consideradas. No caso dos moldes, salientou, essas surgem, por exemplo, na indústria médica que, nos últimos dois anos, cresceu e prevê-se que continue a crescer.

Já o sector automóvel, salientou, também se prevê que cresça, mas de forma mais lenta, sobretudo num futuro a curto prazo. Contudo, salientou, os novos desafios da mobilidade, sobretudo os elétricos, vão criar uma dinâmica que será visível já a partir do próximo ano, mas com grande impacto, sobretudo, a partir de 2025. “Prevemos o lançamento de novos modelos e, para isso, serão necessários moldes”, salientou, considerando que se trata de uma oportunidade para as empresas do sector.

Naquele país, salientou ainda, a grande preocupação dos fabricantes centra-se em três questões essenciais: os custos das matérias-primas e materiais, a falta de determinados componentes e a escassez de mão-de-obra. “Há, também, vários projetos que estão parados à espera de decisão”, adiantou ainda, acrescentando que uma outra dificuldade são os prazos de pagamento que, de acordo com 63 % dos produtores, “estão piores”. Por isso, explicou, é expectável que entre 50 a 75 fornecedores encerrem nos próximos anos.

Apesar disso, já este ano, o sector deve crescer face ao ano passado. Um crescimento que se estima que aconteça também na indústria automóvel, no sector médico e no packaging. Tudo isto conjugado, no seu entender, cria oportunidades para os fabricantes de moldes portugueses.

Como abordagem ao mercado, sugere que as empresas consigam estabelecer parcerias para melhor se posicionarem no mercado. “Não precisam de estar instalados nos Estados Unidos, mas se tiverem aí uma presença, consegue ser mais competitivos”, salientou.

OPORTUNIDADES

Finda a caracterização do mercado americano, seguiu-se um painel de debate. Como nota introdutória, Manuel Oliveira, secretáriogeral da CEFAMOL, lembrou que este já foi, no passado, o principal mercado dos moldes portugueses. E, pela sua relevância internacional, as empresas, juntamente com a associação, procuram recuperar ali terreno.

Moderado por Luís Oliveira, da AICEP, a conversa teve como intervenientes Carlos Oliveira (LBC Global), Jorge Sales Gomes (Open Lockers), Marco Costa (Socem) e Rui Marques (AES Moldes). Em comum, todos partilham a experiência de vários anos no mercado americano, aconselhando as empresas portuguesas a procurar conhecer muito bem o mercado antes de avançar e, de preferência, a fazê-lo em cooperação.

Rui Marques destacou a “quantidade de oportunidades que o país oferece”, salientando que, com “a diminuição da capacidade produtiva dos fabricantes de moldes locais, os produtores portugueses podem ser uma opção e afirmar-se pela sua qualidade tecnológica”.

Já Marco Costa considerou que a “distância física” com aquele país poderá ser um dos obstáculos, mas aconselhou as empresas a serem “perseverantes” até conseguirem conquistar a confiança dos clientes americanos. Isso, no seu entender, faz-se “estando próximo, criando parcerias”. “A nossa qualidade é a garantia de que podemos conquistar este mercado”, salientou.

Jorge Sales Gomes partilhou a sua experiência, fora do sector dos moldes, contando ter sido necessário “investir muito tempo e recursos para conseguir implantar-nos nos Estados Unidos”. Mas, após conseguir, explicou que os americanos confiam no bom trabalho e mantêm-se fiéis aos seus bons fornecedores.

Para Carlos Oliveira, cada empresa tem de seguir uma estratégia orientada para aproveitar as oportunidades. O mercado dos Estados Unidos é, na sua opinião, “um mercado de nichos”, divididos pelos vários estados que, salientou, são todos diferentes uns dos outros. E para fazer a diferença, na sua opinião, é imprescindível conhecer as características da cultura americana dos negócios. De entre elas, destacou a resposta imediata e o pragmatismo com que lidam com as questões.

A conferência foi muito dinâmica, com os participantes a colocar várias questões aos oradores e a partilhar as suas experiências nos temas apresentados e discutidos.

// NOTÍCIAS CEFAMOL
N 135 OUTUBRO 2022 06
/ / Painel – EUA: Desafios e Oportunidades.

COMITIVA FINLANDESA DE MOLDES E PLÁSTICOS VISITOU EMPRESAS NACIONAIS

‘Portugal-Finlândia: cooperação e negócio’ foi o tema de um seminário que teve lugar no dia 14 de setembro, no Centro Empresarial da Marinha Grande, promovido em conjunto pela CEFAMOL e a sua congénere finlandesa - Technology Industries of Finland.

A visita da comitiva finlandesa, integrando representantes dos sectores de plásticos e moldes, estendeu-se por três dias, permitindo que a indústria finlandesa mantivesse encontros bilaterais com empresas nacionais, tendo também oportunidade de visitar diversos fabricantes de moldes, quer na região da Marinha Grande, quer na zona de Oliveira de Azeméis.

Esta ação surgiu como resultado das relações institucionais e associativas criadas no seio da ISTMA World, possibilitando o relacionamento, trabalho colaborativo e geração de oportunidade de cooperação e negócio em diferentes países.

fornecedores da Finlândia”. Portugal, adiantou, “é uma boa opção para os fabricantes finlandeses porque é um experiente produtor de moldes, que todos reconhecem como tendo muito bom know how, e tem todo o tipo de empresas que asseguram as mais variadas respostas, desde os moldes mais pequenos aos de maior dimensão, sendo especializados em vários materiais e sectores”.

Contando já ter estado em Portugal na década de 1980 (na altura ao serviço da Nokia), recordou que já então “a indústria de moldes portuguesa era muito dinâmica”. Kai Syrjala mostrou-se ainda expectante com a possibilidade de a associação finlandesa vir a trabalhar com a CEFAMOL, no sentido de, em conjunto, “encontrarmos projetos que possam vir a receber financiamento específico – que existe para projetos internacionais – e que venha a ser positivo para as empresas dos dois países”.

A Finlândia, explicou ainda, não tem tradição na indústria automóvel – que é o principal mercado dos moldes portugueses – mas está, neste momento, a apostar em diversas áreas de negócio no sector tecnológico. Deu como exemplo as baterias dos veículos elétricos ou as células solares, para considerar que as empresas portuguesas de moldes podem encontrar boas opções de negócio no mercado finlandês, mostrando-se convicto de que uma “cooperação entre os dois países será benéfica”. “Nós podemos criar as sementes para esse encontro e futuros negócios e cooperação”, adiantou.

MELHORES FABRICANTES DO MUNDO

Os visitantes finlandeses que, em alguns casos, tiveram o seu primeiro contacto com a indústria de moldes portuguesa, mostraram-se agradados com o nível de desenvolvimento tecnológico das empresas que visitaram. Kai Syrjala, consultor da empresa Kaidoc Oy e representante da associação finlandesa, explicou que aquele país tem um interessante conjunto de transformadores de plásticos que procuram fornecedores de moldes na Europa. É que, salientou, a Finlândia não tem produção de moldes em quantidade para satisfazer as necessidades existentes. Daí que, nos últimos anos, os fabricantes de plásticos tenham recorrido ao exterior, importando moldes de regiões como a Ásia ou mesmo a Rússia.

“A cooperação é a chave”, salientou, defendendo que, com esta visita, “esperamos expandir a rede de contactos e até de

Reeta Luomanpää, que representa a associação finlandesa junto da ISTMA, visitou Portugal pela segunda vez nesta deslocação. “Da última vez, creio que a visita me abriu os olhos para o facto de os fabricantes de moldes em Portugal terem um nível muito elevado, serem empresas muito modernas e de grande aposta tecnológica.

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Constatei que Portugal é dos melhores do mundo, de facto, no fabrico de moldes”, afirmou. Desta forma, adiantou, “penso que Portugal poderá ser um excelente parceiro de cooperação para as empresas de plásticos finlandesas”.

A responsável contou ainda estar na forja uma outra visita a Portugal, incluindo mais empresas. “Estou convencida de que os elementos desta comitiva vão passar a informação sobre esta viagem e sobre o que viram e que tipo de possibilidades de colaboração existe para os fabricantes de moldes e os de plásticos e isso abrirá mais portas”, salientou, lembrando que os produtores de plásticos finlandeses procuram fornecedores que lhes assegurem, sobretudo, qualidade e prazos de entrega.

“Em Portugal, as coisas funcionam bem e são de confiança”, considera, mostrando-se convencida de que “há muitas empresas que teriam interesse e vantagem em trabalhar com os fabricantes portugueses”. Reeta Luomanpää explicou ainda que a associação finlandesa está a trabalhar com a CEFAMOL, no sentido de vir a organizar uma outra viagem, que permita às empresas portuguesas conhecer as oportunidades de negócio na Finlândia.

Presente nesta comitiva esteve também Harri Kulmala, representando a empresa DIMECC que, explicou, auxilia a indústria a fazer a transição digital e a aposta em novas tecnologias e novos modelos de negócio. “Trabalhamos com negócios de futuro e inovação e as empresas que procuram as melhores performances trabalham em novos modelos de negócios, como o fabrico aditivo”, adiantou, explicando que uma das principais apostas é desenvolver este trabalho através da cooperação.

Do lado português, coube a Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, realizar para a comitiva uma breve apresentação do sector em Portugal. Enfatizou que, nos últimos anos, a Finlândia tem sido um mercado praticamente residual para os moldes nacionais. Em 2021, por exemplo, as vendas ascenderam a pouco mais de um milhão de euros. No seu entender, isso indicia que, havendo interesse e cooperação, haverá potencial de crescimento.

Afirmou ainda perante os visitantes finlandeses que “inovação, networking, conhecimento e tecnologia são as características da indústria portuguesa”, salientando que o sector é reconhecido mundialmente como um fornecedor de “soluções integradas”.

CEFAMOL NEWS //
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EMPRESAS FAZEM BALANÇO POSITIVO

DA GLASSTEC

As empresas nacionais que acompanharam a CEFAMOL na feira “Glasstec” fizeram, no final, um balanço positivo desta edição do certame, dedicado à indústria de vidro, e que decorreu de 20 a 23 de setembro, em Dusseldorf, Alemanha.

Icebel, Intermolde, Neckmolde e Vidrimolde iam, à partida, com algumas reservas em relação a esta feira, que se realiza a cada dois anos, mas cuja edição de 2020 foi cancelada devido à pandemia de Covid-19. Contudo, no final, e “apesar de uma redução no número de visitantes em relação à última edição (2018), consideraram que a feira foi palco de bons contactos, quer com clientes já conhecidos, quer com novos players a surgir no mercado”, contou Patrício Tavares, da CEFAMOL.

Esta edição da feira coincidiu com a celebração do Ano Internacional do Vidro, declarado pelas Nações Unidas. E essa efeméride foi aproveitada pela organização do certame para “promover toda a cadeia de produção do vidro, desde o desenvolvimento científico e tecnológico, aos vários tipos de fabrico e aos diferentes artigos em vidro destinados a sectores tão diversos como embalagem, construção civil, alimentar ou aeronáutico”, explicou.

De acordo com a organização da “Glasstec”, o certame recebeu a visita de mais de 30 mil pessoas – profissionais do sector vidreiro –oriundos de 119 países. “Esta é, na área do vidro, considerada a maior

feira a nível internacional e, por isso, atrai visitantes de várias partes do mundo”, salientou Patrício Tavares, dando nota de que as empresas nacionais, por se dedicarem a clientes-alvo distintos, participaram com stands individuais estando, até, em áreas diferentes da zona de exposição, de forma a protagonizar uma abordagem mais positiva. E essa estratégia acabou por revelar-se eficaz, uma vez que trouxeram, até, perspetivas de novos negócios para o futuro.

A edição deste ano, segundo a organização, contou com a participação de 936 expositores, de 47 países. Em foco estiveram os temas que, atualmente, constituem os desafios desta indústria, como a escalada de preços da energia, a escassez de mão-de-obra qualificada, bem como a eficiência de recursos e a sustentabilidade. Com efeito, até ao início deste ano de 2022, este sector, ao contrário de outros, não se ressentiu fortemente com os efeitos da pandemia, mas está agora a ser dos grandes afetados com as consequências económicas resultantes da guerra na Ucrânia, sobretudo o aumento do preço da energia.

Esta participação das empresas nacionais, em conjunto com a CEFAMOL, decorreu no âmbito do plano de promoção internacional ‘Engineering & Tooling from Portugal’, apoiado pelo Compete 2020.

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EMPRESAS TÊM DE AJUDAR AS PESSOAS A APRENDER E PARTILHAR CONHECIMENTO

“Aprender a aprender é fundamental”, por causa do ritmo a que se verifica a mudança, seja esta tecnológica, social ou cultural. Por isso, as empresas têm de fazer desta questão uma aposta, de forma a juntar as várias gerações e ensiná-las a partilhar, entre si, o conhecimento que detêm.

O alerta foi deixado por Vasco Rosa Pires, da VR2P – Consultoria Estratégica, no decorrer da sessão ‘Manutenção e Transferência de Conhecimento nas Empresas’ que, organizada pela CEFAMOL, teve lugar no dia 22 de setembro, no Centro Empresarial da Marinha Grande.

A ação, que se insere na preparação do XI Congresso da Indústria de Moldes, contou com a presença de cerca de três dezenas de profissionais da indústria.

Admitindo que a transferência de conhecimento dentro das organizações é uma questão complexa, Vasco Rosa Pires considerou que para que venha a ser uma prática mais natural, é fundamental que os líderes a valorizem. “Se a liderança não tiver um papel interventivo, não se consegue fazer nada”, salientou.

Para o orador convidado, é preciso começar por entender as diferentes perceções do que é ensinar e aprender. Explicou que a nível do ensino, se passou de uma forma estática, por patamares de conhecimento, para um ensino dinâmico, que é transversal e abrangente. “As pessoas não se limitam a aprender a executar uma tarefa, como antes”, afirmou, adiantando que, hoje, “deixamos de ter mestres e aprendizes”. As pessoas têm de estar constantemente a aprender porque tudo está em mudança e a evoluir muito rapidamente.

No seu entender, as empresas têm de conseguir explicar estes conceitos internamente, aos seus colaboradores, sobretudo às de maior idade, para que percebam que “ensinar é uma troca de ideias”. Ou seja, os mais jovens aprendem com os mais antigos, mas os menos jovens também aprendem com a geração mais nova. E aprender é fundamental, sob pena de se ficar ultrapassado. Por isso, é imperioso apostar na aprendizagem constante e ao longo da vida.

O problema, sublinhou, é que, “uma vez que nem todos os colaboradores interiorizam isto, as empresas não conseguem colocar em prática este processo”. O primeiro passo, disse, é “aprender a aprender”, lidando com as diferenças que as pessoas sentem na forma como apreendem as coisas. Se os mais antigos tinham de consolidar conhecimento antes de passar para o patamar seguinte, os jovens que hoje chegam à indústria têm pressa de caminhar patamares, mas sem consolidar conhecimento. Assim, o trabalho tem de ser desenvolvido junto das várias gerações, de forma que aceitem aprender e concordem em ensinar.

É, no seu entender, uma questão de postura geracional. E cabe aos líderes das empresas incutir este espírito de partilha de conhecimento nas pessoas da organização.

APRENDER COM QUEM CHEGA

Para Vasco Rosa Pires, esta é a forma de enfrentar os problemas que se colocam hoje, que são complexos e carecem de uma resposta concertada entre várias áreas de conhecimento. Ou seja, a sua resolução passa pela união do conhecimento de várias pessoas.

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Neste aspeto, cabe ao líder da organização fazer a interligação das várias ideias. “A mudança passa por juntar novo conhecimento ao know how antigo e manter toda a gente motivada”, enfatizou. Defendeu ainda que, projetando esta questão para o futuro, as empresas vão passar a olhar para as pessoas que acabam de contratar como uma enorme mais-valia no que toca a conhecimento. “O futuro não passa por termos alguém que sabe resolver tudo, mas por quem está a chegar e traz consigo o espectro de conhecimento necessário para resolver os problemas”, explicou, frisando que este conceito “é um fenómeno novo, mas tem de começar a ser trabalhado pelas empresas”.

Na sua opinião, as organizações têm de pensar na forma de cativar os jovens talentos e, por isso, têm de ser atrativas no mercado. Para além disso, considerou, os jovens “vêm com uma diferente perspetiva de tempo: têm de estar constantemente a ser desafiados, senão vão-se embora rapidamente”.

E, lembrou, a escassez de mão-de-obra é um fenómeno que se sente de forma transversal em praticamente todas as áreas produtivas. Em alguns casos, isto faz com que as empresas tenham de, por vezes, recorrer a mão-de-obra estrangeira. Advertiu que se as empresas não fizerem o cruzamento de culturas e não trabalharem esta integração, correm o risco de passar a ter grupos fechados que pouco contactam uns com os outros.

Neste contexto, aconselhou a que as ações de formação que venham a ser realizadas, foquem estas questões, de forma que as pessoas percebam que “têm de aprender para evoluir”. Uma outra questão que considerou ser importante é a forma de lidar com o fracasso. “Por tradição, em Portugal castiga-se pelo erro cometido, quando noutras culturas o erro é visto como forma de evolução”, explicou, considerando que “é preciso saber aprender com o erro e aceitar que as pessoas falhem até fazerem bem”.

A sessão foi bastante dinâmica, com os participantes a colocarem algumas questões e a partilharem experiências relacionadas com a integração das várias gerações nas empresas.

CEFAMOL NEWS //
REVISTA MOLDE CEFAMOL 13

COM A EXCELÊNCIA

DA INDÚSTRIA

A iniciativa “Leiria In”, que fomenta o contacto dos jovens com a indústria, regressou à sua versão original, após dois anos de restrições motivadas pela pandemia de Covid-19. Entre os dias 4 e 9 de julho, 50 jovens, oriundos de vários pontos do país, participaram numa ação que lhes deu a oportunidade de contactar de perto com a excelência da indústria da região de Leiria, visitando empresas de vários ramos de atividades, contactando com os empresários, mas também com os centros de investigação e inovação e as escolas do Politécnico de Leiria. Além disso, participam em workshops, atividades culturais, desportivas e de conhecimento transversal da região.

Organizado conjuntamente pelo Politécnico de Leiria e pela Fórum Estudante, e tendo como parceiros a CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes, a NERLEI - Associação Empresarial da Região de Leiria e os Municípios de Leiria e Marinha Grande, o evento teve como objetivo proporcionar aos jovens experiências, de forma a evidenciar a importância da indústria para a economia e desenvolvimento de Portugal, e despertar interesse, junto dos estudantes do ensino secundário e profissional, para as profissões ligadas à indústria. Neste grupo, 50 % dos jovens são alunos com o 10.º ano, 14 % oriundos de cursos profissionais, enquanto 66 % são de cursos da área científica e tecnológica.

Na sessão de boas-vindas aos jovens, que decorreu dia 4 de julho, em Leiria, Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, congratulouse com a decisão dos jovens - de optarem por dedicar uma semana das suas férias a conhecer empresas - e aconselhou-os a, durante as visitas, colocarem muitas questões e tentarem perceber bem a realidade industrial de sectores, como o dos moldes, que geram oportunidades de futuro a nível profissional. Após a visita, salientou, “esperamos que percebam que podem fazer a vossa vida académica e profissional nesta região”. A indústria de moldes, afirmou ainda, “necessita de pessoas cada vez mais qualificadas”.

Henrique Carvalho, da NERLEI, aconselhou os jovens a olharem com atenção para a realidade industrial, para a inovação e tecnologia que caracterizam as empresas da região. “Muitas vezes, os jovens não escolhem uma profissão na indústria porque desconhecem a

sua realidade. Têm, pois, oportunidade de perceber a excelência do nosso tecido empresarial”, afirmou.

IMPORTÂNCIA DA INDÚSTRIA

Já Rui Pedrosa, presidente do Politécnico de Leiria, começou por enaltecer a quantidade de ‘semanas temáticas’ que atualmente se realizam, envolvendo jovens estudantes. O importante destas ações, considerou, “é naturalmente o relacionamento pessoal e a proximidade”, mas, enfatizou, “são também um momento de aprendizagem”. No caso do “Leiria In”, destacou que ‘In’ são as iniciais de indústria, mas também de internacionalização, inovação e investigação. “O que vão ter oportunidade de visitar é apenas um exemplo do melhor que temos nesta região”, adiantou.

Anabela Graça (Município de Leiria) e Luís Barreiros (Município da Marinha Grande) deram as boas-vindas aos jovens, fazendo votos de que estes dias os ajudassem a optar por uma profissão na indústria.

Rui Marques, da Fórum Estudante, explicou que ao criar este programa foi tido em conta o papel importante que têm as visitas às empresas. “É muito importante que os jovens conheçam a realidade industrial e, de uma maneira geral, a formação académica não lhes dá essa possibilidade porque os cursos não estão estruturados para tal”, explicou, salientando que “o mundo muda muito. Há uns anos, a Europa parecia estar a preparar-se para desinvestir na indústria, mas hoje está a fazer uma aposta enorme nesta área. A indústria é e será o futuro para muitos dos nossos jovens”.

Dirigindo-se aos participantes nesta edição, mostrou-se convicto de que “perceberão que as empresas desta região estão preparadas para acolher aquilo que procura a nova geração: um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal que lhes proporcione qualidade de vida”.

Equilíbrio foi também o que se procurou com o programa desta edição do “Leiria In”, que alterna momentos de visita e aprendizagem, com outros de fruição e diversão, como visitas às praias ou um espetáculo de tunas. Um dos pontos altos do programa dos jovens participantes teve lugar na sexta-feira, dia 8 de julho, com a realização da Gala de Encerramento da edição deste ano.

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“LEIRIA IN”: MEIA CENTENA DE JOVENS CONTACTA
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ALUNOS ESTUDAM POTENCIALIDADES

DO FABRICO ADITIVO NOS MOLDES

Alunos do Politécnico de Leiria dos cursos de Mestrado e Licenciatura na área da Engenharia Mecânica, receberam formação, durante uma semana, sobre a importância que assumem as tecnologias de fabrico aditivo na indústria de moldes. No âmbito desta ação, que decorreu enquadrada no projeto europeu ADDITOOL, os jovens tiveram oportunidade de visitar algumas empresas onde a produção do molde junta o processo tradicional com as tecnologias aditivas.

De acordo com Fábio Simões, professor do Politécnico de Leiria responsável pela formação, o projeto ADDITOOL tem como objetivo a difusão e transferência de tecnologias do fabrico aditivo como uma enorme vantagem para a produção de componentes metálicos para a indústria de moldes e, com isto, abranger outras indústrias estratégicas como a aeronáutica, automóvel, ferroviária, a indústria petrolífera, da energia ou agroindústria, entre outras.

Este programa surge na sequência do ADDISPACE (centrado no sector aeronáutico) e é composto por um consórcio, envolvendo centros de investigação, instituições de ensino, associações empresariais – entre as quais a CEFAMOL – e empresas de Portugal, Espanha e França.

As ações de formação enquadram-se no programa do projeto, adianta o responsável, sendo a forma de dar resposta às necessidades elencadas pelas empresas que, para desenvolverem estas tecnologias, carecem de quadros qualificados nesta área.

A semana de formação alternou entre aulas teóricas, sessões práticas de trabalho com as tecnologias – disponíveis no Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentável do Produto (CDRSP) – e visitas a empresas. Fábio Simões explicou que, além de dar aos jovens a perspetiva da “relevância que têm estas tecnologias para a indústria”, as ações integradas no projeto ADDITOOL permitem ainda “mostrar às empresas as vantagens da sua utilização: apesar de ser, ainda, uma tecnologia cara, a sua aplicação representa grandes benefícios”. No caso dos alunos, salientou, foi de extrema importância a visita às empresas, de forma a percecionarem a aplicação das tecnologias.

Marco Coutinho, 21 anos, aluno de Mestrado; Lucas Grácio, 22 anos, Francisco Carreira, 23 anos, e José Vasquez, 23 anos (os três últimos a finalizar a licenciatura em Engenharia Mecânica) manifestaram-se muito satisfeitos com esta formação. Para Marco Coutinho, tratou-se de “introduzir um sentido mais prático a estas questões que nos são dadas, no decorrer do curso, de forma muito teórica”. Lucas Grácio acrescentou que, no seu caso, “foi muito interessante porque percebi o potencial que tem o fabrico aditivo e como abre portas a novas possibilidades de criação”. Por outro lado, salientou, “ajuda a apostar na questão da proteção ambiental, uma vez que permite controlar e reduzir os desperdícios”.

VANTAGENS PARA A INDÚSTRIA

Já José Vasquez afirmou-se “muito surpreendido” com o que viu nas empresas de moldes. “Foi interessante perceber que conseguem aliar o processo tradicional (subtrativo) com estas tecnologias e retirar daí muitos benefícios, como ganhos de tempo e de ciclos”, adiantou. O mesmo sentiu Francisco Carreira. “Nunca imaginei que a indústria de moldes estivesse, neste momento, tão aberta a estas tecnologias. Foi uma surpresa”, afirmou.

Os jovens consideraram ainda que seria interessante que, no âmbito dos cursos do Politécnico de Leiria, estas áreas fossem mais estudadas. “Se tivéssemos oportunidade de, desde o início do curso, estudar e trabalhar estas tecnologias, isso poderia fazer com que se desenvolvessem de forma mais célere, com todas as vantagens que isso traria para a indústria”, considerou José Vasquez.

O consórcio do ADDITOOL pretende, através de uma análise aprofundada do sector, determinar as necessidades da indústria de moldes no que diz respeito às tecnologias aditivas. De acordo com os objetivos do projeto, pretende ainda tornar estes processos de fabrico “mais fiáveis”, com a criação de projetos-piloto propostos pelas pequenas e médias empresas. Os pilotos não serão apenas demonstradores, mas também casos concretos de aplicação na indústria de moldes e ferramentas, preconiza ainda o ADDITOOL. Serão testados em condições reais de uso, incluindo um estudo técnico e económico de cada um deles.

Além disso, também se desenvolverão e caracterizarão materiais específicos para melhor satisfazer as necessidades das empresas. Do mesmo modo, o ADDITOOL facilitará a transferência de conhecimento, através de novos programas educativos para estudantes de engenharia, assim como para técnicos industriais ou pessoas em processo de reconversão profissional, contando com o apoio de organismos públicos de ensino e formação nacionais.

Este projeto, que tem prevista a sua conclusão no decorrer do próximo ano, é cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do programa INTERREG SUDOE 20142020.

CEFAMOL NEWS //
REVISTA MOLDE CEFAMOL 15

PERCORRER O CAMINHO PARA A TRANSIÇÃO DUPLA NO CLUSTER ENGINEERING & TOOLING

Com os desafios mundiais que têm surgido nos últimos anos, a indústria europeia necessita de reforçar a sua resiliência económica e social, sendo a Transição Dupla - Ecológica e Digital - uma oportunidade para um crescimento sustentável com base em tecnologias digitais. O projeto What About Twin Transition (WATT), promovido pelo CENTIMFE, tem com objetivo apoiar as empresas do cluster Engineering&Tooling na realização da Transição Dupla.

Para demonstrar as vantagens da transição digital, está a ser criada uma Learning Factory que agregará um conjunto de demonstradores que abrangem áreas como o fabrico aditivo, robótica colaborativa, aprendizagem automática (machine learning), utilização de materiais reciclados, entre outras. A Learning Factory será visitável em 2023, onde as empresas poderão visitar e conhecer o potencial destas metodologias e tecnologias para os seus negócios.

No que respeita a transição ecológica está a ser elaborado o Roadmap da Transição Ecológica para o cluster Engineering & Tooling e a ser desenvolvido um toolkit que permitirá às empresas diagnosticarem o seu nível de maturidade para a transição ecológica e implementar as ferramentas e melhores práticas que a potenciem. Neste âmbito, foram realizados entre maio e julho, na Marinha Grande e Oliveira de Azeméis, os Dialogue Living Labs, sessões participativas e dinâmicas, assentes numa metodologia colaborativa inovadora, onde foi debatido o processo de transição ecológica. Estas sessões contaram com a participação de mais de 30 empresas e resultaram num conjunto de prioridades e de ações a realizar de modo a implementar a transição ecológica no cluster Engineering&Tooling. Os resultados destas sessões serão partilhados brevemente em formato de Livro Branco e que poderá ser consultado no site watt.centimfe.com.

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/ / Figura – Dialogue Living Lab – contributos dos participantes para a definição de Transição Ecológica, os seus desafios e como lhes responder.
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/ / Figura: Dialogue Living Lab no CENTIMFE

PROJETO STEP2LAB

Entre os dias 14 e 15 de julho de 2022, o CENTIMFE recebeu a parceria internacional do projeto STEP2LAB, cofinanciado pelo programa ERASMUS +.

O projeto STEP2LAB conta com a participação de duas entidades nacionais, o CENTIMFE e a QUALIFY JUST / IPS - Innovative Prision Sytems) e seis parceiros internacionais: IRFIP - Instituto Religioso di Formacione e Istruzione Professionale (IT), o CIRECentre d´iniciative per la Reinsercio (ES), o Lycee Charles et Adrien

Dupuy (FR), Penitenciarul Mioveni (RO) e o kunsrsotff Institute Ludencheid (DE).

O Projeto tem duração de 30 meses, decorre até 30 de junho de 2024 e tem por objetivo o desenvolvimento de uma metodologia para apoiar a colaboração entre os serviços de reinserção e a indústria, o desenvolvimento de um modelo de formação e de inserção profissional, assim como um guia de formação para os formadores.

CEFAMOL NEWS // NOTÍCIAS CENTIMFE //
Estamos Presentes na MOLDPLÁS Batalha - Portugal 9-12 Novembro 2022 REVISTA MOLDE CEFAMOL 17

DIB4T APOSTA NA VISÃO ARTIFICIAL

A DIB4T, especializada em conceção e desenvolvimento de equipamento industrial, que vai desde o fabrico de ferramentas para robôs, robótica, equipamentos de auxílio à produção e implementação de células de fabrico, tem vindo também a apostar afincadamente em soluções de visão artificial para a indústria.

Não é novidade que a visão artificial tem ganhado uma importância cada vez maior, com o aumento da automatização dos processos e elevados padrões de qualidade do produto final.

Neste sentido, a DIB4T dispõe agora de diversas soluções para a visão na indústria, nomeadamente soluções 2D e 3D. Ambas podem ser usadas em soluções que funcionam em tempo real, sendo este um fator preponderante relativamente à eficiência da automação.

No que diz respeito à visão 2D, a DIB4T desenvolve inteiramente as suas soluções: desde a criteriosa seleção do hardware, desenvolvimento de software de processamento de imagem de baixo nível, como também interfaces fáceis e intuitivas de utilizar. Este tipo de abordagem permite resolver variadíssimos problemas, nomeadamente a deteção e rastreamento de objetos, leitura de códigos de barra e QR, inspeção de rebarbas de peças, entre muitos

outros. Existe, ainda, a opção de fácil integração com outros sistemas usando o protocolo de comunicação OPC UA que é amplamente usado na indústria. Desta forma, e porque as soluções DIB4T são desenvolvidas e implementadas com base nas especificidades de cada cliente, é possível atingir elevados níveis de eficiência e consequentemente a sua satisfação.

A DIB4T também desenvolve sistemas de visão baseados em 3D, que vão desde projetos com câmaras estereoscópicas, ao uso de sofisticados scanners 3D. Estes, utilizados recorrentemente pela DIB4T, têm a particularidade de serem capazes de efetuar a modelação de peças com velocidade e precisão muito elevadas, permitindo ainda, executar inspeções com elevado grau de certeza e sempre em tempo real. Este fator é de primacial importância, abrindo a possibilidade de inspecionar produções completas e não apenas por amostragem.

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Serviço exclusivo às empresas associadas.

FRUMOLDE TOOLING AUMENTA A SUA CAPACIDADE PRODUTIVA

A Frumolde Tooling tem em curso um projeto de requalificação das atuais instalações e que visa o aumento da área útil de produção para integração de novos equipamentos.

Três máquinas CNC de alta rotação de 5 eixos com diferentes capacidades, uma máquina de erosão de penetração e a construção de uma célula automatizada com robô de 6 eixos e máquina de medição CMM para a fabricação de elétrodos, são alguns dos equipamentos que farão parte da nova estrutura.

O principal objetivo deste investimento é o aumento da capacidade de resposta da produção, quer ao nível de quantidade de moldes, quer ao nível dos prazos de entrega, num sector em permanente evolução e altamente competitivo, mantendo e elevando a qualidade que justifica a fidelização dos clientes.

Não menos importante nesta estratégia de crescimento está o desafio da retenção e contratação de quadros humanos, pelo que, complementando o trabalho de formação contínua que foi sempre central para a evolução da Frumolde Tooling, também se objetiva materializar melhorias nas condições de trabalho, ao nível da saúde e da segurança.

Mould making …is our nature

NOTÍCIA DOS ASSOCIADOS //

MOLDE MATOS APOSTA EM NOVAS FERRAMENTAS PARA MELHORAR EFICÁCIA

Além de melhorar a performance da Molde Matos junto das empresas do grupo, esta aposta fará com que o mesmo aconteça junto dos restantes clientes – nacionais e internacionais. “Conseguiremos uma resposta mais rápida, assegurando maior qualidade e eficácia”, explica.

A Molde Matos prepara-se para entrar em 2023 com uma transformação profunda no que diz respeito à comunicação entre as empresas do grupo, adotando uma linguagem comum, que permitirá uma melhoria significativa em termos de rapidez, qualidade e segurança. Além disto, o grupo empresarial projeta incrementar a sua aposta na impressão 3D e sinterização de metais– sobretudo polímeros elastómeros e peças de geometria “impossível”. Novidades que vão permitir melhorar a eficácia produtiva e, com isso, a resposta aos seus clientes.

Miguel Matos considera que, em 2023, a Molde Matos se prepara para virar uma nova página na sua história, ao adotar um novo sistema de informação integrado que permitirá reduzir os tempos de execução e ganhar qualidade. O novo software, exemplifica, irá transformar as áreas de CAD e CAM, possibilitando uma ligação entre todas as empresas do grupo – além da Molde Matos, a Plimat, a Plimex e a Matosplás -, que passarão a partilhar a mesma linguagem, através do mesmo sistema de comunicação.

O processo começou a ser implementado no grupo no final do verão, devendo estar a funcionar em pleno em janeiro de 2023. Até lá, os colaboradores das várias empresas vão passar por um período de formação para se adaptarem aos novos procedimentos que se traduzem numa resposta mais eficaz às necessidades das empresas.

APOSTA NA IMPRESSÃO 3D E SINTERIZAÇÃO DE METAIS

Uma outra mudança que vai marcar o ano de 2023 para este grupo empresarial diz respeito à aposta na impressão 3D e sinterização de metais. Desde há algum tempo que as empresas começaram a adotar a impressão 3D, até como fator de substituição dos moldes protótipos. Miguel Matos adianta que o grupo tem uma equipa dedicada à investigação nessa área, tendo desenvolvido, com elevado sucesso, soluções para a impressão de produtos elastoméricos (borrachas), o que tem permitido aumentar a oferta aos seus clientes de possíveis soluções de mercado. Além disso, tem assegurado também soluções no que diz respeito à sinterização metálica.

Em 2023, essa aposta vai ser incrementada no grupo, assegura Miguel Matos, considerando que estas tecnologias têm dado provas de grande eficácia. Por isso, a Molde Matos equaciona vir a investir em equipamentos dedicados a impressão 3D e sinterização de metais, já no próximo ano, em função das melhores soluções que venham a surgir no mercado. ˝Estes processos constituem uma mudança enorme na forma de fazer e estamos a preparar-nos para abraçar esse grande desafio”, afirma.

“A Molde Matos, pela resposta que tem de assegurar às empresas do grupo, acaba por ser diferente da generalidade dos fabricantes deste sector. O nosso serviço em assistência e manutenção, mas também em desenvolvimento de novos moldes, atinge níveis muito elevados e, por isso, estas duas novas apostas que temos em curso – o sistema integrado de informação e a impressão 3D em conjunto com a sinterização de metais – constituem um passo enorme no sentido de melhorar a nossa eficácia”, considera. “Através de parcerias fortes e estruturadas”, a Molde Matos é hoje uma empresa posicionada “na linha da frente da investigação e na articulação de novas tecnologias”, salienta.

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ISO 45001 NA NEUTROPLAST: RAZÕES PARA TRABALHAR MELHOR

O Sistema de Qualidade da Neutroplast é um dos alicerces desta empresa de embalagens plásticas, que trabalha quase exclusivamente para a indústria farmacêutica. Com os principais clientes num mercado tão exigente, não é de admirar que esse Sistema de Qualidade esteja em permanente evolução.

Na Neutroplast, está neste momento a decorrer a implementação da ISO 45001: Sistemas de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional. Esta nova norma permitirá identificar e gerir riscos, melhorar a segurança dos trabalhadores e diminuir a probabilidade de acidentes, doenças ocupacionais e outras ocorrências adversas para a empresa e os seus colaboradores.

Os processos adotados tornarão o trabalho e o ambiente de trabalho mais interessantes, produtivos, seguros e saudáveis, características de uma atividade industrial dos tempos modernos. O resultado será uma melhor gestão dos requisitos legais de Saúde e Segurança, que prevê o aumento da consciencialização dos colaboradores e reduz os custos necessários para manter esses requisitos.

Por outro lado, a adoção da ISO 45001 será uma mais-valia significativa para a relação da Neutroplast com todas as suas partes interessadas. De facto, esta norma garante segurança aos seus clientes e oferece à sua força laboral as melhores condições para trabalhar, num ambiente saudável e protegido, que potencia melhores resultados. Também, toda a estrutura de entidades e instituições com que a Neutroplast se relaciona poderá interagir com uma empresa certificada em Saúde e Segurança Ocupacional, uma garantia para ações de colaboração no espaço empresarial português e europeu.

A Neutroplast tem plena consciência de que processos industriais não se resumem a máquinas e, por isso, continua a apostar nas condições em que opera. É uma forma humanística de ver a indústria, que gera bons resultados e mantém recursos humanos críticos, uma vantagem competitiva que não se pode desdenhar.

NOTÍCIA DOS ASSOCIADOS //

BATISTAMOLDES: PERCURSO DE

EXCELÊNCIA PAUTADO PELA QUALIDADE E INOVAÇÃO NO FABRICO DE MOLDES

Equipa. Qualidade. Inovação. São as três linhas prioritárias da BatistaMoldes que, fundada em 2011, tem pautado o seu percurso pela excelência no fabrico de moldes para plásticos. Tendo como principal cliente a indústria automóvel, a BatistaMoldes – que integra um grupo de três empresas – exporta para diversos países europeus, destacando-se o mercado alemão. Tem, atualmente, mais de seis dezenas de colaboradores no universo do grupo e no futuro, a sua grande ambição é avançar para a injeção de plásticos, de forma a alargar a oferta e melhor servir os seus clientes.

1991. Vítor Batista, hoje com 57 anos, inaugurava na Marinha Grande uma pequena unidade de produção dedicada à fresagem. Procurava, dessa forma, dar resposta ao que era, então, uma necessidade do sector.

Começou por prestar serviço aos fabricantes de moldes da região, especializando-se em peças destinadas à indústria automóvel e à aeronáutica. Graças à enorme qualidade que colocava no que fazia, a pequena empresa foi crescendo, de forma sólida e consistente. De tal forma que, em 2011, avançou para o fabrico de moldes, desde o projeto à produção e entrega, incluindo a fase dos testes (que, até à data, subcontrata). Nasceu assim a principal unidade do grupo BatistaMoldes, localizada na zona da Comeira (Marinha Grande), com capacidade para produzir moldes até 20 toneladas.

“Procurámos, desta forma, alargar a oferta aos nossos clientes”, explica Vicente Botas, de 52 anos, um dos responsáveis da empresa. A unidade começou com três pessoas. Mas ano após ano, foi crescendo e tem hoje cerca de quatro dezenas de colaboradores. A

esse número juntam-se mais 15 que compõem a primeira empresa do grupo (da fresagem) e outros dez que integram a mais recente, especializada em desbaste e estruturas e que foi inaugurada em 2015.

“Gostaríamos de incrementar a especialização num produto e é essa a nossa orientação para o futuro”, conta Vítor Batista, adiantando que, por enquanto e devido ao forte impacto económico dos últimos três anos, a indústria automóvel mantém-se como principal cliente e a empresa fabrica variados tipos de moldes destinados aos mais diversos componentes.

O automóvel, sublinha, representa “90 % do total da produção do grupo” que, sustenta, tem como grande objetivo “diversificar para outros mercados, de forma a reduzir a dependência deste”. Contudo, adianta, “apesar da forte aposta que temos feito na procura de outro tipo de produtos, isso não se tem afigurado fácil”. Mas nos últimos tempos, a empresa tem conseguido desenvolver alguns moldes para outros sectores, como a embalagem e eletrodomésticos, se bem que o seu peso no total da produção é ainda pouco representativo.

DESAFIO CONSTANTE

A Alemanha é o principal mercado geográfico da empresa, que exposta, também, para França e Espanha. Fora do Europa, produz para o México. “Consolidar a posição a nível da Europa” é, segundo explica Vítor Batista, o principal objetivo. E sustenta que a Europa tem a particularidade de ser um mercado “exigente”, o que leva a empresa a “ter de corresponder e, por isso, estar constantemente a ser desafiada”.

Neste momento, conta o responsável, a empresa está com um volume de trabalho grande, que tem vindo a acentuar-se desde o início de 2022. E isto depois de ter passado pelo impacto da pandemia de Covid-19, procurando manter a estrutura sem grande

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alteração. “Conseguimos manter sempre a empresa a funcionar, fomos tendo sempre trabalho, lutando para que a situação não se complicasse”, conta, adiantando que, no final de 2021, se começou a sentir o retomar dos negócios. “O grupo de trabalho esteve sempre organizado e a produzir e, por isso, quando o volume de projetos começou a subir, estávamos preparados”, salienta.

No entanto, acabaram por ver refletir-se no negócio uma outra situação: a subida dos preços das matérias-primas e da energia. Vítor Batista conta que “houve negócios feitos no final do ano de 2021 que só avançaram este ano e, quando isso aconteceu, as matérias-primas estavam muito mais caras, sobretudo o aço”. Em alguns casos, explica, “o aumento ascendeu a quase 100 %”.

Por isso, conta, “estamos a tentar, com os clientes, conseguir ter outras condições de pagamento que nos permitam ter as empresas capitalizadas”, uma vez que, afirma, “é difícil conseguir gerir um negócio que há quatro anos que ‘luta’ com estes aumentos consecutivos e esta indefinição na economia”. Apesar disso, assegura estar confiante no futuro.

Vicente Botas partilha deste otimismo, salientando que a BatistaMoldes “olha para o futuro de forma perseverante”. E, no caso deste grupo empresarial, o futuro vai trazer uma nova área de atividade: a injeção. A nova unidade está a ser preparada e deverá arrancar até final deste ano.

“Temos tudo planeado para começar”, enfatiza Vítor Batista, referindo que “esta aposta vai permitir-nos crescer ao fornecer um produto mais integrado aos nossos clientes”.

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A INDÚSTRIA À LUPA / REVISTA MOLDE CEFAMOL 23

FAMIL: ESPECIALISTAS NOS MOLDES DE ALUMÍNIO PARA A INDÚSTRIA DO CALÇADO

A aposta na constante inovação, no cumprimento dos prazos e na qualidade do serviço tem permitido à Famil crescer e afirmarse como um dos principais fabricantes de moldes para a indústria do calçado. Criada em 1987, em Felgueiras, a empresa tem incrementada uma eficácia da resposta que tem sido fundamental para fidelizar clientes ao longo dos anos. Atualmente com 38 colaboradores, a Famil produz cerca de 70 % para o mercado nacional, tendo como missão para o futuro crescer nos mercados internacionais e reforçar o seu quadro de pessoal.

A Famil foi criada em 1987, em Felgueiras, procurando constituir-se como a resposta a uma das principais necessidades sentida pela indústria do calçado: o fabrico de moldes. Tem na sua génese um projeto de quatro sócios, três deles da área do calçado e o quarto com especialização na metalomecânica. A empresa foi trilhando um caminho de sucesso, consolidado pela forte aposta na qualidade do seu serviço, tendo como principal cliente, desde a sua origem e até hoje, a indústria do calçado. A maior parte da sua produção é constituída por moldes em alumínio.

Pedro Bragança, responsável da Famil, explica que um dos principais ‘segredos’ do sucesso da empresa tem sido “a sua agilidade”. Ou seja, a capacidade de se ir adaptando às necessidades do mercado, fruto de uma aposta permanente em tecnologia e quadros especializados.

Os quatro sócios fundadores mantêm-se na empresa que tem, atualmente, 38 colaboradores e, além do mercado nacional – que absorve 70 % do total produzido -, exporta para Espanha, Alemanha, França, Índia e Paquistão. O responsável adianta que a aposta nas tecnologias começou a evidenciar-se, sobretudo, a partir do ano 2000, algo que, no seu entender, “foi transversal a praticamente todas as empresas do sector dos moldes”.

Desde então, a empresa foi inovando e alargando a sua oferta de serviços ao cliente, desenvolvendo o molde desde a fase do projeto até ao fabrico e integrando a capacidade de testagem. A indústria do calçado mantém-se como prioritária, mas, nos últimos anos, a Famil tem desenvolvido alguns projetos para outras áreas, como alguns artigos para bicicletas.

NEGÓCIO PUJANTE

Pedro Bragança afirma que, para o futuro, o foco deverá manterse no mesmo ramo de atividade. A diferença, considera, será o “investimento em modernização”, de forma a assegurar, cada vez mais, uma melhor resposta aos seus clientes. “A indústria do calçado deverá manter-se como o nosso principal mercado”, explica.

O ano de 2022, conta o responsável, começou com perspetivas auspiciosas de incremento da atividade. E isso acabou por vir a confirmar-se com o passar dos meses. “Sentimos crescer fortemente e de forma pujante, o número de encomendas”, salienta, acreditando que isso se deveu à necessidade que os clientes têm de procurar uma resposta que coloque rapidamente os produtos no mercado. “Penso que os clientes têm noção de que isso não aconteceria se recorressem aos seus fornecedores habituais, sobretudo da Ásia, e encontraram a solução em Portugal”, considera.

No seu entender, “a primeira parte do ano de 2022 foi muito positiva e acreditamos que continuará a ser”. E isto, conta, depois de terem passado sem grandes oscilações pelo impacto da pandemia de Covid-19. “Nunca paramos de trabalhar. Estivemos algum tempo em teletrabalho e com algumas adaptações, mas no final acabamos por não ser muito afetados e até conseguimos crescer”, revela.

Apesar do otimismo, Pedro Bragança admite sentir alguma preocupação devido ao preço das matérias-primas e da energia. “Se se mantiverem estes aumentos, pode ser complicado”, considera. Uma outra questão que suscita alguma apreensão prende-se com os recursos humanos. Por duas razões essenciais. Por um lado, sustenta, “cada vez é mais difícil encontrar pessoas para trabalhar” e, por outro, salienta, “toda a conjuntura internacional, com a inflação elevada, leva a que as empresas tenham de encontrar forma de remunerar melhor os seus colaboradores, sob pena de as famílias perderem poder de compra e virem a ter problemas”. Ora, defende, qualquer uma destas questões “levanta grandes dificuldades às empresas”.

São desafios que a Famil tenta encontrar forma de ultrapassar. Por isso, conta, “temos criado um programa para aumentar a produtividade, com aposta em robotização e maquinação, de forma a fazer a empresa crescer e conseguir melhorar os resultados e também remunerar melhor os nossos colaboradores”. As pessoas são um desafio crescente para toda a indústria. “Temos de conseguir atrair pessoas e aumentar a vontade e a motivação das equipas”, defende.

A Famil, revela, “tem conseguido assegurar a estabilidade nos seus recursos humanos, tendo pessoas que estão há várias décadas na empresa porque se sentem bem”. “O nosso objetivo é que seja assim com todos: que se sintam integrados e reconhecidos. Essa é a nossa grande preocupação”, conclui.

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ENTREVISTA ARTUR MATEUS: DIRETOR DO CDRSP

DIRETOR DO CENTRO PARA O DESENVOLVIMENTO RÁPIDO E SUSTENTADO DE PRODUTO DO POLITÉCNICO DE LEIRIA (CDRSP)

“Um Centro de Investigação tem de ter impacto e estar junto das empresas”

Reforçar a cooperação com a indústria e as ligações com as entidades do sistema científico e tecnológico nacional e internacional, reforçar a captação de financiamento competitivo na Europa e dinamizar ações que estimulem a criação de valor económico a partir da investigação e da inovação. Estas são algumas das prioridades do novo diretor do Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado de Produto do Politécnico de Leiria (CDRSP). Artur Mateus foi empossado no cargo em julho e irá liderar o Centro nos próximos quatro anos. Ocupando, anteriormente, o cargo de subdiretor do CDRSP, Artur Mateus tem ainda como objetivos

PERFIL DO NOVO DIRETOR

Artur Mateus, 49 anos, é doutorado pela Universidade de Reading (Reino Unido), pelo departamento de Física, mestre em Engenharia Mecânica, pelo Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, e licenciado em Engenharia Mecânica, ramo de Produção, pela Universidade de Coimbra.

No Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado de Produto do Politécnico de Leiria (CDRSP), nos últimos 14 anos colaborou na execução de cerca de 200 propostas de projetos apresentados a diversas entidades gestoras, como o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI), a Agência de Inovação (ADI), a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o British Council e a Comissão Europeia.

Do seu percurso profissional, salienta um dos primeiros estágios que realizou na indústria, na empresa Planimolde, e, mais tarde, fez parte do grupo Vangest.

Integra o Politécnico de Leiria desde 1997.

Enquanto diretor do CDRSP, tem como prioridades para os próximos quatro anos, incrementar a ligação do centro ao tecido empresarial, ampliar o Centro e reforçar o número de profissionais.

reforçar a organização interna, as interfaces e os caminhos da informação, e a aposta nos recursos humanos, através da valorização dos atuais e captação de novos, bem como estender e duplicar a capacidade laboratorial instalada e procurar reforçar os veículos da disseminação e informação.

Tivemos a sorte e a oportunidade de ter criado o CDRSP em 2007. Recordo-me que, quando testávamos algo – e falo de mim, do Paulo Bártolo e Nuno Alves - íamos fazer trabalho de investigação para ‘casa dos outros’ e pensávamos criar um centro de investigação. Éramos bastante jovens. Mas isso acabou por acontecer em 2007. No ano seguinte, em 2008, começámos a desenvolver muitos projetos com empresas, no âmbito do QREN. No meu caso, posso dizer que tive muita sorte por, nas empresas por onde passei, estar próximo dos projetos com candidaturas competitivas. Acabei por ganhar experiência em várias tipologias de projetos, conheci pessoas na Europa e nos Estados Unidos, vi o terreno e contactei com outras realidades. E isso foi importante para desenvolver o apoio que conseguimos dar às empresas. Nessa altura, mudámos as instalações para junto do Hospital de Leiria, contratámos cerca de 15 bolseiros e, a partir daí, o Centro ganhou dimensão, acabando por se mudar para o Centro Empresarial, na Marinha Grande, e, mais tarde, para um edifício próprio. Com o passar dos anos, e a entrada no programa ‘Portugal 2020’, conseguimos multiplicar por quatro ou cinco os projetos que tínhamos do anterior quadro de apoio. Temos procurado desenvolver trabalho que faça a diferença e incremente qualidade nas empresas. A meu ver, um centro de investigação tem de

N 135 OUTUBRO 2022
- Qual tem sido o papel do CDRSP nestes 14 anos?
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ter impacto e estar junto das empresas. Nesse aspeto, temos um potencial enorme, até pelo meio que nos envolve: toda esta dinâmica industrial que junta vários sectores, desde os moldes ao plástico, ao vidro, à cerâmica ou à pedra. Mas acredito que podemos crescer, de forma a ter maior massa crítica, mais pessoas e ter maior impacto.

- Essa é uma das prioridades para os próximos quatro anos?

Nos próximos quatro anos, gostava de conseguir alcançar uma estabilidade no número de profissionais ao serviço do Centro e firmar uma carreira de investigação no Politécnico de Leiria. Temos de dar oportunidade a investigadores de carreira para ter lugar na instituição, tal como fazemos com os docentes. Para isso acontecer, temos de ter garantia financeira. Temos conseguido ter projetos para manter os bolseiros. Agora, com o historial que temos, só depende de nós conseguir o dinheiro para o futuro. Se as pessoas que aqui estão tiverem um contrato, se tiverem trabalho e vontade, elas próprias e todos nós vamos arranjar os recursos financeiros.

- É uma aposta na profissionalização do Centro?

Não posso dizer que o Centro não é profissional. A questão é que não temos, ainda, condições para sobreviver sem depender dos

projetos. Isto obriga-nos a procurar trabalho junto das empresas. Mas é um pouco angustiante pensar que o trabalho de alguém pode acabar se a fonte de financiamento terminar. Neste momento, temos cerca de 50 bolseiros, oito com contratos. Agora com o PRR temos uma responsabilidade enorme, temos uma série de projetos de milhões de euros. Temos de ter pessoas que nos garantam alguma estabilidade.

CRIAR UM CHÃO DE FÁBRICA

- As pessoas são o mais importante?

Sem dúvida. E esta questão é uma das nossas prioridades. Uma outra prende-se com o espaço. Precisamos de mais espaço para desenvolver outros projetos e dar um apoio diferente às empresas.

- Alargar este Centro…?

Na envolvente do Centro temos espaço para crescer. O ideal seria criar um chão de fábrica, de forma a conseguir trazer equipamentos e testar. Na prática, desenvolver um trabalho articulado com as empresas, que nos permitisse ter uma oferta para poder testar máquinas e ferramentas. Alguns trabalhos com empresas necessitam desse tipo de resposta e, para isso,

CEFAMOL NEWS //
REVISTA MOLDE CEFAMOL 27

precisamos de espaço. Andamos à procura da solução, mas ainda não encontrámos. No entanto, temos alguns projetos aprovados que implicam a utilização de materiais e equipamentos de grande dimensão e não temos espaço.

- E essa dificuldade de espaço impede-vos de desenvolver novas competências?

Cria algumas limitações. Aumentar o espaço permite criar novas competências. Há uma premência muito grande na questão da transição verde, por exemplo. As empresas necessitam de certificação de materiais reciclados. Se não forem certificados, são considerados resíduos e não valem nada. Para conseguirem reciclar e colocar esses materiais como matéria-prima, estes têm de ser certificados. Ora, as pequenas e médias empresas não têm laboratórios para fazer isso. Se houvesse uma infraestrutura que permitisse fazer isso, era bom para o tecido empresarial. E este é apenas um dos exemplos. E temos de insistir na parte digital. Fomos criados com o foco no fabrico direto digital e no fabrico aditivo. Mas temos agora de incrementar a questão da sustentabilidade.

- Ter impacto e estar junto das empresas é uma das prioridades para o Centro. De que forma pretende fazer isso?

A ligação que temos com as empresas é grande, mas, a meu ver, não é suficiente e, por isso, temos de fazer mais. Temos a responsabilidade de, primeiro, olhar para a nossa rua e depois para o mundo. Ou seja, temos de nos bater por aquilo que temos aqui. Mas temos a responsabilidade de olhar à volta a perceber as necessidades que existem: nas empresas dos moldes, do vidro, na cerâmica, na pedra ou até na madeira. Temos de identificar aquilo que podemos fazer para ajudar, criar investigação com impacto. Depois, temos obrigação de criar e disseminar conhecimento para todos, sobretudo para os jovens. Mas, por outro lado, também temos obrigação de ir fora da nossa rua e procurar outras soluções, novos produtos e processos, que possam ser instalados e, dessa forma, criar novos nichos potenciais de conhecimento e valorização das empresas.

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DESAFIOS DA INDÚSTRIA

DESAFIOS COMPETITIVOS PERMANECEM EXIGENTES

ESTRATÉGIA & MERCADO

PESSOAS & COMPETÊNCIAS

SUSTENTABILIDADE

// DESTAQUE
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DESAFIOS COMPETITIVOS PERMANECEM EXIGENTES

1. PERIGO DE RECESSÃO NA ZONA EURO

Os últimos meses têm sido férteis em desenvolvimentos em diversas direções, algumas conjunturais, outras de natureza estrutural. Neste artigo vamos desenvolver elementos de ambas as perspetivas. A invasão da Ucrânia pela Rússia é a mais dramática e a que maior impacto terá nos meses que se seguem. Contudo, estas evoluções tornam evidente uma certa ingenuidade estratégica da Europa e confronta-nos com a ilusão persistente sobre o modelo de globalização, de que a rápida deterioração dos fluxos de fornecimento é o sinal mais observável. Estas fragilidades, que já tinham sido visíveis com a Covid, tornaram a evidenciar-se.

A invasão da Ucrânia introduziu um segundo impulso na inflação que já mostrava um percurso ascendente no pós-Covid. A continuação da guerra – agora com prazo indeterminado – permitiu que os índices referentes à alimentação e, principalmente, à energia contaminassem a evolução dos preços dos restantes elementos do

cabaz de bens total e pressionassem de forma sustentada os custos para as empresas.

A resposta dos bancos centrais traduz-se agora numa subida rápida das taxas de juro de referência de modo a quebrar a evolução crescente da inflação. Como consequência, o BCE prevê um crescimento baixo de 0,9 % para a economia da zona euro. Num cenário alternativo, mais pessimista, a zona euro poderá mesmo apresentar um crescimento negativo – que poderá gerar um cenário de recessão – a partir do próximo trimestre. Este percurso mais pessimista estará dependente da evolução do mercado energético e da guerra na Ucrânia.

De acordo com o cenário traçado pelo BCE, o desemprego tornaria a subir para valores próximos dos 7 % em 2024, o investimento desaceleraria 3,1 % em 2022 e 1,6 % em 2023. No mesmo panorama, os custos unitários de trabalho para as empresas subiriam 2,8 % em

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2022 e de 4,1 % em 2023. Para os consumidores, esta evolução constitui uma perda real de rendimentos com consequências diferenciadas entre países e estratos sociais.

As taxas de juro, o custo do crédito às empresas e aos particulares vai sofrer um crescimento importante. Do mesmo modo, o custo da dívida pública – apesar de ainda protegido por diversos instrumentos do BCE – continuará, de acordo com esta projeção, a aumentar durante o próximo ano.

Nestes dias, quer a Reserva Federal norte-americana, com o anúncio da subida de mais 0,75 % na taxa de referência, quer o Deutsche Bundesbank, com a comunicação da chegada da recessão à Alemanha, vieram acentuar as dimensões de contração da economia.

2. PRESSÃO NAS CADEIAS DE VALOR GLOBAIS – O DILEMA DAS EMPRESAS

A crise dos ventiladores durante um primeiro tempo da pandemia mostrou uma Europa refém e dependente de fornecedores externos em bens indispensáveis à segurança clínica das populações, em particular dos mais expostos e fracos. A saída da pandemia foi acompanhada por um desequilíbrio entre a procura, impulsionada pelos incentivos económicos, e a oferta, a que se associou a disrupção dos sistemas logísticos internacionais e consequente subida dos preços por contentor.

Estes elementos foram amplificados pela política de zero-casos de Covid da China. Esta política coloca milhões de pessoas em confinamento quando um grupo muito limitado de casos é identificado numa determinada cidade / região. Estes confinamentos, que afetam igualmente as fábricas da região, adicionam perturbação às já conturbadas cadeias de fornecimento.

A crescente tensão política e militar entre a China e os EUA – e seus aliados –, de que os acontecimentos no estreito de Taiwan são os elementos próximos mais visíveis, anuncia os elementos profundos de uma nova fase da globalização, com a emergência aparente de dois blocos que representam duas visões em confronto num conjunto alargado de domínios, sociais, económicos, políticos e societários.

Esta evolução acentua o dilema das empresas com operações na China. O país continuará a desenvolver-se como um grande mercado, em muitos casos determinante para a avaliação global da empresa, mas os elementos de incerteza sobre o futuro crescem e adicionamse aos já presentes e associados aos direitos humanos.

A Automotive News Daily de 24 de Agosto publicitava a intenção da Honda, e também da Mazda, de testarem uma solução de progressivo desacoplamento das cadeias de fornecimento sedeadas na China (40 % da produção da Honda em 2021). Na versão transmitida, a Honda consideraria manter os fornecimentos de origem chinesa para as suas fábricas na China, enquanto desenvolveria uma rede de fornecedores separada para as restantes fábricas. Acresce a este passo, a possibilidade de flexibilizar as regras do JIT (Just In Time) e constituir alguns stocks críticos. Este é o primeiro sinal público de uma grande empresa para, no domínio da sua avaliação de risco, diversificar as origens dos seus fornecimentos.

3. O DESAFIO CHINÊS

O enquadramento anterior vem sobrepor-se a desenvolvimentos anteriores. As exportações chinesas constituem, no presente, o maior e o mais decisivo desafio à indústria de moldes portuguesa. Esta constatação tem como base uma avaliação país a país (não apresentada) dos vários mercados relevantes para a indústria portuguesa, em particular com um olhar mais focalizado nas importações, domínio principal para um país exportador como Portugal. Esta análise revelou uma posição crescente das importações com origem na China. Neste ponto procede-se a uma avaliação quantitativa deste desafio.

3.1 EXPORTAÇÕES POR PAÍS DE DESTINO

Numa análise por país, - Figura 1 - encontramos os EUA como grande destino isolado, a evidenciar uma tendência crescente em valor, somente quebrada nos anos de pandemia, de que resulta uma quota das exportações da China para os EUA entre 10 % e 12 %.

Seguem-se a Alemanha, o Japão, o Vietname e a Índia, países que igualmente exibem uma tendência crescente, com valores, em 2021, entre 300 e 400 milhões de dólares. Nesta linha, estes países representam entre 6 % e 8 % das exportações chinesas. As exportações para o Vietname aceleraram a partir do ano 2018.

A Espanha representa cerca de 100 milhões de dólares e 2,4 % de quota média no intervalo, embora com uma pequena redução no último ano. Este valor pode ainda ser alterado através de uma correção estatística.

Portugal representa em média, no intervalo, 0,4 % da quota e evidencia um valor máximo, em 2020, de perto de 30 milhões de dólares.

3.2 PESO NAS IMPORTAÇÕES POR PAÍS DE DESTINO

A evolução das exportações chinesas impulsiona o contraponto das importações nos países de destino. A Figura 2 apresenta a média móvel a três anos1 para diversos países. Dos países representados, todos apresentam uma evolução crescente significativa das quotas chinesas nas respetivas importações, com duas exceções. A Hungria, com uma clara reversão a partir de 2018, embora em 2020 ainda se mantenha nos 20 %. E os EUA, com uma tendência estabilização nos 20 %. Contudo, a avaliação dos EUA deve contemplar igualmente o Canadá e o México, na medida em que estes países estão industrialmente integrados. No caso destes países, a tendência mantém-se crescente.

// DESTAQUE
/ / Figura 1 – China, Exportações, Principais países de destino, 2012 - 2021. Origem dos dados: International Trade Centre UNCTAD/WTO Notas: 1) valores directos.
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Exportações – Valor USD milhões Exportações – Quota %

Origem dos dados: International Trade Centre UNCTAD/WTO Notas: 1) valores directos.

O Reino Unido é o país representado onde as importações (média móvel a três anos) da China exibem uma maior quota: 42 %, em 2020. Contudo, a Polónia, o Canadá, a Espanha, a França e a Alemanha exibem quotas superiores a 30 % em 2020. Por outro lado, o México, a Itália, a Chéquia, a Hungria e os EUA apresentam valores superiores 20 %. Finalmente, Portugal e a Áustria, embora partam de valores inferiores, evidenciam quotas perto de 15 % em 2020.

3.3 COMPARAÇÃO COM OUTROS INTERVENIENTES

NOS PRINCIPAIS MERCADOS

3.3.1

ALEMANHA

A China e a Itália são as principais origens das importações alemãs. A evolução caracteriza-se pelo crescimento contínuo da quota das importações da China, já superior a 30 % em 2019 e 2020, e redução do papel relativo de Itália. Portugal perde, entre 2018 e 2021, 77 milhões de euros, quase metade (49 %) do valor de 2018 e cerca de 4 % da quota das importações da Alemanha.

Importações – Valor EUR milhões

Importações – Quota %

Origem dos dados: Eurostat e International Trade Centre UNCTAD/WTO Notas: 1) valor directo das importações no gráfico Mercado; 2) Importações restantes gráficos: valor em espelho dos países: Itália, Suíça, Áustria, Portugal, Luixemburgo e EUA; restantes países, valor directo; 3) não existem estatísticas para os valores em peso dos EUA e Canadá.

3.3.2

Portugal e a China foram os principais beneficiários, seguidos, ao longe, pela Alemanha. Contudo, enquanto Portugal tem mantido uma quota das importações entre 30 e 35 %, a China evidenciou um crescimento contínuo que atingiu 36 % no final do período. Em conjunto, as importações de Portugal e da China cobriram 67 % do consumo aparente no final do período, repartidas por 32 % com origem portuguesa e de 35 % vindas da China.

HIGHLIGHT //
ESPANHA / / Figura 2 – China, Quota nas importações de países de destino, média móvel a três anos, %, 2012 - 2021. / / Figura 3 – Alemanha – Importações principais origens.

Ao longo do período em análise, Portugal foi a principal origem das importações que apresentam um valor máximo de 129 milhões de euros em 2017. Esta posição de liderança foi contestada ao longo do período pelas importações chinesas que continuaram a crescer em quota de importações mesmo nos anos de 2019 e 2020, quando o mercado reduziu a sua dimensão.

Importações – Valor EUR milhões

Importações – Quota %

/ / Figura 4 – Espanha – Importações principais origens.

Origem dos dados: Eurostat e International Trade Centre UNCTAD/WTO Notas:

1) valor directo das importações no gráfico Mercado; 2) Importações restantes

gráficos: valor em espelho dos países: Alemanha; Portugal; França; Suíça; Turquia; Chéquia; restantes países, valor directo.

3.3.3 FRANÇA

Em França, assistiu-se a uma redução significativa do mercado e da produção entre 2018 e 2020, acompanhada de uma redução de importações. Identifica-se, contudo, o crescimento contínuo da quota das importações da China, acentuado a partir de 2016, já superior a 35 % em 2018 e 2019. A China e Portugal são as principais origens das importações;

Portugal perde, entre 2016 e 2021, 34 milhões de euros, cerca de 34 % do valor de 2016, a que corresponde cerca de 5 % da quota das importações da França;

Importações – Valor EUR milhões

Importações – Quota %

/ / Figura 6 – China, Quota das importações com origem na China no consumo dos países de destino, média móvel a três anos, %, 2012 - 2021.

Origem dos dados: International Trade Centre UNCTAD/WTO Nota: valores directos.

passado ocorreu, para confirmar esta mudança no último ano. Esta evolução crescente do peso da quota no consumo não é afetada pelo decréscimo dos valores de comércio internacional e de produção associadas à Covid e que impuseram reduções a outros países.

Em 2020, a Polónia e a Espanha destacaram-se com valores de 43,2 % e 34,4 %, respetivamente. Num segundo nível, a França, a Chéquia e a Hungria apresentam valores perto dos 20 % (22,5 %, 20,8 % e 19,7 %, respetivamente).

Embora a crescer, os dados do Reino Unido apontam para uma estabilização com um tecto em 18 %. A Alemanha e a Itália deverão situar-se nos 16 %. Por fim, a Áustria e Portugal evidenciam valores que, embora crescentes, se situam abaixo dos 10 % (6,6 % e 8,9 %, respetivamente, em 2020).

Esta evolução crescente do peso dos fluxos com origem na China no consumo doméstico é assinalável no contexto industrial dos últimos anos que se apresentou restritivo, como, aliás , evidenciam os valores de produção e de exportação da indústria portuguesa. Esta evolução do peso das importações chinesas no consumo aparente é realizada em concorrência e à custa de outros exportadores – como Portugal – e pela redução do peso da produção doméstica desses países de destino.

4. MOLDES PARA PLÁSTICO OU BORRACHA - BALANÇO DAS EXPORTAÇÕES DO PRIMEIRO SEMESTRE

/ / Figura 5 – França – Importações principais origens.

Origem dos dados: Eurostat e International Trade Centre UNCTAD/WTO Notas: 1) valor directo das importações no gráfico Mercado; 2) Importações restantes gráficos: valor em espelho dos países: Portugal, Espanha, Japão e EUA; restantes países, valor directo; 3) não existem estatísticas para os valores em peso dos EUA.

3.4. PESO NO CONSUMO POR PAÍS DE DESTINO

O peso das exportações chinesas nos países de destino - Figura 6 – aumentou em todos os representados, com exceção da Hungria, nos últimos três anos, e da Itália, no último ano. No caso da Hungria, esta evolução reproduz a das importações. No que respeita à Itália, é necessário esperar pela atualização e correção estatística2 como no

O balanço do primeiro semestre de 2022 das exportações agregadas para o mundo inteiro mostra uma média mensal móvel em junho de EUR 35,5 milhões que embora para algum crescimento no final período está afastado de um valor de EUR 52,9 milhões em outubro de 2018.

// DESTAQUE
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O valor acumulado (stock) desde o início do ano (EUR 202,6 milhões) encontra-se ainda a valores inferiores aos dos restantes anos reportados.

O balanço do primeiro semestre das exportações para os EUA evidencia a continuação na linha de um bom desempenho que teve início em janeiro de 2020. Em junho de 2022, esse valor ascendia a EUR 2,5 milhões, apesar de em março ter evidenciado um valor EUR 3 milhões.

O valor acumulado de EUR 16,9 milhões aproxima-se do valor do ano excecional de 2018. Embora ainda longe dos valores dos grandes

mercados, as exportações para os EUA podem ver o seu crescimento acelerado com a ajuda de uma taxa de câmbio USD / EUR mais favorável atualmente.

HIGHLIGHT //
/ / Fonte de dados; ITC.
REVISTA MOLDE CEFAMOL 35
/ / Fonte de dados; ITC.

O balanço semestral medido pela média mensal móvel evidencia o caminho de uma recuperação das exportações para a Alemanha com EUR 8,8 milhões em junho, embora ainda um pouco afastado de valor máximo no início do intervalo de EUR 13,8 milhões.

O valor acumulado em junho de EUR 47,7 milhões corresponde ao valor de 2020.

O balanço francês do primeiro semestre de exportações portuguesas sinaliza a estabilidade que se prolonga desde 2021 (EUR 4,8 milhões em junho), embora em valores inferiores aos reportados em anos anteriores.

O valor acumulado em junho, EUR 30,9 milhões, estão em linha com esta avaliação.

O balanço do primeiro semestre – medido pela média mensal móvel – confirma o decréscimo das exportações dirigidas ao mercado espanhol, com um valor de EUR 3,8 milhões em junho.

5. BREVE SUMÁRIO

Num caminho de reflexão estratégica em curso, este artigo destinase a apresentar os dados e o enquadramento necessários para sustentar conclusões baseadas em factos.

Os dados apresentados no conjunto dos tópicos assinalam um quadro competitivo exigente que combina dimensões externas à indústria com um crescente avanço do papel competitivo das exportações chinesas no mundo. Adicionalmente a este trabalho de caracterização quantitativa, existem em desenvolvimento outras atividades para a comparação da posição competitiva das empresas portuguesas e das empresas chinesas ao longo do processo que se inicia com a elaboração do orçamento e acaba com a entrada em funcionamento do molde nas instalações do cliente.

Este enquadramento salienta a necessidade de uma recombinação das vantagens competitivas em dimensões que integram, quer novos ganhos de eficiência individuais e coletivos, quer uma diversificação de mercado – a exemplo do EUA -, quer a entrada e o progresso em novos sectores-clientes, quer o uso extensivo da inovação em busca de diferenciação.

1 - A média móvel é uma ferramenta de análise que alisa os dados criando um valor médio constantemente atualizado. Num gráfico, uma média móvel cria uma linha única que elimina variações devidas a flutuações aleatórias. A média é obtida num período específico de tempo – neste caso três anos. A média representa o valor central do intervalo. A média móvel constitui um bom instrumento de avaliação de tendências de prazo mais alargado.

O valor acumulado em junho confirma esta tendência com EUR 49,4 milhões, inferior ao valor de qualquer dos outros anos repostados.

2 - Os valores anuais dos fluxos de comércio internacional disponibilizados são apresentados como estimativas para o último ano e, em geral, objeto de correção posterior. No caso da Itália, no passado, algumas destas correções evidenciaram alterações significativas.

// DESTAQUE
/ / Fonte de dados; ITC. / / Fonte de dados; ITC.
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/ / Fonte de dados; ITC.

ESTRATÉGIA & MERCADO

É PRECISO APOSTAR EM NOVAS IDEIAS E ABRIR PORTAS A DIFERENTES ÁREAS E MERCADOS

As empresas da indústria de moldes são unânimes numa questão: A dependência da indústria automóvel é perigosa pela forma como fragiliza a atividade. Mas também concordam que se trata do cliente que, a nível mundial, maior atividade gera. Não há, por isso, como o substituir. O caminho é diversificar, abrir portas a diferentes áreas e mercados, apostando em novas ideias, estreitando o relacionamento com os clientes e entrando cada vez mais cedo na cadeia de produção. Conhecida no mundo inteiro, a indústria de moldes pode, ainda, trilhar um rumo que possibilite alavancar ainda mais a sua imagem e com resultados positivos na atividade, através da cooperação entre empresas.

KOPPTEC: “É PRECISO MATURIDADE, VISÃO DE FUTURO E ESPÍRITO DE COOPERAÇÃO”

Conhecedor profundo da indústria de moldes, Moritz Koppensteiner é perentório: “a indústria tem hoje um conjunto de desafios e pouca capacidade de previsão em relação ao seu futuro”. Isto, no seu entender, dificulta o trabalho das empresas, já fragilizadas depois de um período de cerca de quatro anos, marcado pela volatilidade do sector automóvel devido ao futuro da mobilidade, pelas consequências económicas da pandemia e pela guerra na Ucrânia, com impactos nas cadeias de fornecimento, nos preços das matérias-primas e da energia, entre outros.

“O desafio é enorme”, considera, sublinhando que “a instabilidade dos mercados faz com que seja difícil criar um cenário, ou até olhar e prever o futuro”. Esta imprevisibilidade, acrescenta, afeta o mundo de forma transversal, com reflexos em todas as áreas.

No caso dos moldes, salienta que as empresas portuguesas têm uma característica que lhes tem permitido manter-se competitivas. “São empresas muito boas porque têm grande flexibilidade e capacidade de adaptação”, afirma. Por isso, não tem dúvidas de que saberão “abrir portas a outras áreas e mercados e procurar novos negócios e ideias”.

Para tal, acentua Moritz Koppensteiner, “é preciso ser muito ativo a procurar possibilidades e alternativas”, num mundo que o sector dos moldes já percorre há muitos anos, mas no qual os mercados mais tradicionais estão a ser dos mais atingidos por toda a incerteza económica agudizada, nos últimos meses, pela guerra.

“Não há varinhas mágicas: é preciso pensar estrategicamente”, defende, considerando que “as empresas têm de evoluir e estar sempre despertas para procurar novas oportunidades”. E esta procura, considera, tem de ser feita “de forma estruturada, analisando as forças que temos e procurar sítios onde possamos criar valor, mas também ver as ameaças e criar soluções”. Não basta chegar a novos mercados, é preciso entrar neles com determinação e fazer a diferença.

COOPERAÇÃO

Moritz Koppensteiner lembra que, em Portugal, há uma concentração grande de empresas de moldes. No país, são representativas. No entanto, se se alargar a escala para a dimensão da Europa, a sua representatividade é baixa. Há, por isso, “muito a fazer e muito para crescer”.

No seu entender, o caminho das empresas passa por três questões essenciais: “ganhar maturidade, ter uma visão de futuro e abraçar um espírito de cooperação”. É neste último ponto que se centra, lembrando que o cluster dos moldes é constituído por PME sendo, por isso, imperioso que as empresas consigam cooperar. “A escala que o sector ganha com a cooperação entre empresas é fundamental para continuar a crescer”, defende.

“Devia haver uma cooperação de tal forma que, face a um novo negócio, fosse escolhida para o fazer a empresa que se sabe, à partida, ser a mais bem preparada para isso”, justifica, frisando que, com essa forma de atuar, seria possível “valorizar a especialização de cada uma, com reconhecimento e espírito de parceria”. E no final, salienta, “ganharia todo o sector porque conseguia elevar ainda mais, a nível mundial, o nome do cluster português”.

Mostra-se consciente de que esta forma de trabalhar será, para muitas empresas, algo utópica. “É um grande passo, mas temos de ter presente que estamos num mercado altamente competitivo e temos de ser ousados”. Até porque, na sua opinião, os modelos mais tradicionais de abordagem aos mercados vão perdendo a sua importância. “As feiras internacionais, por exemplo, já foram o local para a realização de grandes negócios. Hoje, têm a sua importância, mas para contactar potenciais fornecedores ou para abrir contactos com possíveis novos clientes”.

Neste aspeto, adverte que, face ao investimento que requer a participação numa feira, as empresas têm de se apresentar bem preparadas. “O investimento necessário é, não apenas financeiro, mas sobretudo em energia, atitude, no convite a clientes e abordagem a novos contactos”. No entanto, considera que “a estratégia que perdura continua a ser a ação clássica: ir às empresas visitar os clientes e apresentar as suas soluções”.

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Helena Silva * * Revista “Molde”
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/ / Moritz Koppensteiner (Kopptec)

Seja em feiras, seja em visita a empresas, Moritz Koppensteiner defende que estas ações têm de ser olhadas pelas empresas como são os investimentos em máquinas e equipamentos. “As empresas têm de olhar para isto como um investimento na sua produtividade, pensar em formas de o fazer com resultados e no valor acrescentado da sua ação”, afirma.

“O mercado exige melhoria contínua e, por isso, essa tem de ser a aposta das empresas: estar constantemente a inovar”, sublinha, considerando que “se queremos continuar nesta ‘liga dos campeões’, temos de treinar, competir todos os dias e criar equipas vencedoras”.

PRIFER: “VIVEMOS UM PERÍODO PLENO DE DESAFIOS AOS QUAIS A INDÚSTRIA NÃO É IMUNE”

“A reorganização política mundial e o novo paradigma mundial da mobilidade configuram os maiores desafios para a nossa

indústria neste momento”. É desta forma que, Marco Laranjeira, do Grupo Prifer, olha para a realidade da indústria de moldes. No seu entendimento, vive-se “um período pleno de desafios aos quais a nossa indústria não é de todo imune”.

Exemplifica que “depois de uma pandemia - que colocou muitos projetos em espera - e um início de 2022 com a guerra na Ucrânia - que provocou a subida generalizada de preços -, a gestão diária na nossa indústria tem sido muito mais difícil e tornou a definição de estratégias de médio/longo prazo uma lotaria”. As empresas têm uma enorme dificuldade, seja na tomada de decisões ou mesmo para fazer previsões.

Para Marco Laranjeira, “resta perceber como vai ficar o mundo depois deste conflito, que aparenta estar a criar dois blocos (China/Rússia vs. Ocidente), e qual vai ser o impacto nas decisões de compra das grandes multinacionais, sobretudo da área automóvel”. E é também neste sector – o principal cliente da indústria de moldes nacional – que “as novas medidas com a extinção dos veículos movidos a combustíveis fósseis e as restrições à utilização dos mesmos estão a provocar, numa primeira fase, alguma dinâmica adicional de novos modelos”, salienta, lembrando, no entanto, que “num eventual cenário de recessão a médio prazo, podem voltar a provocar uma quebra significativa no mercado”.

E num contexto em que o mercado exige cada vez maior rapidez, qualidade e preços mais reduzidos, considera que as empresas têm de acompanhar essas exigências. “É sempre possível otimizar

HIGHLIGHT //
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/ / Marco Laranjeira (Prifer)

processos e melhorar”, afirma, exemplificando com o caso do grupo Prifer. “Nas nossas empresas, continuamos a apostar na monitorização de tudo o que fazemos para sermos capazes de identificar oportunidades de melhoria”, explica, adiantando que “a tecnologia também está em constante evolução, o que nos permite ganhos de produtividade”.

Mas, lembra que, atualmente, a indústria depara-se com fatores externos, que não consegue controlar e que “nos estão a impedir de evoluir, nomeadamente os custos de matéria-prima e também a escassez e/ou aumento de prazos de entrega de componentes”.

APOSTA NO AUTOMÓVEL

Para Marco Laranjeira, o sector automóvel continuará a ser o mercado mais importante para as empresas de moldes nacionais. Não prevê grandes alterações e explica a razão. “Do ponto de vista sectorial, o automóvel continua a ser o grande cliente da nossa indústria e, com a mudança para as viaturas elétricas e autónomas que se avizinham, surgem novas oportunidades de desenvolvimento de produtos e moldes mais complexos tecnicamente e onde potencialmente podemos ser mais competitivos”, defende, sublinhando que “o mercado elétrico, fruto da necessidade de aumento de capacidade das redes, também está com uma dinâmica forte, bem como o mercado médico, se bem que este estará mais orientado para um núcleo mais restrito de empresas com competências específicas”.

Também do ponto de vista geográfico, Marco Laranjeira acredita que os mercados tradicionais se manterão. “O bloco europeu continua a ser prioritário”, enfatiza, salientando que, apesar disso, “os mercados que trabalham em dólares estão também mais apetecíveis, fruto da desvalorização do euro”.

Refere também que as empresas continuam a sentir vários constrangimentos, resultantes, na sua opinião, “da pandemia e mudança de hábitos” e que, considera, “se traduzem na dificuldade em agendar reuniões presenciais e visitas às fábricas”.

No que diz respeito à promoção da imagem dos moldes nacionais no estrangeiro, defende que “a CEFAMOL tem, a este nível, feito um trabalho muito positivo, através de feiras e missões, trabalho esse que nesta fase deve voltar a ser dinamizado pois já existe mais abertura da parte do mercado”. Exemplifica com o caso de uma exposição na qual a Prifer esteve presente, com resultados positivos, para concluir que as empresas do grupo vão continuar “a apostar neste, e noutros modelos utilizados, para dar a conhecer as nossas capacidades”.

MOLDEGAMA: “OS MERCADOS DITAM AS REGRAS E AS EMPRESAS TÊM DE SE ADEQUAR”

Os mercados são quem mais ordena. Silvério Fortes, da Moldegama, defende que para serem competitivas, as empresas têm de se adaptar às mudanças. “São os mercados quem dita as regras e nós, fabricantes, temos de nos adaptar se queremos progredir”, considera.

Lembrando que, com a pandemia “toda a economia estagnou muito”, conta que, no início de 2022, “começou a sentir-se uma enorme recuperação, com o negócio a chegar, em muitos casos, acima das nossas capacidades de resposta”. Ora, no seu entender, as empresas têm de estar preparadas para estas mudanças repentinas.

“Nos primeiros meses deste ano, as solicitações de serviços têm sido imensas. Isto faz com que, por exemplo, não consigamos manter algumas práticas que tradicionalmente tínhamos, como fechar a empresa em agosto para férias”, exemplifica, defendendo que “a prioridade é “manter a atividade para cumprir os prazos”. Mas os resultados, acentua, não têm acompanhado a dinâmica. Ou seja, “estamos a tentar que os preços sejam os justos, atendendo aos custos de produção”. No caso da Moldegama, o equilíbrio tem sido conseguido, mas, em alguns casos, de forma periclitante.

“O preço das matérias-primas tem estado sempre elevado, com mudanças, em alguns casos, a cada 24 horas”, explica, adiantando que isso obriga as empresas a “tomar decisões num ambiente muito instável”. Em alguns casos, exemplifica, os aumentos ascenderam a 40 %. Mas, no seu entendimento e após largas décadas de experiência no sector, considera que todas estas questões mais não são do que “o mercado a funcionar”. A dificuldade, salienta, é conseguir dar a resposta adequada.

Não esconde a preocupação que sente. “Estamos muito dependentes da indústria automóvel e não tenho dúvidas que a alternativa é encontrar outro mercado”, afirma, adiantando que a dificuldade é “saber qual será esse mercado”. É que, sustenta, uma mudança de mercado é algo que uma empresa não faz de um dia para o outro. “Criar uma alternativa implica definir e trilhar um novo caminho. É necessária uma adaptação muito grande para mudar e isso leva tempo”, explica, enfatizando que há depois, nesse processo de mudança, de ter em conta “a concorrência que existe e que poderá estar mais adiantada nesse novo mercado, já com passos dados, e levaremos tempo até ser competitivos”. Por isso, diz ser necessária “uma estratégia consistente e bem definida”, que possa levar até as empresas a conseguirem praticar outro tipo de preços.

Não tem dúvidas de que a mudança é essencial. Lembra, contudo, que, neste processo, as empresas têm de contar com algum apoio. “Ter apoio quando precisamos é fundamental. Mas, na prática, não temos apoios, exceto aquele que chega dos nossos fornecedores”, afirma.

QUALIFICAÇÃO E COOPERAÇÃO

Para Silvério Fortes, a evolução do negócio na indústria de moldes tem-se feito com cada vez mais e maiores exigências por parte dos clientes, seja nos prazos cada vez mais apertados, seja nos preços cada vez mais reduzidos. A solução, considera, tem de estar do lado dos fabricantes de moldes.

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/ / Silvério Fortes (Moldegama)

“A resposta das empresas tem de passar por uma aposta cada vez maior em pessoas com qualificação que garantam uma resposta rápida e eficaz”, defende, salientando que as empresas têm de ter a sua produção mais otimizada e preparada para corresponder aos anseios dos clientes, assegurando, ao mesmo tempo, a sua própria evolução.

Advoga que a indústria beneficiaria também se houvesse maior cooperação entre as empresas do sector. “Defendo que devia haver mais agremiação. Estamos a pensar e a falar de forma cada vez mais individual e a agir individualmente, quando devíamos fazê-lo de forma coletiva. Devíamos unir-nos mais”, considera, lembrando que, no passado, o sector conseguiu um espírito de cooperação que se revelou bastante positivo.

O afastamento, no seu ponto de vista, deveu-se à natural evolução da sociedade, que foi caminhando de forma mais individualista. No entanto, defende, “estamos sempre a tempo de recuperar essa cooperação”, até porque “sozinhos não conseguimos ir tão longe como quando o fazemos em conjunto”.

Para Silvério Fortes, a indústria deve continuar a apostar nos mais variados mercados. Com a guerra na Europa, considera, é natural que outras zonas do globo, como o México, se tornem ainda mais atrativas. “Continua a ser um mercado muito interessante, mas fica dispendioso porque é preciso investir em respostas no local”, afirma.

Por outro lado, e reportando-se ao caso da sua empresa, conta que a Rússia “era um bom mercado” até surgir a questão da guerra. A Europa “continua e continuará a ser o nosso mercado”. Conta ter notado, nestes últimos meses, que muitas empresas europeias se começaram a ressentir com a aposta que tinham feito na Ásia e começaram a tentar inverter esse rumo, apostando em fornecedores europeus.

“Considero que este é um sinal muito positivo. Vamos ver como evolui”, diz. Aponta ainda os Estados Unidos como uma boa possibilidade para os moldes nacionais, considerando, contudo, que, em muitos casos, os possíveis clientes americanos “procuram fornecedores com os preços da Ásia e nós não estamos, nem podemos estar, nesse patamar”. É que, defende, os moldes portugueses têm de continuar a “fortalecer a sua imagem enquanto produtores de grande qualidade”.

“Este é um trabalho que temos de fazer sempre: reforçar esta imagem, seguir esta linha e combater a ideia de que somos competitivos apenas pelo preço”, considera. Para tal, salienta, “temos de nos unir, de forma a trocar propostas e ideias entre nós”. É que, considera, “convergir é fundamental para chegar aos mercados de forma forte”. Para aí chegar, diz ser imperativo “conseguir mudar a cultura de algumas empresas para que percebam a grande vantagem que é a cooperação”.

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PESSOAS & COMPETÊNCIAS

AS PESSOAS SÃO IMPRESCINDÍVEIS PARA A COMPETITIVIDADE DAS EMPRESAS

Geração após geração, tem aumentado a capacidade técnica das organizações, com a entrada de pessoas cada vez mais qualificadas. Estas asseguram uma das partes essenciais do futuro da indústria: a inovação ligada às tecnologias. No entanto, as empresas têm de apostar num conjunto de outras competências, de forma a assegurar a sua competitividade. E estas passam por integrar pessoas com espírito crítico, flexibilidade, capacidade de adaptação, inteligência emocional ou trabalho em equipa. Ou seja, uma aposta em pessoas que demonstrem o seu valor humano e não apenas técnico.

TTO: “AS MÁQUINAS SÃO IMPORTANTES, MAS NÃO CRIAM E NEM INVENTAM”

O papel das pessoas “já é e vai ser cada vez mais determinante para a capacidade das empresas”. Quem o defende é Hugo Ferreira, da TTO. No seu entender, a Pessoa “terá sempre lugar de destaque nas empresas” porque “as máquinas são muito importantes, mas limitam-se a produzir: não inventam, não criam, não se adaptam”. Essas são capacidades que estão reservadas às pessoas e que, sustenta, “serão cada vez mais importantes no futuro”.

“As tarefas repetitivas serão asseguradas por máquinas, mas o papel humano será cada vez mais importante na evolução tecnológica”. A mão-de-obra no futuro vai assentar em competências como a criatividade, adaptabilidade, às quais se juntará a capacidade técnica e a experiência, defende. “A vontade de fazer e de aprender e também de trabalhar em equipa já são, e vão ser cada vez mais importantes nas empresas”, sustenta acrescentando que “o conhecimento técnico e tecnológico vai ser fundamental, mas estará equiparado a estas outras competências”.

Para Hugo Ferreira, uma outra mudança que prevê que aconteça no futuro das organizações prende-se com a logística. E explica. Atualmente, cada empresa integra um conjunto de pessoas que se dedicam a assegurar questões logísticas, como os transportes. No seu entender, no futuro, essas situações passarão por partilhar essas funções entre empresas, até como forma de assegurar maior sustentabilidade. Depois, lembra a importância que começa a ter cada vez mais o trabalho remoto. “Caminharemos para um sistema em que as pessoas não precisam de estar – e não vão estar – tanto no seu local de trabalho para desempenhar tarefas porque podem fazê-lo a partir de qualquer ponto”, explica.

SUCESSÃO

Uma questão que, salienta Hugo Ferreira, é preocupante diz respeito à sucessão nas empresas. Esta, enfatiza, “é essencial para assegurar o futuro das organizações”. “Esta tem sido a indústria dos ‘self made men’ e temos gestores que são pessoas notáveis, de uma capacidade invulgar e ímpar”, afirma, considerando que, no entanto, já hoje “a gestão tem particularidades diferentes e caminhará, no futuro, para ser cada vez mais através de novos modelos de gestão”. Por isso, exorta, “é preciso que as empresas façam esse caminho e tenham essa evolução”. É que, no seu entendimento, “privilegiar a gestão é fundamental”.

Contudo, lembra que há ainda muitas empresas que estão suportadas num núcleo muito reduzido de pessoas que, entretanto, e por questões como a idade, acabarão por sair. “A sucessão não deve ter como prioridade a família. Pode, e deve, passar por modelos mais profissionais”, sublinha. Se por um lado, “é inevitável que muitas pessoas que estão em idade de reforma se mantenham nas empresas e isso até é bom porque o conhecimento fica; por outro, isso não pode ser tratado dessa forma porque as pessoas não podem durar para sempre e têm de tornar o processo de sucessão eficaz”. E isso, acentua, faz-se apostando no modelo certo. E este pode, ou não, integrar as pessoas da família do gestor.

Para Hugo Ferreira, todas estas questões têm um ponto em comum: “é fundamental apostar num modelo de ensino que tenha tudo isto presente: desde as competências necessárias hoje e no futuro, até à gestão das empresas e a importância da sucessão”. Ora, defende, isto só se consegue “aproximando o ensino, seja o secundário ou o superior, às empresas”.

“No futuro, temos de conseguir trazer os jovens cada vez mais cedo para as empresas, para verem a realidade industrial que ainda não está clara na sua mente. Há grande falta de conhecimento sobre o que é a indústria”, considera, afirmando que “o modelo de educação devia ser revisto, de forma a colocar os jovens cada vez mais cedo nas empresas”. É que, salienta, “sem conhecer a realidade, as pessoas novas no mercado de trabalho não estão recetivas a abraçar a indústria”. Ou seja, deve ser criado um modelo que aposte num caminho de conhecimento que junte a teoria com a prática. “Há competências necessárias ao futuro do sector e que devem desenvolver-se cada vez mais cedo junto dos jovens”, defende.

RECRUTAR E RETER

Hugo Ferreira é perentório: a indústria de moldes tem, hoje, um problema de falta de mão-de-obra. “Já se sente atualmente e, se não se fizer nada, vai acentuar-se no futuro”, afirma. As empresas têm, por isso, de criar formas de atrair pessoas.

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Helena Silva * * Revista “Molde”
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/ / Hugo Ferreira (TTO)

Exemplificando com o caso do grupo TTO, conta que a maior parte das novas pessoas que entram são propostas e recomendadas por colaboradores da empresa. “Procuramos dar oportunidade às pessoas de dentro da empresa de trazerem outras, sempre que é preciso”, explica, contando que esta forma de recrutar “tem funcionado bem”. E tem, até, incrementado o espírito de família que se vive na empresa. Já há muito tempo que a empresa aposta nesta forma de recrutamento como a prioritária, diz ainda, acrescentando que aquilo que se tem verificado é que “a taxa de retenção é muito elevada”.

Hugo Ferreira ressalva que esta situação se aplica, sobretudo, aos cargos destinados a pessoas sem grande especialização que são, depois de integradas, formadas na empresa. Para cargos mais especializados, o recrutamento é um pouco mais complexo. Até porque, frisa, “é aí que se nota que a mão-de-obra é escassa”.

Além da própria imagem da indústria, considera ainda que a carga fiscal aplicada às empresas não permite praticar salários competitivos. Por isso, a aposta tem de passar por outras questões que não apenas o salário. “É preciso apostar no bom ambiente de trabalho e em condições que façam as pessoas sentirem-se bem: valorizadas e integradas”, sustenta.

SOMEMA: “O FUTURO PASSA POR CONJUGAR

COMPETÊNCIAS TÉCNICAS COM AS QUE VALORIZAM A PESSOA ENQUANTO SER HUMANO”

O futuro das empresas de moldes vai passar por estarem cada vez mais automatizadas e robotizadas, sobretudo na área da produção. Mas isso não significa que as pessoas perderão a sua importância. Pelo contrário. “As pessoas vão continuar a ser o fator fundamental desta indústria”.

Fernando Vicente, da Somema, está na indústria de moldes há mais de quatro décadas. Desde sempre, conta, “o mais importante nas empresas foram as suas pessoas. A indústria não chegaria onde chegou se não fossem elas. E vão continuar a ter a mesma importância no futuro”.

No seu entender, o que vai mudar é o perfil de competências. “Os bons técnicos continuarão a ser necessários, obviamente. Mas o que vai ser preciso serão capacidades de liderança, flexibilidade, criatividade ou pensamento crítico”, salienta. Ou seja, a aposta passará por valorizar as pessoas “pelas suas características de seres humanos”.

“A indústria foi-se transformando, inovando, otimizando e vai ser ainda mais tecnológica no futuro. Mas foram as pessoas a criar essa mudança. E serão necessárias para criar as mudanças seguintes”, explica, considerando que a transformação “exigirá maior competência”. E o sucesso das organizações dependerá de “equipas motivadas e integradas”.

Como exemplo da evolução, recorda que no passado, a produção era assegurada por uma pessoa por cada máquina. Hoje, o processo evoluiu e o mesmo operador consegue controlar várias máquinas, havendo até momentos em que as máquinas estão a funcionar sem qualquer colaborador presente. “Isto trouxe rentabilidade às

empresas, mas para que seja possível acontecer é necessário haver pessoas no backoffice a preparar tudo isto, a programar as máquinas, para que tudo funcione na perfeição”, salienta.

E para as competências que serão as mais necessárias, como criatividade, a curiosidade e aprendizagem contínua, o pensamento crítico, liderança ou gestão do tempo, considera que as escolas têm um papel preponderante a desempenhar. “As escolas têm de apostar mais no desenvolvimento destas ‘soft skills’, têm de se adaptar, para formarem melhores pessoas para os empregos do futuro”, defende.

Já nas empresas, a atenção à formação tem de ser também maior. “É preciso olhar para esta questão com ponderação e defini-la como prioridade. Os colaboradores têm de ser formados dentro do espírito da empresa, têm de ser valorizados”, considera, advertindo que as organizações “têm de se preparar para investir mais nesta área”. Até porque, sublinha, “os recursos humanos são escassos e é preciso conseguir mantê-los”. E nesta questão da atração de pessoas, a indústria de moldes, lembra, “compete com outras áreas de atividade e até com indústrias de outros países”.

ATENÇÃO ÀS PESSOAS

Uma aposta nesta vertente, defende, “torna as empresas mais produtivas, mais capazes, desenvolvendo a sua atividade com vista à excelência – que é aquilo que se pretende”. Para tal, diz ser fundamental que as empresas desenvolvam departamentos de recursos humanos de qualidade. Mas não só. Uma outra área que considera de grande importância é da gestão dos sistemas. “É uma área sensível hoje e que será para o futuro porque a informática estará cada vez mais presente”, diz.

Para Fernando Vicente, o recrutamento de jovens para a indústria tem vindo a ser cada vez mais complexo. No caso da Somema, são feitos anúncios explicando as características da função e são depois escolhidos os candidatos. Esta seleção, considera, tem de ser muito criteriosa e o técnico tem de ser bem integrado. É que, sustenta, “muitas vezes, mais complicado do que recrutar é conseguir manter os jovens”.

“O mercado de trabalho está muito volátil”, afirma, considerando que “é fundamental estar muito atento às pessoas e à forma como se sentem na empresa”. Para tornar o ambiente de trabalho mais atrativo, a empresa começou já a apostar em questões que vão além dos salários, como seguros de saúde ou prémios de motivação. “Estamos a começar a implementar muitas destas medidas e o objetivo é vir a ter todos abrangidos por vários benefícios para além do salário”, explica.

O teletrabalho pode ser uma opção em alguns casos. Mas não em todos. No entanto, considera que as empresas têm de estar atentas também a esta possibilidade. Mas o fundamental é “criar na empresa o espírito de equipa, garantindo que todos estão motivados e satisfeitos”.

“As pessoas hoje são muito diferentes do que eram no passado. Sem juízos de valor, porque todos têm muito mérito, mas hoje esta geração é muito bem formada a nível académico. Todos têm cursos superiores, falam duas ou três línguas. Ou seja, a escola ainda não dá tudo, mas é fundamental neste processo”, defende, considerando que “a interação entre escolas e empresas é fundamental”. E essa ligação, sublinha, “tem de ser cada vez mais estreita, de forma que as empresas possam dar os seus ‘inputs’ na formação e ter recursos humanos cada vez mais competentes, mas de uma forma mais abrangente que não apenas na vertente técnica”. “Precisamos de ter bons profissionais que sejam boas pessoas”, conclui.

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/ / Fernando Vicente (Somema)

SUSTENTABILIDADE

Um desenvolvimento sustentável pressupõe um conjunto de medidas e ações que coloquem em harmonia tudo o que compõe a organização, seja a nível ecológico, económico, social e até cultural. Esta é forma como as empresas do sector olham para este desígnio que é transversal a todas as indústrias e áreas de negócio. Não há varinhas mágicas nem fórmulas secretas para atingir este patamar, advertem. A forma de alcançar a sustentabilidade é ir caminhando lentamente, dando passos e mudando, de forma a ser a cada dia melhor do que no dia anterior.

INTERMOLDE: “PARA ALCANÇAR A SUSTENTABILIDADE, É PRECISO TER COMO PRIORIDADE A EFICIÊNCIA”

Eficiência. Esta é, no entender de Ricardo Ferreira, da Intermolde, a prioridade que todos os gestores devem ter nas decisões que tomam em prol das suas empresas. “Falar em sustentabilidade industrial é falar em eficiência produtiva com responsabilidade ambiental e social”, defende. Desta forma, considera que sustentabilidade e eficiência devem caminhar lado a lado. E, ao contrário do que muitas vezes se diz, a sustentabilidade não se restringe às questões ambientais. Pelo contrário.

Ricardo Ferreira lembra que, nos últimos tempos, a discussão tem sido muito em torno dos custos das matérias-primas e energias, mas, no seu entender, “fala-se pouco do custo da mão-de obra”. E esta é uma questão na qual “não se pode poupar porque não podemos prescindir de-mão-obra qualificada”. E é aqui que reside a preocupação social: “temos de pensar nas pessoas e proporcionarlhes boa qualidade de vida”. Até porque, tendo esta premissa como ponto de partida, a eficiência produtiva de pessoas motivadas e empenhadas acabará por ter reflexos diretos na sustentabilidade económica da empresa. Todas estas questões, defende, “têm de estar em equilíbrio” para alcançar a desejada eficiência. Esta é, desde há muito, a visão da Intermolde, explica.

PENSAR O AMBIENTE

O terceiro ponto importante da pirâmide da sustentabilidade são as questões ambientais, defende Ricardo Ferreira. E aqui, considera, há todo um conjunto de variáveis a ter em atenção e pontos que podem ser alterados, de forma a introduzir melhorias.

Exemplifica com vários casos. Um deles, diz, é o consumo energético. “É preciso pensar a eficiência dos equipamentos, a robotização e a automação, mas também os recursos necessários para pôr o processo a andar”, afirma, defendendo que, uma vez mais, todas estas questões têm de estar em equilíbrio. “Estas questões são hoje o essencial para a sobrevivência de uma empresa: pôr no mercado um produto que não consuma tanta matéria-prima e com o menor gasto de energia”, sublinha. A comunhão destas duas com a seleção das pessoas para fazer o que as máquinas não conseguem, permite alcançar a sustentabilidade.

“Quando se fala num processo produtivo, designadamente na indústria de moldes, o custo energético é apenas uma pequena parte dos custos: deve assim haver eficiência em todo o processo”, explica. E o ponto de partida dessa atitude tem lugar na seleção da matéria-prima, acrescenta. Ou seja, “tendo a indústria de moldes, tipicamente, processos subtrativos, quanto menos material se tiver no início, melhor, porque o desperdício será menor”, afirma. Depois, é preciso ter atenção ao uso das ferramentas, apostando, sempre que possível, na sua reciclagem e reutilização. E, adianta, faz parte também da sustentabilidade, apostar em questões como “a minimização de tempo ativo e de esforço da mão-de-obra”. Ou seja, “há que pensar bem os layouts produtivos, a organização dos postos de trabalho e, sempre que possível, automatizar e robotizar”.

Há ainda um outro fator que tem peso nesta questão: “as empresas têm de medir muito bem os seus investimentos”, adverte. A sustentabilidade, salienta ainda, “deve ser analisada em toda a cadeia de valor”. Ou seja, devem ser tidos em conta os fornecedores, de forma a fomentar “a responsabilidade social e ambiental”, mas também a geografia, privilegiando a compra local de forma a reduzir os transportes (sobretudo aéreos) e a pegada carbónica gerada.

Relativamente a jusante da cadeia de valor, salienta, “devemos ponderá-la até ao consumidor final e, sempre que possível, pensar em inovações de produto ou serviço que reforcem a sustentabilidade”. E exemplifica: “no caso específico dos moldes para vidro, executar um bom projeto de moldes com a seleção mais adequada de materiais poderá traduzir-se, nas vidreiras, na criação de garrafas mais leves com a mesma resistência das mais pesadas, e uma boa construção dos moldes poderá significar um desempenho mais eficiente na produção de garrafas”.

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/ / Ricardo Ferreira (Intermolde)

É desta forma, explica, que a Intermolde se posiciona no mercado, considerando que o mesmo acontece com a indústria de moldes para plástico. “Estando perfeitamente integrada no desenvolvimento de produto, a nossa indústria teve sempre este aspeto da eficiência em consideração”, defende, salientando que “neste sentido, a temática da sustentabilidade abre excelentes oportunidades à indústria nacional comparativamente, por exemplo, aos seus concorrentes asiáticos”.

Um exemplo que aponta é o investimento em painéis fotovoltaicos. Mas também os investimentos na valorização de resíduos gerados na produção (limalhas, sucatas, fluidos de corte, etc.), a otimização económica e a rastreabilidade dos resíduos até o final da linha, são outras opções que refere como importantes. “Em 2013, quando se mudou para a zona industrial, a Intermolde montou um sistema de filtragem e oxigenação de fluidos de corte que permite aumentar a sua utilização em corte, diminuindo assim a quantidade anual deste tipo de resíduo”, conta, acrescentando que o mesmo se passa com o sistema de reutilização de água, evitando o desperdício. E é perentório em considerar que “a sustentabilidade abre oportunidades”, adiantando que são inúmeros os exemplos disso mesmo, no seio industrial.

VIPEX: “A SUSTENTABILIDADE RESULTA DE UMA ESTRATÉGIA DEVIDAMENTE DEFINIDA PELA EMPRESA”

Olhar para todas as questões que, indireta ou diretamente, influenciam o negócio. E, periodicamente, pensar, refletir e definir rumos para o futuro. Para Jorge Santos, da Vipex, a sustentabilidade é o resultado de uma estratégia devidamente definida pela empresa.

Aponta a Vipex como exemplo, explicando que a empresa obedece a sete pilares essenciais como forma de assegurar a sustentabilidade: Visão, Orientação para o Mercado, Processos Integrados e Sistematizados, Pessoas, Respeito e Envolvimento, Redução da Pegada Ambiental, e Digitalização/Advanced Manufacturing

Foi em 2008 que a Vipex realizou a sua primeira reflexão alargada, que analisou pormenorizadamente todos os aspetos da empresa, incluindo o modelo de negócio e as perspetivas de futuro. “É

extremamente importante que façamos este exercício de colocar tudo em causa: o negócio, os clientes, os mercados e, para além disso, ver os fatores críticos de sucesso, avaliar e agir a partir dessa reflexão”, explica.

A experiência foi de tal forma positiva que passou a ser repetida a cada cinco anos. E desta forma, garante, a estratégia está sempre atualizada e alinhada com as orientações, sejam económicas ou outras, e as tendências dos mercados. Destas reuniões magnas, explica, há duas questões que se têm mantido no topo das preocupações. A primeira, diz respeito às pessoas, ao ambiente de trabalho, às perspetivas de evolução nas carreiras, à integração plena na empresa. “A visão da empresa está definida, mas, no essencial, se cuidarmos bem das nossas pessoas, elas tratam bem do nosso negócio e dos clientes”, sustenta. A segunda questão prende-se com o ambiente: a aposta de substituição dos plásticos por um único produto, amigo do ambiente.

Jorge Santos enfatiza que a sustentabilidade de uma empresa é o conjunto de todos os fatores, colocados em perfeita harmonia. Tudo começa pela visão. É ela que permite definir a empresa, o seu rumo, a sua reputação, a tecnologia que adota, os seus mercados, os seus produtos, o seu posicionamento face aos clientes. Esta tem de estar perfeitamente definida e deve ser clara para toda a estrutura. Depois, num momento seguinte, é decisivo que a empresa tenha uma orientação para o mercado. Conhecer os clientes, saber quais os seus desejos, as suas preocupações. Para isso, defende, é preciso uma enorme aposta na comunicação.

E parte da comunicação reside na integração e sistematização dos processos. Algo que as empresas têm de ter presente e definido como aposta. Desde os processos da gestão, aos operacionais e de suporte, até aos requisitos e satisfação dos clientes. Tudo tem de estar ligado e sistematizado.

GERAR VALOR

Para que tudo isto se articule, o papel das pessoas é fulcral, defende. Por isso, as empresas “devem apostar nas suas pessoas”. É importante que “lhes seja dada autonomia, que sejam valorizadas, que se promova o trabalho em equipa, mas também que haja flexibilidade”, afirma.

Além destas primeiras questões que constituem a o cerne da atividade, a empresa tem de ir mais além. Tem de olhar em volta, conhecer o local onde está implantada e integrar-se nele. Ou seja, tem de respeitar e envolver-se, numa lógica de responsabilidade social e de contribuição para a comunidade. Parte desta integração está, precisamente, no ponto que Jorge Santos define de seguida: a redução da pegada ambiental.

Esta é, admite, “uma das questões que os clientes mais valorizam neste momento”. E, salienta, as empresas têm de estar dispostas a responder a esses desafios. “Temos de ser verdadeiros com aquilo que fazemos a esse respeito, não estamos dispostos para fazer uma coisa e dizer outra. E a Vipex está determinada e a dar passos concretos na redução da sua pegada”, adianta, explicando que um desses passos é a aposta na redução do desperdício.

“Redução da pegada ambiental não é incompatível com a redução dos custos, nem com os resultados da empresa”, assegura, contando que, desde há bastante tempo, a empresa é certificada pelos seus procedimentos a nível ambiental.

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/ / Jorge Santos (Vipex)

Num sétimo e último ponto, destaca a Digitalização e o Advanced Manufacturing. Explica que o futuro tem de estar sempre presente numa reflexão sobre a empresa e, por isso, estas questões têm de ser ponderadas. “Nada vai substituir as pessoas. Mas começamos a ter e teremos cada vez mais processos digitais para ajudar as pessoas”, considera. Para além de facilitar o trabalho, estas ferramentas digitais possibilitam uma outra questão, fundamental para o sucesso dos negócios: a eliminação do erro. “Com a digitalização ganhamos rigor e, com isso, melhoramos a produtividade e geramos valor”, salienta.

Com este conjunto de medidas em funcionamento, a empresa ganha sustentabilidade, no seu sentido mais lato. Mas, por vezes, o cliente nem sempre está disposto a valorizar estas questões.

“É verdade que, em muitos casos, os produtos, os materiais mais sustentáveis são mais caros e os clientes não estão dispostos a pagar mais por isso”, explica, considerando que as empresas têm de ter, também, um papel muitas vezes pedagógico. “Temos de fazer as contas com eles, mostrar o que ganham com a adoção de práticas mais sustentáveis”, considera, sublinhando que, muitas vezes, “é preciso fazer diferente, começar desde o primeiro momento a trabalhar com o cliente e, logo no design, fazer diferente”. Mas não só. “Temos também de tentar incutir este espírito nos fornecedores para que tenham soluções diferentes, lançar-lhes desafios”, considera

Em todo este processo, sustenta, é muito relevante o trabalho com as escolas e a investigação. “Temos de trabalhar, cada vez mais, em conjunto. Até porque a perceção que temos é que, muitas vezes, o conhecimento gerado pelos projetos de investigação não está a chegar ao mercado. E isso não pode ser, até porque o mercado carece muito desse conhecimento”, defende.

DRT: “SÓ

SUSTENTABILIDADE

VERTENTES ECONÓMICA, SOCIAL E AMBIENTAL ESTÃO EM EQUILÍBRIO”

Equilíbrio. Esta é, no entender de Sónia Calado, do grupo DRT, a palavra-chave para resumir a sustentabilidade numa empresa. “As empresas têm de ter sustentabilidade económica, mas também a componente de cariz social e as preocupações ambientais”, explica, considerando que, se uma delas estiver em desequilíbrio, isso faz com que todas as outras o estejam também.

Exemplifica com a questão económica, salientando que, se uma empresa está num contexto económico desfavorável, o mais natural é que os seus responsáveis centrem as suas preocupações na resolução dessa questão. As outras não perdem, nem podem perder, importância, defende. No entanto, deixam de pesar da mesma forma nas prioridades do decisor.

“É o equilíbrio que faz sentido e dá sustentabilidade à empresa”, reforça.

Para Sónia Calado, uma das prioridades que está sempre presente e que considera o elo mais importante desta cadeia de equilíbrio, são as pessoas. “A verdade é que as empresas não são nada sem as suas pessoas. E sabemos que, atualmente, esta é uma indústria intensiva em conhecimento, em que os recursos humanos são escassos e é preciso conseguir cativá-los e retê-los”, explica.

Exemplificando com o caso do grupo DRT, conta que a retenção de pessoas tem sido, desde sempre, “uma prioridade presente”. Por isso, a empresa aposta na criação de um ambiente onde o bem-

estar é preponderante. “Não somos empresas ‘iô-iôs’, atirando mão-de-obra fora e indo buscar outra. As pessoas não podem ser olhadas como descartáveis. Temos de as fazer sentir a importância que têm”, afirma. Para isso, o grupo tem implementados alguns benefícios, como a aposta na confeção de refeições a preço muito simbólico, não apenas para os trabalhadores, mas também para as suas famílias. “O objetivo é ter um contexto familiar alargado na empresa”, explica.

Uma outra preocupação é “tentar procurar e ajustar as pessoas nas áreas onde se sentem bem, em lugar de as dispensar. As que vão tendo mais dificuldade em integrar-se nesta ou naquela secção, procuramos encontrar outro local e encaixá-las”, conta ainda. A sua forma de agir e integração levou já a que, por três vezes (três anos seguidos), o grupo DRT fosse distinguido com o troféu ‘Empresa Inclusiva’.

Criado pelo Conselho Municipal para a Inclusão das Pessoas com Deficiência do município de Leiria, este galardão reconhece e valoriza as entidades que integram pessoas com deficiência e incapacidade nos seus quadros, quer através da celebração de contratos de trabalho, quer por via de estágios profissionais ou curriculares.

Sónia Calado explica que a questão das pessoas, que deve ser a principal aposta das empresas, torna-se uma preocupação quando uma segunda questão – a estabilidade económica – é posta em causa.

INDEFINIÇÃO

“No atual contexto, depois de uma pandemia, de um arrefecimento da indústria automóvel e perante uma guerra na Europa, é natural que as empresas sintam grande instabilidade e que tenham como prioridade a sobrevivência. Há muitas empresas que estão a lutar para conseguir manter-se”, considera.

Apesar de a atividade dar sinais de aceleração já este ano, Sónia Calado lembra que, no essencial, as empresas estão a viver um período de grandes incertezas e marcado por indefinições. “É muito difícil gerir porque não conseguimos prever o que vai acontecer, seja a breve trecho, seja no futuro”, considera. Para que se assegurasse o equilíbrio que as empresas necessitam, defende que deveria existir “um apoio específico e efetivo, de forma a conseguirem a estabilidade necessária para melhor concretizar os negócios e poder desenvolver as duas outras vertentes (social e ambiental)”.

“O nosso sector é de investimento intensivo. Temos de estar sempre na vanguarda da tecnologia, e, por isso, a nossa indústria tem um

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QUANDO AS
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/ / Sónia Calado (DRT)

forte recurso à banca. Enquanto não for encontrada uma forma de apoio eficaz, será sempre complicado para as empresas”, considera. E, acrescenta, a situação é transversal a praticamente todos os mercados, afetando a maioria das empresas, entre as quais, as que são clientes do sector de moldes nacional. “Os clientes querem pagar mais tarde porque também não têm estabilidade financeira e há, até, grandes empresas que estão na iminência da insolvência”, explica. Neste contexto, considera que perante uma situação destas, é muito complicado que as empresas consigam manter a sustentabilidade. Face a este contexto seria espectável a disponibilização de um seguro de crédito com garantia de estado que permitisse às empresas beneficiarem de cobertura em operações de exportação para clientes incluindo os clientes europeus.

A terceira questão, o ambiente, está, no entender de Sónia Calado, estreitamente ligada com as outras duas. “Por um lado, essa é uma questão que está na ordem do dia e nas preocupações de todos. Em teoria, os clientes mostram preocupação por ela. No entanto, na prática, nem sempre isso acontece porque acabam por definir materiais e na adjudicação do molde o principal fator que conta é o custo”, explica.

Apesar disso, e desde há bastante tempo que a empresa procura manter métodos e processos ‘amigos do ambiente’. Desde logo, a redução de desperdícios resultantes da produção. “Não somos uma indústria muito poluente”, sublinha, adiantando que outras

medidas que têm em curso prendem-se com a reciclagem de todos os materiais, a otimização do processo produtivo de forma a ganhar qualidade e competitividade e eliminar erros, e até a reutilização da água, de forma a poupar.

O grupo vai mudar brevemente algumas empresas para novas instalações, na Zona Industrial de Leiria (Zicofa), para um edifício construído de raiz, no qual estão preparadas com um conjunto de medidas para evitar desperdícios. A climatização é uma dessas questões, aponta. Por exemplo, “a DRT Micro, uma das empresas do grupo – que fabrica moldes de grande precisão - vai ficar instalada na cave do edifício, mas a construção foi pensada para ter a temperatura muito controlada e com o mínimo recurso a climatização”. “São pequenas medidas que, no seu conjunto, vão fazendo a diferença”, explica, considerado que “a aposta no ambiente tem de ser vista dessa forma”.

Para Sónia Calado, muitas outras medidas poderiam ser tomadas pela indústria, de uma maneira geral. No entanto, salienta, “para implementar todos os procedimentos possíveis para ser uma empresa mais sustentável e ecológica, os custos são muito elevados. E o custo/benefício não é compensatório”. Por isso, explica, “muitas empresas vão alterando e introduzindo procedimentos de forma faseada, à medida das suas possibilidades e procurando, no dia a dia, fazer o melhor possível”.

HIGHLIGHT //
REVISTA MOLDE CEFAMOL 47

INOVAÇÃO

O QUE AS EMPRESAS CONCEBEM DE FORMA SINGULAR E INOVADORA WHAT OUR COMPANIES CONCIEVE IN A SINGULAR AND INNOVATIVE WAY

SUBPRODUTOS: O CAMINHO PARA A PREVENÇÃO DE RESÍDUOS

EMBALAGEM DE ELEVADO DESEMPENHO PARA FRUTOS PERECÍVEIS

UM CONTRIBUTO PARA A PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL DE PEÇAS METÁLICAS

HYBRIDPLÁS - DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO COM CÉLULA

PRODUTIVA AUTOMATIZADA PARA PEÇAS HÍBRIDAS

N 135 OUTUBRO 2022

SUBPRODUTOS: O CAMINHO PARA A PREVENÇÃO DE RESÍDUOS

1. ENQUADRAMENTO

As atividades industriais têm um papel fundamental na sociedade moderna, produzindo bens, serviços e materiais que fomentam o crescimento económico e contribuem para melhores condições de vida. No entanto, também tem sido reconhecido que as atividades industriais causam diversos impactos negativos tanto no ambiente como na saúde das pessoas. Um dos impactos negativos da indústria tem sido a produção de resíduos. De acordo com o Plano Nacional de Gestão de Resíduos 1, a quantidade de resíduos não urbanos (onde se incluem os resíduos industriais) produzidos em Portugal foi de 11,4 Mt, em 2019.

Com a preocupação de tornar o crescimento mais sustentável procuraram-se novos paradigmas para a gestão dos recursos naturais escassos, como o da economia circular. Neste paradigma, o uso eficiente dos recursos e a reutilização dos materiais é maximizada,

prevenindo-se toda a perda de recursos como resíduos (i.e., materiais sem valor de mercado). A importância de manter os recursos na economia com valor económico é a chave para reduzir a extração contínua dos recursos naturais e evitar a produção de resíduos. Por conseguinte, a economia circular é capaz de potenciar uma profunda transformação no funcionamento da economia, repensando o modo como a indústria cria valor.

As possíveis estratégias para manter o valor de mercado dos materiais, após terem sido utilizados, passam pelo estabelecimento de simbioses industriais (em que sinergias inter-industriais de materiais, água e energia permitem melhorar o desempenho ambiental das empresas envolvidas) e pela desclassificação de resíduos como subprodutos. Este artigo foca-se na estratégia de desclassificação de resíduos como subprodutos e na sua aplicabilidade às empresas.

REVISTA MOLDE CEFAMOL INNOVATION //
* CENTIMFE 49
Ana Pires *; Sandra Carreira *

2. SUBPRODUTOS E RESÍDUOS - QUAL É A DIFERENÇA?

O Regime Geral da Gestão de Resíduos (RGGR), estabelecido no Decreto-Lei n.º 102-D/2020, de 10 de dezembro, alterado pela Lei n.º 52/2021, define resíduos como quaisquer substâncias ou objetos de que o detentor se desfaz ou tem a intenção ou a obrigação de se desfazer. No entanto, de acordo com a legislação em vigor, os materiais produzidos por uma empresa podem deixar de ser considerados como resíduos ao abrigo dos mecanismos de desclassificação de resíduos. Estes mecanismos permitem que os materiais resultantes de uma atividade económica, ao cumprirem com determinadas condições, possam ser utilizados como produtos, deixando de ser aplicável a legislação existente associada à gestão de resíduos.

O conceito de subproduto encontra-se regulado no artigo 91.º do RGGR, estando a sua definição esquemática na Fig. 1. São considerados subprodutos quaisquer substâncias ou objetos

resultantes de um processo produtivo cujo principal objetivo não seja a sua produção (resíduo de produção), quando verificadas, cumulativamente, as seguintes condições:

1. Existir a certeza de posterior utilização lícita da substância ou objeto;

2. Ser possível utilizar diretamente a substância ou objeto, sem qualquer outro processamento que não seja o da prática industrial normal;

3. A produção da substância ou objeto ser parte integrante de um processo produtivo; e

4. A substância ou objeto cumprir os requisitos relevantes como produto em matéria ambiental e de proteção da saúde e não acarretar impactos globalmente adversos do ponto de vista ambiental ou da saúde humana, face à posterior utilização específica.

// INOVAÇÃO
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/ / Fig. 1. Definição esquemática de subproduto 2

Sempre que as condições mencionadas se verifiquem, encontramse reunidas as condições para a desclassificação dos resíduos. Na Tabela 1 encontram-se os passos a serem dados no processo de declaração de subproduto.

3. O MEU RESÍDUO DE PRODUÇÃO PODE SER UM SUBPRODUTO?

No cluster Engineering & Tooling existe uma grande quantidade de resíduos que são eliminados ao invés de serem valorizados e reciclados, com retorno financeiro. A título de exemplo: do processo de injeção de plásticos resultam resíduos de plásticos (peças defeituosas, purgas, gitos) que facilmente são desclassificados e poderão ser declarados como subprodutos, agregando valor significativo para indústrias do cluster com produtos de gama inferior ou “menos nobre”. Ao serem utilizados os subprodutos como matéria-prima para outras indústrias e processos, é possível obter ganhos para a empresa e para o ambiente. Para o ambiente, a utilização de subprodutos previne o consumo de matéria-prima virgem e evita a eliminação de resíduos em aterro ou valorização energética (perdendo-se o recurso material). Para as empresas, desclassificar os resíduos como subprodutos permite obter um retorno financeiro de um material que, à partida, teria um custo para a empresa.

4. QUAIS AS VANTAGENS DE OBTER A DECLARAÇÃO DE RESÍDUOS DE PRODUÇÃO COMO SUBPRODUTO?

Ao ter um resíduo declarado como subproduto, este deixa de estar abrangido pela legislação de resíduos, não sendo necessárias as E-GAR (Guias Eletrónicas de Acompanhamento de Resíduos) para o seu transporte. Para quem utiliza o subproduto, tem a vantagem de poder diminuir a pegada ambiental do produto fabricado (utilizar um resíduo como matéria-prima tem um impacto ambiental muito reduzido), podendo criar um produto diferenciador para o mercado. Novas áreas de negócio poderão surgir, pois ao explorar o potencial dos resíduos de produção do seu processo, a empresa estará a analisar novas áreas de negócio, potenciando a criação de receitas que anteriormente eram um custo.

1 - https://participa.pt/contents/consultationdocument/PNGR%202030.pdf

2 - https://apambiente.pt/residuos/subprodutos (adaptação).

3 - Podem emitir declarações de validação os laboratórios colaborativos acreditado pela FCT, I.P. ou centros tecnológicos: (https://apambiente.pt/sites/ default/files/_Residuos/Producao_Gestão_Residuos/ListaLaboratorios_ CentrosInterface.pdf)

INNOVATION //
/ / Tabela 1. Processo de obtenção da declaração de subproduto. / / Fig. 2. Possível destino de resíduos de produção declarados como subprodutos no cluster Engineering&Tooling.

EMBALAGEM DE ELEVADO DESEMPENHO PARA FRUTOS PERECÍVEIS

| Instituto de Polímeros e Compósitos, DEP | Departamento de Engenharia de Polímeros, Escola de Engenharia, Universidade do Minho, 3 - ITJ | Internacional Moldes, 4 - CENTIMFE | Centro Tecnológico da Indústria de Moldes Ferramentas Especiais e Plásticos

O Pack2Life é um projeto de I&DT em copromoção que envolve um consórcio de oito entidades, das quais quatro empresas – ITJ, RTJ, Quinta de Lamaçais e Cerfundão, e quatro entidades não empresariais do SI&I – CENTIMFE, Universidade do Minho, Universidade da Beira Interior e CATAA, que integram os clusters Engineering & Tooling e Inovcluster. O projeto teve início em setembro de 2018 e terminou no final de agosto de 2022.

ENQUADRAMENTO

O Pack2Life surge da necessidade de o mercado fornecer uma embalagem que permita estender a vida útil dos produtos acondicionados, face ao problema da perecibilidade dos frutos das prunóideas, e garantir a segurança alimentar através da rastreabilidade dos produtos ao longo da cadeia de frio.

Após a colheita, os frutos estão sujeitos a processos de respiração, transpiração e formação do etileno, que individual ou cumulativamente proporcionam amadurecimento rápido, diminuição das propriedades organoléticas e redução da qualidade, com principal destaque para as características nutricionais e diminuição do tempo de comercialização. Adicionalmente, sendo a cereja e o pêssego frutas de estação (primavera-verão), muito sensíveis e perecíveis, o seu tempo de comercialização é bastante curto sob pena de deterioração acentuada. A extensão da vida útil dos frutos na póscolheita é conseguida em grande parte pela utilização de refrigeração e pela adequada acomodação na embalagem.

É assim desenvolvida uma nova embalagem reutilizável, com um sistema de monitorização contínua integrado, que se adapta a diferentes condições de utilização (armazenamento e transporte), e que potencia o comércio sustentável de frutos no seu expoente máximo de qualidade.

Esta embalagem primária do tipo “vaivém” (sistema pooling) percorre toda a cadeia de abastecimento até ao comercializador final, onde é colocada em exposição para venda da fruta. Pode ser utilizada para transporte e comercialização da fruta em alvéolos (ex.: pêssego) ou para acomodar embalagens secundárias (ex.: cuvetes de cereja).

As especificações técnicas e funcionalidades requeridas para a nova embalagem foram definidas juntamente com as organizações e associações de fruticultores e dos utilizadores finais. A análise técnicofuncional realizada a modelos de embalagem existentes e a recursos de carácter inovador passíveis de serem integrados num novo conceito, permitiu dirigir paralelamente a investigação da conceção da embalagem em quatro vertentes distintas, mas complementares, com o intuito de garantir as funcionalidades desejadas, tendo em

consideração a geometria, material e usabilidade e processo de fabrico.

Uma destas linhas de investigação visou a conceção da embalagem, sendo inicialmente avaliados os diferentes tipos de materiais [1,2], e em particular, aqueles amigos do ambiente, que pudessem ser utilizados na fabricação e utilização da embalagem. Foram requeridas análises numéricas e experimentais para o design estrutural que garantisse a robustez mecânica exigida, as tarefas de montagem/desmontagem (rebater e fixar as paredes) fazendo uso de dobradiças integrais, pela definição do tipo de encaixe por engate rápido, assim como o transporte facilitado (pegar e transportar) da embalagem. Após diferentes análises, a matéria-prima definida para a embalagem foi o PP Moplen EP240P, tendo esta iterativamente convergido para o design apresentado nas Figura 1.

Estudaram-se também vários conceitos de tampa para a embalagem, com diferentes geometrias e configurações, tendo-se convergido para o protótipo exposto na Figura 2. Num primeiro momento, o consórcio procurou definir os requisitos e as especificações da tampa, como parte integrante da embalagem. Seguiu-se o desenvolvimento de diferentes conceitos de tampa, com enfoque na sua usabilidade (interação produto-utilizador) e funcionalidade (características técnicas e propriedades mecânicas), considerandose que a otimização da geometria contribuirá para uma melhor conservação da fruta no interior da embalagem. Foi também tida em consideração a logística de todo o processo, desde a montagem da embalagem até ao seu transporte e distribuição.

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Pedro Dinis Gaspar 1, Pedro D. Silva 1, Rita Gonçalves 2, Álvaro M. Sampaio 2, António J. Pontes 2, Nânci Alves 3, Diana Duarte 3 , António Baptista 4, João Caseiro 4 1 - UBI | Departamento de Engenharia Eletromecânica - Universidade da Beira Interior, 2 - IPC / / Fig. 1. Protótipo da embalagem.
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/ / Fig. 2. Modelo de tampa.

Por outro lado, a investigação sobre as várias possibilidades de conceção de ferramentas moldantes, como soluções para a conceção dos encaixes, das dobras e espessuras da embalagem, da tampa e do alvéolo, tendo em consideração as exigências relativas

à conceção da embalagem, foram conduzidas tendo-se chegado a uma estrutura com 7 pontos de injeção da embalagem. Foram realizadas simulações computacionais, nomeadamente, estudos de escoamento do material durante a fase de enchimento do molde, de acordo com o exposto na Figura 3.

Adicionalmente, foi desenvolvida uma linha de investigação destinada à avaliação do escoamento do ar e da transferência de calor no interior da embalagem, com o intuito de proporcionar um protótipo capaz de assegurar durante um período mais longo a manutenção de uma temperatura de conservação mais baixa e mais uniforme, com impacto positivo no tempo de prateleira dos produtos que alberga, assim como a sua qualidade. Para tal, esta abordagem seguiu duas vias, uma numérica, pelo desenvolvimento de modelos tridimensionais e em regime estacionário e transiente de Dinâmica de Fluidos Computacional (Computational Fluid Dynamics - CFD) para prever o escoamento do ar e a transferência de calor no interior da embalagem [3-]. Os modelos 3D desenvolveram-se a partir da elaboração de um modelo CAD da embalagem conforme exposto na Figura 4. O design da embalagem, com diferentes configurações

INNOVATION //
/ / Fig. 3. Resultados das simulações computacionais: estudos de escoamento do material durante a fase de enchimento do molde.
REVISTA MOLDE CEFAMOL 53
/ / Fig. 4. Modelo CAD 3D da embalagem.

(dimensão e localização da perfuração), conforme exposto na Figura 5 de paredes, foi submetido a diversos testes numéricos. Um exemplo das previsões numéricas do perfil de temperatura e do escoamento do ar no interior da embalagem é apresentado na Figura 6.

As configurações com melhor desempenho foram testadas experimentalmente [9]. O estudo experimental das condições de armazenamento e conservação prestadas pela embalagem consistiu no ensaio, em câmara climática – capaz de simular quer as condições interiores das câmaras de refrigeração quer o ambiente exterior em loja –, das três tipologias de embalagem com melhor desempenho de modo a aferir a que apresenta melhor comportamento térmico. Foi selecionada a embalagem que apresentou desempenho térmico superior quer durante o processo de arrefecimento, quer durante o processo de aquecimento.

Sendo a embalagem de vaivém, optou-se por uma estratégia inovadora que consiste em considerar o alvéolo que aloja os produtos também de vaivém. Esta abordagem apresenta benefícios ambientais, pois os alvéolos são descartáveis, sejam de papel ou de plástico, sendo que os primeiros têm de ser reciclados e os segundos acarretam um impacto ambiental. Além disso, o desempenho da embalagem é potenciado pela aplicação de material de mudança de fase (PCM – Phase Change Material) no interior do novo alvéolo reutilizável, o que permite reduzir as oscilações de temperatura de conservação e atrasar o aumento da temperatura dos frutos quando a embalagem sai da câmara de frio e é colocada à temperatura ambiente. Estes alvéolos são realizados pela técnica de termoformação ao invés de serem injetados. Na Figura 7 são apresentados os alvéolos para pêssego e para a cuvetes de cereja.

Posteriormente, foi desenvolvido um modelo de CFD tridimensional transiente que considera a câmara de refrigeração com embalagens (modelo final) de fruta e com os alvéolos incorporando materiais de mudança de fase. Tal como anteriormente, o modelo destinouse à previsão do escoamento de ar e à transferência de calor por convecção e condução dentro dos frutos, bem como a mudança de fase do PCM contido no alvéolo. O objetivo do modelo residiu na análise do desempenho térmico, quer seja durante o período de arrefecimento das frutas (quando entram na câmara de refrigeração vindas do campo – calor de campo), quer seja durante o período em que a embalagem é exposta às condições ambientais, fora da câmara de arrefecimento (período de aquecimento – ambiente em loja). Foram testados PCM com diferentes temperaturas de fusão (2ºC, 5ºC e 8ºC), e em diferentes quantidades. Adicionalmente, estes resultados foram validados experimentalmente conforme exposto na Figura 8.

A informação recolhida experimentalmente permite concluir que o PCM com temperatura de fusão de 5ºC é o que apresenta um melhor comportamento global. No processo de arrefecimento consegue atingir a temperatura de set-point em todas as camadas de embalagens de uma forma mais célere e com temperaturas mais baixas, conseguindo-se assim estabilizar a temperatura da câmara de refrigeração mais cedo e, consequentemente, com economia de energia elétrica. Durante o aquecimento, consegue manter por mais tempo e em grande parte dos sensores uma temperatura ideal para a conservação da fruta, tendo-se conseguindo manter uma temperatura de aproximadamente 10ºC de uma forma mais consistente passadas cerca de 7 horas, conforme exposto na Figura 9.

Uma outra vertente de investigação residiu no desenvolvimento de um sistema de rastreabilidade em tempo real [10] conforme exposto na Figura 10. A monitorização contínua permite a rastreabilidade da segurança e da qualidade alimentar, potenciando o comércio

// INOVAÇÃO
/ / Fig. 5. Modelo CAD das configurações das perfurações da embalagem. / / Fig. 6. Previsões numéricas do perfil de temperatura e do escoamento do ar na embalagem. / / Fig. 7. Modelo CAD dos alvéolos.
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/ / Fig. 8. Testes experimentais das embalagens com alvéolos com PCM.

/

sustentável de frutos no seu expoente máximo de qualidade. Esta abordagem apresenta benefícios na rendabilidade das empresas, pela redução do desperdício alimentar, já que a monitorização contínua permite a tomada de decisão atempada em termos de logística e de momento e local de colocação/retirada de venda dos produtos. O dispositivo de monitorização de temperatura é acoplado na embalagem, ao invés de o embeber, devido a questões de logística, custo da embalagem e ao facto de ser uma mais-valia no que concerne à sua reciclagem.

(a) Página de entrada.

(b) Página de autenticação.

Foi também desenvolvido um software de acompanhamento da rastreabilidade dos produtos, iTrack, com as funcionalidades ilustradas na Figura 11.

Em conclusão, a nova embalagem incorpora vários conceitos com diferentes sistemas de ventilação e mecanismos para a otimização da circulação do ar, através de diferentes configurações geométricas, procurando equilibrar a resistência estrutural da embalagem com uma refrigeração mais eficaz. Incorpora também alvéolos com inclusão de materiais de mudança de fase para optimizar os processos de arrefecimento e de aquecimento, e permite o seu rastreamento através de um dispositivo de monitorização de fácil acoplamento.

(c) Página de acompanhamento: (1) Detalhes do transporte e entregas; (2) Localização GPS das transmissões; (3) Leituras dos sensores (gráfico); (4) documento de Transporte

/ / Fig. 11. Software de acompanhamento da monitorização: Plataforma iTrack.

[1] Madham, S.K., Leitão, F., Silva, P.D., Gaspar, P.D., Alves, N. (2021). Experimental tests of the thermal behaviour of new sustainable bio-packaging food boxes. Procedia Environmental Science, Engineering and Management, 8(1), 215-223. (ISSN: 2392-9537)

[2] Madhan, S.K., Leitão, F., Gaspar, P.D., Silva. P.D. Experimental tests of the thermal behaviour of new sustainable bio-packaging food boxes. II Environmental Innovations - Advances in Engineering, Technology and Management, 2125 September 2020. Procedia Environmental Science, Engineering and Management.

[3] Ilangovan, A., Gaspar, P.D., Silva, P.D. (2020). Airflow and thermal behavior within Peachs packaging box using Computational Fluid Dynamics – A preliminary study. KnE Engineering, 5(6), 222–231. https://doi.org/10.18502/keg. v5i6.7036 (http://hdl.handle.net/10400.6/10344)

[5] Ilangovan, A., Gaspar, P.D., Silva, P.D. A parametric study and performance evaluation of the different vent hole configuration for fruit storage packaging box using Computational Fluid Dynamics. 6th IIR Conference on Sustainability and the Cold Chain. Nantes, France, August 26-28, 2020.

[6] Ilangovan, A., Gaspar, P.D., Silva, P.D., Gonçalves, A.R., Sampaio, A.M., Pontes, A.J., Alves, N. (2020). CFD parametric study of thermal performance of different fruit packaging box designs. AIP Conference Proceedings, 15th International Symposium on Numerical Analysis of Fluid Flows, Heat and Mass TransferNumerical Fluids 2020 (ICNAAM 2020), Rhodes, Greece, 17-23 September, 2020. (Digital)

[7] Ilangovan, A., Gaspar, P.D., Silva, P.D., Parente, P. (2020). A parametric study and performance evaluation of the different vent hole configuration for fruit packaging using Computational Fluid Dynamics. 6th IIR International Conference on Sustainability and the Cold Chain (ICCC 2020). Nantes, France, August, 2628, 2020, 346-353. (Digital) (ISBN: 978-2-36215-036-47)

[8] Ilangovan, A., Curto, J., Gaspar, P.D., Silva, P.D., Alves, N. (2021). CFD modelling of the thermal performance of fruit packaging boxes – Influence of vent-holes design. Biosystems Engineering 2021, Tartu, Estonia, May 5-7, 2021.

[9] Leitão, F., Silva, P.D., Gaspar, P.D., Pires, L.C., Duarte, D. (2021). Experimental study of different fruit packaging box designs. Energies 14(12), 3588. (DOI: 10.3390/en14123588)

[10] Morais, D., Aguiar, M.L., Gaspar, P.D., Silva, P.D., Alves, N. (2021). Development of a monitoring device of fruit products along the cold chain. Procedia Environmental Science, Engineering and Management, 8(1), 195-204. (ISSN: 2392-9537)

Este texto foi realizado no âmbito das atividades de disseminação do projeto PACK2LIFE | High Performance Packaging, Projeto IDT em copromoção Nº 33792.

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/ Fig. 9. Comparação da evolução da temperatura nos simuladores de produto nas embalagens com alvéolos com PCM. / / Fig. 10. Sistema de monitorização e rastreabilidade em tempo real.
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UM CONTRIBUTO PARA A PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL DE PEÇAS METÁLICAS

O projeto ARISEN (Innovation in Lubrication for Sustainable Manufacturing) é um projeto internacional desenvolvido com o apoio da iniciativa SMART EUREKA, no qual participam parceiros da Turquia e de Portugal. Este projeto decorre durante 36 meses e tem como objetivo o desenvolvimento de um novo óleo de corte para os processos de corte por arranque de apara de ligas de titânio e ligas de alumínio, com uso de uma quantidade mínima de lubrificante (MQL).

O consórcio do projeto ARISEN é constituído por três parceiros, designadamente uma empresa turca, a BELGIN OIL, que será responsável pelo desenvolvimento do óleo de corte biodegradável, a empresa portuguesa TOOLPRESSE e o CENTIMFE (Centro Tecnológico da Indústria de Moldes Ferramentas Especiais e Plásticos), que participam neste projeto assumindo o papel de especificadores das condições de uso e de realização dos testes nas diferentes condições laboratoriais e industriais.

O consórcio pretende assegurar uma produção sustentável, pelo uso de um novo óleo de corte biodegradável que tem por base os lubrificantes livres de óleo mineral e ecologicamente corretos. Por outro lado, o consórcio irá investigar o uso mais eficiente do fluido no processo de corte por arranque de apara de onde também resultará o uso de menores quantidades de lubrificante.

O projeto está alinhado com os desafios observados nos sectores automóvel, aeronáutico e médico onde o uso de ligas leves aumentou de forma significativa, o que promoveu o interesse na investigação e no desenvolvimento de técnicas e tecnologias de produção mais económicas e ecologicamente corretas no processamento dessas ligas.

A maquinabilidade do titânio e das suas ligas é geralmente reduzida devido a várias propriedades inerentes a esses materiais. O titânio é muito reativo quimicamente e, portanto, tem tendência a aderir à ferramenta de corte, levando ao desgaste, quebra ou falha prematura da ferramenta. A sua baixa condutividade térmica aumenta a temperatura na interface ferramenta/peça, o que afeta negativamente a vida útil da ferramenta. Além disso, a elevada resistência, que se observa mesmo a temperaturas elevadas, e o seu baixo módulo de elasticidade prejudicam a maquinabilidade.

As propriedades e a maquinabilidade do alumínio tornou-o como o metal de eleição para produção de peças de baixo peso. As suas propriedades facilitam a fresagem, furação e corte, enquanto as peças produzidas em alumínio podem ser resistentes, duráveis e esteticamente agradáveis. Apesar disso, o alumínio está longe de ser perfeito. A maquinabilidade do alumínio é contrabalançada por alguns problemas. O alumínio, ao ser um material dúctil, conduz ao estabelecimento de algumas condições específicas, destacando-se uma grande área de contacto apara-ferramenta e a alta relação de espessura da apara, o que contribui para aumentar as forças de corte, a potência de maquinagem e a geração de calor, que se traduzem muitas vezes na degradação das ferramentas e na reduzida qualidade de acabamento.

O uso de quantidades abundantes de fluidos de corte tem sido tradicionalmente a solução para superar os problemas de maquinabilidade das ligas leves [1]. Estima-se que os lubrificantes, refrigerantes e fluidos de corte (CFs) utilizados industrialmente representam cerca de 17 % dos custos totais de fabricação da peça final [2], enquanto os custos das ferramentas de corte representam apenas 4 % dos custos totais de usinagem [3]. O fator custo, juntamente com os riscos ambientais e de saúde associados ao uso desses fluidos de corte, são os principais motivos para tentar reduzir seu uso. Isto porque, os fluidos de corte geralmente usados no arrefecimento contêm elementos químicos prejudiciais ao meio ambiente.

Os processos de corte por arranque de apara podem ser realizados com fluidos de corte ou a seco, sendo que o uso de fluidos pretende lubrificar e reduzir o atrito na interface ferramenta/ apara de modo a reduzir as temperaturas aí verificadas. O fluido pode ser direcionado através de ponteiras injetoras na zona de corte ou pode ser lançado de modo a banhar toda a peça e ferramenta. São também conhecidas algumas aplicações de refrigeração criogénica, ainda que experimentais. A chamada maquinação a seco ocorre com a injeção de ar comprimido, ou sem aplicação de qualquer solução.

Naturalmente, do ponto de vista tecnológico, o objetivo de qualquer uma das técnicas é de contribuir para o aumento da produtividade, melhorar a taxa de remoção de material, aumentar a vida útil da ferramenta, e melhorar a integridade da superfície. Aos dias de hoje, com as preocupações de sustentabilidade, procuram-se soluções que promovam a redução da poluição, seja do ar ou da água.

O projeto ARISEN procura ultrapassar alguns problemas que são observados nos fluidos convencionais como a dissolução química a elevadas temperaturas, a contaminação da água e solos originados pelo descarte no final de vida, ao que acrescem problemas

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biológicos nos operadores derivados da inalação de vapores ou do contacto com a pele, bem como procura responder aos desafios de produtividade associados aos processos de corte por arranque de apara.

No âmbito do projeto estão em desenvolvimento novas formulações, suportadas numa estrutura química adequada, considerando os objetivos finais do projeto e atendendo à regulamentação em vigor, nomeadamente a regulamentação REACH.

As novas formulações serão testadas em ambiente laboratorial de modo a investigar a influência das propriedades do novo fluido nos processos de corte por arranque de apara de provetes em ligas de titânio e ligas de alumínio, de onde resultarão informações fundamentais para melhorar o produto. Em fase mais adiantada do projeto serão testadas em ambiente industrial as formulações finais do óleo.

Ao atingir os objetivos estabelecidos em candidatura o consórcio espera influenciar positivamente todo o setor de processamento de metais e contribuir para uma melhoria do desempenho ecológico da indústria metalomecânica, onde se inclui uma grande parcela das empresas do cluster Engineering & Tooling, numa ótica de fabricação mais verde e sustentável.

REFERÊNCIAS:

[1] Ali Osman K., Ózgür H., Seker U. Application of minimum quantity lubrication techniques in machining process of titanium alloy for sustainability: A review. Int. J. Adv. Manuf. Technol. 2019; 100:2311–2332. doi: 10.1007/s00170-018-28130. [CrossRef] [Google Scholar]

[2] Pervaiz S., Rashid A., Deiab I., Nicolescu C.M. An experimental investigation of effect of minimum quantity cooling lubrication (MQCL) in machining titanium alloy (Ti6Al4V) Int. J. Adv. Manuf. Technol. 2016; 87:1371–1386. doi: 10.1007/ s00170-016-8969-6. [CrossRef] [Google Scholar]

[3] Park K.H., Suhaimi M.A., Yang G.D., Lee D.Y., Lee S.W., Kwon P. Milling of titanium alloy with cryogenic cooling and minimum quantity lubrication (MQL) Int. J. Precis. Eng. Manuf. 2017; 18:5–14. doi: 10.1007/s12541-0170001-z. [CrossRef] [Google Scholar]

Este texto foi realizado no âmbito das atividades de disseminação do projeto ARISEN, projeto com o selo SMART EUREKA S0411.

INNOVATION //
REVISTA MOLDE CEFAMOL 57

HYBRIDPLÁS - DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO COM

CÉLULA PRODUTIVA AUTOMATIZADA PARA PEÇAS HÍBRIDAS

A indústria dos plásticos tem procurado, continuamente, desenvolver novas soluções tecnológicas com maior valor acrescentado, centradas na otimização de produtos e processos, em conjunto com a redução de peso e do número de componentes investindo, por esse motivo, em tecnologia inovadora, em rigorosos sistemas de controlo de qualidade, assim como da eliminação de etapas de fabrico.

A tecnologia de moldação por injeção híbrida apresenta-se como uma abordagem capaz de produzir produtos multi-componente, bastante complexos, numa única etapa e num produto unificado. Esta tecnologia tem sido cada vez mais usada em substituição da tecnologia convencional de injeção por moldação, para situações em que há necessidade de combinar, num só componente, diversos materiais com propriedades distintas, tornando o processo produtivo mais eficiente e fiável, diminuindo assim os custos industriais.

O projeto HYBRIDPLÁS, executado pelo consórcio entre o Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP), a Safiplás – Injecção de Plásticos Lda (Safiplás) e a Universidade do Minho (UMinho), é um projeto de I&DT financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do Programa Operacional PO Norte.

Este projeto está centrado em dois vetores de inovação: soluções para a sobremoldação de elementos metálicos para peças técnicas de dimensões reduzidas e com tolerâncias dimensionais da ordem de +/- 0,05mm, em grandes séries de produção; e de tecnologias convencionais/não-convencionais de sobre-moldação por injeção de elementos de vidro com plástico.

O projeto encontra-se na sua reta final e os resultados são animadores, uma vez que parte dos objetivos já foram atingidos, e

foi recentemente realizado o primeiro ensaio, em chão de fábrica, da célula produtiva automatizada, capaz de produzir componentes com insertos metálicos, com grande precisão e fiabilidade. Com este marco, foram obtidas as primeiras peças que serão agora testadas para assegurar que todos os requisitos de qualidade do produto estão de acordo com o as especificações.

Na célula produtiva automatizada, agora testada, todo o processo decorre sem a intervenção humana permitindo que a possibilidade de erros e de peças rejeitadas seja virtualmente eliminada, dado que o processo é interrompido caso algum passo da sequência não seja cumprido corretamente. Esta fiabilidade do processo origina enormes vantagens, possibilitando uma cadência produtiva mais elevada, a melhoria da qualidade das peças obtidas e também a diminuição de peças rejeitadas e consequentemente no desperdício de recursos, nomeadamente dos insertos metálicos, que têm um elevado custo, dada a exigência dimensional, dos mesmos.

Este é mais um caso de sucesso, em que a aliança do conhecimento existente nas universidades e centros de tecnologia e inovação, com a capacidade das entidades industriais, permitem dar mais um passo rumo a um futuro mais eficiente e tecnológico.

AGRADECIMENTOS

Realizado no âmbito do projeto 42954 – HYBRIDPLÁS, cofinanciado pelo Portugal 2020 e pelo FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, através do Programa Operacional Regional do Norte (NORTE 2020)

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António Pontes 1 , Miguel Figueiredo 2 , Ricardo Freitas 3 1 - Universidade do Minho; 2 - Safiplás; 3 - PIEP / / Fig. 1. Pormenor da célula produtiva automatizada.
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/ / Fig. 2. Célula em operação em chão de fábrica.

TECNOLOGIA

EQUIPAMENTOS . PROCESSOS . CONHECIMENTO EQUIPMENTS . PROCESSES . EXPERTISE

A GESTÃO DA QUALIDADE NA MAXIMIZAÇÃO DA EFICIÊNCIA E RENTABILIDADE

DAS EMPRESAS RUMO À INDÚSTRIA DE MOLDES 4.0

TODOS OS PORMENORES CONTAM

ELEMENTOS MÓVEIS, UM NOVO CONCEITO

O FLAGELO DAS BURLAS ATRAVÉS DA APP MBWAY

// TECNOLOGIA
N 135 OUTUBRO 2022 60

A GESTÃO DA QUALIDADE NA MAXIMIZAÇÃO DA EFICIÊNCIA

E RENTABILIDADE DAS EMPRESAS RUMO À INDÚSTRIA DE MOLDES 4.0

Hoje em dia, a ampla disponibilidade de informação promove um contexto de exigências crescentes por parte dos clientes, obrigando as empresas a responderem a critérios cada vez mais abrangentes e, simultaneamente, específicos. Ou seja, o mercado passou a funcionar marcadamente sob o comando da procura e não tanto da oferta, tal como era habitual.

Por outro lado, de mercados locais passámos a mercados globais, a concorrência aumentou e, em consequência, a inovação e o incremento da competitividade passaram a ser requisitos vitais para a sobrevivência das empresas – não só da indústria de moldes e injeção de plásticos, como da generalidade dos sectores económicos, independentemente da sua dimensão.

De facto, na atualidade, a maior certeza que temos é que as mudanças estão a tornar-se cada vez menos previsíveis. E só as organizações

que apostem claramente na melhoria contínua e rentabilidade serão capazes de ultrapassar todos os desafios.

É uma realidade que as ferramentas de gestão da qualidade contribuem decisivamente para a melhoria da produtividade e eficiência

E, neste sentido, os sistemas de gestão da qualidade são fundamentais para todas as empresas que pretendam ser bemsucedidas no seu caminho rumo à indústria de moldes 4.0!

GESTÃO E CONTROLO DA QUALIDADE – ORIGEM E EVOLUÇÃO

Na sua origem, os sistemas de gestão e controlo da qualidade foram criados por organismos que trabalharam em conjunto para criar padrões de qualidade.

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Em concreto, o seu objetivo é controlar e gerir, de forma eficaz e homogénea, os regulamentos de qualidade exigidos pelas necessidades das empresas, de forma a alcançar um resultado comum.

A IATF 16949:2016, publicada pelo International Automotive Task Force, em setembro de 2016, é a atualização da ISO/TS 16949:2009 para os sistemas de gestão da qualidade em empresas fornecedoras da indústria automóvel.

O sistema de gestão baseado na norma IATF 16949 assegura a melhoria da eficácia e eficiência dos processos de cada organização, definindo os requisitos de um sistema de gestão da qualidade para as empresas da indústria automóvel – ou de outras indústrias que tenham como objetivo implementar sistemas avançados de melhoria contínua, dando ênfase à prevenção de defeitos e desperdícios na cadeia de abastecimento, para obterem processos e produtos de excelência e a melhores preços.

Sistema Avançado de Gestão da Qualidade: Norma IATF 16949 e “Core Tools”

Para uma correta implementação da IATF, devem ser aplicadas ferramentas que sejam capazes de responder a esta norma e maximizar os benefícios do sistema de gestão e controlo de qualidade – as denominadas “Core Tools”:

• APQP (Advanced Product Quality Planning): Planeamento Avançado da Qualidade do Produto;

• FMEA (Failure Mode and Effects Analysis): Análise do Modo e Efeito de Falha;

• MSA (Measurement Systems Analysis): Análise de Sistemas de Medição;

• PPAP (Product Part Approval Process): Processo de Aprovação de Peça de Produção;

• SPC (Statistical Process Control): Controlo Estatístico de Processos.

Em concreto, as Core Tools promovem, sobretudo, 3 grandes benefícios:

1. redução da variação do processo-chave, com o qual o produto é fornecido ao cliente – ou seja, fabrico de produtos de elevada qualidade, que cumpram ou mesmo excedam as expectativas do cliente;

2. diminuição dos desperdícios gerados na cadeia de processos da empresa;

3. prevenção de defeitos

De facto, como referenciado, estas ferramentas são maioritariamente utilizadas na indústria automóvel, sendo que o desconhecimento da sua existência por parte de outras indústrias priva-as de poderem usufruir, igualmente, destas enormes vantagens.

APQP - Advanced Product Quality Planning

É um processo que permite ao fabricante/fornecedor garantir que o produto é desenvolvido e fabricado de acordo com os requisitos do cliente, diminuindo, assim, reclamações e incidências de qualidadefacilita uma estrutura de planeamento, com as etapas necessárias, para produtos e processos.

FMEA – Failure Mode and Effects Analysis

É um método para identificação dos possíveis modos de falhas e efeitos que a sua ocorrência poderá causar, identificando ações para a sua mitigação – conformam o conceito de risco, nomeadamente, nas fases de projeto e produção. O objetivo é prevenir as falhas e aumentar a eficácia do processo e do produto.

MSA ou Measurement Systems Analysis

É um conjunto de análises estatísticas e métodos de avaliação da variabilidade no processo de medição, sendo usado para determinar a viabilidade de uma metodologia de avaliação ou medição para uso numa característica de peça específica do processo.

PPAP ou Product Part Approval Process

Um PPAP funciona de forma similar a um plano de trabalho ou estratégia, resultando da negociação direta entre cliente e fornecedor, que confirma como cada elemento do PPAP é cumprido. É um processo de documentação, resultante de testes e experiência, no qual o fornecedor garante que o produto produzido responde aos padrões de custo e qualidade exigidos.

SPC ou Statistical Process Control

É um conjunto de métodos estatísticos avançados para monitorizar e controlar os processos de fabrico, com o objetivo de reduzir a variação do processo – isto é, prevenir as não-conformidades, minimizar os desperdícios, melhorar a qualidade dos produtos e serviços e reduzir custos.

CONTROLO DE QUALIDADE: AUMENTO DA EFICIÊNCIA E PRODUTIVIDADE NO TRABALHO

No fundo, estas ferramentas possibilitam às empresas o desenvolvimento de produtos de elevada qualidade, o cumprimento das quantidades estipuladas e entrega no prazo acordado.

A principal função das Core Tools é facilitar o trabalho dos Responsáveis pela Documentação e Controlo de Qualidade para o cumprimento da norma IATF e alinhamento com a AIAG (Automotive Industry Action Group) – uma associação sem fins lucrativos, fundada em 1982, originalmente criada para desenvolver recomendações e um quadro

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para a melhoria da qualidade na indústria automóvel norte-americana; mais tarde, as áreas de interesse desta associação expandiram-se para incluir: padrões de qualidade de produtos, códigos de barras e padrões RFID (Radio Frequency Identification), gestão de materiais, EDI (Electronic Data Interchange), recipientes reutilizáveis e sistemas de embalagem, incluindo temáticas regulamentares e alfandegárias para a cadeia automóvel.

As Core Tools fornecem toda a documentação relativa ao desenvolvimento e industrialização dos produtos fabricados, adaptando-se também ao modelo de referência APQP.

O indicador APQP será tanto mais amplo se a empresa tiver projeto próprio; ou menos amplo, no caso de trabalhar com projetos e especificações fornecidos pelo cliente.

Quais as atividades planeadas de um APQP?

Um APQP inclui as seguintes atividades planeadas:

• revisão da documentação e requisitos do cliente;

• estudo de viabilidade;

• sinopse de fabrico e requisitos do cliente;

• FMEA de Engenharia - desenho do produto;

• FMEA de Processo;

• plano de controlo;

• definição e desenvolvimento de ferramentas de fabrico e controlo;

• produtos e serviços adquiridos;

• documentação do processo – pautas de controlo, parâmetros de processos, etc.;

• apresentação de amostras iniciais; PPAP, relatórios dimensionais, estudos de capacidade de processo e ferramentas;

• fabrico da 1.ª série;

• aprovação e encerramento do APQP.

A maioria destas atividades deve ser desenvolvida por equipas multidisciplinares, constituídas essencialmente por Engenheiros de Processo, Qualidade, Compras e Fabrico.

Na gestão do APQP, é essencial coordenar, monitorizar, desenvolver atividades e definir responsabilidades e prazos.

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Quais os mecanismos para maximização da qualidade?

É possível maximizar a qualidade, através do estabelecimento de medidas de controlo durante o processo de produção – tanto para o produto, como para as características do processo. O objetivo é minimizar os riscos detetados durante a fase de avaliação.

Por outro lado, também é necessário controlar as características que os produtos/serviços fornecidos por terceiros devem respeitar.

Em consequência, podemos referir como vantagens:

• maior confiança no fornecedor;

• melhoria da qualidade do produto e diminuição das devoluções;

• custos de qualidade mais baixos, através da redução do número de inspeções e auditorias.

Desta forma, podemos dizer que os próprios clientes também serão beneficiados pela implementação destas normas.

O que avaliar ao nível de qualidade do processo de fabrico?

É essencial avaliar a viabilidade do processo produtivo, bem como as suas debilidades; e, ainda, identificar e avaliar os riscos mais importantes do processo de fabrico.

SISTEMA MES PARA UMA GESTÃO E CONTROLO DA QUALIDADE EFICIENTE

Para uma gestão da qualidade eficiente, que seja capaz de entregar os resultados definidos, será necessário que a empresa disponha de um sistema eficaz de introdução de dados, que não exija tarefas manuais e sem valor acrescentado – que acabam por reduzir a eficiência e a produtividade.

De acordo com a nossa experiência de mais de 25 anos no mercado, acompanhados por profissionais especializados do sector industrial, recomendamos a implementação de um sistema MES (Manufacturing Execution System) para a gestão, controlo e monitorização de fábricas em tempo real, que seja completo, modular, escalável, parametrizável, desenvolvido com software web multi-dispositivo, permitindo dar resposta às necessidades atuais e futuras das empresas.

O objetivo é disponibilizar informação precisa, rigorosa e em tempo real, para a tomada de decisão baseada em dados.

Ainda, este sistema MES deverá ser de fácil integração com outras soluções corporativas – como ERP, disponibilizando uma comunicação bidirecional com todos os recursos produtivos, proporcionando uma recolha de dados de qualidade, em tempo real, eliminando os relatórios manuais. Desta forma, os dados são introduzidos uma única vez e ficam acessíveis para toda a organização, de acordo com o perfil do utilizador.

No que diz respeito à gestão da qualidade, este sistema deverá:

• incluir a criação, aprovação e manutenção de documentação relativa ao Planeamento Avançado da Qualidade e à Gestão de NãoConformidades (internas, externas e a fornecedores), incluindo os Custos de Qualidade e Não-Qualidade;

• fornecer uma solução de SPC (Statistical Process Control), para recolha e análise de dados de diferentes formas, a partir de diferentes máquinas e processos, para a realização de autocontrolos na fábrica.

Em concreto, este Manufacturing Execution System deverá focar-se em 4 vertentes essenciais:

1. Planeamento Avançado da Qualidade

O sistema MES deverá permitir desenvolver o planeamento avançado da qualidade, de forma eficiente, robusta e integrada – simplificando as tarefas administrativas, nomeadamente da gestão de:

• fichas de produto;

• registo de projetos de Engenharia;

• gestão de projetos APQP;

• estudos de viabilidade;

• sinopse do fabrico e controlo;

• FMEA do projeto;

• Plano de Controlo;

• pautas de controlo, folhas de registo;

• documentação associada ao Produto e Pautas;

• versões: fluxo de aprovação e revisão;

• e integração com a área de produção.

2. SPC (Statistical Process Control)

O sistema MES selecionado deverá apoiar as atividades associadas ao controlo estatístico dos processos e elaboração de estudos de capacidade:

• registo dos autocontrolos da fábrica:

• recolha automática de medições;

• avisos de autocontrolos;

• gráficos de controlo;

• limites de controlo;

• apoio audiovisual;

• exploração de autocontrolos;

• estudos de capacidade;

• índices de capacidade (Cp; Cpk; Cm; Cmk; Pp; Ppk);

• interface integrado.

3. Gestão das Não-Conformidades

Uma das atividades-chave de um sistema de gestão da qualidade eficiente é a Gestão das Não-Conformidades, quer de origem externa ou interna.

Através de um sistema de gestão de não-conformidades, será possível eliminar erros de planeamento e facilitar a comunicação entre os gestores das ações, o seguimento das nãoconformidades e suas ações derivadas.

Igualmente, também é importante que o sistema MES seja capaz de analisar as não-conformidades e definir e acompanhar as respetivas ações corretivas/preventivas derivadas desta análise.

Assim, será possível beneficiar de:

• controlo do ciclo das não-conformidades, através dos estados de maturidade;

• possibilidade de definir e controlar ações corretivas e preventivas;

• registo dos custos de Não-Qualidade associados a nãoconformidades;

• gestão dos Custos de Qualidade – Não-Qualidade;

• definição e acompanhamento dos planos de melhoria;

• Metodologia 8D;

• integração com a fábrica para o controlo e gestão de falhas.

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4. Calibração e gestão de equipamentos de controlo

No âmbito da gestão de equipamentos de controlo, medição e teste, a manutenção das condições de funcionamento, precisão e rigor são conseguidas através da calibração do equipamento em intervalos regulares

A organização manual de um sistema de gestão de calibração é, habitualmente, muito trabalhosa e não permite disponibilizar, com facilidade, estudos de desempenho do equipamento, ao longo do tempo.

Assim, o sistema MES adquirido pela empresa deverá incluir não só a gestão da qualidade dos equipamentos de medição e controlo, como também a calibração dos mesmos, nomeadamente:

• calibrações internas e externas;

• no caso de calibrações internas, o sistema deverá permitir a definição das Pautas de Calibração e cálculo das incertezas;

• calibrações por tempo ou utilização;

• manutenção de equipamentos e ferramentas;

• estudos de capacidade de calibradores, de acordo com o estabelecido pelas normas do setor.

E ainda:

• eliminar erros de planeamento e acompanhamento das calibrações;

• facilitar a realização das próprias calibrações – simplificando o cálculo das incertezas e a correção;

• facilitar a realização dos estudos de Capacidade de Calibradores –simplificando enormemente a sua realização e cálculo.

CONCLUSÕES

No âmbito da indústria de moldes e injeção de plásticos - ou mesmo em empresas de qualquer outro sector económico, a implementação de um sistema de gestão e controlo da qualidade é uma parte fundamental da melhoria dos processos, contribuindo decisivamente para o próprio processo global de melhoria contínua e, igualmente, para o incremento da rentabilidade e competitividade e satisfação do cliente.

De uma forma genérica, também é unânime concluirmos que, mesmo implementando medidas avançadas de gestão e controlo de qualidade e concentrando esforços na garantia de excelência dos produtos e processos, sempre existirão reclamações e não conformidades.

É muito importante que toda esta informação seja recolhida pela empresa, de forma que seja possível analisar, concluir e propor planos de melhoria. Um dos aspetos relevantes no tratamento de reclamações e não conformidades (internas ou externas) é efetivamente poder registar os custos de não qualidade associados

Nas palavras de João Ribeiro, Diretor-Geral da Ibermática – divisão Smart Factory & OT, em Portugal, “não só as empresas ligadas à Indústria Automóvel, como qualquer empresa da Indústria de Moldes e Injeção de Plásticos pode e deve implementar o Sistema de Gestão da Qualidade da Indústria Automóvel e as Core Tools. Estas ferramentas avançadas da qualidade são poderosos mecanismos para criar um ambiente geral de melhoria contínua dos produtos e processos, com benefícios evidentes e monitorizáveis, estruturando uma gestão empresarial estratégica, capaz de alavancar os melhores resultados!”

TECHNOLOGY /

TODOS OS PORMENORES CONTAM

O FORNECIMENTO DE DADOS COM MEDIÇÕES DE PROCESSOS REAIS EM POLÍMEROS PARA UM RESULTADO MAIS EFICAZ EM SIMULAÇÕES.

No processo de simulação, os dados laboratoriais clássicos fornecidos pelos fabricantes de plásticos (o famoso ficheiro “Datasheet”) atingem frequentemente os seus limites porque não consideram qualquer informação sobre o processamento real na injeção e/ou na geometria do produto final. A Sigmasoft desenvolveu uma solução chamada “Virtual Thermoplastics”. Através desta possibilidade os clientes podem expandir e otimizar a sua base de dados de termoplásticos para as suas simulações.

No mundo da simulação os dados corretos dos polímeros são um pré-requisito para resultados realistas. No caso do mercado dos termoplásticos, estes têm sido normalmente determinados pelos fabricantes no laboratório, em alguns casos há muito tempo e muitas vezes estes dados não estão atualizados. Além dos valores mecânicos, o comportamento do fluxo e solidificação em função da pressão e da temperatura é também descrito aqui, como é óbvio, em métodos padronizados.

O desempenho da simulação de processos modernos tem aumentado enormemente nas últimas duas décadas. Os engenheiros de hoje não só esperam uma implementação precisa do processo de enchimento e solidificação, procuram também saber exatamente como será o componente após desmoldação e o arrefecimento. É aqui que ocorrem os problemas mais caros da indústria, devido ao comportamento inesperado da contração e empeno no produto injetado que, naturalmente, devem e podem ser evitados. Os dados laboratoriais clássicos atingem aqui os seus limites porque não fornecem informações sobre o processamento real.

Para uma simulação exata de injeção por moldação plástica com Virtual Molding, existem tópicos importantes a serem levados em conta: todo o sistema de controlo de temperatura (circuitos de refrigeração, resistências, etc.), cada chapa do molde, cada parafuso e cada componente são de grande importância. Todos juntos são tidos em conta no modelo 3D com as suas respetivas características de material.

O grande desafio de uma simulação precisa é o comportamento dinâmico dos plásticos no seu processo de injeção, que variam muito dependendo dos parâmetros escolhidos. Se uma regra de referência de material existente for utilizada para dois componentes diferentes, pode acontecer que diferentes resultados de simulação sejam calculados - um melhor, o outro pior. E com isto pode atuar de forma preventiva na solução.

As razões para isto podem ser a complexidade e/ou o tamanho do produto final, bem como os parâmetros de processo de injeção definidos (como por exemplo: parâmetros de temperatura do molde, temperatura de fusão do material, etc.) ou uma simulação com dados clássicos independentes do processo do material. Na apresentação do projeto que se segue, a Tecnifreza mostra porque é que os dados do polímero dependentes do processo são mais adequados.

CONTRAÇÃO E EMPENO NA PRÁTICA

A contração e o empeno podem ser influenciadas por muitos fatores, tais como a temperatura localizada junto às zonas moldantes do molde, o comportamento de arrefecimento ou até a pressão de solidificação. A disposição molecular e a orientação das fibras, a velocidade de injeção, a alteração de espessuras na geometria da peça, as linhas de soldadura, entre muitas outras influências, também devem ser consideradas para se obterem resultados precisos. A Tecnifreza com a abordagem Virtual Molding já torna possível incluir todo o desenho do molde nas suas simulações.

A Figura 1 mostra uma peça para conectores moldada de dois lados distintos, calculada na primeira simulação utilizando o conjunto de dados do fabricante (o componente está deformado). Em transparente é mostrada a forma original versus o comportamento do componente (resultado apresentado com uma escala ampliado 10 vezes).

Este comportamento foi analisado nas diferentes simulações antes da execução final do molde real. Verificou-se que a localização da linha de soldadura no centro do volume da peça não oferecia a melhor condição dimensional e deformação. Por isso, optou-se por manipular os pontos de ataque com o objetivo de mover esta linha de união do polímero para uma zona de maior resistência mecânica onde conduzia localmente a uma mudança na orientação da fibra na geometria. O objetivo da otimização simulada era manter o artigo dentro das tolerâncias dimensionais sem implicar a famosa estratégia de "safe steel" em toda área do artigo.

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/ / Fig. 1. O componente simulado com o conjunto de dados do fabricante mostra uma deformação significativa na simulação. (Mostrado ampliado à escala). Imagens: Engenharia Sigma & Tecnifreza.

A OTIMIZAÇÃO PASSO-A-PASSO

Para a primeira otimização simulada, foram comparadas três soluções diferentes. Estas incluíam um afunilamento nos gitos, ajustamento no diâmetro nos 2 pontos. A comparação dos efeitos é mostrada na Figura 2.

Em contraste com as outras duas variantes, a afinação produz o efeito desejado. Na figura à esquerda, o resultado típico de análise das fibras em Y é mostrado. Em consequência das alterações, a linha de soldadura que ali se formou entre os dois pontos de ataque foi deslocada intencionalmente para uma zona dimensionalmente mais estável com as considerações relevantes: geometria, polímero, molde e processo de injeção. O resultado à direita analisa as fibras em Z e confirma o comportamento da peça. As outras duas variantes não mostram nenhuma deslocação significativa da linha de soldadura.

Com base nestes resultados, o passo seguinte foi passar à prática (Figura 3), e foram realizados testes com o molde. Os resultados práticos foram ao encontro do simulado, contudo não foram suficientes para estarem dentro das tolerâncias exigidas. Na

Figura 4, abaixo, após uma tomografia computorizada, ainda se pode ver um desvio. As áreas vermelha e azul significam que a peça ainda está longe das dimensões especificadas.

MAIS PERTO DO RESULTADO FINAL

A fim de compreender este comportamento em detalhe e calculálo ainda mais pormenorizadamente na simulação, o conjunto de dados materiais foi complementado com medições reais do processo com a ajuda do método dos Termoplásticos Virtuais.

Utilizando estes dados dependentes do processo, o comportamento do material torna-se visível em detalhe. Após as medições terem sido convertidas num conjunto de dados de material adequado para simulação, o componente foi novamente simulado e foi feito um scan CT num novo loop. O resultado pode ser visto na Figura 4. A peça está dentro das tolerâncias e não há praticamente nenhum ponto em que se deforme. O “Virtual Thermoplastics” oferece a possibilidade de melhorar a simulação para o mercado dos termoplásticos, dependendo do processo. Isto oferece o valor acrescentado para obter resultados de simulação mais precisos e fiáveis.

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/ / Fig. 2. Comparação da afinação/manipulação do gito, e do aumento/diminuição do ponto de ataque na peça (esquerda) e dos efeitos resultante na peça (direita). / / Fig. 4. Comparação através do Software GOM de acordo com ISO-294-4 (superior) e o ajuste do Virtual-Thermoplastics (inferior).
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/ / Fig. 3. Constatação da localização exata entre o resultado simulado e o resultado da peça no ensaio.

ELEMENTOS MÓVEIS, UM NOVO CONCEITO

Desde os primórdios da indústria de moldes foram muitas as soluções mecânicas que se desenvolveram para libertar negativos no plástico, com maior ou menor evolução sendo que, em muitos casos, os sistemas que temos atualmente diferem bastante dos inicialmente utilizados, seja pelo desenvolvimento de novos materiais e tecnologia, seja pela inovação em termos de transformação do aço ou mesmo pela produção aditiva.

Há, no entanto, um sistema que resistiu estoicamente à passagem do tempo, mantendo-se praticamente inalterado desde o início, o elemento móvel (externo).

Peça robusta com um centramento de precisão, o funcionamento deste sistema baseia-se num movimento mecânico à linha de junta, com o bloqueio no processo de fecho do molde. O seu curso é determinado pela guia inclinada que, em função do seu comprimento, determina o curso pretendido ao elemento móvel que, por sua vez, está em contacto com a peça a moldar.

É uma fórmula comprovada com resultados sólidos, mas não é isenta de dificuldades e limitações. As guias inclinadas são sujeitas a grandes esforços e são uma dor de cabeça quando são necessários cursos longos. Por outro lado, como resultado de um guiamento robusto e preciso, a sua dimensão, maquinação de alojamentos e tempo necessário para afinação são condicionantes que influenciam fortemente o custo final deste sistema, obrigando por vezes a aumentar a dimensão do molde e incontáveis viagens à retificadora.

Mas…. Terá mesmo de ser assim? Pensamos que não!

Sendo um dos sistemas mais amplamente utilizados, o interesse na sua normalização é evidente, mas o desafio de tocar no “intocável” é enorme.

Só faz sentido avançar para uma solução se realmente adicionarmos algo de diferente ao que existe, convencional ou normalizado, com ganhos efetivos. Após algumas tentativas, pensamos que a fórmula foi conseguida.

Será realmente necessário um guiamento de precisão de todo o sistema se apenas queremos garantir um encaixe perfeito da zona de contcato com o material a moldar? Após vários testes, chegámos à conclusão que não!

Através de um postiço moldante flutuante, tanto na vertical como na horizontal, e com um simples cone de ajuste lateral conseguimos o efeito desejado sem a necessidade de um guiamento robusto e dispendioso já que permitimos que o postiço se “autocentre”. Tal como damos folga a um extrator na zona da cabeça para que procure o seu centro e trabalhe 100 % alinhado com o furo mandrilado, aqui conseguimos o mesmo efeito. Com esta nova realidade, permitimos um ajuste fácil já “de máquina”, com intervenção manual mínima,

e dispensamos todo o espaço extra ocupado pelo guiamento, eliminando corrediças, parafusos e cavilhas. Além de simplificar o ajuste, o espaço libertado permite a utilização de vários elementos móveis “colados” uns aos outros, já que todo o elemento móvel ocupa apenas o espaço da própria frente moldante.

Tendo em conta as novas realidades e exigências do mercado a nível de “clean room” utilizamos uma base de deslize em turcite de adesão magnética que dispensa qualquer tipo de lubrificação e dá garantias de longevidade em termos de desgaste.

Como ganho adicional, temos um alojamento para todo o sistema com folga a toda a volta, fácil e rápido de executar e que requere apenas precisão na área de contacto com o material a moldar. Desta forma, o alojamento pode ser maquinado de forma rápida e sem grande detalhe, o que significa uma redução de tempo que pode chegar aos 30 %.

Apos vários testes realizados com materiais e temperaturas, o conceito funciona perfeitamente e é “desconcertante” testemunhar a facilidade e rapidez com que se monta e desmonta todo o elemento móvel, tanto durante o processo de afinação em bancada, como na própria máquina de injeção com o molde em produção.

Contas feitas, com as reduções em termos de execução de alojamento, montagem /afinação e, finalmente, o custo deste elemento móvel, poderá significar uma redução de 50 % por unidade.

Na nossa empresa acreditamos que não há apenas um caminho para atingir um objetivo. Há que fazer uso de novas tecnologias e ter a coragem de experimentar coisa diferentes mesmo que, à primeira vista, pareçam ilógicas ou entrem em conflito com o que tomamos por certo dentro da nossa indústria.

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PENSAR PROCESSOS E TEMPO, PENSAR TECNOLOGIA E PENSAR PRODUTIVIDADE

A indústria de moldes, ao longo da sua história, tem demonstrado uma resiliência acentuada, com elevada capacidade de adaptação a novas exigências por parte de clientes cada vez mais exigentes.

Por outro lado, temos vivido tempos conturbados que tiveram por base circunstâncias inesperadas como a pandemia que nos afetou e condicionou as nossas empresas e vidas sociais. Num instante vidas são afetadas derivado do arrefecimento económico global resultante desta circunstância inesperada, projetos são suspensos ou adiados. Em consequência destas ações, a concorrência incrementa o seu peso nos negócios e realça-se a renegociação de projetos, a redução de preços e/ou imposição de condições de pagamento bastante restritivas. O que torna desafiante o exercício de sustentabilidade das nossas empresas e negócios.

Embora atualmente observemos uma ligeira retoma da atividade, as condições do negócio mantêm-se, sendo que o clima de instabilidade que vivemos no nosso dia a dia é agravado pelo aumento significativo dos custos de produção.

Numa fase em que de forma incremental temos assistido a uma transição digital cada vez mais premente, a descarbonização e a sustentabilidade (económica, social e ambiental) são temas diários no nosso sector. Torna-se prioritário para as nossas empresas a revisão de processos e o procurar trabalhar soluções para maximizar a utilização dos recursos e consequentemente incrementar o índice de eficiência ou produtividade.

Em verdade, ao longo da história, as nossas empresas sempre se reinventaram e souberam inovar, na lógica do aumento da competitividade, mesmo que de forma empírica, por tentativa e erro, e pouco académica.

Ou seja, sempre assistimos à inovação de processos, mesmo que de forma pouco formalizada. Mas devemos ter a consciência que os processos de hoje não são os de ontem, e muito provavelmente não irão ser os de amanhã.

Como tal, reescrever processos e internalizar conhecimento nas nossas empresas é um passo fundamental para garantir a sustentabilidade económica e social das mesmas.

A normalização de processos e a formação das equipas são investimentos para a continuidade e melhorias necessárias.

Ouvimos falar diversas vezes na implementação de metodologias LEAN, que honestamente são fundamentais para a melhoria. Mas sem uma verdadeira cultura LEAN implementada e defendida, com visão de médio-longo prazo e propósitos bem definidos, é complexo o atingir de resultados extraordinários.

Devemos assim trabalhar uma cultura de melhoria transversal na organização, que permita gerar desafios constantes às nossas equipas e assim motivar as equipas internas, reter talento existente na empresa, ou por outro lado, cativar jovens com competências, formados nas nossas escolas profissionais ou escolas de ensino superior.

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Queiramo-nos assim desafiar e acreditar que é possível: i) reduzir retrabalho; ii) reduzir etapas de baixo valor acrescentado; iii) reduzir lead time para o cliente. Numa lógica fundamental para convergir com a exigência do negócio atual.

No sentido da otimização de recursos, e valorizando o tempo como um recurso finito, que nos é oferecido diariamente, a inclusão do maior número possível de tarefas em parcelas definidas de tempo, é sem dúvida um olhar para as nossas operações e aumento de produtividade. Fazer mais rápido, com maior qualidade e menos erros é o caminho. E esta melhoria contínua deverá ser constante, quer na procura da mesma, quer na divulgação dos objetivos atingidos e pessoas envolvidas.

Assim, há que pensar nos processos e tempos, pensar na tecnologia e pensar na produtividade e eficiência! A otimização de recursos e negócios tem de ser uma preocupação constante.

Podemos, por exemplo, analisar rácios de n.º de máquinas VS n.º de licenças CAD/CAM, ou a taxa de ocupação de horas de corte reais ou as causas para as paragens não planeadas, e chegar a conclusões relevantes à tomada de decisões.

A indústria de moldes tem futuro. E o mesmo passa por, em parceria, procurar as melhores soluções para cada desafio. Ao longo da sua história, muitos foram os desafios superados e esta fase será também superada. Ao nível de processos, as parcerias e os conhecimentos disponíveis no mercado são, sem dúvida, uma oportunidade. E a opinião e experiência de outras empresas pode ser relevante na busca pela otimização constante. Vejamos o que dizem algumas das empresas sobre a tecnologia CAD/ CAM:

• “O software CAD/CAM permite-nos automatizar imensos processos e os utilizadores não perdem tempo a trabalhar com diferentes ficheiros. Vantagens especialmente relevantes quando existem alterações no design.” - Integrity Tool and Mold

• "Estamos agora a usar regularmente os NCSets e as funções de automatização (…) e isso poupa-nos muito tempo" - Bosch.

• “Usar setups múltiplos significa verdadeiramente usar a máxima capacidade da máquina” - Jaguar Land Rover

TECHNOLOGY /
71 REVISTA MOLDE CEFAMOL

O FLAGELO DAS BURLAS ATRAVÉS DA APP

MBWAY

Brigada de Combate à Criminalidade Informática da Polícia Judiciária (PJ) de Leiria

Apela-se aos prezados leitores para que divulguem, junto de familiares, amigos e conhecidos, a informação constante na presente rubrica.

São aos milhares, as queixas apresentadas por pessoas burladas com recurso à app MBWAY, o que motivou que a presente rubrica fosse dedicada a este tema, para, de alguma forma, tentar minimizar os prejuízos causados com este tipo de atuação.

A app MBWAY foi criada pela sociedade SIBS SA. Toda a informação respeitante à sua instalação e utilização pode ser consultada no site www.mbway.pt, cuja leitura se recomenda, antes de iniciar a utilização desta app. A mesma destina-se a simplificar as operações bancárias dos utilizadores, permitindo a realização de pagamentos, levantamentos de dinheiro, compras, transferências bancárias, entre outros, online, sem a necessidade de utilização de recursos físicos (cartões bancários).

A app MBWAY é robusta e não lhe são conhecidos problemas de segurança, intrínsecos. Apesar disso, a sua facilidade de utilização, acrescido do facto de permitir um acesso total às contas bancárias a que está associada, torna-a extremamente perigosa para pessoas que a usam sem se informarem previamente sobre o seu funcionamento.

INSTALAÇÃO E UTILIZAÇÃO

É necessário possuir um smartphone, com rede de dados móveis. A adesão ao MBWAY pode ser feita diretamente no telemóvel, ou junto de uma caixa multibanco.

No telemóvel: após instalar a app no smartphone, insere-se o número do cartão bancário associado à conta bancária pretendida e respetiva data de validade. De seguida, insere-se o PIN (código secreto) e o número do telemóvel.

É recebida, nesse telemóvel, uma mensagem sms com um código de ativação, que deve ser inserido na app, ficando esta pronta a utilizar. Se o número de telemóvel pretendido não estiver registado na Entidade Bancária, o registo na app MBWAY tem que ser feito numa caixa multibanco.

Na caixa multibanco: usando o cartão bancário associado à conta bancária que se pretende utilizar, escolher a opção MBWAY. É pedido que introduza o número de telemóvel e de seguida que defina o PIN (código secreto) de acesso ao MBWAY. O número de telemóvel passa a estar associado à conta bancária. Depois da app instalada no smartphone, é só repetir a introdução do número do cartão bancário, PIN e número de telemóvel, tal como explicado anteriormente.

O MBWAY pode ser sincronizado com equipamentos informáticos que não tenham cartão SIM, nomeadamente tablets e computadores.

Para tal, basta instalar a app no equipamento pretendido e inserir o número do telemóvel em que está instalado o MBWAY e o PIN correspondente. A conta MBWAY fica acessível nesse tablet ou PC.

Repete-se que esta app, após instalada, permite o acesso à conta bancária associada, SEM MAIS, para envio de dinheiro, levantamentos em ATM e pagamentos. Estas operações são imediatas, pelo que não é possível anulá-las.

ENVIO DE DINHEIRO: na app, escolher a opção enviar dinheiro. Da lista de contactos, poderá ser escolhido um qualquer contacto (que também tenha instalada esta app). Depois de confirmada a operação, o envio é imediato. O limite máximo para esta operação pode ser definido pelo utilizador.

LEVANTAMENTO EM ATM: Escolher a opção levantamento, na app. Após introdução da quantia pretendida, é gerado um código de levantamento, válido por 30 minutos. Este código, introduzido em qualquer caixa multibanco, permite o levantamento da quantia definida.

PAGAMENTOS: escolher a opção pagamentos. De seguida, ler o QR CODE, no terminal POS (terminal de pagamento).

MODI OPERANDI USADO NAS BURLAS: Praticamente todos os dias, são detetadas novas formas dos criminosos burlarem através de MBWAY. Estas têm por base a chamada engenharia social, ou seja, só resultam porque o UTILIZADOR faculta informação que permite aos criminosos autenticarem-se no MBWAY e substituírem-se ao legítimo utilizador.

Tudo começa quando o burlado coloca um anúncio para venda online, normalmente no site OLX e coloca o número de telemóvel, para contactos. A escolha das vítimas recai muito sobre o tipo de anúncio que é colocado. São escolhidos anúncios colocados por pessoas que aparentemente não terão grandes conhecimentos informáticos: material agrícola, roupas, instrumentos musicais, antiguidades…

Através de contacto telefónico, em que o criminoso usa um cartão SIM descartável, a vítima é convencida de que está a lidar com um comprador legítimo, que pretende pagar o material adquirido, através de MBWAY.

Quando o telefonema é fraudulento, o ‘comprador’ não regateia o preço e alega que precisa do material com urgência. A vítima informa o criminoso de que, ou desconhece o MBWAY ou não está familiarizado com o seu funcionamento. Então, este último oferecese para dar todas as indicações necessárias para fazer o pagamento, porque está muito interessado no material vendido

N 135 OUTUBRO 2022 // TECNOLOGIA
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Se a vítima tiver MBWAY, é-lhe pedido que escolha a opção ‘levantamento’, porque assim irá levantar dinheiro (??????). Parece incrível, mas resulta muitas vezes!

Após o envio do primeiro código de levantamento, por parte da vítima, o criminoso alega que não funcionou, que não recebeu o dinheiro e pede-lhe que repita o processo, normalmente até esgotar o plafond de 400 € permitido para levantamentos diários em ATM.

De salientar que, durante o contacto, o criminoso tenta manter sempre a vítima sob pressão e ser o mais rápido possível, para não lhe dar tempo para pensar e concluir que está a ser burlada. Assim, pede-lhe que seja célere e tenta que esta se mantenha sempre ao telemóvel, sem desligar a chamada.

Outro modus operandi, passa pelo criminoso, na posse do número de telemóvel da vítima (devidamente publicado no anúncio), instalar a app, num tablet. De seguida, introduz o número de telemóvel da vítima na app. Esta (a vítima) recebe a mensagem SMS para autenticação e é convencida a dizê-la ao criminoso, que alega que precisa daquele código para efetuar o pagamento.

Após o perfil da vítima estar sincronizado com o tablet do criminoso, este fica-lhe com acesso total ao perfil de MBWAY.

Se a vítima não tiver MBWAY, o processo é semelhante sendo, como é óbvio, as instruções diferentes. Em primeiro lugar, é-lhe pedido que diga o número do cartão bancário e data de validade. Depois, a vítima é convencida a deslocar-se a uma caixa multibanco. É-lhe pedido que escolha a opção MBWAY e que coloque os ‘códigos’ que o criminoso transmite. Sem o saber, a vítima recebe o número de telemóvel pretendido pelo criminoso e o PIN que este escolheu.

A partir deste momento e tendo em consideração que o criminoso é conhecedor do número de cartão bancário da vítima, fica na posse das credenciais de acesso à conta bancária da vítima, através de MBWAY. Ao invés de receber um pagamento, é-lhe retirado dinheiro da conta bancária.

Os criminosos recorrem também ao número de telemóvel colocado no anúncio, para enviarem uma mensagem SMS com um aviso de que “um dispositivo não autorizado foi detetado conectado à conta” Para correção da situação é colocado um link, na mensagem, que a vítima deve seguir. Este link está direcionado para uma página web maliciosa, cujo objetivo é obter as credenciais da vítima (número do cartão bancário, PIN, palavras-passe). Um exemplo destas mensagens pode ser encontrado no link leak.pt/mbway-burla

Ainda um outro modus operandi, passa por sugerir ao vendedor que use o serviço de entregas da plataforma OLX para fazer entrega

da mercadoria. Nessa plataforma, em mensagem enviada pelos criminosos, consta um link, supostamente para pagamento da entrega, (pagamento que o criminoso afirma que irá suportar) e que direciona a vítima para uma página web maliciosa, onde lhe são perguntadas informações bancárias, à semelhança do já descrito.

MEDIDAS PREVENTIVAS

Quem colocar anúncios para venda, sobretudo no site OLX, irá ser inundado de chamadas com o intuito de o burlar. Todas a informação colocada no anúncio sobre o vendedor irá ser usada para perpetrar a burla, incluindo o número de telemóvel.

Sugere-se a colocação de uma nota no anúncio, a informar que não se aceita pagamento por MBWAY. O uso de um número de telemóvel descartável para o anúncio, ou o recurso à plataforma de comunicação da OLX, tendo o cuidado, neste último caso, de não seguir qualquer tipo de link que lhe seja enviado.

Em resumo, pode aplicar-se a sabedoria popular, traduzida no ditado “Não sabe, não mexe”. Mesmo que seja utilizador do MBWAY, se não está à vontade com algumas das suas funcionalidades, não se deve arriscar.

Os modus operandi descritos, desdobram-se numa infinidade de variações, mantendo-se o objetivo: retirar dinheiro às vítimas.

ESTA BURLA SÓ SUBSISTE, DEVIDO À CREDULIDADE DAS VÍTIMAS.

No caso de a burla ser concretizada, deve de imediato cancelar o cartão bancário associado ao MBAY e apresentar queixa junto da autoridade policial mais próxima.

Previamente à queixa, deve recolher, junto da entidade bancária:

- Sendo levantamento em multibanco, a localização e número da caixa ATM (de forma a poderem ser obtidas imagens de videovigilância), com a data e hora do(s) movimento(s).

- Tratando-se de transferência para outro número de telemóvel, o número de telemóvel de destino e o IBAN da conta bancária associada, com a data e hora do(s) movimento(s).

- Se forem pagamentos de serviços, a identificação do comerciante, com a data e hora do(s) movimento(s), de forma a poderem ser solicitadas imagens de videovigilância.

** Reitera-se que o propósito desta rubrica é sensibilizar os leitores para que divulguem, junto do maior universo possível de pessoas, principalmente das mais vulneráveis a este tipo de burla, quer em razão da idade ou de poucos conhecimentos da PP ou de TI, o que está a acontecer com a app MBWAY, no caso de anúncios para venda online

TECHNOLOGY /
73 REVISTA MOLDE CEFAMOL

NEGÓCIOS

ECONOMIA . MERCADOS . ESTATÍSTICAS

ECONOMY . MARKET INFORMATION . STATISTICS

MOLDPLÁS REFORÇA APOSTA NO FABRICO ADITIVO

EXPOSITORES OTIMISTAS APESAR DAS “INCERTEZAS NA ECONOMIA”

MOLDPLÁS

FABRICANTES DE MOLDES COM EXPECTATIVAS ELEVADAS

CRESCIMENTO E PREOCUPAÇÃO

// NEGÓCIOS
N 135 OUTUBRO 2022 74

MOLDPLÁS REFORÇA APOSTA NO FABRICO ADITIVO

O Centro de Exposições da Batalha (Exposalão) realiza, este ano, uma nova edição da feira Moldplás, de forma a acertar o calendário e mantê-la alternada com outros certames do mesmo género. A Moldplás regressa à Batalha de 9 a 12 de novembro, constituindo-se como uma montra das principais tecnologias e novidades dos fornecedores da indústria. O destaque será o fabrico aditivo que tem uma presença reforçada de expositores nesta edição.

A Moldplás regressa à Batalha em novembro. E não vem sozinha. Integra a 3D Additive Expo, feira do fabrico aditivo que, nesta edição, ganha dimensão, procurando conquistar o seu próprio espaço no calendário dos eventos da Exposalão.

Rogério Henriques, coordenador da feira, explica que a realização este ano se deve a uma questão de acerto de calendário. A pandemia levou a que a feira só reunisse condições para se realizar em 2021, mas vinha decorrendo de dois em dois anos, nos anos pares, de forma a não coincidir com outros certames do género. A partir desta edição, sublinha, voltará ao seu ritmo habitual. O responsável afirma que as expectativas “são as melhores”. A organização espera um número de expositores superior ao da última edição que ascendeu a cerca de duas centenas.

Mantendo o conceito com que foi criado em 1996, este Salão de Máquinas, Equipamentos, Matérias-Primas e Tecnologia para Moldes e Plásticos, agrega desde fabricantes, importadores, distribuidores de máquinas, equipamentos, ferramentas, acessórios, tecnologia e informática para as indústrias dos moldes e plásticos, assim como fabricantes e exportadores de moldes para plásticos. As principais marcas dos fornecedores destes sectores irão expor as suas novidades e equipamentos de topo, esperando a visita de um número muito significativo de fabricantes. Na última edição, os visitantes ascenderam a cerca de 18 mil. Este ano, e com a situação pandémica controlada, Rogério Henriques conta que é aguardada a presença de cerca de 20 mil pessoas.

Além da mostra, haverá um conjunto de palestras e workshops, com temas relevantes para os dois sectores industriais. E, assinala José Frazão, diretor-geral da Exposalão, a aposta vai centrar-se, nesta edição, no fabrico aditivo, que viu o seu espaço de exposição ampliado em relação à anterior edição.

ACOMPANHAR A INDÚSTRIA

José Frazão salienta que, desde sempre, a Exposalão tem procurado acompanhar a indústria de moldes e plásticos. Por isso, adianta, “faz todo o sentido esta aposta naquela que é a nova estratégia no sector, no âmbito da indústria 4.0, que é o fabrico aditivo”. O objetivo, frisa, é “reunir num só espaço os players que se movimentam neste mercado por forma a apresentar o complexo e multifacetado universo

do fabrico aditivo, que engloba os equipamentos e tecnologias das impressoras 3D, toda a gama de materiais utilizados, desde polímeros a metais e outros materiais, bem como a cada etapa do processo na produção industrial de ponta até produção em série”.

O Centro de Exposições da Batalha criou este novo certame que, para já, integrará a Moldplás, representando para já cerca de 20 % do espaço, mas que procurará ganhar importância e dimensão no futuro. “Nesta edição, temos mais expositores nesta área do que tivemos o ano passado, desde tecnologias, equipamentos, desenvolvimento de produto e prestação de serviço”, explica.

José Frazão salienta ainda que “esta é uma indústria que fez crescer a região, tornando-a distinta no que diz respeito a tecnologia e inovação, e das mais evoluídas da Europa, a nível tecnológico”.

O papel da Moldplás, esclarece, “tem sido o de mostrar essa inovação, aliar-nos a esta dinâmica e dar a conhecer todo este sector, por exemplo às escolas e às pessoas da região e do país”.

Por isso, destaca, além das empresas expositoras, a feira tem também a presença do Politécnico de Leiria (IPL), do Cenfim de outras escolas da região. O responsável chama ainda a atenção para entidades como a CEFAMOL ou o CENTIMFE. O Centro Tecnológico, recorda, “tem tido um contributo enorme na evolução destas tecnologias e do próprio sector, e está, uma vez mais, connosco na feira”. “A Exposalão tem procurado ser um veículo da tecnologia dos nossos expositores e mostrar o que há”, sublinha.

DIVERSIDADE

Ainda de acordo com José Frazão, esta feira começou por atrair o mercado específico da Marinha Grande e de Oliveira de Azeméis, os principais polos que concentram a indústria de moldes; contudo, nas últimas edições “tivemos outro tipo de visitas como o sector da aeronáutica e outros que gravitam à volta desta tecnologia".

A feira, salienta, “tem sido sempre bastante eclética" e “vai manter, nesta edição, essa característica”, lembrando que as soluções tecnológicas ali expostas "têm uma aplicação específica no sector dos moldes e plásticos, mas podem ser aplicadas também noutros sectores".

A exemplo das anteriores edições, a feira conta com o apoio da Associação Nacional da Indústria de Moldes (CEFAMOL), da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) e da Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas e Electromecânicas (ANEME), Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP), bem como dos centros tecnológicos e científicos. Marcará presença ainda a Pool-net, associação responsável pela dinamização do cluster 'Engineering & Tooling'.

BUSINESS //
REVISTA MOLDE CEFAMOL 75

EXPOSITORES OTIMISTAS APESAR DAS “INCERTEZAS NA ECONOMIA”

Os principais fornecedores da indústria de moldes afirmam-se otimistas com mais uma edição da Moldplás, preparando várias novidades para apresentar aos seus clientes. Apesar do otimismo, reina alguma apreensão, motivada pelas incertezas relacionadas com a guerra na Ucrânia e a instabilidade da própria economia.

As empresas de moldes, consideram, sentiram este ano um visível acréscimo da atividade, mas que, devido a questões como os custos da energia, nem sempre se traduziram em resultados tão positivos como se esperava. Por outro lado, advertem, há uma questão transversal a toda a indústria e que, atualmente, começa já a evidenciar sinais de preocupação: a falta de mão-de-obra que afeta várias empresas.

Neste contexto, na edição deste ano da feira, os fornecedores da indústria preparam-se para apresentar soluções tecnológicas que ajudem as empresas ultrapassar o desafiante momento por que passa o sector.

CADSOLID

“A indústria está empenhada em recuperar do período de quebra”

Participamos regularmente na Moldplás. Trata-se de uma feira que tem sempre presente uma grande representatividade, quer a nível de soluções expostas, quer a nível de visitas de pessoal que trabalha na indústria de moldes e plásticos. É importante estarmos e respondermos com soluções e tecnologias que possam ajudar os nossos clientes e os futuros clientes. Por isso, aproveitamos este evento para apresentar as nossas novidades, mas sobretudo para estabelecer contactos.

A indústria de moldes é mais madura que muitos outros sectores, as pessoas são mais exigentes, mais entendidas e esclarecidas. Desta forma, em feiras como esta, procuram sobretudo consolidar os seus conhecimentos sobre as soluções que lhes propomos. Não é uma feira de negócios, é sobretudo um espaço de encontro, esclarecimento e ajuda. O facto da feira, geograficamente, estar perto das empresas clientes é muito vantajoso, não apenas por

uma questão logística, mas também pela diversidade de visitantes que são, em muitos casos, colaboradores das empresas que nos procuram com dúvidas muito especificas e isso ajuda-nos a procurar e investigar melhores soluções.

Este ano, vamos apostar em apresentar as nossas soluções integradas. Para além do CAD e CAM (o núcleo das nossas soluções), é importante tudo o que está em volta e, no âmbito da indústria 4.0, assegurar as ligações à realidade produtiva. Não faz sentido ter software sem haver comunicação com tudo: com a fábrica, com a produção.

Nesse sentido, uma das novidades que vamos ter na feira é a nossa mais recente plataforma, desenvolvida para uma multinacional do ramo automóvel, mas que é adaptável a qualquer indústria, fazendo a digitalização, planeamento e gestão do chão de fábrica: o MTS7. Foi desenvolvido em Portugal e capitaliza o know how que temos na indústria. O nosso objetivo é fazer esta plataforma crescer e abranger mais competências. E temos muitas outras soluções interessantes que vamos apresentar na feira.

ATIVIDADE FORTE

Este ano, são boas as expectativas em relação à indústria de moldes. As empresas procuram formas de melhorar a produtividade e integração de dados, serviços e sistemas, o que vai ao encontro das respostas que temos preparadas. São soluções à medida das empresas, que asseguram a comunicação e permitem maior flexibilidade.

A realização da Moldplás no ano passado teve a particularidade de acontecer num momento em que a pandemia mostrava os primeiros sinais de estar a desaparecer. As pessoas estavam, sobretudo, ávidas de contacto, mas havia uma grande preocupação em relação à atividade, que estava muito reduzida no sector.

Este ano, a indústria de moldes arrancou forte, o que aumentou o otimismo. Muitos projetos que estavam parados, começaram a andar este ano. Há vários indicadores que, mesmo com a guerra na Ucrânia, nos permitem estar otimistas. Temos notado maior procura, mais trabalho e uma indústria mais empenhada em aproveitar a oportunidade para tentar recuperar esses períodos mais baixos. Sentimos que as empresas estão mais concentradas em procurar capacidades e encontrar soluções que respondam às suas necessidades específicas e melhorem o seu processo.

// NEGÓCIOS
N 135 OUTUBRO 2022 76
/ / Rui Marçal (CADSOLID)

DNC TÉCNICA

“Devemos juntar ao otimismo algum pragmatismo e cautela”

A Moldplás é, no nosso entender, a mais importante feira que se realiza em Portugal, uma vez que é a única dedicada em exclusivo à indústria de moldes e plásticos. Para além disso, pela sua localização, está inserida no ‘coração’ do cluster. É já uma referência no sector dos moldes.

Desde há vários anos que temos aumentado a aposta que fazemos nesta feira.

A DNC TÉCNICA é conhecida pelas soluções técnicas e o serviço pósvenda, mas temos procurado dar a conhecer também a nossa área comercial. E esta tem sido reconhecida. A feira não é, por tradição, um local para fazer negócios. Já aconteceu no passado. Mas, nas edições mais recentes, tem sido um palco de contactos muito importantes. A nossa aposta tem sido no sentido de apresentar soluções e equipamentos que o mercado não conhece e mostrar as suas potencialidades. Acabamos por constatar que, em termos de futuro, os contactos na feira acabam por vir a traduzir-se em negócios mais tarde.

Na última edição, que foi uma feira em tudo diferente porque marcou o final da pandemia de Covid e ainda vivíamos todos com muitas incertezas e receios, apostámos na apresentação de um novo equipamento. Este até já tinha sido vendido, mas esteve em exposição e foi alvo de interesse pela indústria.

Na edição deste ano, contamos ter algumas novidades. A exemplo da generalidade dos sectores, temos tido alguns constrangimentos com a logística e entrega de alguns equipamentos, mas contamos apresentar soluções muito interessantes para a indústria, quer no que diz respeito a respostas específicas para os moldes e automação, quer em softwares de processos. Temos, por exemplo, um novo modelo, de um parceiro europeu. Um centro de maquinação CNC de cinco eixos que assegura melhores performances de velocidade e fiabilidade. E vamos ter também um ou dois equipamentos ligados à metalomecânica em geral e não apenas aos moldes. Fizemos a experiência, o ano passado, de mostrar esta nossa vertente e abrir um pouco o leque de oferta e vamos repetir nesta edição da feira.

BUSINESS //
/ / Francisco Neves (DNC Técnica)

INCERTEZA

Desde 2018/2019, que a indústria tem passado por constrangimentos vários e desafios enormes. Só recentemente, sobretudo desde final do ano de 2021, é que há uma nova dinâmica a acontecer nas empresas, com a chegada de projetos que, nalguns casos, estavam bloqueados há muitos meses.

Toda esta situação gera otimismo que só não é maior porque toda a económica global está a ser atingida pelas consequências, primeiro da pandemia e depois da guerra na Ucrânia e agora com a incerteza provocada pela inflação e aumento dos custos energéticos. As empresas de moldes sentem esta indefinição da economia. Por isso, tendem a apostar em soluções que permitam melhorar a sua resposta, controlar melhor o processo.

O feedback que temos junto dos fabricantes de moldes é que há muita incerteza em relação ao futuro, quer dos negócios, quer da economia. É certo que a indústria tem bastante trabalho, mas o preço desses projetos não é o desejado. Neste contexto, há bastante preocupação. No entanto, estamos convencidos que a dinâmica esta crescente e será para continuar. Sou otimista por natureza. Mas defendo que devemos juntar ao otimismo algum pragmatismo e cautela.

NEWSERVE

“É preciso trabalhar para tornar as empresas mais competitivas”

A Moldplás é uma feira que está diretamente relacionada com a atividade dos moldes no nosso país e o seu sucesso depende da situação por que passam as empresas do sector.

Neste momento, a nível do mercado, existe muito trabalho, devido à existência de muitos projetos que estavam parados e arrancaram, grande parte, já este ano. Mas devido ao seu carácter exportador, este sector sente muito mais toda esta incerteza que caracteriza os mercados internacionais.

Era expectável que o final da pandemia de Covid fizesse acelerar a sua dinâmica industrial o que não se esperava era uma guerra e as consequências que dela surgiram. Apesar disso, sente-se que as empresas de moldes estão a passar por isto de forma positiva, isto porque, nos anos anteriores, foram-se equipando e preparando para melhorar a sua capacidade produtiva.

Um dos fatores que preocupa esta indústria e que os nossos clientes nos têm dado a perceber é a falta de mão-de-obra. Esta é uma questão premente, que se nota cada vez mais e para a qual é preciso encontrar soluções rapidamente. Nos últimos cinco ou seis anos, os moldes têm sofrido muitos picos de atividade, com períodos de grande trabalho alternando com outros em que

praticamente não recebem projetos. É difícil gerir essa situação e depois as empresas tiveram de resistir à pandemia e já este ano, estão a ser atingidas pelas consequências da guerra.

Uma delas é a crise energética que muito possivelmente, ainda estará no seu início. A Europa vai ter de fazer algo para compensar esta situação, mas vamos ver o quanto afetará as empresas e que consequências trará ao sector, por isso, olhamos com o ano 2023 com grandes interrogações. É fundamental manter o otimismo, mas também é preciso trabalhar em alternativas que permitam às empresas ser mais competitivas e resistentes a todas estas oscilações e indefinições. Vivemos, no fundo, num enorme bolo de incertezas que são um verdadeiro teste à capacidade de resistência das empresas.

NOVIDADES

É neste contexto que nos preparamos para mais uma edição da Moldplás e é extremamente importante que tenhamos presentes estas preocupações da indústria para que consigamos adaptar as nossas melhores soluções, de forma a conseguir ser os parceiros certos neste momento. Esta feira é bastante importante para nós porque estamos muito ligados a esta indústria.

O objetivo não é fazer negócios. Hoje as feiras não têm esse objetivo. É sobretudo, dar a conhecer as novidades dos fornecedores de forma que a indústria de moldes perceba o que melhor se adequa às suas necessidades. Pelo contacto estreito que conseguimos realizar, reforçamos a nossa posição junto dos clientes mostrando assim que estamos disponíveis com novos produtos e serviços.

Nesta edição contamos demonstrar que, por exemplo, na gama das soluções Günther, temos desenvolvido soluções a pensar especificamente no que são os maiores desafios da indústria. Iremos ter novos produtos na área dos canais quentes, com novidade para economia de energia que, nalguns casos, pode ascender a reduções de 50 %. O objetivo é dotar as empresas de soluções económicas e ecológicas. Temos também uma marca nova para apresentar, fabricada na Ucrânia e que continua a desenvolver equipamentos de grande qualidade, apesar da guerra.

Temos boas expectativas para esta edição da feira, independentemente deste contexto económico de grande incerteza e volatilidade.

OPEN MIND

Apesar de já não ter tanto impacto como tinha antes de 2019, a Moldplás continua a ser a feira de referência para a nossa empresa em Portugal. Como ‘worldwide software developer’, a OPEN MIND continua a usar a feira como um dos principais canais para divulgação do nosso produto hyperMILL®. É uma forma de estarmos mais ligados com os nossos clientes e o mercado.

// NEGÓCIOS
“É preciso manter a aposta em tecnologias que nos tornem mais eficientes”
N 135 OUTUBRO 2022 78
/ / José Cravo (Newserve)

Esta é uma feira onde sempre marcámos presença. A divulgação da marca é a nossa prioridade. Mas não fazemos negócio diretamente. Só indiretamente. É uma feira muito interessante a nível de contactos.

Depois da edição do ano passado, ainda bastante marcada pela pandemia, esperamos, este ano, uma feira mais próxima das edições anteriores, com mais visitas de empresas e contacto direto com os nossos clientes. O nosso principal foco é promover as nossas soluções e, nesse sentido, este ano temos como objetivo apresentar as soluções desenvolvidas nos últimos meses com foco na automatização inteligente e simulação virtual do código NC para centros de maquinação. Ou seja, mostrar o que tecnologicamente, estamos a fazer de novo. Temos sempre alguma novidade para apresentar.

A vantagem de ir à feira é a grande proximidade com os nossos clientes/utilizadores, que são os técnicos das empresas, ou seja, quem conhece e usufrui das nossas soluções. Isso permite-nos recolher sugestões de melhoria, o que já fazemos sistematicamente em conjunto com os clientes, mas na feira isto é feito de forma mais descontraída e com mais tempo.

Temos também oportunidade de conhecer novos mercados e novos clientes. E os potenciais clientes – os moldes são dos grandes sectores – têm oportunidade de nos conhecer melhor. É normal haver nesta feira muitas empresas de tecnologia, algumas delas não apenas direcionadas para a indústria de moldes. É também o nosso caso. Apesar de este ser o nosso principal cliente, existem outros, como por exemplo a aeronáutica, que também marcam presença na feira.

MÃO-DE-OBRA

Esta edição da feira surge num momento desafiante para a indústria de moldes. Sem dúvida que existe um aumento de trabalho, o que se tem verificado nas empresas nos últimos meses, mas não creio que a nível económico se vá chegar aos níveis atingidos antes da pandemia. Apesar de ser uma situação global, o aumento das matérias-primas e energias também não contribui em nada para a competitividade do sector a nível internacional.

Temos de continuar a investir em novas tecnologias que nos permitam ser mais eficientes e assertivos na produção de moldes, de forma a poder acompanhar os mercados internacionais. De salientar que o sector dos plásticos vai ser cada vez mais importante na economia e, por isso, indiretamente alavancar a indústria de moldes para um nível económico anteriormente conhecido.

BUSINESS //
/ / Marco Mendes (Open Mind)

A competitividade das empresas de moldes é uma preocupação para todo o sector. Apesar de se verificar um aumento na quantidade de projetos, as empresas não estão a sentir que esse acréscimo da sua atividade tenha repercussão direta nos resultados. Ou seja, esta realidade não está a ser tão positiva como devia. Por isso, é imperioso que os fabricantes apostem em soluções que permitam otimizar os processos, de forma a competir com outros mercados. As empresas devem suportar-se em soluções que assegurem a melhoria do processo.

Nesta indústria, como noutras, falta formação qualificada. Os profissionais de qualidade estão, com idade avançada, a sair das empresas, e não está a entrar uma nova geração. Faltam pessoas. Muitos dos nossos jovens preferem ir para outros países. Isto gera escassez de mão-de-obra que, em muitos casos, está a sentir-se nas empresas. É preciso trabalhar numa solução.

KNARR

“É preciso dar respostas velozes e ser muito flexível”

A KNARR vai, a exemplo das anteriores edições, aproveitar a Moldplás para apresentar as suas novidades e as mais recentes soluções técnicas para a indústria. Somos fabricantes de produtos e desenvolvemos internamente, em parceria com os nossos clientes, as nossas soluções inovadoras, de forma a contribuir para melhorar os resultados dos fabricantes de moldes.

A data em que se realiza a feira – mês de novembro – permite também que apresentemos muitas das nossas promoções de final de ano. É já tradição fazermos estas promoções e esta feira tem sido palco dessas apresentações. Os nossos clientes conhecemnos, sabem que continuamos sempre a diferenciar-nos e apreciam-nos também por isso.

A Moldplás é uma feira onde participamos desde sempre. Tendo a KNARR armazém em Leiria, do qual exporta para toda a Península Ibérica, é importante para a nossa empresa estar presente na principal mostra nacional dedicada em exclusivo à indústria de moldes. Em todas as edições, temos tido oportunidade de contactar com os nossos clientes e conhecer alguns potenciais novos clientes. A maioria são portugueses, mas temos tido casos de empresas espanholas a visitar a feira o que tem originado contactos interessantes. Pela forma como está organizada, esta feira permite abordar os clientes num ambiente mais descontraído, o que nem sempre é possível na ‘casa’ destes. Além disso permite conhecer outras empresas que já trabalham com os nossos clientes e assim estabelecer novos contactos.

É uma feira que possibilita uma grande proximidade entre expositores e visitantes. Isso permite um tipo de relação mais próxima, conversas mais descontraídas o que nos ajuda a perceber melhor as necessidades do mercado e o que as empresas esperam da KNARR. Nesta edição continuamos a ter expectativas altas, pois sempre obtivemos bons resultados comerciais. É sempre uma feira muito movimentada, sendo bastante frequentada por vários trabalhadores de diferentes departamentos de cada empresa a que normalmente não temos acesso. Isso permite-nos trocar impressões e saber das suas opiniões e identificar outras necessidades que vão mais além que as transmitidas pelas pessoas encarregues pelo sector de compras de cada empresa. Até por isto, a feira tem sido sempre uma agradável surpresa pelo facto de ser muito dinâmica e movimentada.

OTIMISMO

Um dos aspetos importantes é a localização do certame. O facto de estar próximo da indústria de moldes da Marinha Grande, e a 1 hora de Oliveira de Azeméis, influencia bastante porque atrai muitos mais visitantes do sector de moldes. Isso não se vê tanto noutras feiras que abrangem vários sectores de diferentes indústrias do metal.

Em relação à indústria de moldes, a nossa perceção é que a realidade não volta a ser o que era antes da pandemia de Covid. Por exemplo, as empresas têm dificuldades em fazer planos de vendas de médio-longo prazo. Antigamente, conseguiam prever o que ia acontecer nesse ano e no ano seguinte. Hoje isso é muito difícil, face a toda a indefinição que caracteriza a economia.

As empresas têm de ser muito mais versáteis e reativas. Todos os meses estão a adaptar-se à situação económica que muda como nunca antes se viu. Por isso, a parte comercial assume uma importância vital ao ter que acompanhar os clientes com mais qualidade de serviço, produtos e curtos prazos de entrega. A aposta da KNARR em abrir, em 2018, o armazém em Leiria é sinónimo disso.

Desde o início deste ano, nota-se uma atividade mais consistente, com a entrada de novos projetos. Hoje, a pandemia já não gera grandes receios, mas a guerra na Ucrânia é uma variante que assusta e condiciona. Mas a minha convicção é que as empresas de moldes saberão persistir. Já passaram por muitas situações e mantêm a sua aposta em novos clientes e negócios, alguns deles fora dos sectores tradicionais como o automóvel. A diferença é que os planos de venda já não são anuais, são trimestrais ou semestrais, mas olho para esta realidade com otimismo.

Naquelas empresas que investiram em máquinas, tecnologias, em otimização interna, em formação, nota-se uma maior capacidade de adaptação que lhes irá permitir manter o seu processo produtivo competitivo. É esta capacidade que vai fazer a diferença entre as empresas que vão conseguir manter-se e as que vão passar mais dificuldades. Hoje em dia, é preciso dar respostas velozes e ser muito flexível.

// NEGÓCIOS
N 135 OUTUBRO 2022 80
/ / Manuel Maltez (KNARR)

MOLDPLÁS FABRICANTES DE MOLDES COM EXPECTATIVAS ELEVADAS

Contactar de perto com os principais fornecedores, conhecer novidades e testar novos equipamentos. Estas são, em resumo, as principais razões que levam os fabricantes de moldes a visitar cada edição da Moldplás. É, para a maioria, uma feira imprescindível, sobretudo pela proximidade geográfica. Tal, dizem, permite que muitos colaboradores visitem o certame e transportem consigo ideias e sugestões que ajudam as empresas a crescer. Para a edição deste ano as expectativas são grandes.

MOLDATA: UM ESPAÇO PARA CONSOLIDAR A RELAÇÃO COM OS PARCEIROS

“Um local onde, de forma bastante descontraída, conseguimos encontrar os mais diversos parceiros e reforçar essas relações de parceria”. António Gameiro, da Moldata, sintetiza, desta forma, o que considera o aspeto mais positivo da Moldplás. Esta é, por isso e no seu entender, “uma feira bastante diferente das demais”.

tempo que os clientes manifestam necessidade e compreendem a importância da mesma”.

JORGE CASTANHO: UMA FEIRA DE NOVIDADES E ATÉ NEGÓCIOS

Jorge Castanho, fundador da empresa de moldes de alumínio com o mesmo nome, traça um retrato muito positivo das sucessivas edições da Moldplás. É, na sua opinião, uma feira que se tem afirmado pela qualidade, diversidade e que, no seu caso, tem, até possibilitado a realização de bons negócios.

“Já visito a feira há vários anos e tem sido, sempre, um excelente local para ver equipamentos e máquinas, falar com os players do sector dos alumínios, ver as novidades que têm e, muitas vezes, até fazer negócio em algumas novas e interessantes soluções”, conta, salientando que para a edição deste ano, as expectativas “são as melhores”. Tanto mais que, refere, surge numa altura em que tudo indica que não existam constrangimentos relacionados com a pandemia, o que permite um regresso ao contacto de proximidade das anteriores edições.

“É certo que não esperamos esta feira para a apresentação de novos produtos, apesar de encontrarmos sempre algo novo. Mas é um local para estar com os nossos fornecedores e conhecer melhor as potencialidades de alguns dos produtos lançados”, enfatiza, adiantando que, por isso, a empresa tem visitado, desde sempre, a feira da Batalha. Um outro aspeto que destaca como positivo é a proximidade geográfica que permite a muitos dos colaboradores da empresa visitarem o certame. “É muito enriquecedor que visitem estas tecnologias e formulem as suas opiniões que, por vezes, acabam por se traduzir em sugestões de melhoria nos departamentos e, com isso, ajudar a incrementar a produtividade da empresa”, explica.

Na edição deste ano, salienta, e até porque será um dos pontos em destaque na feira, a sua curiosidade está muito direcionada para o fabrico aditivo. “É uma tecnologia emergente. Temos essa noção. Por enquanto, usamo-la como compradores e sempre que a sua aplicação se justifica”, esclarece, considerando que, no entanto, “no futuro, a médio prazo, possivelmente viremos a apostar mais. Será um processo normal de investimento, em função das necessidades e do desenvolvimento da própria tecnologia”. É que, adianta, “há já algum

Além disso, sustenta ainda, esta edição coincide com um momento em que os negócios na indústria de moldes – sejam em aço ou alumínio – estão numa fase bastante positiva, com as empresas a receberem grande número de encomendas. A celeridade nas respostas é um dos grandes desafios, a seu ver, e, por isso, “vamos com expectativa ver o que existe na feira e até pode ser que encontremos algo que nos desperte a necessidade de usar”.

No caso desta empresa, os Estados Unidos representam mais de 80 % do mercado. E se em 2021 se notou algum arrefecimento nessa zona do globo, este ano a atividade tem-se apresentado bastante dinâmica. “Há muitas entregas de projetos e pedidos de orçamentos”, explica, adiantando que, por esta razão, “estou bastante otimista em relação à atividade e creio que isso se notará na feira”. É que, sublinha, a perceção que tem tido é que o sector, desde o início deste ano, tem estado a ser confrontado com um grande incremento da atividade.

“A Moldplás irá, naturalmente, refletir este período e os nossos parceiros estarão sensíveis a este momento e, por isso, aguardamos com expectativa as novas e inovadoras soluções que terão para nos apresentar”, salienta.

// NEGÓCIOS
/ / António Gameiro (Moldata)
N 135 OUTUBRO 2022 82
/ / Jorge Castanho

VSV MOLDES: OLHAR DE FORMA ATENTA PARA O FABRICO ADITIVO

A Moldplás faz parte integrante do calendário de feiras da VSV Moldes. Tem sido assim nas últimas décadas. E, assegura Alberto Vinagre, este ano não será exceção. Além da gerência, a proximidade geográfica desta feira tem permitido que vários colaboradores da empresa visitem o certame, inteirando-se das novidades tecnológicas. Algo que, no entender do responsável, é sempre um fator positivo.

Quanto às expectativas que tem em relação à edição deste ano, Alberto Vinagre coloca a tónica no fabrico aditivo que será um dos destaques do evento. “Teremos de olhar para este ‘novo’ método como um substituto sério, no futuro, tanto no fabrico cada vez mais, de peças em aço, mas sobretudo no fabrico de peças de plástico, sobretudo em prototipagem. Vai ser, certamente, um concorrente que não podemos ignorar, mas temos sim de nos juntar a ele”, defende.

Com várias décadas de experiência no sector, Alberto Vinagre lembra que o fabrico aditivo de peças em aço ou plástico já existe há praticamente 20 anos. Recorda-se de ter visto essa tecnologia numa feira, na Alemanha, em 2006. Considera que, durante bastante tempo “não foi dada grande importância a esse método de fabrico, visto os equipamentos serem bastante dispendiosos e com pouca solicitação pelos nossos clientes”. Na altura, salienta, a velocidade de fabrico ainda não era a ideal para que a indústria tirasse rendimento dessa nova tecnologia. Só que, enfatiza, “entretanto, houve uma

evolução a todos os níveis, ferramentas muito mais rápidas, o preço dos equipamentos bastante mais acessíveis e até mesmo a utilização possível noutro tipo de peças”. Por isso, defende que o sector tem de estar atento a esta tecnologia.

Em relação à Moldplás, explica que muitos dos fornecedores aproveitam para apresentar algumas novidades, mas o foco da feira tem sido sempre mais voltado para a consolidação do relacionamento e não tanto para o negócio.

A indústria de moldes está a passar por uma fase de avalanche de trabalho. “Tem sido difícil encontrarmos no mercado pessoas especializadas e parceiros disponíveis para colaboração para os projetos existentes no mercado. Os nossos clientes externos têm sentido o mesmo problema, não tendo encontrado disponibilidade para colocação do seu trabalho nos prazos possíveis para apresentação de peças”, defende, considerando que os colaboradores especializados são o grande desafio do sector neste momento.

BUSINESS //
REVISTA MOLDE CEFAMOL 83
/ / Alberto Vinagre (VSV Moldes)

CRESCIMENTO E PREOCUPAÇÃO

Uma tempestade perfeita que juntou as interrupções no gás russo, a paragem parcial de algumas das centrais nucleares francesas e os problemas na hidroeletricidade norueguesa, levou os preços da energia europeia para um patamar surreal. No verão passado, os contratos anuais franceses e alemães para eletricidade eram negociados a cerca de € 100 por megawatt-hora, mas, recentemente, os valores subiram acima de € 1.000. Desde então os preços desceram, mas o gás ainda é negociado ao equivalente a cerca de 400 dólares por barril de petróleo. À medida que os contratos de energia existentes das famílias e empresas expiram e novos são realizados, a situação torna-se cada vez mais difícil. A esta tremenda realidade junta-se o aumento das taxas de juro pelo Banco Central Europeu para combater a inflação. Muitos economistas preveem uma recessão nos próximos meses e a moeda única está no nível mais baixo em relação ao dólar, em duas décadas. A certeza de uma recessão, não é, no entanto, 100 % segura para Portugal já que a taxa de crescimento do PIB, fruto de uma recuperação ímpar da procura, do turismo e do investimento, com uma energia ligeiramente mais barata do que na Europa, tem colocado o país à margem de uma situação mais grave. Na verdade, o país registará, provavelmente, o maior crescimento da UE – o que, conjugado com a alta inflação, levará a uma significativa descida da dívida nacional (o que é tão mais importante, quando os custos da dívida começam a subir). Para já a Comissão Europeia não tem tido a resposta capaz que teve à crise do Covid-19. Tetos máximos para os preços e a reformulação do mercado de energia, de modo que os preços à vista não sejam definidos pelos custos do produtor marginal (que geralmente é abastecido a gás) parecem as únicas medidas eficazes a adotar. É verdade que a configuração atual permite que algumas empresas de energia renovável, que produzem a um custo marginal próximo de zero, obtenham lucros, e que, se os preços do gás permanecerem altos por anos, podem ser descritos como injustificados. Mas esse mesmo sinal de preço,

em condições de concorrência, incentiva mais investimentos em energias renováveis - o que é fundamental para o futuro europeu. Talvez deixar o mercado funcionar e transferir dinheiro para os mais pobres possa ser uma solução mais barata, face às atuais medidas. A Comissão Europeia poderia também usar parte do seu fundo de recuperação de pandemia (de 807 mil milhões de euros) para projetos de energia e para os apoios fiscais dos diversos Estados. Uma crise ímpar exige respostas coletivas e musculadas, mas a harmonia pandémica parece esboroar-se. Esperemos que os decisores tenham a “energia” para essas soluções criativas.

MAS O QUE ISTO SIGNIFICA PARA A INDÚSTRIA DE MOLDES E PLÁSTICOS?

Primeiro, uma descida da competitividade de preço, face aos concorrentes extra-Europa, já que o custo da energia aliado ao aumento dos custos das matérias-primas mais elevado coloca uma pressão do lado do preço. No entanto, se o euro barato coloca pressão no lado dos custos, também torna os moldes e toda a engenharia nacional num patamar mais competitivo para o mercado norte-americano. Esta é uma equação a que assistimos nos anos 80 e que pode, aliada às novas tenções geopolíticas com a China, transformar o país no principal aliado de uma determinada indústria dos EUA – sobretudo nas transformações da mobilidade urbana e elétrica em geral. Crises são sempre sinónimos de oportunidades – para repensar estratégia, posicionamento, aproveitar novos mercados – e esta não será exceção. Do lado do fornecimento energético, o recurso a formas de negociação coletiva, com o uso de energias renováveis parece ser uma solução a prazo. A aposta no eixo Europa-EUA-Latam parece ser a única que pode potenciar um equilíbrio face à China. E de repente, o mundo dos anos 2020, recorda os dos 90, mas a nossa indústria tem mais capital humano, capacidade de desenvolvimento e inovação – pelo que, no meio da preocupação, o fogo do crescimento parece emergir.

// NEGÓCIOS
N 135 OUTUBRO 2022 84

GESTÃO DE PESSOAS

AS PESSOAS QUE IRÃO PRODUZIR DIFERENCIAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES DO FUTURO

// GESTÃO DE PESSOAS
PRECISAMOS DE PRIMEIROS SOCORROS PSICOLÓGICOS NAS NOSSAS EMPRESAS N 135 OUTUBRO 2022 86

AS PESSOAS QUE IRÃO PRODUZIR DIFERENCIAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

DO FUTURO

A evolução tecnológica afeta de forma efetiva e muitas vezes indelével, o nosso quotidiano.

A primeira e mais decisiva implicação das mudanças provocadas pela tecnologia assume um efeito duplo sobre cada um de nós. Por um lado, a tecnologia influencia as perceções das pessoas e, por outro, essa imagem produzida instiga a uma ação num determinado sentido. A ação é, muitas vezes, influenciada pela perceção que as pessoas têm sobre um determinado acontecimento, num determinado momento.

Esta subtileza do efeito da tecnologia nas nossas vidas, gera impactos distintos, mas muito efetivos na capacidade de produção e de distribuição de riqueza no mundo em geral e nas organizações em particular.

A complexidade do futuro tecnológico trouxe para a ribalta o conceito de inteligência artificial o desenvolvimento de uma máquina superinteligente que conseguirá ultrapassar todas as atividades intelectuais de qualquer Homem.

O avanço tecnológico disponível permite colecionar e tratar dados sobre comportamentos humanos utilizando-os para análises preditivas consequentes, tornando essencial o reconhecimento e valorização dessas mesmas competências de diferenciação entre as pessoas. Estas competências têm se ser reconhecidas rapidamente e desenvolvidas nos profissionais do futuro, que é como quem diz, nos jovens. Para isso é necessário trabalhar essas competências no sistema de ensino.

Competências diferenciadoras são as que produzem valor efetivo nas organizações e também no mundo em geral e são, por isso mesmo, cruciais para a criação de uma sociedade assente nos valores humanistas que preconizamos.

Com o prolongar dos efeitos da pandemia e da guerra na Europa a vários níveis, económico, político, social e, obviamente, pessoal, os responsáveis das organizações necessitam de desenvolver programas que facilitem este processo.

Reconhecer as competências diferenciadoras torna-se, pois, de extrema importância para que qualquer intervenção a este nível possa ter o desejado efeito. Mas não é suficiente.

Sem a criação de movimentos internos para a sua adoção, a maioria destes programas fica condenada ao fracasso. Temos, pois, um desafio suplementar a alcançar - o de identificar as competências

diferenciadoras, desenvolver um programa de ação para a sua utilização, aprendizagem e, por fim, implementar com sucesso esse modelo, num curto espaço de tempo.

Na base das competências diferenciadoras a desenvolver, permitam-me destacar a importância de três: Capacidade Empática, Pensamento Crítico e Resiliência.

A Capacidade Empática permite-nos “sentir” as pessoas, “ler” as dinâmicas organizacionais. Esta capacidade permite promover conexões entre as pessoas e o meio que nos rodeia. Podemos, frequentemente, não concordar com posições assumidas por outros, mas reconhecer a existência de diferentes posicionamentos, permite-nos conhecer os motivos subjacentes à discórdia.

Podemos sentir alguma dificuldade em ligar pontos relativos ao nosso conhecimento anterior, mas é por isso que a Resiliência é tão importante. Iremos, sem sombra de dúvida, precisar dela para redesenhar uma “nova realidade” e garantir, posteriormente, a construção de um posicionamento aceite pelas partes envolvidas.

Este processo de conhecimento é lento e, muitas vezes, complexo. Para entendermos melhor as suas especificidades precisamos de promover o pensamento crítico e a análise de problemas complexos, antecipando cenários e promovendo ações de reflexão sobre as consequências das tomadas de decisão atuais.

O desenvolvimento destas três competências é fundamental nos processos de mudança efetiva.

Precisamos de promover nas nossas organizações ações que visem aumentar os níveis de autonomia das pessoas e das equipas de trabalho, através do desenvolvimento de ações muito concretas e direcionadas para o desenvolvimento do sentido de pertença e espírito de missão. Precisamos de pessoas que se movam no sentido de influenciar os seus pares positivamente.

Precisamos, no fundo, promover as competências de diferenciação nas pessoas para que se possam criar organizações onde elas se sintam bem e se reconheçam nos seus valores e objetivos. Serão estas que irão produzir a diferenciação necessária para que os valores humanistas prevaleçam num mundo cada vez mais complexo e imprevisível.

Como afirma Tom Peters - trata das pessoas, elas tratam do negócio!

PEOPLE MANAGEMENT //
REVISTA MOLDE CEFAMOL 87

PRECISAMOS DE PRIMEIROS SOCORROS PSICOLÓGICOS NAS NOSSAS EMPRESAS

Vivemos numa altura em que se fala mais de saúde mental. Não porque nunca tenha sido necessário, mas porque existem mais recursos e maior pragmatismo na abordagem do tema. E ainda bem que assim é.

A pandemia de Covid-19 mostrou-nos, de uma maneira geral, o quão sensíveis somos a alterações drásticas de modos de vida e de trabalho. Uns adaptaram-se melhor do que outros, mas ficámos todos de alguma forma vulneráveis, levando ao lançamento de campanhas mais ou menos urgentes de sensibilização para a saúde mental, tanto em contexto laboral, como pessoal. E ainda bem que assim foi.

Infelizmente, a fragilidade da saúde mental das pessoas não terminou com o fim da pandemia e com a retoma gradual da normalidade.

Assim como, decerto na maioria dos casos, tão-pouco surgiu com a crise de saúde pública. Pode ter sido espoletada por esse fator, mas a vulnerabilidade já lá estava, latente. Exatamente por isso as empresas não podem diminuir os esforços realizados neste âmbito.

A ideia de ter um psicólogo ou terapeuta na empresa não é descabida. A sugestão de planos de saúde que cubram consultas de psicologia ou de psiquiatria não é insustentável. E definitivamente não é impensável formar os colaboradores para primeiros socorros psicológicos, porque conseguir prestar ajuda durante, por exemplo, um ataque de pânico é tão importante como estancar uma hemorragia. E quem achar que estou a exagerar, nunca teve um ataque de pânico. E ainda bem.

Os sintomas de um estado de ansiedade são variados e as suas consequências debilitantes, e é preciso que as empresas estejam preparadas para lidarem com este cenário, não apenas numa ótica de reação, mas, sobretudo, de prevenção. E se for mais fácil sensibilizar para a ação apresentando um caso real, em vez de uma lista de sintomas enumerados pela CUF, então vamos a isso. Posso partilhar o meu.

Tive um episódio de grande stress em fevereiro de 2021 que, além das consequências imediatas, me afetou durante alguns meses.

Recordo-me do dia e da hora em que aconteceu. Lembro-me da dormência das pernas, da aceleração do ritmo cardíaco, do ardor abdominal e do choro involuntário. Foi assim que o meu corpo decidiu responder. Em março, fui dar sangue e os meus níveis de hemoglobina estavam no limite. Ajustei a alimentação, de forma a consumir mais ferro e, em abril, pedi análises clínicas à minha médica de família, para saber se os valores já tinham normalizado. Não tinham. Entrei então num período em que se não estava a fazer novas análises, fazia exames, porque a minha médica sabia que eu estava a sangrar por dentro, só não sabia por onde.

Foi também nessa altura que tive um ataque de pânico. De repente, deixei de conseguir respirar, a minha garganta fechou-se e o meu peito doía como se estivesse a ser pressionado por um grande peso. Sem conseguir respirar ou falar, pensei que não me voltava a levantar. Felizmente tive alguém que me levou para a rua, na tentativa de me oxigenar o cérebro. Resultou.

No final dos exames médicos, lá encontrámos a bactéria no estômago. Na verdade, é uma situação bastante comum. Cerca de 80 % da população consegue ter esta bactéria sem que a mesma se manifeste. Talvez eu também tivesse continuado nas minhas rotinas sem dar por ela, se o stress não a tivesse "acordado" e me deixado angustiada durante semanas.

Durante esse tempo, além dos sintomas físicos, a minha concentração desceu drasticamente. Precisava de mais tempo para pensar, para reagir, para realizar tarefas simples. Tive necessidade de anotar tudo o que me diziam, com medo de me esquecer de alguma coisa.

Quantas pessoas não estarão a lidar com situações semelhantes?

Pior: quantas pessoas não estarão a fazê-lo sem que ninguém saiba?

Porque, garanto, há uma parte da ansiedade que ainda dá para disfarçar, até que o acumular de episódios resulte efetivamente em erros e danos graves.

E a saúde mental não se cinge à ansiedade. Este foi um episódio que consegui relatar, por ter sido meu, mas não posso pronunciar-me sobre o sofrimento das pessoas com depressão, transtornos alimentares, stress pós-traumático, hiperatividade e outras perturbações.

Ao mesmo tempo sinto que, quando falo com algumas pessoas, este assunto é desvalorizado por falta de educação sobre o tema. Há pessoas que ainda acham que quem tem transtornos alimentares só se preocupa com a aparência; que quem tem hiperatividade devia simplesmente fazer desporto para gastar a energia; que o stress pós-traumático é só para veteranos de guerra; que quem sofre de depressão ou de ansiedade devia ser mais positivo ou ter mais calma.

Por muito que se tente, os problemas pessoais nem sempre ficam à porta do trabalho e quando saímos também nem sempre as preocupações do trabalho ficam fora de casa. É um exercício bastante difícil, muitas vezes impossível, porque não somos máquinas e não temos botões de ligar e desligar, ativar e bloquear. E, como tal, é inevitável os dois mundos (pessoal e profissional) fundirem-se em algum momento.

Se as empresas querem incrementar a sua responsabilidade social, podem (e devem) começar pela sua comunidade interna. Porque há muitos colaboradores que sofrem em silêncio, que sangram por dentro, e para quem o Serviço Nacional de Saúde, infelizmente, ainda não dá resposta em tempo útil em termos de acompanhamento psicológico, e as consultas no privado pesam substancialmente no orçamento familiar.

É preciso que as empresas equacionem contratar psicólogos ou terapeutas devidamente certificados, explorem planos de saúde e ajudem os colaboradores a ajudarem-se uns aos outros. São precisas empresas que promovam primeiros socorros psicológicos, porque ninguém sabe como uma pessoa reagirá quando atingir o seu ponto de saturação. E, nesse aspeto, estamos todos sujeitos.

// GESTÃO DE PESSOAS
N 135 OUTUBRO 2022 88

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