O MOLDE nº123 - outubro 2019

Page 76

74

O MOLDE N123 | 10.2019

UM MUNDO ELÉTRICO Fausto Esperança*

*Diretor-Geral da YUDO EU

Nem todas as soluções simples são boas, mas as boas soluções são sempre simples.

- os moldes e a sua performance, onde os sistemas de injeção desempenham um papel muito importante.

De alguma forma é assim que vejo a introdução de soluções de controlo de valve gate no mercado, usando atuadores elétricos.

O desafio de ter, ao nível dos sistemas de injeção, soluções técnicas que fossem para além das que posso chamar de clássicas, não é novo. O mercado é muito exigente e dinâmico e já há anos que se procuram tecnologias para romper as barreiras dos limites do que o sistema de injeção pode fazer, conduzindo o processo a todo um mundo novo. Em particular, os artigos automóveis de média e grande dimensão sofrem de problemáticas do trinómio processo/ especto/custo, que frequentemente procuram exigir dos sistemas de injeção mais do que eles podem dar, na sua conceção mais clássica.

A exigência ao nível dos artigos plásticos injetados é continuamente crescente. Os requisitos estéticos não param de aumentar ao mesmo tempo que se exigem custos de produção mais baixos. Esta é, de facto, uma equação de muito difícil resolução. Queremos peças de elevado requisito estético, mas queremos ao mesmo tempo usar matéria-prima de baixo custo, ciclos muito curtos e artigos mais finos e leves. Querem-se tempos de desenvolvimento e de chegada de produtos ao mercado cada vez mais curtos. Frequentemente nos deparamos com estudos e simulações elaboradas em fase de engenharia que são completamente desconsiderados quando se chega à fase de testes ou de industrialização. A engenharia assistida por computador (CAE) e o estudo reológico, muito usado no sector dos moldes e plásticos, são ferramentas de apoio à decisão muito importantes, que muito têm evoluído e que, podemos considerar, conseguem aproximações à realidade muito boas. No entanto, também constato que a dinâmica dos projetos do sector, em que ao longo do processo, acabam por aparecer alterações aos materiais aos requisitos ou mesmo limitações “novas” ao processo inicialmente idealizado, leva a que, frequentemente, todo o quadro técnico de produção das peças pouco tenha a ver com os estudos e simulações que estiveram na sua base e que determinaram muitas das opções técnicas do molde. Estamos a falar, em particular, da escolha do número e posição de pontos de injeção, com tudo o que isso implica. Diferentes escolhas e combinações destes dois “simples” fatores poderão originar resultados muito diferentes. Os sistemas de injeção hot runner, há muitos anos adotados nesta indústria, nasceram e afirmaram-se no sector por permitirem expandir muito o que se podia fazer em artigos plásticos injetados e com uma redução do custo assinalável. No entanto, a exigência sobre os sistemas de injeção nunca deixou de aumentar e de ser fortemente “puxada” pelo mercado, que sempre esteve num crescente de exigência sobre as ferramentas de produção

Tem-se assistido, ao longo do tempo, a algumas abordagens mais ou menos bem-sucedidas a novas soluções tecnológicas de controlo avançado de injeção ao nível dos hot runner. Mesmo as mais desenvolvidas seguiam na linha da evolução direta dos atuadores hidráulicos. Os controlos de fluxo no sistema de injeção por valve pin axial acionado por um cilindro hidráulico é a solução clássica, que foi alvo de derivações e evoluções que procuravam incorporar no sistema de injeção o “poder” de controlo com que quem injeta sonhava - ter capacidade de regular o que acontece em cada bico de injeção do hot runner, de forma análoga à que controla a própria máquina de injeção. Embora o mercado tenha visto ao longo dos anos a chegada de algumas soluções muito interessantes a este nível, estas não tiveram grande aceitação e acabaram por não assumir uma expressão significativa. Creio que eram soluções de engenharia muito bem trabalhadas, mas que estavam fortemente constrangidas por serem de base hidráulica. O custo, a complexidade de construção e de operação, o tamanho, a dificuldade na repetibilidade e consistência e mesmo a robustez exigida foram, a meu ver, determinantes na baixa adesão do mercado as estas soluções.

Hot runner

Estamos agora a assistir ao que me atrevo de chamar o advento de uma nova era dos sistemas de injeção: montar servo motores nos sistemas de injeção.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.