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Teletrabalho como resposta a uma situação extrema

A JDD-MOLDES é uma empresa de fabricação de moldes sediada em Oliveira de Azeméis com 70 colaboradores. No período de estado de emergência da chegada da pandemia de Covid-19 ao nosso país, 15 colaboradores foram para teletrabalho. “Começaram a trabalhar a partir de casa em março, antes do estado de emergência ser instaurado”, conta Hugo Pinto, sublinhando que, com o abrandamento do contágio pelo vírus, a normalidade foi sendo lentamente retomada e, em maio, esse conjunto de trabalhadores regressou à empresa e ocupou os seus postos de trabalho habituais.

Hugo Pinto considerou que se tratou da “primeira vez que a empresa teve os seus colaboradores na situação de teletrabalho”. E, salienta, de uma maneira geral, a transição para o sistema de teletrabalho foi relativamente fácil de concretizar e de forma simples., porque a empresa já estava preparada. “A JDD investiu bastante nos últimos dois anos na digitalização dos processos e nos seus departamentos de forma a estar preparada para a indústria 4.0. Antes da pandemia, já os servidores e softwares de controlo e Hugo Pinto, JDD gestão de produção estavam preparados para que os colaboradores acedessem à empresa, fosse a partir de casa, fosse (no caso, sobretudo, dos comerciais) a partir de qualquer ponto do mundo”.

Foi por isso que, na opinião de Hugo Pinto, os colaboradores se adaptaram tão bem a esta mudança. “A verdade é que a parte comercial e de gestão de projetos já estava, de alguma forma, fora da empresa. Quando estamos em viagens já conseguimos fazer ao servidor da empresa e desta forma conseguimos estar conectados à empresa e em tempo real”, enfatiza. Por isso, considera, que o período de teletrabalho “correu bem”. E a performance dos colaboradores não teve grandes diferenças. Em certos casos, foi para melhor, afirma. “Por exemplo, a gestão do projeto até demonstrou ser mais produtiva. Porque permitiu de uma forma forçosa, ter reuniões técnicas via web com os nossos clientes, que, antes do Covid-19, teríamos de nos deslocar ao estrangeiro, e assim ter custos e tempos de viagem.

Mas enquanto alguns departamentos já conheciam esta forma de trabalho à distância, para outros, como a programação e o desenho, foi a primeira vez que o trabalho foi desenvolvido fora da empresa. “Deixamos que levassem os seus postos de trabalho, para casa, de forma a sentirem maior segurança”, conta. Para além disso, as equipas foram mantendo o contacto regular, recorrendo a plataformas online para reunir, e comunicando uns com os outros, quer por mensagens, quer por vídeo chamadas.

Não houve paragem de produção e isso foi devido como o próprio conta “A empresa estava adaptada e foi fácil instituir isto porque o grande investimento em digitalização para a indústria 4.0, permite todas maquinas CNC e erosão ligado por softwares, em que temos uma visualização virtual de ferramentas em tempo real que controla as mesmas e o estado de cada máquina, através de computadores, e já se podia aceder remotamente, há algum tempo”, conta.

TELETRABALHO COMO OPÇÃO

Como vantagens da experiência, Hugo Pinto refere a “possibilidade de trabalhar sem ter necessidade de se deslocar para a empresa”. É o caso, por exemplo, de um técnico especializado que pode fazê-lo a partir de qualquer lado, sem ter necessidade de estar presencialmente na empresa que o contratou.

Ressalva que isto só é possível graças à digitalização. “Esta permite que se recrutem trabalhadores de qualquer parte do país ou do mundo. A distância deixa de ser uma questão. As pessoas especializadas, apesar de pertencerem à empresa, não precisam de estar nas suas instalações”, sublinha, adiantando que, por outro lado, “a produtividade da empresa aumenta. Sendo online, comunicar torna-se mais fácil e ganha-se tempo evitando as deslocações”. Por isso, considera que as empresas que têm investido na digitalização, “estão em condições de optar por este tipo de trabalho no momento em que quiserem”.

É por isso que considera que o teletrabalho pode surgir como opção das empresas no futuro. “Permite angariar trabalhadores e técnicos localizados a qualquer distância. A geografia deixa de ser um problema. Passa a estar tudo mais próximo e isso tem vantagens evidentes”, defende, sublinhando mesmo que “o teletrabalho, parece-me uma opção natural das empresas”. Até porque, acrescenta, as organizações têm feito um investimento enorme e estão, hoje, adaptadas para isso. “A velocidade da ligação à distância é, hoje, igual a estar na empresa. Essa é uma das vantagens da Internet 5G. As reuniões são, até, mais fáceis com pessoas que estão a milhares de quilómetros de distância”, considera.

E para acontecer essa mudança, defende, “é preciso trabalhar a mentalidade das pessoas que, na maior parte dos casos, ainda não está preparada para isto”. É que, no seu entender, “a produtividade ainda está, para muitos, associada a estar dentro da empresa. Mas isso não é verdade. As empresas estão bem apetrechadas para trabalhar com estes modelos”.

Como desvantagens, destaca o que é essencial entre pessoas: a socialização. “Falta o contacto físico com os colegas, a partilha do espaço e isso, psicologicamente, acaba por afetar, mas mesmo o trabalhador em situação teletrabalho, não impede de poder deslocar de vez em quando á empresa para ter reuniões físicas, o que vai permitir é mais flexibilidade com menor custos, porque desobriga a presença física diária e os custos associados a ela.

Helena Silva* * Revista “O Molde”

Leia o artigo completo na versão digital da revista O MOLDE, disponível em www.cefamol.pt.

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