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A nova organização das empresas

SCHNEIDER FORM: REDUÇÃO HORÁRIA E NOVOS TURNOS PARA ASSEGURAR DISTANCIAMENTO

Para aumentar a segurança dos seus 125 colaboradores face à pandemia de Covid-19, a Schneider-Form tem, hoje, a sua laboração dividida por vários sectores e turnos, conta Jorge Cardoso, adiantando que, “no caso dos funcionários dos gabinetes partilhados, tivemos de fazer uma divisão do número de pessoas de forma a serem menos por cada espaço”.

A mudança nesta empresa, começou logo no início da pandemia, com parte dos trabalhadores em teletrabalho até que todas as medidas de segurança fossem definidas e executadas. Na implementação do teletrabalho a Schneider-Form teve o cuidado de fomentar a rotatividade entre os elementos da equipa, ou seja, uma semana em casa e uma semana na empresa. Jorge Cardoso considera que, dessa forma, “foi mais interessante e motivador para os trabalhadores”, que se iam revezando nas idas à empresa. Mais tarde o teletrabalho deu lugar aos turnos, sendo que a cada mudança de turno o espaço é devidamente higienizado.

Na produção, para assegurar o distanciamento, teve lugar a mais notória alteração: “implementamos um distanciamento por desfasamento de turnos”, conta, acrescentando que, para além disso, “reduzimos a carga laboral, por exemplo do desenho e programação”. Explica que a opção por esta estratégia teve por objetivo, para além de aumentar a segurança, não quebrar a produtividade, uma vez que a empresa manteve sempre a sua laboração.

No entanto, com esta alteração, aos funcionários que foi solicitado a mudança do horário de trabalho, a Schneider-Form teve o cuidado de reduzir em uma hora a carga Jorge Cardoso, Schneider-Form laborar sem penalização para o trabalhador, sublinha. Assim, para sectores com maior densidade de funcionários ou aos gabinetes partilhados, os turnos foram criados entre as 07h00 e as 14h30 e entre as 15h00 e as 21h30, com intervalos para refeições, e vão ser mantidos desta forma o tempo que for necessário, assegura. Genericamente para estes sectores, metade dos funcionários foram colocados em cada turno, excluindo os casos de maior vulnerabilidade à doença. Nesse casos particulares foi mesmo aconselhado a ficarem em casa. É que, sublinha, “a prioridade foi - e continua a ser - a segurança de cada trabalhador”.

Neste processo de alterações, a empresa teve, até uma vantagem que foi a mudança para as novas instalações, que coincidiu com o início da pandemia. “As anteriores eram muito pequenas. Estas novas têm espaços maiores e mais arejados. E o distanciamento entre os colegas é possível, bem como o arejamento dos espaços. Na prática, conseguimos estejam distanciados entre os dois e os três metros uns dos outros”, declara.

MENOR PRODUÇÃO

As equipas também foram alteradas. Diz Jorge Cardoso que “estão, agora, estrategicamente mais distanciadas”. E, como forma de fazer a ligação entre os turnos, a empresa tem agora uma nova figura, ‘os pivots’, que vão passando a informação e fazendo a ligação do trabalho de um turno para o outro. Estes, revela, “têm mais equipamento de proteção, uma vez que fazem o ponto de ligação entre as equipas dos dois horários.”

Com a alteração, a produtividade desceu ligeiramente, admite Jorge Cardoso, adiantando que “com a mudança, isso já era esperado”. Com os turnos implementados nos sectores anteriormente referidos, fazer horas extraordinárias passou a ser praticamente impossível a somar ao facto de que a Schneider-Form tinha abdicado de uma hora produtiva como contrapartida. No total, diz, “perdemos entre 10% a 20% de produtividade”. Contudo, frisa, “era necessário que o fizéssemos porque tínhamos de ter a certeza de que todos estavam seguros”.

De uma maneira geral, as medidas de proteção contra a Covid-19 começaram a ser implementadas pouco depois do aparecimento da pandemia. E foram sendo acrescentados os novos passos, à medida que iam sendo anunciados como necessários pelas autoridades de saúde.

“Nos turnos, é obrigatório o uso de máscaras ou viseiras (e, em alguns casos, as duas). Os trabalhadores têm à disposição dispensadores de álcool gel por toda a unidade, este estão estrategicamente colocados para que a higienização seja feita, regularmente. Mesmo com o regresso ao trabalho, que se verificou a partir do final de maio de forma mais consolidada, “não aligeirámos nada”, explica. “Estamos, sim, a descomprimir um bocadinho porque no início havia muito receio e agora, com as medidas de segurança, há um pouco mais de confiança”, afirma.

E mostra-se convicto de que “as pessoas já estão acomodadas a trabalhar desta nova forma e, possivelmente, vão manter muitas destas medidas no futuro. Para já, até haver solução para a doença, tem de ser assim. E não sabemos até quando”. Por isso, acrescenta, “seguimos regularmente as recomendações da DGS e temos posto em prática tudo o que vai sendo determinado”.

MUDANÇA NOS NEGÓCIOS

Questionado sobre as alterações que se verificam nos negócios, Jorge Cardoso considera que “estamos numa fase diferente de tudo o que alguma vez vimos, ainda que saibamos que a economia e o mundo funcionam por ciclos”. No seu entender, “o negócio está mais agressivo que nuca”. Até porque, esta é uma situação pela qual todos os países estão a passar. “Os nossos clientes também estão a passar pelo mesmo. Também reduziram os horários e a intensidade laboral. E isso ditou algumas alterações. Por exemplo, por vezes precisamos de respostas rápidas que nem sempre temos”, explica.

Para além disso, “o mercado está a funcionar com muito menos volume de trabalho. Para ter encomendas, é muito mais difícil do que era há um ano. E os preços praticados no mercado estão a forçar toda a indústria moldista a rever a sua estratégia e posicionamento”.

Por outro lado, a distância passou a ser rotina. “Temos, por exemplo, os ensaios por vídeo chamada com os clientes. Já se fazia, mas, dadas as circunstâncias, incrementou-se bastante”, relata. Apesar de tudo, Jorge Cardoso mostra-se otimista e afirma-se convicto de que “tudo isto é apenas uma fase que vamos ultrapassar e sobreviver”.

Helena Silva* * Revista “O Molde”

Leia o artigo completo na versão digital da revista O MOLDE, disponível em www.cefamol.pt.

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