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MERCADOS: ONDE PROCURAR SOLUÇÕES NUM MUNDO PARADO PELA PANDEMIA

MOLDOESTE: MERCADOS A REAGIR COM PASSINHOS DE BEBÉ

Mesmo com as restrições e limitações impostas pela pandemia, a Moldoeste tem como prioridade manter os seus mercados tradicionais que se localizam, na sua maioria, na Europa. Até porque, durante o estado mais crítico da Covid-19 no nosso país, a empresa nunca deixou de produzir moldes, dando resposta a projetos que tinha em curso e recebendo até algumas novas encomendas.

Ana Vieira explica que a opção da empresa pelos seus mercados tradicionais Ana Vieiria, Moldoeste se deve a um conjunto de razões, entre as quais, “a proximidade ou as regulamentações sanitárias”. “Estamos inseridos na comunidade europeia e, por isso, estamos todos alinhados nas mesmas diretrizes”, adianta.

Mas esta opção vem acompanhada por uma nova determinação. A empresa entende que, nesta fase complicada que se vive, “temos de reforçar as ligações com os nossos clientes, mas também colaborar e apoiar com soluções”, explica, adiantando que “sabemos que eles estão fragilizados por todas estas complicações e precisam de algum apoio”. Salienta também que, face a isto, “também não conseguem pagar muito pelos projetos, por isso nós vamos ter de nos reinventar para apoiar com soluções”.

MERCADOS SONOLENTOS

Para Ana Vieira, depois do pico da pandemia na Europa, os mercados estão agora a passar por uma fase de “sonolência”, ou seja, “a atividade ainda é muito discreta e nota-se, sobretudo, muita incerteza e insegurança”. Exemplifica: “temos muito poucos orçamentos para o volume de negócios que temos habitualmente”.

Apesar disso, revela, a empresa continua a receber algumas encomendas. “Têm chegado mas de forma muito discreta. A atividade está a recomeçar, mas com passinhos de bebé”, considera.

Isso sente-se principalmente na indústria automóvel que é o principal cliente da Moldoeste. “Sentimos essa estagnação com bastante intensidade. E, por exemplo, nas áreas não-automóvel com as quais trabalhamos, não sentimos esse abrandamento”, reforça.

Um outro aspeto que Ana Vieira diz sentir também é o regresso de alguns mercados que, no passado, foram importantes para os moldes portugueses. “Sentimos um bocadinho esse desejo de regresso e, por isso, entendemos que agora é, provavelmente, um bom momento para incrementar mercados que já foram nossos como os Estados Unidos e a América Central e do Sul. Sente-se essa vontade que têm de trabalhar connosco porque ‘choveram’ mais orçamentos do que era habitual, com origem nestes destinos”, revela.

E adverte que para avançar para esses mercados é necessário ter alguns aspetos em consideração: “estão habituados a preços baixos e isso obriga-nos a ter de reinventar métodos para conseguir captar negócios nestes mercados”. Defende que as empresas poruguesas terão, possivelmente, de pensar em “menores margens nos negócios ou standardizar e apostar em processos como a inteligência artificial ou outros, que possam potenciar a produção e torná-la menos onerosa”. No seu entender, “é preciso descobrir uma forma de conseguir fornecer mercados que não têm muito dinheiro, estão habituados a pagar pouco e que, neste momento, procuram uma alternativa à China”.

FUTURO

Ana Vieira considera ser impossível arriscar uma previsão para o futuro dos negócios devido à incerteza e à insegurança que ainda existem. “Estamos muito dependentes do sector automóvel. Se os apoios financeiros previstos chegarem, efetivamente, às empresas, pode ser que o arranque e a laboração ganhem velocidade e a economia acelere um pouco”, afirma, salientando, contudo, que, no seu entender, haverá “limitações durante os próximos três anos”.

Uma das soluções será a aposta noutros sectores. Aponta como exemplos os dispositivos médicos, a segurança, o material desportivo, a cosmética, as embalagens ou as utilidades domésticas. “É natural que estes sectores regressem, mas não acredito que seja em quantidade suficiente para compensar uma indústria automóvel, que tem um peso enorme em todos os países”, sublinha.

Em relação à China, recorda a dependência que o mundo inteiro tem desta economia, considerando que “temos de ser prudentes na forma como olhamos para ela e encontrar uma maneira de manter os nossos negócios sustentados e mais ponderados”.

Admite olhar para a frente com algum otimismo, afirmando acreditar que o relançamento da economia “vai acontecer” e que os mercados, sobretudo o europeu, “vão reerguer-se”. “Já passamos por situações muito complicadas no passado. Quero acreditar que aprendemos com elas”, afirma.

Helena Silva* * Revista “O Molde”

Leia o artigo completo na versão digital da revista O MOLDE, disponível em www.cefamol.pt.

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