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PLANEAMENTO E FLEXIBILIDADE

PLANEAMENTO E FLEXIBILIDADE

PLANEAMENTO DEFINE EFICÁCIA DO PROCESSO PRODUTIVO

É uma fase crucial do processo de fabrico de um molde. Um bom planeamento permite antever imprevistos e gerir soluções para melhorar a produção. Com isto, as organizações ganham tempo e flexibilidade. E tudo somado resulta em acréscimos de produtividade e de qualidade. Num ponto, PTKM, SD Moldes e TJ Moldes são unânimes: são as pessoas que fazem a diferença para assegurar um eficaz planeamento.

Pedro Neves, da PTKM, é perentório: “o planeamento é das fases mais importantes, se não a mais importante, entre todo o processo de fabrico do molde”. E justifica a sua opinião, dizendo que é nessa etapa “que se definem os ‘tempos’ de cada fase de construção, desde o projeto à bancada e, consequentemente, o primeiro teste”. Ou seja, “é no planeamento que se definem estratégias para evitar eventuais atrasos e, quando estes são inevitáveis, se definem soluções para minimizar o ‘tempo’ perdido em qualquer uma das fases de produção”.

De empresa para empresa, é definido o plano e as ferramentas que vão assegurar o bom planeamento e que podem ir “desde uma folha em Excel a um software mais elaborado, com várias parametrizações”. No caso da PTKM, explica Pedro Neves, foi desenvolvido internamente um programa que assegura que tudo é feito “à nossa medida”. E isso, diz, “permite controlar o planeamento e a produção, desde o projeto até ao teste”.

Pedro Neves acrescenta que “uma ferramenta de planeamento deve considerar controlar todas as fases de construção e permitir verificar a carga máquina com tempos’ bem definidos”. Deve ainda, no seu entender, “existir um controlo rigoroso de cada colaborador em cada fase da produção e que, sempre que possível, permita antever um desvio”. Este, se for detetado, “deve ser reportado, de forma a serem tomadas ações imediatas para que não hajam atrasos”. Pedro Neves – PTKM

E tão importante como a ferramenta tecnológica é a ‘ferramenta’ humana. “A experiência do profissional é essencial”, sublinha.

Mais tempo

Em todo o processo, as alterações aos moldes podem implicar as mais diversas consequências. Desde logo, “as alterações no início do projeto podem implicar atraso nas primeiras amostras. Contudo, nesta fase ainda é possível preparar uma estratégia de ação para anular essa possibilidade, o que pode ter custos associados”.

Depois, explica, “durante a fabricação de um molde, uma modificação já implica alteração de prazo/custos”, obrigando a que tenha “de ser tudo novamente analisado”.

Nesta indústria, considera Pedro Neves, “nos processos existentes nos dias que correm, cada vez menos é possível flexibilizar. Para além dos horários em alguns sectores, pouco há a fazer”.

Defende que “seria necessário alterar mentalidades das pessoas responsáveis pela definição dos prazos”, adiantando que “de uma forma geral, há mais tempo gasto em definição do artigo e negociação entre os vários ‘stakeholders’, restando pouco tempo para a construção da ferramenta.

Considera, no entanto, que seria possível tornar o processo mais flexível. “Uma solução para termos os processos mais flexíveis é dar ao construtor de moldes ‘tempo’ para executar a ferramenta, definindo objetivos exequíveis com espaço para pensar e analisar a melhoria dos processos e evitar erros associados à pressão de um prazo apertado”, salienta.

SD Moldes: Experiência profissional assegura bom planeamento

A eficácia de um planeamento está sempre associada à experiência de quem o faz. Esta é a opinião de Simão Pêcego, da SD Moldes. Considera que este “deve ser sempre feito por alguém que está, ou esteve, diretamente ligado ao fabrico do molde e que acompanhe/ou o processo desde o projeto às otimizações”.

Isto é, no seu entender, essencial, porque desta forma permite que “haja uma maior assertividade nos tempos estimados para cada uma das operações necessárias afim do molde executado”, sem comprometer a qualidade do mesmo e a produtividade da empresa, pois a cada operação deve ser disponibilizado o tempo necessário

FOTO: PTKM

para a mesma, mas também não o deve exceder pois irá comprometer a produtividade e consequentemente um efeito negativo no Turnover da empresa.

Dito de outra forma, sublinha, “existem tipologias de peças – como é do conhecimento geral – que pós- -primeiras injeções pouco mais trabalho tem a fazer nos respetivos moldes. Mas há no mercado outras tipologias de peças, que após primeiras amostras, exige todo um processo de otimizações que poderá representar 30 a 40% dos trabalhos. Por isso achamos extremamente relevante que por detrás de cada sistema de planeamento esteja também e sempre presente um profissional com experiência, que consiga distinguir as diferentes tipologias de peça que o mercado nos solicita , e que contemple as margens de segurança, para os imprevistos que possam surgir em função de cada tipologia”.

Simão Pêcego – SD MOLDES

Mas não tem dúvidas da importância do planeamento, considerando que a forma como o mesmo é efetuado representará um molde feito de acordo com o processo interno de cada empresa assegurando assim seus padrões de qualidade e prazo, uma vez que que os tempos para cada uma das tarefas e demais operações foram considerados e disponibilizados. Sem planeamento, nada garante que isso aconteça”, sustenta.

Em síntese, considera que deve existir um planeamento “Geral e por molde subdividido em cada uma das suas tarefas”.

Tempo para imprevistos

Admitindo que existem, atualmente, algumas ferramentas que apoiam a execução do planeamento, Simão Pêcego acentua, no entanto, que, na prática, são as pessoas que vão fazer a diferença.

“As pessoas são parte integrante do processo e estão sempre presentes em qualquer uma das operações e das tarefas que possam existir nos moldes. Isso é transversal. Não há volta a dar”, afirma, sublinhando que “no mercado, existem softwares dedicados à nossa indústria e quase todos eles contemplam as ferramentas de planeamento assim como da sua monitorização. Contudo, salienta que “mesmo sem recorrer a um software dedicado, o microsoft office já traz algumas ferramentas que já fazem boa parte do trabalho de um bom planeamento, sendo um bom começo. No entanto a monitorização do mesmo deve estra sempre presente!

A preparação para uma alteração ao molde está, no seu entender, centrada na sensibilidade de quem faz o planeamento.

FOTO: PTKM

Ou seja, da sua capacidade de “disponibilizar, dentro da carga temporal, uma determinada margem para todos esses imprevistos. E esses imprevistos são as correções, otimizações e alterações de engenharia, e outros tipos de suporte solicitado pelo cliente.

E chama a atenção de tal como qualquer outra indústria também no fabrico do molde existe a margem de rejeição resultante dos erros associados a cada tarefa e que nós trabalhamos todos os dias, para que sejam minimizados, mas eles existem e também estes devem ser considerados e estimados no planeamento.

Por isso, defende, “é necessário no planeamento global da empresa, ter sempre uma margem de tempo disponível para estes imprevistos.

A alternativa a não disponibilizar estas margens seria que as empresas criassem uma ‘ilha’, secção ou o que lhe queiramos chamar, dedicada apenas às tarefas pós- -primeiras amostras. Contudo, isso teria custos muito onerosos para a empresa, pelo investimento necessário face a tempos vazios”. Por tudo isto, considera, o planeamento tem de ser flexível e dinâmico.

Face a imprevisibilidade temporal dos pontos anteriormente referidos e respetiva carga que possa representar, a monitorização e a flexibilidade serão boa parte da solução para esta questão, afirma, defendendo que, por isso, tem de existir “uma flexibilidade da empresa, dos processos e das pessoas para aceitar e acomodar estas questões.

No entanto a flexibilidade será algo que poderá afetar de forma negativa a produtividade, se for usada na forma reativa em vez de planeada, pois colocará em causa processos e consequentemente produtividades.

É NECESSÁRIO ESTRUTURAR BEM, SABER EXATAMENTE O QUE SE QUER, O QUE SE PRETENDE FAZER E OS RESULTADOS QUE SE QUER OBTER. É PRECISO TAMBÉM PERSEVERANÇA, CONDIÇÕES, EQUIPAMENTOS, MEIOS E EQUIPAS CAPAZES E COM VONTADE DE FAZER CUMPRIR O PLANEAMENTO

TJ Moldes: Planeamento permite estruturar processos e melhorar fabrico

“O planeamento é uma ‘arma’ que nos vai permitir dar o tempo necessário e preciso para a execução das tarefas”. Assim o descreve Paulo Fernandes, da TJ Moldes, para quem o planeamento permite um processo “devidamente estruturado, seguindo uma lógica de fabrico – neste caso o fabrico dos moldes e de todos os componentes que o constituem – e deixando de lado a improvisação a que nos fomos habituando, ao longo dos anos”.

“Com toda a tecnologia com a qual as empresas se reforçaram, juntando o conhecimento de uma vida, essa improvisação deu lugar a uma forma de fazer mais regrada. É necessário estruturar bem, saber exatamente o que se quer, o que se pretende fazer e os resultados que se quer obter. É preciso também perseverança, condições, equipamentos, meios e equipas capazes e com vontade de fazer cumprir o planeamento”, adianta, considerando que esta é, para si, a definição de “um planeamento com qualidade”.

Num paradigma global, marcado pelos tempos, pelos prazos, pelos preços, e pela perda de trabalho para mercados que são, no seu entender, “deslealmente competitivos”, as organizações têm necessidade de “fazer contas, de ser mais precisas naquilo que fazem, uma vez que a maneira como sempre se fez era impossível de manter”. Por isso, sublinha, surgiu uma aposta crescente em informação. “Nasceu a necessidade de gerar informação, criar prognósticos, estimativas, recolher informação das máquinas, nomeadamente tempos associados a tarefas. Paulo Fernandes – TJ MOLDES

COM TODA A TECNOLOGIA COM A QUAL AS EMPRESAS SE REFORÇARAM, JUNTANDO O CONHECIMENTO DE UMA VIDA, ESSA IMPROVISAÇÃO DEU LUGAR A UMA FORMA DE FAZER MAIS REGRADA

Com isto, conseguimos cruzar estimativas com a realidade e deixar que softwares – que, neste caso, são as ferramentas – nos permitam juntar toda esta informação e trabalhá-la”, afirma.

E, para além das tecnologias, destaca também o papel das pessoas. “São sempre importantes em todos os sectores. Neste, em particular, as pessoas vão continuar a ser necessárias, até porque é preciso fazer análises daquilo que está a acontecer em tempo real. O computador tem o papel essencial de fazer as contas rapidamente, mostrar com rapidez o que está a acontecer. Mas o conhecimento e a análise vão ser sempre necessários e cabem às pessoas”, defende.

Prever imprevistos

Num processo de fabrico onde os imprevistos acontecem, o planeamento pode ajudar. “Os softwares facilitam nesta questão, seja em alterações – aquelas que são propostas pelo cliente – sejam alterações provocadas pelos erros. E o planeamento consegue ‘prever’ imprevistos”, diz.

“A partir do momento em que há o contacto com o cliente, a conversação, a negociação, ao fecho do negócio, nós acabamos por vender horas para determinados sectores de fabrico. Esta é a nossa base de trabalho, em termos de planeamento. A partir daí, temos um planeamento macro: vamos distribuir todas essas horas pelos sectores. Mas podemos ir mais longe, ao planeamento micro, ou seja, definir exatamente cada uma das etapas e tempos e fazer com que tenhamos uma gestão de todo o equipamento: parque, máquinas, pessoas, quando é que vão começar e quando vão acabar as tarefas”, explica, sublinhando que, com tudo estruturado desta forma, “caso haja uma alteração não vai implicar nas horas que inicialmente estavam previstas, nem no custo de venda do molde”.

Dito de outra forma, “estamos a executar re-trabalhos e o planeamento vai contemplar isso: trabalhar sobre uma camada (de determinada peça) que é a alteração. E no final, conseguimos ver quanto custou a peça e a alteração. Os softwares são capazes de fazer isso”.

Paulo Fernandes considera mesmo ser “uma mais- -valia que, quando chegamos ao final, possamos saber exatamente quanto é que custou, que máquina fez, quem mexeu naquela peça, que ferramentas consumiu, o preço de venda do molde e da alteração que foi feita”. Esclarece ainda que é o planeamento que vai permitir a flexibilidade no processo. “A flexibilidade, no fundo, vai ser a gestão das prioridades. Porque, no processo, há coisas que são mais importantes que outras”, defende.

E, dentro do processo produtivo, considera que “há sectores, técnicas e métodos mais convencionais que podem vir a ser automatizados, standardizados. Ou seja, serem mais flexíveis, de forma a que as organizações se tornem mais rápidas no processo produtivo”.

“No fundo, queremos é fazer o molde mais rápido e sem perder qualidade e a rentabilidade da empresa”, salienta, lembrando que a flexibilização pode passar também pela “robotização” e novas formas de produzir, aproveitando melhor o tempo. “O planeamento é muito importante porque nos vai permitir rentabilizar não só o tempo do processo de fabrico, como as máquinas que precisam de ser rentabilizadas”, considera.

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