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Projeto e bancada asseguram boa produção

Um bom sistema de produção tem como ponto de partida uma boa área de projeto

Quem o defende é João Moita, da Imoplastic. Esta é, no seu entender, uma área fundamental do processo e que, a maior parte das vezes, está sujeita a enormes pressões. “Como, normalmente, não trabalha por turnos e tem limitações, a informação que é dada chega, por vezes, com atraso. Umas vezes, isso acontece por culpa das próprias empresas, mas outras vezes por culpa dos clientes. Nesse caso, não conseguimos fazer nada porque eles, habitualmente, nos exigem – o exemplo dos trabalhos adicionais – e, a maior parte das vezes, nós acabamos por ficar com um prazo muito reduzido – por vezes de metade do tempo – para maquinar o molde. Esta é, constantemente, a nossa dificuldade e, por isso, a área do projeto é fulcral”, explica.

Uma outra área que destaca como muito importante no processo é a bancada, onde é feito o acabamento final do molde. “Se não tiver um bom projeto e uma boa bancada, o molde pode ter a melhor maquinação que existe mas terá, certamente, problemas graves”, afirma, salientando que “no fabrico da peça, todos os processos são importantes, contudo estes dois são fundamentais”.

No seu entender, as tecnologias ocupam um lugar importante no processo, mas o seu sucesso depende da forma como são aplicadas por cada empresa. Ou seja, diz João Moita, as tecnologias são as que o mercado disponibiliza e, nesse aspeto, são iguais para todos. Depois, “cada empresa terá de tentar aproveitá-las o melhor que pode e consegue, com os meios humanos que tem à sua disposição”. E aí reside a diferença, no seu entender. “Obviamente, se tiver uma tecnologia e não souber ou não conseguir aproveitá-la, não lhe vale de grande coisa tê-la.

A empresa está a ter custos e não está a aproveitar, não está a rentabilizar e não está a dar um caminho correto para a execução do molde. Possivelmente, o produto final vai ressentir-se disso”, explica, frisando que “as tecnologias vão aparecendo e cada um deve tentar utilizá-las da melhor forma que conseguir. Podem, em alguns casos, ter custos proibitivos. Mas quanto a isso, cada empresa saberá da sua situação e definirá a sua estratégia”.

Se existe uma nova tecnologia que custa um milhão ou dois milhões, cada empresa, por si, provavelmente não vai conseguir tê-la e dar-lhe rentabilidade suficiente ou ocupação que lhe permita amortizar um valor desse tipo. Nesse caso, pode ser mais vantajoso ir buscar esse serviço fora

Por isso, aconselha a que, antes da aquisição de uma tecnologia, seja feita uma grande ponderação. E como resultado dela podem, até, surgir soluções que passem pela não aquisição de tecnologia, mas por opções como a subcontratação. “Pode dar-se o caso de surgir uma nova empresa que se vai apetrechar com tecnologias altamente desenvolvidas e que permita às outras empresas socorrer-se disso. Dou o exemplo das texturas. Há empresas que fornecem esse serviço, com elevada qualidade. Logo, são tecnologias nas quais não vale a pena investir”, considera, sublinhando que “é preciso fazer esse balanço: se existe uma nova tecnologia que custa um milhão ou dois milhões, cada empresa, por si, provavelmente não vai conseguir tê-la e dar-lhe rentabilidade suficiente ou ocupação que lhe permita amortizar um valor desse tipo. Nesse caso, pode ser mais vantajoso ir buscar esse serviço fora”.

Considerando que “as empresas têm, obviamente, uma dependência cada vez maior das tecnologias”, lembra que “só uma utilização correta, assegura um produto de qualidade”. E salienta que, neste processo, “as pessoas são cada vez mais necessárias: não no sentido dos operários de antigamente, que eram artistas, mas hoje têm de ser técnicos altamente qualificados para utilizar as tecnologias existentes”. Ou seja, a indústria “deixou de estar dependente de operários e passou a estar dependente de tecnologias e técnicos peritos em tecnologias. Não deixa de existir a dependência do fator humano, bem pelo contrário”, defende.

Não há uma fórmula mágica para evitar os desperdícios

Num aspeto, João Moita é perentório: por melhores que sejam as tecnologias, na produção há sempre desperdícios impossíveis de eliminar. “Estão dentro da cadeia de produção. É muito difícil extingui-los”, defende, considerando, contudo que podem ser minimizados. Como? “Com muita formação aos recursos humanos. Formando as pessoas e dando-lhes e exigindo-lhes responsabilidade. É a única maneira. Não se pode ter um fiscal em cada posto de trabalho a controlar os desperdícios, sejam de tempo, sejam do que for”, afirma.

“Não há uma fórmula mágica para evitar os desperdícios”, frisa, considerando que a maior parte dos desperdícios são de subaproveitamento das tecnologias e das pessoas. Os restantes são uma ínfima parte. “Dou o exemplo do aço. Temos de comprar aquilo que está no caderno de encargos do cliente. Se há desperdício de aço, é porque alguma peça se estragou”, relata, sintetizando que “os pequenos desperdícios vão existir sempre. Não há volta a dar. Temos é de criar condições para atenuar os grandes desperdícios”.

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Texto: Helena Silva

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