E-book Gestão da Segurança CIdadã

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Segurança Pública, Polícia e Cidadania

Por fim, consta no parágrafo 8º, do Artigo 144 da CF a possibilidades dos municípios constituírem guardas municipais destinadas à proteção dos bens, serviços e instalações municipais. Como já exposto, as funções de cada órgão policial são estabelecidas constitucionalmente, entretanto, a divisão dos papéis na prática gera dúvida e conflitos entre as agências e não raro, uma agência culpa a oura de usurpar a sua função. O funcionamento do sistema de segurança não é harmônico, o que afeta diretamente na sua eficiência. Repensar esse formato adotado pelo Brasil é uma necessidade. Ademais, é necessário transitar do formato de segurança pública para segurança cidadã, em que a sociedade como um todo é convidado a participar ativamente e decidir seu futuro e suas prioridades. Nesses termos, importa tratar, na sequência, da evolução do formato tradicional de policiamento para o policiamento comunitário, focado no cidadão.

3.4 Policiamento Comunitário As últimas décadas do século XX são apontadas como o momento histórico em que diversos países começaram a implementar o policiamento tido como comunitário em contraposição ao policiamento tradicional questionado em sua eficácia e eficiência. Desta feita, o policiamento comunitário surge como uma alternativa ao modelo de policiamento tradicional. Nem tudo que se apresenta como policiamento comunitário é, efetivamente, policiamento comunitário. É preciso considerar que a implantação da filosofia de policiamento comunitário requer mudanças administrativas e simbólicas. Administrativas no que se refere à criação de novas estruturas, métodos e táticas operacionais. E mudanças simbólicas, as quais pressupõem o estabelecimento de novos valores, representações e práticas inscritas na cultura organizacional da polícia (SANTOS et al., 2013). As mudanças, tanto administrativas quanto simbólicas, não são de fácil concretização, haja vista que precisam romper com a barreira do costume imposto. É, em tese, mais cômodo, mais seguro, seguir fazendo como sempre se fez. A mudança é desafiadora, gera a saída da zona de conforto. Nesse sentido, Ferragi (2011, p. 61) escreveu que um dos maiores desafios na mudança de foco representada pelos policiamentos comunitários era ensinar ao policial a falar com o cidadão, pois este novo papel afrontava o antigo de policial durão que combate o crime. “[...] Manter junto aos cidadãos uma atitude simpática, amável,

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