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Indicações
contam os itinerários passados, com todos os seus sucessos e interrupções, as paixões teóricas e literárias que ficaram lá atrás e as que resistiram ao passar do tempo; elas mostram tudo o que foi efêmero e também o que foi duradouro. Mas contam também o que o leitor espera do futuro, o que ele ainda deseja, para onde ele quer caminhar. Bibliotecas assim, na estante de uma casa, podem contar a história de uma família. Um dia os filhos, já crescidos, podem ver na biblioteca dos pais o espelho dos anos passados juntos. Num certo sentido, tanto pelo seu próprio conteúdo quanto pelo que elas representam, bibliotecas são dos maiores legados que os pais podem passar para seus filhos.
Ricardo Marcelo Fonseca é graduado em Direito e em História, especialista, mestre e Doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Fez pós-doutorado na Università degli Studi di Firenze, Itália, entre 2003 e 2004. Atualmente, é Reitor e professor titular de História do Direito do Departamento de Direito Privado da UFPR, e é pesquisador do CNPq, nível 1-B.
Antonio Luiz Machado Fonseca é estudante da 1ª série do Ensino Médio no Colégio Medianeira e como todo adolescente, adora jogar basquete e ler.
João Gabriel Machado Fonseca é Sempre-Aluno Medianeira. Encerrou sua trajetória no Colégio Medianeira em 2022 com o Terceirão Kháos. Enquanto aguarda o resultado dos vestibulares gosta de passar o tempo tocando guitarra e lendo.
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Não contem com o fim do livro | Umberto Eco Editora Record
Do papiro ao arquivo eletrônico, Umberto Eco e Jean-Claude Carrière atravessam 5 mil anos de história do livro em uma discussão erudita e bem-humorada, sábia e subjetiva, dialética e anedótica, curiosa e de bom gosto. Na conversa entre os autores, intermediada pelo jornalista Jean-Philippe de Tonnac, a intenção não é apenas entender as transformações anunciadas pela adoção do livro eletrônico, mas dar início a um debate instigante e atual a partir da premissa de que e a história dos livros e o amor a eles os salvarão do desaparecimento.
Por que ler os clássicos | Italo Calvino Companhia de Bolso
O que é um clássico? E por que lê-lo? Este livro fornece várias respostas a essas perguntas, algumas consensuais, outras polêmicas, mas todas certamente enriquecedoras. Em verdadeiro trabalho amoroso de ourivesaria, Calvino desentranha as diversas facetas do que seja um clássico, para depois iluminar com uma leitura penetrante seus próprios clássicos, ou seja, alguns dos autores mais importantes da tradição literária e intelectual do Ocidente.
Quadrinhos ou janelas para o passado?
As HQs em sua dimensão histórica
Um movimento de busca pela compreensão das realidades que já foram.
Por Leonardo Girardi
As Histórias em Quadrinhos (HQs), além do entretenimento, carregam inúmeras possibilidades de aprendizagens, principalmente quando se trata da forma de inserir os jovens no mundo da leitura e do saber histórico. Entre enredos, cenas e personagens cativantes, que tal explorarmos um pouco melhor esta dimensão presente entre quadros e onomatopeias?
Na produção do saber histórico não há nada mais caro ao historiador do que suas fontes: essas são evidências, vestígios, fragmentos de vivências deixados por nossos antepassados ao longo da trajetória humana; sem elas é quase impossível permear as brumas do tempo em busca de compreensão das realidades que já foram. É nesta condição de fontes que as HQs podem ser utilizadas como ferramenta para uma incursão direta sobre o passado, permitindo a quem as lê vislumbres de hábitos e costumes, práticas e ocorrências, valores e ideologias, trocas e influências.
Como exemplo, temos uma obra particularmente especial para os quadrinhos do Brasil e do Mundo: As Aventuras de Zé Caipora, escrita por Angelo Agostini e tida como o primeiro quadrinho de aventura da história. Seu primeiro capítulo foi publicado em 1883, numa época em que as HQs como conhecemos hoje sequer existiam – uma das características que define o gênero como o clássico balão de fala demoraria mais alguns anos para aparecer, com o Yellow Kid de Richard Outcault, em 1896. Sendo um sujeito simples, José Corimba, apelidado como “Zé Caipora” (cujo segundo nome à época remetia a “malfadado”, “pessoa de má sorte”) vivencia todo tipo de peripécias em um Brasil que estava quase às portas da República. Apaixona-se pela filha de um barão (um romance quase proibido), adoece, retira-se para o interior – primeiro de trem, depois no lombo de uma mula –, e evidencia ao leitor vários detalhes que permitem uma aproximação ao contexto imperial bra- sileiro: relações, práticas e códigos sociais, os alcances da industrialização no Brasil e a realidade agrária do país à época.
Realizando um salto no tempo, chegamos na data de lançamento do clássico Pererê, obra de Ziraldo, pai do Menino Maluquinho. Publicado como revista pela primeira vez em 1960, no turbulento contexto que antecede a ruptura democrática efetuada pelo Golpe Civil-Militar de ’64 (que inclusive, leva ao cancelamento da primeira leva de histórias do personagem), o quadrinho aparece em um momento de nacionalização da mídia, derivado de movimentos oriundos da década de 1950. Exercício de análise: observe a composição da capa da primeira edição em que o personagem-título aparece; Pererê figura ladeado por uma série de malas com adesivos/estampas indicando inúmeras cidades do país, chamando a atenção da nacionalidade que reveste o personagem.
Inspirado nas lendas e folclores brasileiros, bem como em produções literárias já clássicas à época – como o Sítio do Pica-Pau Amarelo de Monteiro Lobato –Pererê tem como melhor amigo Tininim, indígena da fictícia tribo dos Parakatokas, além de vários outros companheiros, como a onça pintada Galileu ou Moacir, o jabuti, todos habitantes da chamada “Mata do Fundão”, cenário de boa parte de suas aventuras. Nessas histórias criadas por Ziraldo, vemos aspectos ligados ao mundo urbano da época contrastarem visivelmente com a realidade do interior, ao passo que se evidenciam características étnicas, culturais e políticas do período. Bem como a denúncia de problemas sociais, traço característico do autor até o presente. Considerando que algumas temáticas e contextos se aproximam, uma