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Irmão VICENTE SLANY e seu mimeógrafo a álcool
Em comemoração aos 40 anos de atuação, a banda curitibana Blindagem tocou, em 2016, no Colégio Medianeira, no Auditório Vicente Slany. Em Salvador do Sul (RS), a Prefeitura oferece cursos de Artes através da Casa da Cultura Vicente Slany. Dar nomes de falecidos a locais públicos é humilde remédio contra o esquecimento a maneira com que os vivos rendem homenagem aos serviços prestados por aqueles que ajudaram a construir a comunidade onde viveram.
É corrente que hoje o nome do Irmão Vicente Slany (Teschen, 1911Curitiba, 1993) surja na imprensa associado a eventos culturais, pois foi dedicando-se a pintura e a música que este Irmão da Companhia de Jesus deixou acervo, legado e exemplo. Em conformidade com a natureza da Irmandade, o Irmão Slany servia a Deus por vocação, em tudo e por todos colocando-se a serviço da Companhia. Foi professor de Português, alemão, caligrafia, desenho, pintura, cenografia, além de exercer funções menos abstratas ou mentais, como pintor de paredes, porteiro, roupeiro.
No Colégio Medianeira, chegou em 1972. Nesta época o colégio tinha um quadro de funcionários da manutenção muito reduzido, pois eram os Irmãos que desempenhavam estas funções práticas, expondo dia a dia a importância da Irmandade no apoio aos Padres professos e no funcionamento da comunidade educativa: Irmão Eugênio mestre marceneiro, construiu os bancos e altares das capelas, armários etc. Irmão Irineu, cuidava da horta e granja, provia a mesa dos seminaristas que moravam no colégio, Irmão Lorini cuidava entre outras coisas da cozinha, dirigia o caminhão e na Kombi levava alunos para reformar os colégios que o programa de pastoral adotava.
Na portaria, Irmão Slany, memorioso, cumprimentava pelo nome todos os alunos. Sentava-se entre os jovens, brincava, jogava bola, e era muito comunicativo, alegre e conselheiro; organizava escoteiros e encontrava tempo para seu maior gosto: a pintura. É naquele contexto de época que podemos melhor entender a produção pictórica deste Irmão.
Os produtos impressos em gráficas eram inacessíveis ao colégio, pois a tecnologia da reprodução em off set exigia fotolitos, preparação, tempo e dispêndio. Para atender a demanda de um colégio de matriz religiosa, cujo calendário anual era repleto de festividades e eventos, o Irmão Slany aplicava seu talento a criar folhinhas, santinhos, convites, cartazes, panfletos: desenhava-os em papel stencil, fixava-o no cilindro do mimeografo e rodava centenas de cópias recendendo a álcool, depois cortava-as e, muitas vezes com mãos voluntárias dos estudantes, coloria uma a uma, envelopava e endereçava às famílias. Era o seu recurso para reprodução técnica da imagem.
Muitos dos trabalhos deixados por ele, e hoje em acervo na pinacoteca do colégio, são os originais (matrizes) ou cópias desses singelos convites à participação das festas religiosas. Algumas pinturas de observação revelam um Irmão que amava o contato com a natureza, são cenas de tendência impressionista, da Ilha do Mel, da Serra do Mar, de pinheirais da flo - resta ombrófila. Contudo, infere-se, pelo grande volume de pinturas e desenhos representando o Santo Sudário e Cristo portando a cruz, uma predileção ou necessidade espiritual de dar expressão ao sofrimento imposto ao Cristo. Talvez, pintar, fosse, para este humilde Companheiro de Jesus uma forma de meditação ou exercício espiritual. Dentre as obras de maior qualidade deixadas pelo
Irmão Slany, encontra-se na capela do colégio a Via Crucis com que retrata a ignominiosa humilhação, martírio e morte de Jesus Cristo. comente este artigo: comunicacao@colegiomedianeira.g12.br é fotógrafo, designer gráfico, vídeo maker e assistente de arte. É formado Design
Ilha do Mel, Guarita interior. Guache e nanquim sobre papel. Ano 1978.
A Ilha do Mel - Paranaguá - Nanquim sobre papel. Ano 1978.
Ilha das Cabras e Serra do Mar à Ilha do Mel - Nanquim sobre papel. Ano 1978.
Ilha do Mel, Árvore típica de lá - Guache e nanquim sobre papel. Ano 1978.
Ilha do Mel, Forte e Farol - Guache e nanquim sobre papel. Ano 1978.
Ilha do Mel - Nosso rebocador na ida e volta Nanquim sobre papel. Ano 1978.
Acampamento Ilha do Mel - Nanquim sobre papel. Ano 1978.
Marcelo Weber de Macedo Marcelo Weber é sempre-aluno Medianeira e artista experiente com trabalhos em gravura, tipografia, marcenaria, cerâmica e azulejaria. Possui obras espalhadas pelo Brasil e no exterior, além de ser autor do livro Receituário de cozinha: de convivium ou das alegrias da mesa. Atualmente, é educador do Espaço Maker do Colégio Medianeira, onde assessora estudantes e professores a tirarem ideias do papel.
Gráfico pela UNICURITIBA, Pós-Graduado em História da Arte e Curadoria ( PUC-PR). Colabora com diversas exposições de artes visuais, campanhas publicitárias e pintura nos murais de Curitiba. Atualmente trabalha no setor de Comunicação do Colégio Medianeira.