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INVICTATION Mónica Neto

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MÓNICA NETO

“A MODA NACIONAL É UM PILAR ESSENCIAL DO PORTUGAL MODERNO E COMPETITIVO À ESCALA GLOBAL”

“NATIONAL FASHION IS AN ESSENTIAL PILLAR OF MODERN AND COMPETITIVE PORTUGAL ON A GLOBAL SCALE” Continuar a apostar na internacionalização é o grande objetivo do Portugal Fashion, que se orgulha de ter conquistado os calendários oficiais das mais relevantes semanas de moda mundiais. Quem o afirma é Mónica Neto, diretora do evento, que nos fala dos atuais desafios da moda portuguesa e do contributo da iniciativa para a divulgação da criação nacional.

Na sua opinião, quais são os principais desafios que a moda portuguesa, e de forma mais transversal a indústria têxtil, enfrenta na atualidade? Desde logo, a provável falta de poder de compra. Fruto da crise económica que chegará, mais dia menos dia, a moda de autor, bem como a indústria, podem ter de enfrentar alguns desafios. Talvez o principal seja mesmo a falta de poder de compra que se generalizará um pouco por todo o mundo. Com isso virá, também, o difícil acesso às matérias-primas, o que dificultará a produção de novas coleções. Ainda assim, há cada vez mais informação e consciencialização de que a moda “fast fashion” não é, muitas vezes, justa para quem nela trabalha e, como consequência, talvez o público se volte mais para a faceta criativa e com maior qualidade que é a moda autoral e a indústria têxtil portuguesa. No Portugal Fashion orgulhamo-nos de promover a mensagem, nacional e internacionalmente, de que há um enorme potencial criativo e de saber fazer bem em Portugal, e isso tem-se notado nos últimos tempos, com vários buyers internacionais interessados nas nossas criações e no “made in Portugal”. A aposta na internacionalização (dada a exiguidade do mercado interno), na digitalização e também na circularidade e estratégias de sustentabilidade serão cruciais para que a nossa indústria se mantenha competitiva face aos desafios do contexto atual.

Olhando precisamente para a necessidade de se apostar na digitalização, que importância assume para o setor e como é que se pode e deve evoluir neste domínio? A transição digital é, sem dúvida, um dos desafios da atualidade, desde logo como necessidade de designers e marcas acompanharem a evolução do mercado. A internet

veio globalizar o acesso às marcas, mesmo dos países mais periféricos, como é o caso de Portugal. A digitalização é fundamental para dar a conhecer a marca e chegar mais “próximo” dos clientes. Mas para isso é importante que o processo esteja bem montado e oleado, para que as encomendas sejam processadas rapidamente e a gestão do stock seja bem feita, por exemplo. De resto, a digitalização envolve muito além das vendas e impõe-se noutros domínios, como nos processos de comunicação e até de criação, como é o caso do metaverso.

E de que forma é que a indústria e as marcas estão a integrar as preocupações ambientais e de sustentabilidade? Que caminho têm ainda a percorrer? Há uma sensibilização cada vez maior da parte das marcas portuguesas para a sustentabilidade. Aliás, com a tomada de consciência cada vez maior por parte do consumidor, torna-se imperativo que se faça esse caminho e se encontrem formas cada vez mais amigas do ambiente e cada vez mais responsáveis socialmente. O consumidor de hoje preocupa-se muito com essas questões, e as marcas, atentas a isso, promovem cada vez mais esses conceitos e processos em tudo aquilo que fazem. É um processo, mas o caminho está a ser feito, e bem feito. A nossa indústria é das mais capacitadas para a produção sustentável e os nossos criadores são dos melhores exemplos de projetos onde a transparência impera ao longo de todas as fases da cadeia de valor.

O Portugal Fashion é hoje uma referência na promoção e valorização da “marca” Portugal e na divulgação da produção e criação nacionais no setor têxtil e de vestuário. Em que áreas deve continuar a apostar para conseguir uma imagem e um “produto” cada vez mais diferenciador? O Portugal Fashion deve continuar a apostar numa dinâmica cada vez mais internacional, seja pelo contacto com a imprensa e buyers, seja pelo formato da edição passada, por exemplo, em que abraçou a cidade do Porto. Sempre houve um certo estigma em relação às semanas da moda periféricas e, portanto, é preciso ter algum fator diferenciador. E o Porto tem isso, pela dinâmica das suas indústrias criativas, pela proximidade do hub industrial do têxtil e vestuário, pela arquitetura, pela comida, pelas pessoas e pela autenticidade dos seus cantos e recantos, que tanto encantam quem visita a cidade. A comunhão do Porto com a moda é uma junção vencedora e deve ser continuada e mantida.

E que papel o evento tem desempenhado na crescente internacionalização da moda portuguesa? Quais as apostas futuras neste campo?

A maior bandeira da moda portuguesa fora de portas sempre foram os desfiles e iniciativas internacionais, seja em Paris, Milão, Londres, Nova Iorque e muitas outras cidades mundiais, que o Portugal Fashion faz e sempre foi fazendo. Para além disso, são importantes as relações que se vão criando, no tempo, com pessoas relevantes na área da moda e que vão ajudando o Portugal Fashion a trilhar o seu caminho. Há hoje uma comunidade de nomes internacionais que valorizam o Portugal Fashion e fazem questão de estar presentes nas nossas ações, nacionais ou internacionais, e isso é o melhor cartão de visita que podemos ter.

Continuing to invest in internationalisation is the main goal of Portugal Fashion, which is proud to have conquered the official calendars of the most important fashion weeks in the world. Who states this is Mónica Neto, director of the event, who talks to us about the current challenges of Portuguese fashion and the initiative’s contribution to the dissemination of national creation.

In your opinion, what are the main challenges that Portuguese fashion, and more transversally the textile industry, is currently facing? First of all, the probable lack of purchasing power. Due to the economic crisis that will come, one day or another, designer fashion, as well as the industry, may have to face some challenges. Perhaps the main one is the lack of purchasing power that will become widespread all over the world. With this will also come difficult access to raw materials, which will make it difficult to produce new collections. Even so, there is more and more information and awareness that fast fashion is often not fair to those who work in it and, as a result, perhaps the public will turn more towards the creative side and with higher quality that is the authorial fashion and the Portuguese textile industry. At Portugal Fashion we are proud to promote the message, nationally and internationally, that there is an enormous creative potential and know-how to do well in Portugal, and this has been noticed in recent times, with several international buyers interested in our creations and in the “made in Portugal”. The focus on internationalisation (given the scarcity of the domestic market), on digitalisation and also on circularity and sustainability strategies will be crucial for our industry to remain competitive in the face of the challenges of the current context. Looking precisely at the need to invest in digitalisation, what is its importance for the sector and how can and should it evolve in this area? The digital transition is, without a doubt, one of today’s challenges, starting with the need for designers and brands to keep up with market evolution. The internet has globalized the access to brands, even in the most peripheral countries, as is the case of Portugal. Digitalisation is fundamental to make the brand known and to get “closer” to the customers. But for this it is important that the process is well set up and oiled, so that orders are processed quickly and stock management is well done, for example. For the rest, digitalisation involves much more than sales and imposes itself in other areas, such as communication processes and even creation, as is the case of the metaverse.

And how are the industry and brands integrating environmental and sustainability concerns? How far do they still have to go? There is an increasing awareness of sustainability among Portuguese brands. In fact, with the growing awareness of the consumer, it is imperative that we follow this path and find ways that are increasingly environmentally friendly and socially responsible. Today’s consumer is very concerned about these issues, and brands, mindful of this, increasingly promote these concepts and processes in everything they do. It is a process, but the path is being taken, and done well. Our industry is one of the most capable of sustainable production and our designers are among the best examples of projects where transparency reigns throughout all stages of the value chain.

Portugal Fashion is today a reference in the promotion and valorisation of the Portugal “brand” and in the showcasing of national production and creation in the textile and clothing sector. In which areas should it continue to invest in order to achieve an increasingly differentiating image and “product”? Portugal Fashion should continue to invest in an increasingly international dynamic, whether through contact with the press and buyers, or through the format of the last edition, for example, which embraced the city of Porto. There has always been a certain stigma towards peripheral fashion weeks and, therefore, it is necessary to have a differentiating factor. And Porto has that, due to the dynamics of its creative industries, the proximity of the textile and clothing industrial hub, the architecture, the food, the people and the authenticity of its nooks and corners, which charm those who visit the city. Porto’s communion with fashion is a winning combination that should be continued and maintained.

And what role has the event played in the growing internationalisation of Portuguese fashion? What are the future bets in this field? The biggest banner of Portuguese fashion abroad has always been the international shows and initiatives, whether in Paris, Milan, London, New York and many other world cities, which Portugal Fashion does and has always done. In addition to this, the relationships that are created over time with relevant people in the area of fashion and that help Portugal Fashion to follow its path are important. Today there is a community of international names that value Portugal Fashion and make a point of being present in our actions, national or international, and this is the best business card we can have. Portugal Fashion is proud to have won official calendars in leading fashion weeks, positioning national designers alongside big international names. In addition, there are Portuguese creations in the best concept stores in the four corners of the world, thanks to the

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