Revista Direcional Condomínios - Ed. 290 jun/23

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CAPA PROMOCIONAL

Caro(a) Síndico(a)!

Chegamos à metade do ano. Junho é uma boa época para pensar em um segundo semestre mais producente e em ações positivas. A Direcional Condomínios te ajuda com dicas e casos inspiradores. No mês em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente (05/06), reflita se o seu condomínio pratica sustentabilidade. Leia a reportagem “Menos Impacto Ambiental”, sobre gestão de resíduos, e confira o texto “Sistema Hidráulico na Estiagem” (este aborda o benefício de se evitar o desperdício de água e de estancar a perda financeira com vazamentos).

E que tal refletir sobre comportamentos? Está tudo bem? Tem algo a ser melhorado? Não deixe de ler a Coluna Márcio Rachkorsky intitulada “Sabe com quem está falando?” nem a reportagem “Relação Valorizada”, sobre acolhimento e combate à invisibilidade dos colaboradores. No aspecto prático, trazemos duas matérias para reflexão: falamos sobre as portarias remotas, que não são mais apenas para os pequenos edifícios, afinal o desenvolvimento tecnológico ultrapassou essa limitação – será que esse sistema unificado de segurança se aplica ao seu condomínio? A outra reportagem mostra como uma obra de fachada valoriza o empreendimento, e por outro lado, aponta as consequências quando a mesma não ocorre. Esteja atento à zeladoria dessa cidade chamada condomínio, afinal você é o Prefeito. Mãos à obra, maximize sua gestão neste semestre! E marque em sua agenda: Dia 26/09/23 – Mega Rodada de Negócios com Empresários Brasil – Espaço Hakka – das 8h às 16h.

Forte abraço, Isabel Ribeiro

Seção Tira-Teima

Reformas: o que exigir dos proprietários?

Capa Portaria inteligente: tecnologia evolui e rompe barreiras

Síndico, Conte sua História! Wolfram Werther: visão holística na gestão condominial

Dica: Fachadas com correções e tom moderno

Administração

DIRETORES

Sônia Inakake e Almir C. Almeida

JORNALISTA RESPONSÁVEL

Isabel Ribeiro

MTB 24.479/SP isabel@grupodirecional.com.br

DIRIGIDA A Condomínios residenciais, comerciais e administradoras

PERIODICIDADE MENSAL

Exceto novembro/dezembro, cuja periodicidade é bimestral

08 12

Coluna Márcio Rachkorsky 04 18 06 14 24 11

TIRAGEM 20.000 exemplares (60.000 leitores em média)

PÚBLICO LEITOR DIRIGIDO Síndicos, zeladores e administradores

CIRCULAÇÃO

São Paulo e Grande São Paulo

CAPA Foto Freepik

ASSINATURAS Emilly Tabuço faleconosco@grupodirecional.com.br

DEPARTAMENTO COMERCIAL

Evelyn Neves

Fabian Mesquita

Nil Ricarte Rainey de Oliveira

Tiragem de 20.000 exemplares auditada pela Fundação Vanzolini, cujo atestado de tiragem está à disposição dos interessados. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias, sujeitando os infratores às penalidades legais. As matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião da revista Direcional Condomínios.

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ATENDIMENTO AO CLIENTE

Emilly Tabuço

João Marconi

Juliana Jordão Grillo

Levy Sadao I. de Almeida

DIAGRAMAÇÃO

Jonas Coronado

Thalita Feuerstein

Cristiane Lima

IMPRESSÃO

Grass Indústria Gráfica

EQUIPE DISTRIBUIÇÃO

Douglas Barbosa da Silva

Evaldo Mendonça

José Ricardo da Silva

Pedro Henrique Rodrigues Paiva

Roberio Santos

ASSINATURA ANUAL

R$ 180,00

Direcional Condomínios | Junho 2023 3 Rua
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Tiragem auditada por
Para anunciar, ligue: (11) 5573-8110 ou (11) 98714-3110
EDITORIAL
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Gestão de resíduos e recarga de veículos nos condomínios Dica: Terceirização Dica Hidráulica

SEÇÃO TIRA-TEIMA

COMO AGIR EM CASO DE REFORMAS?

MESMO tratando-se de propriedades privadas, os apartamentos não devem ser reformados sem que o condomínio tenha conhecimento da obra e que identifique que a mesma esteja alinhada com a NBR 16.280:2014, compilada em 2020. Essa norma técnica visa estabelecer requisitos para o sistema de gestão de reformas em edificações, contemplando-se tanto áreas externas quanto internas. Envolve controle de projetos, execução e segurança, principalmente por meio de registro documental da situação da edificação antes da reforma, dos procedimentos utilizados e do pós-obra.

Reformas assumem um papel relevante na sociedade à medida que muitos moradores passaram a modificar suas habitações com a intenção de recuperar, melhorar ou ampliar suas condições de moradia, conforto ou segurança, no entanto, devem ser conduzidas com base em requisitos bem definidos e por profissional habilitado de modo a transcorrerem sem representar risco à unidade, aos vizinhos, ao condomínio e seu entorno.

O síndico deve exigir do proprietário da unidade um plano de reforma que atenda às regras da NBR, contenha informações tais como escopo dos serviços, cronograma, dados das empresas e profissionais envolvidos. Esse plano será elaborado pelo profissional técnico responsável pelo projeto, execução e supervisão da obra, o mesmo, inclusive, é quem emitirá documentação conforme conselho regional de sua categoria, a saber: profissionais de engenharia emitem ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), de arquitetura,

RRT (Registro de Responsabilidade Técnica), e os técnicos de edificações ou da construção civil, TRT (Termo de Responsabilidade Técnicas).

BRUNO MOISÉS RUFINO BAPTISTA

Graduado em Engenheira Civil e Matemática, pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Tecnologia em Construção de Edifícios e Recurso Hídricos, Energéticos e Ambientais. Possui experiência em coordenação e docência nos cursos de Engenharia Civil, Computação, Elétrica, Produção e Segurança do Trabalho.

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MENOS IMPACTO AMBIENTAL

Sustentabilidade em condomínios passa por práticas como gestão eficiente de resíduos e vai além, por exemplo, providenciando para que haja carregadores de veículos elétricos e meio de locomoção que não emite gases poluentes na atmosfera

À esq. José Alexandre Araújo

Negrini, síndico do Portal do Morumbi: dez toneladas de reciclados ao mês; ao lado, o síndico Vladimir de Oliveira Gimenez, do Bosque do Jaraguá, e o reservatório de tratamento de esgoto local

UM TEMA aparentemente trivial ainda gera inúmeras dúvidas nos condomínios: a coleta de resíduos, em especial dos recicláveis. Vale lembrar que a gestão de resíduos sólidos foi disciplinada pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) – Lei 12.305/10, vigente desde agosto de 2014, que trouxe a responsabilidade pela destinação correta do lixo para pessoas físicas e jurídicas. “Legislação existe, o desafio é conseguir que ela seja praticada”, sustenta Adriana Jazzar, geógrafa especializada em gerenciamento de resíduos sólidos e gestão para a sustentabilidade.

Segundo Moira de Toledo Bossolani, vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP, hoje, no Brasil, somente 4% dos resíduos são reciclados. Ela acredita que diversos fatores podem colaborar para um baixo engajamento dos condomínios na coleta de resíduos recicláveis – por exemplo, estar localizado em uma região da cidade

não atendida pela coleta municipal ou mesmo estar fora da área de cobertura de empresas que operam a logística reversa (sistema em que fabricantes ou comerciantes coletam produtos como pilhas, lâmpadas e baterias).

A spRegula (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Município de São Paulo), informa que as concessionárias de coleta da capital paulista – Loga e EcoUrbis – oferecem consultorias gratuitas, treinamento de funcionários e palestras para os moradores. Ambas também disponibilizam gratuitamente contêineres de coleta seletiva para os condomínios da capital. Para contatar a Loga (que atende as zonas norte, oeste e o centro), disque 080077011; a EcoUrbis (zonas sul e leste), acesse https://www.ecourbis.com.br/conteiner-coleta-seletiva.

Gigante e diversa, a cidade de São Paulo reúne inúmeras soluções e realidades quando se trata da gestão dos resíduos e aspectos relacionados ao meio ambiente. O condomínio Bosque do Jaraguá, com 11 mil m² de área verde preservada e seis torres com 372 unidades, possui três estações de tratamento de esgoto, condição exigida para a construção do empreendimento. “Cada estação serve duas torres. Uma fossa capta o esgoto. Um sistema de bombas destina o material para um reservatório, onde ele é tratado e direcionado para a rede da Sabesp”, explica o morador e síndico profissional Vladimir de Oliveira Gimenez. “Diariamente produzimos 20 mil litros de esgoto tratado. Sem o sistema de tratamento, esse material seria jogado in natura na rede”, diz.

Já no Portal do Morumbi, com 160 mil m² de área verde, oito torres e 3.200 moradores, a chave é muita organização e boas iniciativas para dar conta dos resíduos gerados. “Mensalmente saem do Portal pelo menos dez toneladas

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de recicláveis. Como a coleta da Prefeitura não passa por aqui, uma empresa externa retira o material e remunera o condomínio. O valor é destinado ao fundo de amparo aos funcionários do Portal”, relata o síndico José Alexandre Araújo Negrini. São separadas ainda cápsulas de café, pilhas e baterias e até material hospitalar. Sobre a reciclagem, ele é taxativo: “Basta o condômino separar o orgânico do reciclável, que nossas faxineiras retiram nos andares, mas muitos têm preguiça. Há uma dificuldade cultural em fazê-lo.” Mais uma opção para os moradores do Portal do Morumbi é colocar seu material orgânico na compostagem, localizada numa área da jardinagem. O produto obtido é depois utilizado para adubar os jardins.

Na imagem, caminhão de coleta seletiva da capital paulista; concessionárias de coleta também disponibilizam contêineres para condomínios

Cada vez mais a questão da sustentabilidade vem se ampliando nos condomínios. Para Moira Bossolani, vice-presidente do Secovi-SP, há diversos exemplos de edifícios onde a sustentabilidade surge como uma estratégia de sobrevivência e

gestão no longo prazo. “Uma visão mais global, holística - a autossustentabilidade – inclui práticas como a produção local de energia, reuso e conservação de água, hortas e jardins comestíveis, além de propostas de outros usos dos espaços condominiais em função de novos comportamentos que emergem na sociedade”, aponta. É o caso do crescimento da frota de veículos elétricos.

O Portal do Morumbi, por exemplo, homologou em assembleia uma única empresa para que o morador interessado contrate (e pague) a instalação do carregador em sua vaga. “Assim a empresa administra a energia enviada para cada veículo, através de um sistema inteligente de recarga, evitando problemas nas instalações elétricas do condomínio”, resume o síndico Negrini. Há ainda um carregador elétrico na área comum para bicicletas e motos.

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MEIO AMBIENTE
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SEGURANÇA: TENDÊNCIA E TECNOLOGIA

Em uma década, o sistema de portaria remota se consolida no mercado de segurança eletrônica, estima crescer quase 19% este ano, e passa a contar com capacidade aprimorada para atender aos grandes condomínios

SOLUÇÃO de segurança eletrônica para edificações que integra vários tipos de sistemas inteligentes, a portaria remota veio para ficar. Iniciou timidamente dez anos atrás, passou a ganhar corpo como modelo de negócio mais estruturado há seis anos, e hoje está consolidada no mercado. Prova disso é que neste ano a expectativa de crescimento no setor é de quase 19%, como adianta Selma Migliori, presidente da ABESE (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança). “A portaria remota é o maior sistema integrado de segurança que temos”, avalia a especialista em segurança.

Selma explica que o nível de segurança é obtido por um conjunto de fatores, e elenca alguns: proteção perimetral por meio de câmeras com

inteligência artificial embarcada ou vídeo analítico das situações do entorno do prédio; controle de acesso ao condomínio por leitura biométrica, digital ou reconhecimento facial – este, com bastante celeridade na entrada do morador; e sistema de alarme nos principais pontos de acesso ao empreendimento, mais câmeras internas, integrados a outras tecnologias que conectam a edificação ao serviço de monitoramento ininterrupto de uma central que funciona 24 horas.

Especialista em segurança e futuro condominial, Odirley Rocha observa que um dado apontado no livro ‘Técnicas de Segurança em Condomínios’, escrito pelo Tenente-Coronel José Elias de Godoy, em 2002, ajudou a impulsionar o advento das portarias inteligentes. Isto porque a informação contida na obra (hoje na 5ª edição; ed. Senac), dá conta que 90% das invasões em condomínios verticais ocorrem pela porta da frente. O próprio autor relata à reportagem que o percentual se encontra atualizado, e explica que o invasor se vale de ardis para ludibriar o porteiro em posto físico e adentrar o condomínio. “Nesse aspecto a portaria remota minimiza os riscos, desde que esteja bem estruturada e cumpra os protocolos de liberação de acesso”, diz o oficial da PM-SP, especialista em segurança em condomínios.

Quanto aos protocolos, Odirley salienta que no sistema de portaria inteligente das boas empresas do setor os porteiros que atendem na base estão preparados para segui-los, possuem o regimento interno de cada

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condomínio atendido, são supervisionados no posto de operação e contam com treinamentos. “Fica mais fácil seguirem regras porque a pressão é menor. Vou dar um exemplo: se no regulamento de um condomínio diz que entregadores não podem entrar, com exceção do apartamento 402 que está autorizado a receber o galão de água de 20 litros na porta da unidade porque a moradora tem deficiência física, a exceção vale só para esse apartamento. O porteiro interfonará para essa pessoa e mediante autorização dela, irá liberar a entrada do entregador”, diz Odirley.

A prevenção a um tipo de violência crescente nos residenciais do país, na qual condôminos agridem física ou verbalmente porteiros e entregadores de alimentos ante a negativa de receberem a encomenda na porta do apartamento, acaba sendo um trunfo das portarias remotas. “Se existe proibição de entrada determinada no regimento, o software vai avisar na tela do porteiro remoto, e o entregador de pizza não vai subir, o porteiro remoto não vai autorizar, e não adianta o morador vir com grosseria. Há gravação de vídeo e áudios para conferência do síndico e para gerar provas caso o gestor precise aplicar uma notificação”, ressalta Odirley Rocha.

EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA

Selma Migliori diz que o nível de segurança proporcionado pelas portarias remotas não é mais privilégio só das edificações menores, o que corrobora a ideia de maturação da modalidade. Atualmente, as empresas mais capacitadas atendem tanto edifícios pequenos quanto grandes empreendimentos. “O tomador de serviços não encontra mais essa barreira, não existe mais limite de apartamentos para implantação da portaria remota. Antes, não havia uma tecnologia de software tão desenvolvida que permitisse assimilar um maior fluxo de pessoas em condomínios. O mercado evoluiu e muitas soluções foram aprimoradas.

A partir do momento que você tem toda uma inteligência operacional e estrutura, se torna possível distribuir os atendimentos automáticos nas mesas operadoras disponíveis sem ocorrer filas de espera”, comenta.

Nos acessos, a boa nova dos últimos anos é a popularização do reconhecimento facial integrado ao sistema global de segurança das portarias remota e híbrida. Odirley Rocha comenta que esse método é

mais eficiente do que o biométrico com impressão digital. “A precisão é maior porque no dedo, às vezes pode haver um pequeno ferimento ou suor, isto interfere na identificação”, aponta. Ele comenta que esse tipo de leitor existe faz mais de 20 anos, mas entrou no mercado condominial brasileiro apenas quatro anos atrás. “Há 15 anos, custava R$ 30 mil; hoje está mais viável implantar”.

Já o leitor de íris não é realidade em condomínios. Lembrando que, segundo Selma, esse sistema, que possui muita tecnologia bem desenvolvida, ainda está passando por ajustes para adequar-se ao formato dos olhos dos orientais.

A presidente da ABESE adianta, a título de curiosidade, que futuramente a aferição de identidade possa ser feita pela biometria vascular. Por ora, o leitor facial é o que se tem de mais aplicável. “A pandemia colaborou bastante para acelerar soluções não táteis, então a indústria, especialmente a nacional, acelerou muito e viabilizou os custos de produtos como o leitor facial, em que não é preciso tocar no leitor”, explica Selma. “Os leitores faciais cada vez mais terão softwares com inteligência, vão evoluir, mas eu não vejo aqui no Brasil em menos de cinco anos a implantação de algo que seja melhor do que o reconhecimento facial”, completa Odirley.

Para o síndico que deseja trocar a portaria física pela remota, ou trabalhar com ambas – para redundância na segurança ou alternância de modelos de portaria no período diurno e noturno, vale saber que a ABESE disponibiliza um manual sobre procedimentos para implantação. Acesse

https://abese.org.br/

Direcional Condomínios | Junho 2023 9 CAPA Foto Freepik@Drazen Zigic

COLUNA MÁRCIO RACHKORSKY

“SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO?”

"SABE COM quem está falando?" é a famosa frase dita por quem pretende dar uma "carteirada"! Tal fenômeno ocorre quando alguém pretende auferir algum tipo de vantagem ou privilégio em razão de seu cargo, profissão, condição financeira ou posição social. Nos condomínios, infelizmente, a "carteirada" está se tornando uma prática cada vez mais comum.

A modalidade mais clássica ocorre quando um morador diz ao funcionário da portaria ou da segurança "eu que pago o seu salário". Basta um funcionário barrar um morador na portaria ou proibir a entrada de um veículo sem identificação para isso ocorrer. É o que chamamos tecnicamente de temor reverencial. E, cada vez que um morador assim age, ocorre a fragilização do sistema de segurança, sem falar no constrangimento causado ao funcionário.

Outra "carteirada" ocorre quando um proprietário julga ter mais direitos do que um inquilino e solta a pérola "mas você não apita nada aqui, pois é um mero inquilino". Vale lembrar que os inquilinos pagam as despesas ordinárias e, obviamente, não são moradores de segunda classe. Há também os moradores antigos, que julgam possuir direitos adquiridos e logo falam aos novos moradores "você é novo aqui, não sabe como as coisas funcionam".

Por fim, vale mencionar aquela revoltante situação em que os próprios gestores do condomínio (síndico, subsíndico e conselheiros) se aproveitam

dos cargos para auferir algum tipo de vantagem e, na base da "carteirada", legislam em causa própria, privilegiam os amigos, punem os opositores etc.

Os efeitos de qualquer abuso de direito são nefastos para a coletividade. Importante utilizar o livro de ocorrências do condomínio para registrar irregularidades, para que a administradora possa apurar o caso e penalizar o infrator.

MÁRCIO RACHKORSKY

Advogado especialista em condomínios, comenta o setor condominial e imobiliário na Rádio CBN e no telejornal SP1 (Rede Globo). É sócio da empresa RS Serviços.

Direcional Condomínios | Junho 2023 11
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“ENTREI DE ‘GAIATO’ NA SINDICATURA, HOJE REALMENTE GOSTO MUITO DO QUE FAÇO E PROCURO FAZER BEM-FEITO”

“NASCI NA capital paulista em 1962, cidade onde fui criado por meus pais, imigrantes alemães. Na adolescência, passei dois anos na Alemanha para estudar Hotelaria. Aos 20 anos, voltei para São Paulo, fui trainee em hotéis e no Mc Donald’s, devido a relação do meu curso com Gastronomia. Minha passagem pela rede de lanches norte-americana no início da década de 1980 foi uma verdadeira escola. Entre inúmeros pequenos ensinamentos, aprendi até mesmo a limpar o chão com mais eficiência. Um dia me disseram: ‘Você pega o esfregão e vai passando como se estivesse fazendo o número oito no piso. Assim você limpa melhor, evita desgastar as cerdas do esfregão e não se cansa tanto’. Olha que aprendizado! Economia de tempo e força em uma atividade aparentemente trivial.

Ainda na juventude, percebi que o segmento hoteleiro não era exatamente o que eu queria em termos de futuro. Decidi cursar Administração de Empresas na FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), instituição em que viria a fazer uma pós-graduação em Marketing. Ingressei em grandes empresas, trabalhei por mais de duas décadas em multinacionais como Siemens, Telefônica e Volkswagen. Na Siemens, inclusive, trabalhei aqui, mas também fora, na sede em Munique, por três anos. Porém, a vida profissional na Alemanha era previsível demais, então voltei para concluir os estudos que eu havia trancado, e continuar minha jornada de evolução e crescimento, afinal o Brasil nunca deixou de ser uma terra de oportunidades.

Percorri um caminho interessante enquanto administrador de empresas, depois saí da área e abri uma pequena agência de publicidade e marketing. Ao mesmo tempo, por volta dos 50 anos de idade, passei a vivenciar a sindicatura, o que me trouxe novos objetivos. Comecei como síndico orgânico, gostei e percebi que havia um nicho de mercado para explorar. Fiz a transição aos poucos e já tem cinco anos que troquei minha agência pelos edifícios da cidade. Por

SÍNDICO, CONTE SUA HISTÓRIA!
Wolfram Werther, de 61 anos, descobriu nova profissão na maturidade Wolfram Werther: visão global dos condomínios

opção, trabalho sem prepostos e meu limite é atender até dez condomínios. Minha carteira é diversificada, tem sete edifícios residenciais, um horizontal com casas de alto padrão e um prédio comercial na Avenida Paulista.

Costumo dizer que entrei de gaiato na sindicatura e hoje realmente gosto muito do que faço, e procuro fazer bem-feito. Só me chateio quando condôminos – conselheiros ou não – começam a inflar pequenas coisas. O ‘caldeirão’ deles ferve e transborda, não pelo excesso de água, mas pela alta temperatura. Isso demanda um tempo absolutamente desnecessário. O latino tem essa dramaticidade, aí intervenho e digo: ‘Menos, gente! Vamos analisar de uma forma mais fria os fatos, e não as emoções’. Eu sou calmo, o meu tom de voz é calmo e eu não o altero nem se um morador me abordar aos gritos. Nessa situação, eu procuro chamá-lo à razão com diálogo, o que geralmente dá resultado.

Eu já havia morado em condomínios menores, mas jamais me interessado pela vida condominial, o que só aconteceu após a compra de um imóvel na planta, entregue em 2011. Minha esposa, meus filhos e eu mudamos para o Cristall Parque da Aclimação, um condomínio com unidades espaçosas e excelente infraestrutura de lazer, e eu fiquei curioso para entender como tudo aquilo funcionava. Foi assim que logo entrei para o corpo diretivo, passando a contribuir com sugestões. Após o primeiro biênio, o síndico não quis recandidatar-se e me indicaram para o cargo. Assumi sem entender muita coisa, mas fiz um ótimo curso de síndico e, na prática, aprendi demais com o gerente predial da época e com o próprio dia a dia. Fiquei no posto por cinco gestões, faz um ano que saí, o subsíndico que me acompanhou por uma década foi eleito e o condomínio está em ótimas mãos.

Acho interessante para o condomínio que haja troca de síndico de tempos em tempos, pois traz um novo olhar ou retoma algo que a gestão anterior tenha deixado passar. Para mim, também foi interessante me ver somente no papel de condômino onde moro. Agora, quando o interfone toca à noite, sei que é a pizza, e nada mais! (risos). Sinto orgulho em ter contribuído com manutenção adequada e benfeitorias. O condomínio está bem cuidado, não é preciso esconder nada quando vem um corretor imobiliário, e a taxa condominial não é alta comparada a tudo que o empreendimento oferece. Isso é fruto de uma boa gestão, da qual a participação do conselho e a do subsíndico foram de total importância. Apesar de não ser um condomínio exatamente novo, sempre que há unidades à venda elas saem rápido, feito pãozinho quente na padaria.

Quando eu estava em meu segundo mandato orgânico, paralelamente ingressei no mercado como síndico preposto de dois residenciais. Nessa época trabalhei muito, não recebi tanto, mas foi uma experiência de enorme valia porque funcionou como um estágio. Dois anos depois, me senti preparado para assumir condomínios como titular.

O meu desejo era atuar em prédios comerciais, então selecionei uma avenida na zona sul e fui aos vários condomínios de lá para saber quem os administrava. O passo seguinte foi me dirigir a essas empresas e me apresentar. Após 15 dias, uma delas me chamou e me deu oportunidade de cuidar de dois condomínios, eram residenciais, mas fiquei muito feliz. O restante veio por indicações, aliás, essas surgem de onde menos se espera: morador, parente de morador, administradoras etc. Devemos não apenas prestar um bom serviço, mas sermos atenciosos com todos, pois estamos sempre sendo observados.

O meu método de trabalho, o qual desenvolvi, pratiquei e aprimorei no Cristall e replico nos demais condomínios, claro que respeitando-se as particularidades de cada um, passa pelo olhar holístico. O síndico não pode pensar só na massa condominial ou apenas na valorização do patrimônio ou em segurança. Quer um exemplo? Se a cada três meses eu não limpar o filtro de ar-condicionado da guarita por querer fazer economia ‘porca’, o aparelho pode superaquecer por entupimento e causar despesas ao condomínio. Outra consequência: o porteiro pode adoecer, respirando 12 horas em um ambiente insalubre, ou então, ele pode comprometer a segurança do edifício ao abrir a porta para entrada de ar – de que serve uma guarita blindada com a porta aberta? Por isso, enfatizo, é preciso enxergar o todo, as interligações de uma estrutura condominial não podem ser desconsideradas jamais”.

Wolfram Werther, em depoimento concedido a Isabel Ribeiro

Direcional Condomínios | Junho 2023 13 SÍNDICO, CONTE SUA HISTÓRIA!

SISTEMA HIDRÁULICO NA ESTIAGEM

Chegamos ao período de menor volume de chuvas e de redução na oferta de água potável. Podemos (e devemos) evitar perdas desse recurso dentro dos condomínios

AMANUTENÇÃO já faz parte da rotina dos condomínios, seja ela preventiva (mais eficiente e com respostas mais rápidas) ou corretiva. Perder água no verão tem alto custo, porém ainda há disponibilidade na rede da concessionária. Mas agora chegamos na época crítica de oferta e não podemos nos dar ao luxo de ter perdas dentro do condomínio. Portanto, é hora de colocar o sistema hidráulico em dia para não ter dor de cabeça. Precisamos também tomar ações que ajudem a reduzir o consumo.

A primeira ação para prevenir o problema de falta de água dentro do condomínio é colocar avisos em todos os meios de comunicação sobre a necessidade de reduzir o consumo, uma vez que estamos entrando em época de estiagem. Todos os anos há falta de água, principalmente

Direcional Condomínios | Junho 2023 14 DICA / HIDRAÚLICA
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em regiões mais altas da cidade, resultado da queda da pressão na rede da concessionária.

Os reservatórios estão com um volume superior ao de outros anos (de acordo com o site dos mananciais da SABESP em https://mananciais. sabesp.com.br/Home). Mas é bom lembrar que o consumo aumentou também, portanto, não há desculpa para deixar a manutenção para depois.

Em condomínios residenciais a água é certamente o insumo mais caro, considerando-se que a tabela progressiva da concessionária penaliza quem consome mais, por isso é necessário tomar ações efetivas.

Em edifícios comerciais o preço é mais alto ainda e é indispensável um sistema sem vazamentos e desperdícios. Naqueles onde o sistema de ar-condicionado possui torres de resfriamento, o inverno trará redução natural pelo menor uso do sistema, mas é imprescindível que coloquem hidrômetros na entrada das torres, mas só vale se dimensionar corretamente. Cada torre tem uma vazão nominal e é importante colocar um bom hidrômetro e se for possível, fazer telemedição, o que ajuda na operação. Setorizar o consumo é uma condição que ajuda na gestão interna e permite gerar ações mais assertivas em busca de vazamentos. Mãos à obra.

Minha sugestão é colocar em prática algumas táticas simples que sempre ajudam no controle e na redução do consumo, seja em condomínios residenciais ou comerciais. Vamos às dicas:

1. A forma mais fácil de manter o condomínio sob controle é conhecer seu consumo. Basta anotar a leitura do hidrômetro de entrada diariamente. Faça a leitura duas vezes por dia, sempre no mesmo horário: de manhã, antes do horário de pico, e de noite, cerca de 1h após o pico de uso, preferencialmente. Isso porque os reservatórios provavelmente estarão cheios, sem grande necessidade de reposição, e assim a leitura de consumo diário será mais confiável. Alguns condomínios adotam leituras por volta das 6h da manhã e depois das 23h. Aqueles que possuem portaria virtual ou não possuem funcionários para a medição, podem escolher um horário fixo fora do horário de pico de consumo;

2. Em época de estiagem é importante saber quanto tempo dura o volume dos reservatórios para não ser pego de surpresa pela falta de água. Para tanto, basta dividir sua reserva total pela média de consumo diário (item 1 acima);

3. Se houver indício de vazamento com aumento do consumo,

Direcional Condomínios | Junho 2023 15 DICA / HIDRAÚLICA

considere também inspecionar a rede do sistema de combate a incêndio. Já visitei condomínios onde a tubulação e combate a incêndio apresentava vazamento em tubos de ferro ou cobre;

4. Verifique vazamentos em registros e válvulas nos barriletes, principalmente na saída de limpeza. O mesmo vale para todos os registros da área comum, incluindo os existentes em cozinhas, banheiros e outras áreas molhadas do condomínio. Azulejos que começam a apresentar manchas podem indicar que há vazamento dentro da parede.

5. Síndicos não são especialistas em hidráulica, então em caso de dúvida sobre a localização de vazamentos, procure uma empresa ou um especialista. Fui chamado em um condomínio em Sapopemba, zona leste, que há mais de um ano tinha uma despesa extra de R$ 6.000,00 na conta de água devido a um vazamento que ninguém localizava. Fiz uma vistoria estudando a rede local e indiquei onde deveria estar o vazamento. Pouco tempo depois um conselheiro me informou que o localizaram onde indiquei e encerraram o problema. Não esqueça que um bom especialista também pode ajudá-lo, pois esse profissional se utiliza de conhecimento valioso para redução de custo;

6. Verificação dos reservatórios: fazer a limpeza agora é mais adequado porque, com a estiagem avançando, se torna interessante mantê-los saudáveis e cheios;

7. Dê atenção às bombas de recalque (que enviam a água do reservatório inferior ao superior), exija toda a atenção da empresa de manutenção preventiva;

8. No cavalete da SABESP há um registro, porém há inúmeros casos em que ele está travado ou não fecha. Verifique se funciona, pois se houver algum problema de vazamento na sua rede de entrada você não conseguirá fechar a água e isto causará perdas enormes. É sempre recomendável um registro adicional dentro do condomínio, antes de qualquer derivação de ramal e do reservatório hidráulico.

9. A rede de entrada de água em geral alimenta alguns pontos no térreo e subsolo. O ideal é que as derivações para esses pontos tenham registros, pois se algum deles vazar você fecha somente o ponto de consumo que apresenta problema e não impede a água de chegar ao reservatório;

10. Além disso, verifique e coloque avisos para os condôminos sobre vazamentos em vasos sanitários, válvulas de descarga e outros aparelhos. Nas áreas comuns veja se há água aparecendo onde não deve.

RENATO LUIZ MOREIRA

Engenheiro Civil com atuação há 22 anos em projetos de hidráulica. Mais informações: renato@morprojetos.com.br

PRÓXIMA EDIÇÃO: ACESSÓRIOS, KIT ENXOVAL E PRODUTOS DE LIMPEZA

Direcional Condomínios | Junho 2023 16 DICA / HIDRAÚLICA

HARMONIA E MODERNIDADE

Prédios baixos crescem em estilo e modernidade com recuperação de fachada e pintura que explora a gama de cinzas da atualidade

O serviço de revitalização preservou as características anteriores da fachada, como duo de tons e textura; recuperou as estruturas e trouxe contemporaneidade com a pintura

CONSTRUÍDO há 40 anos, o Condomínio Conjunto Novo Butantã está de visual novo desde dezembro de 2022, quando foi entregue a obra de pintura da fachada, a qual remoçou a edificação com uma harmoniosa e moderna combinação de tons: gelo mais cinza grisalho. “O cinza é tendência nos edifícios e a tonalidade usada no condomínio é elegante”, destaca a síndica e advogada Alethea Meira, entre orgulhosa e aliviada com a conclusão do projeto que levou muito tempo até sair do papel e materia-

Direcional Condomínios | Junho 2023 18 DICA / FACHADA
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lizar-se nas paredes externas do edifício da zona oeste. Foram 18 meses entre aprovação da obra, cotação e escolha da prestadora de serviços, mais um ano e meio para execução do serviço, interrompido justamente na etapa inicial em razão da pandemia.

Junto com a recuperação e pintura da fachada, transcorreu a obra de impermeabilização de lajes de coberturas e dos estacionamentos. Esta ainda não foi completamente finalizada, mesmo assim Alethea vê motivos suficientes para comemorar, visto que o condomínio está “ganhando cara nova”, conforme suas palavras. Ela relata que ao assumir a gestão em 2017, encontrou o empreendimento em um estado deplorável. Pouco a pouco, o espaço vem sendo estruturalmente recuperado e também modernizado, como é o caso da implantação de minimercado de bandeira de conhecido grupo de origem francesa – em fase de instalação, ou dos leitores biométricos nos acessos de pedestres e veículos.

A jornada de revitalização não é fácil, como constata a síndica, até porque o condomínio não é pequeno. São 20 blocos de quatro andares mais o térreo, e área de lazer composta de quadra, churrasqueira, piscina, salões de festa, playground, pista de cooper e skate distribuídos em uma área de 26 mil m². “A área comum não era pintada há muito tempo, já as fachadas foram, 15 anos atrás. Desta vez, pintamos tudo, gradil, portões, muretas, pista de skate. Não dá para deixar apenas as fachadas bonitas e o restante feio”, comenta Alethea.

As características originais da fachada foram preservadas, tais como a pintura em dois tons, sendo o mais intenso usado para compor faixas verticais nas paredes externas. Assim como esse padrão estético, foi mantida a antiga textura, mas não propriamente por opção, e sim por medida prática e econômica. “Mantivemos a textura porque ficaria mais caro para removê-la; apenas refizemos as partes comprometidas”, entrega Alethea. Ela conta que durante a pintura da quadra, os pintores começaram a aplicar textura nas paredes do local para igualar com as das fachadas. “Quando eu percebi, pedi que removessem porque uma criança jogando bola poderia se machucar se batesse contra a parede".

Para chegar ao duo de cores das fachadas do Conjunto Novo Butantã, Alethea fala que o conselho elegeu três combinações e as apresentou aos condôminos para que votassem por meio de enquete. Como o condomínio é composto principalmente por moradores mais maduros, muitos dos quais compraram o imóvel ainda na planta, a preferência por papel é bastante relevante entre os condôminos, motivo pelo qual a enquete consistiu de um formulário físico com as tonalidades demarcadas em colorido. “Mas foi válido porque tivemos significativa participação dos moradores nesse processo de escolha”, constata a gestora.

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A síndica profissional Alethea Meira promoveu a pintura das fachadas, portões, muretas, entre outras áreas do Condomínio Conjunto Novo Butantã

Alethea conseguiu aprovar a obra de pintura e impermeabilização orçada em 1 milhão e 500 mil reais. Na seleção das empresas com o mesmo escopo, duas chegaram à reta final da concorrência, empatando no valor. “São duas excelentes empresas, com destaque no mercado, mas o critério de desempate em assembleia foi o de maior número de parcelas com menor valor nas mensalidades, o que facilitou bem o pagamento para os condôminos, pois muitos já são aposentados”.

A síndica, porém, sugeriu em assembleia acrescentar um pequeno valor extra nos rateios mensais, uma estratégia para o caso de ter de lidar com despesas imprevistas no decurso das obras. “Hoje em dia existe muita tecnologia envolvida para detectar problemas estruturais de antemão e, nas fachadas, é possível traçar um mapeamento bastante preciso, mas ainda assim pode aparecer algum problema no meio do caminho e o reparo será cobrado à parte do valor orçado”, comenta. “É importante que o condomínio tenha uma reserva”, acrescenta a síndica.

ARGUMENTOS INCONTESTÁVEIS

Para chegar até o momento da aprovação das obras de impermeabilização e fachada, antes a síndica precisou contratar um engenheiro perito para fornecer um laudo técnico da edificação. “O condomínio estava tão deteriorado que tínhamos que elencar prioridades antes de iniciarmos os trabalhos”, explica. Os condôminos até queriam melhorias, mesmo assim, diante de recursos financeiros não tão amplos, estavam receosos e a síndica teve que ter muita paciência e usar de argumentos irrefutáveis para dar o start no processo de mudanças no condomínio.

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A própria contratação do engenheiro foi precedida de explicações convincentes, afinal não se tratava de um gasto, mas sim de um investimento, o qual apontaria uma direção para iniciar as benfeitorias tão desejadas. “Expliquei a eles que o engenheiro era um profissional qualificado para essa consultoria e esse trabalho tinha um valor; se designássemos a tarefa para alguém que não fosse especializado, aí sim, estaríamos desperdiçando dinheiro”.

Já na aprovação do investimento nos serviços de impermeabilização e pintura, Alethea argumentou que, caso os problemas de infiltração não fossem sanados, o condomínio poderia vir a ter prejuízos. Teria, por exemplo, que ressarcir eventuais danos nos apartamentos que apresentassem problemas derivados do estado desgastado das mantas nas lajes, ou de comprometimentos nas fachadas, tais como paredes e mobiliário úmidos e embolorados.

Outro argumento incontestável usado por Alethea foi alertar a massa condominial sobre Lei 10.518, criada em 1988, que diz que as fachadas deverão ser pintadas ou lavadas, em conformidade com os respectivos revestimentos, no mínimo a cada 5 anos, de modo a ostentarem adequadas condições estéticas. “Com legislação a gente não discute, temos de deixar claro esse ponto, e esclarecer que o condomínio pode ser multado se não cumprir a lei”, fala a síndica. “Nós, síndicos, temos de argumentar o tempo todo, senão fica impossível trabalharmos. Eu argumento que a pintura de fachada valoriza o imóvel em até 20%, então pergunto se não é preferível ratear um valor para deixar o imóvel mais bonito e valorizado do que ratear o custo de uma multa, afinal teriam de pagar do mesmo jeito”.

Sobre a aplicação da multa por descumprimento da lei dos anos 1980, a síndica alerta que a denúncia pode partir dos próprios moradores. “O que enseja a multa é a denúncia. Se um condômino denuncia o seu condomínio, alegando que a fachada não é pintada há determinado tempo, que o síndico está ciente, e que nada fez, esse condomínio será vistoriado e notificado pelos órgãos da prefeitura e, então, se ainda assim não cumprir com o procedimento, será multado”, explica Alethea.

Tem mais: como a responsabilidade civil é do síndico, se ficar comprovado que ele nunca levou o tema para assembleia e deixou depreciar o imóvel, pode responder civilmente pela situação. “O artigo 1348 do Código Civil diz que compete ao sindico zelar pelas áreas comuns. Na cidade, cobramos a zeladoria do Prefeito; no condomínio, é cobrada do síndico. Se o condomínio for multado por descumprimento da legislação da fachada, poderá até ratear o pagamento dessa despesa entre os condôminos, mas depois cobrar do síndico o ressarcimento, fazendo com que devolva esse valor para o caixa do condomínio, afinal, era obrigação dele fazer valer a lei, o que não ocorreu”.

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A sindica profissional Carla Regina Santos se sente gratificada em fazer parte da transformação do condomínio; as imagens mostram as fachadas antes degradadas e hoje recuperadas

A síndica profissional Carla Regina Santos, valeu-se da legislação municipal para conseguir aprovar a obra de recuperação de fachada do Residencial Coemil XVIII, um condomínio com seis torres baixas e 144 apartamentos, no Parque São Rafael. “Eu assumi a gestão em novembro de 2018, e no seguinte comecei a cotar empresas para restaurar a fachada, mas os moradores estavam muito receosos em aprovar essa reforma”, conta. “Para conseguir a aprovação, justifiquei que existia uma legislação e que bastava um único morador fazer uma denúncia para que o condomínio fosse multado. Uma das condições para que eu continuasse a atender esse condomínio era que eles entendessem a necessidade e importância dessa reforma”, explica a síndica.

De acordo com a gestora, a construção, de 1994 havia passado por reforma de fachada apenas uma vez, 12 anos atrás, com resultado nada bom. “A obra anterior custou acima de R$ 600 mil, valor maior do que o cobrado pela reforma atual, e depois de 60 dias começaram a aparecer os problemas. Quando eu cheguei ao condomínio, o estado já era péssimo, mas os condôminos não queriam tomar nenhuma providência. Alguns moradores diziam que a restauração seria apenas mais uma obra cara e malsucedida

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para tirar dinheiro deles”, narra Carla Regina.

Com a pandemia, os imóveis perderam muitos inquilinos e o mau aspecto do condomínio interferiu em novas locações ou vendas. Fora isso, os condôminos, confinados, passaram a ficar mais tempo em habitações com umidade, e o conjunto de fatores foi ao encontro da aprovação da reforma. “Estamos ainda no meio da obra, mas já podemos notar a diferença e calcular a valorização do condomínio, que está ficando bonito, com cores atuais, dois tons de cinza. Digo que a pintura é a cereja do bolo, vem depois da recuperação estrutural”.

Enquanto síndica, Carla Regina diz que se sente gratificada com os rumos da reforma. “Essa obra foi uma questão de honra para mim. Olhar em volta e se dar conta de que você está fazendo a diferença em um lugar que se pagou tanto para não ter nada, é recompensador”.

PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA

Nas obras de fachada de condomínios, limpeza e pintura, é necessário que os funcionários trabalhem dentro de regras de prevenção de acidentes. “O Guia Prático: orientação e manutenção para condomínios residenciais, do Secovi-SP” disponibiliza as Normas Regulamentadoras reproduzidas a seguir. Confira:

• Andaimes e cadeiras suspensas só podem ser operadas por pessoas habilitadas, treinadas e com aptidão atestada em exame médico.

• Não utilizar andaimes e cadeiras improvisados.

• Usar andaimes ou cadeira suspensa com cinturão de segurança ligado a cabo guia com trava-quedas.

• Deve ser usado capacete de segurança com jugular, além de outros EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), de acordo com a tarefa.

• Só passar do edifício ao andaime ou à cadeira suspensa após conectar o trava-quedas ao cabo guia, e só se desconectar do cabo guia após retornar ao edifício.

• Não trabalhar com chuva ou vento.

• Não utilizar cabos de sustentação danificados.

• Utilizar ponto de ancoragem com resistência mecânica compatível.

• Isolar o local abaixo dos trabalhos em fachada para impedir a presença de pessoas.

• Existindo risco de queda de materiais nas edificações vizinhas, estas devem ser protegidas.

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RELAÇÃO VALORIZADA

Porteiros, faxineiros e jardineiros são alguns dos profissionais que tornam o condomínio mais seguro e agradável, mas às vezes sequer são notados. Porém, quando ocorre o inverso, com respeito e consideração, lucram todas as partes envolvidas

ACONTRATAÇÃO de empresas de soluções em terceirização de mão de obra de segurança, portaria e limpeza pelos condomínios traz vantagens como profissionais mais qualificados e rápida reposição mediante faltas. Antes de fechar negócio, é necessário pesquisar a parceira e, uma vez firmado o contrato, o síndico precisa inserir os colaboradores no ambiente de trabalho.

A consultora condominial Karina Pravatti lembra que o síndico deve participar da integração da equipe que atenderá o condomínio, acolhendo e transmitindo um sentimento de pertencimento àquelas pessoas que serão responsáveis pelo asseio das áreas comuns e segurança das famílias. “Quando nos sentimos acolhidos e valorizados, tendemos a ser mais comprometidos com a operação”, diz Karina. “É importante também ter atenção para o comportamento dos colaboradores, ouvi-los e procurar solucionar as demandas junto a empresa contratada”, acrescenta.

Em empreendimentos maiores, como condomínios-clubes, é muito comum coexistirem funcionários próprios e terceirizados. “Nessa situação, o processo de integração deve ser tratado de modo a cultivar o sentimento de equipe, com um funcionário auxiliando o outro para o bem maior, que é servir ao condomínio. Não pode haver espaço para competição, fofocas e disputas pessoais”, observa a consultora. O síndico também precisa cuidar de quem cuida do condomínio, portanto deve estar atento a conduta abusiva na própria equipe ou por parte da massa condominial.

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Karina reforça inclusive que o gestor, assessorado pelo representante jurídico do condomínio, tem a tarefa de conscientizar os condôminos com relação ao respeito às diferenças e cordialidade no trato com os terceirizados, além de orientá-los quanto a prática de assédio moral, sexual e discriminação. Além de ser moralmente condenável, atitudes assediadoras podem reverter em processo contra o próprio condomínio, penalizando-o.

“O ideal é que sejam criadas regras no regimento interno com aplicação de sanções administrativas para os infratores”, orienta a consultora.

A invisibilidade nos condomínios é outro fator de desalento para empregados do segmento. Jailma Araujo Brito, síndica profissional e psicóloga, comenta que muitas vezes ninguém ao menos conhece quem recolhe seu lixo. Ela procura mudar essa realidade com ações práticas. “Não adianta eu dizer coisas bonitas só para constar na ata. Não se pode falar em gestão humanizada e não dar bom dia ao porteiro”.

Todos os condomínios de sua carteira possuem serviços terceirizados. No maior deles, o Verde Morumbi, com 400 unidades, na Vila Andrade, zona sul, a síndica faz uma espécie de ‘funcionário do mês’ para valorizar o colaborador, apresentando a foto dele em ocasiões assembleares. “Eu pergunto: vocês não acham que o jardim está lindo? Esse aqui é o jardineiro de vocês”, relata Jailma, e sempre que vê oportunidades, dispara: “Vocês não sabem a sorte que que é ter uma equipe tão comprometida!”. Durante preparativos de eventos no Verde Morumbi, ela fotografa o trabalho dos funcionários e posta em redes do condomínio. “No último Halloween, eles deram ideias incríveis e quando os moradores elogiaram a festa, fiz questão de apontar os responsáveis”. Jailma cria pontes entre condôminos e colaboradores. “Se uma faxineira está muito feliz porque ganhou uma mochila escolar para o filho, eu faço quem doou saber disso porque os funcionários são monossilábicos por causa da timidez, e quando eu reforço esse agradecimento, o condômino fica sensibilizado às necessidades deles”, esclarece.

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Karina Pravatti: integração e acolhimento Jailma Araujo Brito cria pontes entre condôminos e colaboradores Foto Divulgação

As táticas de aproximação e reconhecimento funcionam bem no Verde Morumbi. Quando três funcionárias tiveram seus celulares roubados na calçada do condomínio, na hora do almoço, uma moradora mobilizou a todos para presentearem as moças com novos aparelhos e uma carta de agradecimento pelos serviços prestados.

Também no Santa Marta e Santa Maria, edificação com 48 unidades na região de Congonhas, Jailma colhe frutos de seu “trabalho de formiguinha”, como diz. Ao assumir a gestão em agosto passado, encontrou uma equipe desmotivada. Precisou trocar a prestadora por uma questão pontual e aproveitou para reformar banheiros e refeitório antes de receber novos terceirizados. “O condomínio entulhava ali o

9 DE JUNHO, DIA DO PORTEIRO

Ednalva Oliveira: amor pela função

A Direcional Condomínios homenageia a categoria por meio de dois profissionais, cada qual contratado por uma terceirizada. A seguir, conheça um pouco sobre eles.

Ednalva Oliveira, 42 anos, é porteira do Condomínio João Paulo II, na Freguesia do Ó, zona norte da cidade. Natural de Pernambuco, onde trabalhava alfabetizando jovens e adultos em um projeto municipal, Nalva veio para o estado de São Paulo em 2011. Na urgência da labuta, empregou-se em uma lavanderia em Jundiaí. Saiu quatro anos depois, vencida por uma tendinite. Uma amiga porteira a indicou para uma empresa de serviços especializados para condomínios. Aceita pela terceirizada, ela conquistou o posto no qual está há oito anos. “Já mudou a empresa, depois o síndico, mas eu fiquei porque, felizmente, as pessoas gostam de mim. Eu também gosto do prédio, amo o que eu faço, e minha regra é observar muito, falar pouco e prevenir sempre”, comenta. Ela é benquista também pelos entregadores. “Eles dizem que sou educada e muito atenta. Se por engano me entregam uma correspondência de outro endereço, eu percebo na hora”. No condomínio com 88 apartamentos, ela trabalha no turno diurno, no esquema 4/12, e não se sente solitária na guarita. “Aprendi a gostar da minha companhia, até prefiro que seja assim”.

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que não tinha mais serventia. Se você chega para trabalhar em um lugar que não é acolhedor, há um impacto psicológico que afeta a qualidade do seu desempenho”, explica.

Entre as mudanças, ela promoveu o antigo porteiro a zelador, readequou turnos dos mais antigos que permaneceram no condomínio, e teve uma conversa com o conselho sobre invisibilidade e conduta de alguns condôminos – medida que surtiu efeito. “Hoje o condomínio está organizado e cheiroso; uma moradora até comentou comigo como a área do lixo está limpa. Quando as pessoas se sentem respeitadas e valorizadas, trabalham melhor e o resultado da gestão do síndico aparece”, finaliza.

Danilo Santos Moraes, 37 anos, nasceu em Diadema, mora em Guarulhos, região metropolitana, e trabalha em São Paulo como porteiro folguista. No momento, se alterna em dois condomínios: o residencial Januário Ricci, na Liberdade, e o edifício comercial Vilma Sônia, na Praça da República. “Trabalho um dia em um, e o dia seguinte no outro. Gosto dos dois. No residencial, fui muito bem acolhido, às vezes o porteiro é invisível e os moradores desse condomínio me enxergaram. Já no comercial, eu coordeno o uso dos três elevadores para agilizar o acesso e não lotar de usuários, principalmente nos horários de maior fluxo. Também dou informações às pessoas durante o dia; eu pareço sério, mas a verdade é que adoro quando me perguntam algo, gosto de ajudar”. Desenvolto, atento e atencioso, Danilo não teve dificuldades ao abraçar a profissão. Antes, trabalhava como salva-vidas e estava perto de se formar no Corpo de Bombeiros da PM-SP, mas desistiu por estar exausto, pois dava expediente em mais de um clube, alguns com enorme quantidade de banhistas. Decidiu migrar para portaria e vigilância 18 anos atrás. Gosta de trabalhar bem alinhado; o uniforme o empodera. Está contratado pela atual empregadora faz um ano e meio e se sente respeitado.

PRÓXIMA EDIÇÃO: AVCB, EQUIPAMENTOS: PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS

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Danilo Santos Moraes: desenvoltura
29 Direcional Condomínios | Junho 2023 ACESSÓRIOS...
30 Direcional Condomínios | Junho 2023 ACESSÓRIOS

ACESSÓRIOS, AMORTECEDOR DE IMPACTO, AUTOSERVIÇOS, BOMBAS

31 Direcional Condomínios | Junho 2023
32 Direcional Condomínios | Junho 2023 ADMINISTRADORA
33 Direcional Condomínios | Junho 2023 ADMINISTRADORA, AVCB, CADEIRA, CARREGADOR VEICULAR
34 Direcional Condomínios | Junho 2023 COBERTURAS, DESENTUPIDORA, ENERGIA SOLAR
35 Direcional Condomínios | Junho 2023 ELEVADOR
36 Direcional Condomínios | Junho 2023 DIGITALIZAÇÃO DE DOCUMENTOS, ELÉTRICA
37 Direcional Condomínios | Junho 2023
ELÉTRICA, FITNESS, HIGIENIZAÇÃO DE SOFÁ
38 Direcional Condomínios | Junho 2023 HIDRÁULICA, IMPERMEABILIZAÇÃO
39 Direcional Condomínios | Junho 2023 IMPERMEABILIZAÇÃO...
40 Direcional Condomínios | Junho 2023 IMPERMEABILIZAÇÃO
41 Direcional Condomínios | Junho 2023
INSPEÇÃO
MATERIAL
CONSTRUÇÃO
IMPERMEABILIZAÇÃO, INTERFONE,
PREDIAL,
DE
44 Direcional Condomínios | Junho 2023 MANUTENÇÃO PREDIAL
46 Direcional Condomínios | Junho 2023 PINTURA PREDIAL
48 Direcional Condomínios | Junho 2023 PINTURA PREDIAL
49 Direcional Condomínios | Junho 2023 PINTURA PREDIAL...
50 Direcional Condomínios | Junho 2023 PINTURA PREDIAL
51 Direcional Condomínios | Junho 2023 PINTURA PREDIAL

MÓVEIS, PISCINA (DECK), QUADRAS, PORTÕES

52 Direcional Condomínios | Junho 2023
53 Direcional Condomínios | Junho 2023 PISOS
54 Direcional Condomínios | Junho 2023 PLAYGROUND
55 Direcional Condomínios | Junho 2023 PORTARIA VIRTUAL, SERRALHERIA
56 Direcional Condomínios | Junho 2023 SISTEMAS DE SEGURANÇA
57 Direcional Condomínios | Junho 2023 SISTEMAS DE SEGURANÇA, TERCEIRIZAÇÃO...
58 Direcional Condomínios | Junho 2023
UNIFORMES
TERCEIRIZAÇÃO, TRATAMENTO DE PISO,

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