Amazônia Judaica Edição Especial de 20 anos - Abril 2022

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CERTAS MULHERES QUE VIERAM DE LONGE: AS “POBRES MULHERES” SEPULTADAS NO CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA DE MANAUS Por Maximiliano Ponte* Fonte: Boletim Informativo – Arquivo Histórico Judaico Brsileiro, No.48

Nas páginas amareladas do Livro de Inumações do Cemitério São João Batista (CSJB) de Manaus, está registrado que, no dia 04 de abril de 1915, foi sepultada uma mulher nascida na Rússia, cujos pais são desconhecidos

A

causa de sua morte foi “asfixia por estrangulamento”. E, estranhamente, no campo reservado para o estado civil, encontra-se registrado “meretriz” (ver 1ª ilustração). Na lápide da sepultura, abaixo de uma grande estrela de David, observam-se claramente letras do alfabeto hebraico. Não há dúvidas que se trata de uma sepultura de uma mulher judia. Em hebraico, com certa dificuldade, pode-se ler o que aqui apresento de modo transliterado, ishá aluvá, que pode ser traduzido, de diferentes formas, como ocorre usualmente quando se trata deste antigo idioma semítico.

Poderia ser traduzido como “a pobre mulher”, como “a mulher sem honra” ou como “a mulher indigna”. A seguir, encontra-se grafado um nome feminino, desacompanhado do nome do pai, como é tradicionalmente usado, ou seja, não se observa, após o nome da falecida, a expressão bat (filha de) Fulano. Mais à frente, as letras em hebraico estão bem gastas e é difícil compreender o que está escrito. Mais abaixo, em português, lê-se “aqui jaz” e segue um nome feminino acompanhado por um sobrenome com muitas consoantes e poucas vogais, bem ao modo de alguns sobrenomes adotados


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