Revista J.P | Edição 175

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POR AÍ POR KIKI GARAVAGLIA

É PRECISO TER ESPERANÇA Basta! Não aguento mais. Estou perdendo a esperança de voltar a ter uma vida “normal”, sem medo de falar e abraçar os amigos, de viajar, de ir a uma festa para beber e rir muito. Quando pensei na palavra esperança, eu me lembrei da província de Cape of Good Hope, o Cabo da Boa Esperança, ao sul da Cidade do Cabo, na África do Sul. Faz muitos anos que fui para lá e adorei. Acho que nunca contei aqui... A capital legislativa do país é cheia de gente jovem, alegre, tem ótimos restaurantes, butiques, boates, teatros e é muito florida, com árvores de bouganvilles e jacarandás magníficos. O ponto mais famoso é a Table Mountain, uma enorme montanha que domina a paisagem – parece uma mesa, daí o nome –, geralmente envolta em nuvens brancas. A cidade fica numa baía com ótimas praias, lindos surfistas e é banhada por dois oceanos, o Atlântico e o Índico. Antigamente, era considerada o fim do mundo, porque depois do Cabo da Boa Esperança tem água e gelo a perder de vista. Metida e curiosa como sou, quis conhecer esse fim do mundo indo até um lugar chamado Land’s End, achando que teria uma forte emoção. Aluguei um carro, dirigi com o maior cuidado, pois lá se usa a mão inglesa, quando o motorista fica do lado direito. Claro, subi em algumas calçadas no começo, ao fazer as curvas, levando minha amiga às gargalhadas. Ela dizia que não iria pagar os estragos no carro, mas, enfim, cheguei lá! Fomos, a pé, até o final do morro... E na-

da. Só tinha água mesmo e mais nada, nem um farol, uma placa, um quiosque. A vista era igual a tantos outros morros à beira do mar. Que decepção! Voltando à Cidade do Cabo, é bom lembrar que é um lugar importante historicamente. Foi o porto principal no caminho para as Índias, nos tempos das grandes navegações, e para o resto da África, com suas minas de ouro e diamantes. Fiquei no famoso e tradicional hotel Mount Nelson, me sentindo no século 18. Serviam sanduichinhos, scones e pastéis típicos numa louça de porcelana antiga e linda, chiquérrima! Depois, fui para o Vale Constantia, onde produzem os melhores e famosos vinhos sul-africanos, e me hospedei no Constantia Uitsig. Sugiro ir dirigindo pelos vinhedos até lá. Muito bonito. Escrevi esse texto por causa da palavra esperança, mas eu recomendo conhecer a África do Sul. Minhas principais dicas da Cidade do Cabo são: pegar o bondinho que vai até o topo da Table Mountain – a vista é deslumbrante; ir até Groot Constantia ver os vinhedos e apreciar a arquitetura e os antigos móveis holandeses; visitar o jardim botânico Kirstenbosch National Botanical Garden; observar os pinguins em Boulders Beach; e sair dirigindo pela costa, passando pelos vinhedos. Realmente vale a pena ir até o fim do mundo. Também vale a pena sonhar, não podemos perder a esperança. n

VIAJANTE INSACIÁVEL, KIKI GARAVAGLIA JÁ CORREU O MUNDO, MAS AINDA TEM MUITO LUGAR PARA CONHECER. SÓ TEM MEDO DE MORRER SEM ANTES IR AO SRI LANKA

74 J.P MARÇO | ABRIL 2022

FOTO ARQUIVO PESSOAL

Uma viagem para o Cabo da Boa Esperança, essa palavra tão importante nos dias de hoje


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