POR AÍ POR KIKI GARAVAGLIA
FOLIA DE MÁSCARAS
FOTO ARQUIVO PESSOAL
Nossa colunista prefere trocar o calor de 40 graus para dançar nos bailes de máscaras do Carnaval de Veneza O Carnaval do Rio de Janeiro é o mais famoso do mundo, isso ninguém tem dúvida. Mas quem aí, como eu, que já passou por vários carnavais, seja na avenida, seja nos camarotes vips, no Municipal, entre outras tantas festas, perdeu o interesse em se apertar, pular, gritar, num calor de 40 graus? Lembrei das temporadas em Viena com meus pais, mesma época de quando participei de dois inesquecíveis carnavais de Veneza. São festas completamente diferentes, onde todos, todos, usam máscaras. Acontece dez dias antes da Quaresma e o mais bonito é a Festa Veneziana sull’Acqua, um desfile de barcos e gôndolas decorados, que vão deslizando pelo rio Cannaregio. A animação pelas ruelas também é constante com todos dançando. Existem grupos, parecidos com os blocos daqui, que desfilam e vão aos bailes populares. À noite, o ponto alto é o baile de gala, com seus
shows e um magnífico jantar no palácio Ca’ Vendramin Calergi. Ali, as máscaras são ainda mais lindas. Entre as festas mais antigas e famosas está a Festa della Sensa, que acontecia no século 16, tempo em que os nobres, numa época muito rígida de costumes, usavam máscaras para fazer o que quisessem, sem serem reconhecidos. Os mais audazes saíam do baile e iam se misturar com o povo, onde perdiam todos seus pudores. As máscaras de todas as cores, feitios e tamanhos são os artigos mais famosos do turismo veneziano. Naquela época, as mais populares eram as nobile, aquelas de cor branca e com rostos fazendo caretas. Existem registros dessas festividades desde 1268, mas foram interrompidas quando Napoleão Bonaparte, em 1797, assinou um tratado em que Veneza passou a fazer parte do Reino LombardoVêneto. Os festivais foram
proibidos e apenas um século depois puderam voltar. Para uma experiência inesquecível, hospede-se no Danieli, em um quarto com vista para o Grand Canal, ou no Cipriani, mais afastado e silencioso. Para não gastar a fortuna que esses hotéis cobram nessa época, uma boa opção é o Cavalletto & Doge Orseolo. Como é inverno e frio, tomar um chá na varanda do hotel Gritti é uma tradição. Depois, aproveite para jantar no Da Fiore e, claro, tomar um bellini – drinque de champanhe com pêssegos – no famoso Harry’s Bar, o lugar preferido do grande escritor Ernest Hemingway. Acredito que os mais jovens devam achar esse programa bem careta. Mas para os apaixonados, os mais velhos, o Carnaval em Veneza será sempre uma experiência maravilhosa. n
viajante insaciável, KIKI GARAVAGLIA já correu o mundo e, no momento, pode estar em londres ou marrakesh. só tem medo de morrer sem antes conhecer dubai
FEVEREIRO 2019 J.P 35