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ETAPA 2 - Processos empáticos para a boa convivência

ETAPA 2

PROCESSOS EMPÁTICOS PARA A BOA CONVIVÊNCIA

Vamos compreender e analisar as reações humanas frente aos conflitos. Existe uma frase que você deve ter ouvido, pelo menos uma vez na vida: para toda ação, existe uma reação. Você já avaliou que não tem o poder de dominar a ação do outro contra você, mas tem o poder de ter a reação certa para determinada situação difícil?

Essa é a tônica desta segunda Etapa. As ações e reações humanas podem ser regadas de empatia e boa convivência.

PASSO 03

QUAL LOBO EU ALIMENTO?

No Passo 1, você pôde compreender que as ações respaldadas na filosofia africana Ubuntu proporciona novas visões de mundo. Nem sempre conseguimos fazer, ser e ter aquilo que queremos.

Você sabia que os conflitos nascem de uma necessidade não atendida? Quando tudo em sua volta conspira para o seu bem, não há conflito!

Porém, quando você se vê diante de muros e portas fechadas, ou seja, de relações difíceis, segundo Pellizolli (2016), uma persona se revela, às vezes agressiva e às vezes empática.

O diálogo proposto no texto abaixo demonstra essa realidade da natureza humana. A mediação de conflitos se propõe a alimentar o lobo bom.

O texto adiante presume um conflito interno. Nem sempre somos bons e nem sempre somos maus. Porém, atitudes de bondade nos fazem colher frutos prazerosos.

O professor iniciará esse diálogo após a leitura do texto. Em seguida, ele iniciará a roda de conversa.

Orientações na página 243

Orientações na página 243

vamos REFLETIR!

1. Você se lembra de algum momento em que alimentou o lobo bom em você? Compartilhe nessa segunda rodada de conversa a sua experiência. 2. Escreva em um adesivo: qual lobo é mais alimentado por você? 3. Espere a sua vez de responder e depois cole na Mandala. A face de cada lobo:

www.contarhistorias.com.br

Leia atentamente o texto abaixo e, antes de iniciar uma roda de conversa, registre suas observações.

A FÁBULA DOS DOIS LOBOS

Certo dia, um jovem índio Cherokee chegou perto de seu avô para pedir um conselho. Momentos antes, um de seus amigos havia cometido uma injustiça contra o jovem e, tomado pela raiva, o índio resolveu buscar os sábios conselhos daquele ancião.

O velho índio olhou fundo nos olhos de seu neto e disse:

“Eu também, meu neto, às vezes, sinto grande ódio daqueles que cometem injustiças sem sentir qualquer arrependimento pelo que fizeram. Mas o ódio corrói quem o sente, e nunca fere o inimigo. É como tomar veneno, desejando que o inimigo morra.”

O jovem continuou olhando, surpreso, e o avô continuou:

“Várias vezes lutei contra esses sentimentos. É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom e não faz mal. Ele vive em harmonia com todos ao seu redor e não se ofende. Ele só luta quando é preciso fazê-lo, e de maneira reta.”

“Mas o outro lobo… Este é cheio de raiva. A coisa mais insignificante é capaz de provocar nele um terrível acesso de raiva. Ele briga com todos, o tempo todo, sem nenhum motivo. Sua raiva e ódio são muito grandes, e por isso ele não mede as consequências de seus atos. É uma raiva inútil, pois sua raiva não irá mudar nada. Às vezes, é difícil conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu espírito.”

O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou: “E qual deles vence?”

Ao que o avô sorriu e respondeu baixinho: “Aquele que eu alimento.”

Fonte: obemviver.blog.br/2015/03/23/a-fabula-dos-dois-lobos-qual-deles-voce-quer-alimentar-reflexao. Acesso em: 12 jan. 2020.

PASSO 04

EMPATIA OU SIMPATIA?

Você sabe qual a diferença entre a empatia e a simpatia?

Os quadros ao lado definem o conceito de uma forma incompleta. Superficialmente, demonstram a EMPATIA mesma coisa. Porém, a empatia traz nuances diferentes quando comparada à simpatia.

Vejamos o que dizem Sampaio; Camino; Roazzi Eu sinto a sua dor (2009) sobre essa diferença entre empatia e simpatia:

A palavra empatia deriva da palavra “empatheia”, que significa “paixão” ou “ser muito afetado”. Outros conceitos estabelecem que a empatia é a capacidade de colocar-se no lugar do outro, reconhecer-se no outro. Segundo Sampaio, Camini e Roazzi (2009), há consenso entre os teóricos de que a empatia tem forte influência nos processos de tomada de decisão, quando esta se refere ao cuidado, respeito e moralidade.

Uma pessoa empática é aquela que é capaz de tomar decisões colaborativas de forma a pensar no outro, sentir que, diante das diferenças, reconhece-se a humanidade do outro como igual à sua.

simpatia

Eu sinto muito por você sentir essa dor

vamos REFLETIR!

O que faz as relações de ódio e agressividade crescerem são as impossibilidades do não reconhecimento do outro. A falta de empatia e a polarização das opiniões regam uma sociedade individualista e doente. Já pensou nisso?

Leia o texto:

A FÁBULA DO SAPO E DO ESCORPIÃO

“Certa vez, após uma enchente, um escorpião, querendo passar ao outro lado do rio, aproximou-se de um sapo que estava à beira e fez-lhe um pedido: — Sapinho, você poderia me carregar até a outra margem deste rio tão largo?

O sapo respondeu: — Só se eu fosse tolo! Você vai me picar, eu vou ficar paralisado e vou morrer.

Mas o escorpião retrucou, dizendo: — Isso é ridículo! Eu não pagaria o bem com o mal. Ademais, se lhe picar eu também morrerei.

E o sapo sempre se negando a levá-lo. E tanto insistiu o escorpião que o sapo, de boa-fé, confiando na lógica do aracnídeo peçonhento, concordou. Levou o escorpião nas costas, enquanto nadava para atravessar o rio. No meio do rio, o escorpião cravou seu ferrão no sapo.

Atingido pelo veneno, moribundo, o sapo voltou-se para o escorpião e perguntou: — Por quê? Por que essa maldade? Por que você fez isso, escorpião? Não percebe que também morrerá?

Shutterstock / Helga Khorimarko (adaptado)

E o escorpião respondeu: — Não sei… sabe, não sei mesmo!!! Talvez porque eu seja um escorpião e essa é a minha natureza…”

O que somos? O que me tornei? O que dizem quem sou?

Disponível em: www.asomadetodosafetos.com/2018/06/a-parabola-do-escorpiao.html. Acesso em: 12 jan. 2020.

Ao ler esse texto, você pode inferir que para o escorpião ser empático é algo impossível, ainda que a sua ação o leve à morte! Nós, seres humanos, somos bem diferentes dos escorpiões, no sentido da nossa natureza. Somos humanos e a nossa humanidade remete à evolução e mudanças de comportamentos e sentimentos. Podemos fazer as análises prévias antes de tomarmos as decisões. A tomada de decisão consciente que envolve a empatia fará de você um humano incrível.

Se você tem a capacidade de sentir a dor do outro, você é uma pessoa empática.

Analise as seguintes situações e responda:

“Comecei um novo trabalho em uma fábrica de metal. Minhas botas eram velhas e estavam matando meus pés. 2 caras que eu só conheço há 2 semanas racharam um novo par de botas para mim depois que eu disse que preferia cuidar da minha família a cuidar dos meus pés”.

Disponível em: vocesabia.com/15-pessoas-caridosas. Acesso em: 10 jan. 2020.

Shutterstock / Rachid Jalayanadeja

“Os moradores cobrem cães de rua com cobertores durante tempestades de neve em Istambul.”

Disponível em: vocesabia.com/15-pessoas-caridosas. Acesso em: 10 jan. 2020.

Shutterstock / Oguz Dikbakan

página 244. Esses foram fatos reais de seres humanos que agiram com empatia. 1. Conte para o grupo uma situação em que você foi empático com alguém. 2. Escreva em uma folha de papel: Prefiro ser:

Orientações na

a. Empático b. Simpático 3. Logo em seguida cole na Mandala.

PASSO 05

A ÁGUIA OU A GALINHA? ULTRAPASSANDO OS LIMITES DO NORMAL

Você conversou sobre a necessidade de escutar o outro e dialogar, como também a importância da empatia nas relações interpessoais. Observou que vivemos em um sistema de teias. Ninguém está isolado totalmente.

Observe que o advento da Internet fez com que, mesmo estando sozinho no quarto com seu computador ou celular, existisse a possibilidade de acessar pessoas do mundo inteiro.

Como as relações humanas têm se desenvolvido? O fato de estar num espaço global (o mundo é a nossa casa) deveria criar em nós uma cidadania ativa e comunitária (CANDAU, 2006), ou seja, um sentimento de pertencimento, não é? Mas não tem sido assim!

Atualmente, há uma polarização de ideias. As “tribos” se fecham e qualquer diálogo ou pensamento que não seja parecido é motivo de exclusão total ou agressões. Bauman (2008) já refletia sobre isso, quando se referia ao mundo líquido em que vivemos e ao ato de consumir até mesmo os relacionamentos. Esse autor explana, em sua tese, que as amizades de hoje se resumem a suprir determinadas necessidades. Uma vez supridas, descartam-se pessoas.

Em tempos difíceis, é preciso filosofar. Isso porque algumas reflexões podem nos tirar de um estado letárgico para um estado mais produtivo. Neste momento do Projeto, você refletirá sobre o Eu verdadeiro.

vamos REFLETIR!

Leia atentamente:

A ÁGUIA E A GALINHA

Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas.

Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista: — Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia. — De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão. — Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas. — Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.

Então, decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:

— Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!

A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.

O camponês comentou: — Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha! — Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.

No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe: — Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!

Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.

O camponês sorriu e voltou à graça: — Eu lhe havia dito, ela virou galinha! — Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.

No dia seguinte, o naturalista e o camponês se levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.

O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe: - Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe! A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte. Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez mais para o alto. Voou… voou… até confundir-se com o azul do firmamento… [...]

Há pessoas que nos fazem pensar como galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, abramos as asas e voemos. Voemos como águias. Cada pessoa tem dentro de si uma águia. Ela quer nascer. Sente o chamado das alturas. Busca o sol. Por isso somos constantemente desafiados a libertar a águia que nos habita. Sejamos águias em nossas vidas e não galinhas!

E você, já se preparou para alçar seus voos?

Leonardo Boff. Fonte: www.paralerepensar.com.br/a_aguiaeagalinha.htm. Acesso em: 15 jan. 2020.

Orientações na página 244 Ao ler o texto, responda no caderno e registre na Mandala: 1. Para você, o ser humano está mais vinculado às questões individuais ou às questões colaborativas? Justifique. 2. O que você sente quando está em torno de pessoas que pensam diferente de você? 3. Na Mandala, registre quais práticas do cotidiano podem proporcionar harmonia em uma comunidade.

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