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ETAPA 1 - Práticas de escuta ativa e diálogo respeitoso

ETAPA 1

PRÁTICAS DE ESCUTA ATIVA E DIÁLOGO RESPEITOSO

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A Etapa inicial proporcionará uma imersão conceitual acerca da mediação de conflitos e seus valores. A finalidade é que você compreenda que essa forma adequada de resolução de disputas possui ferramentas e habilidades a serem utilizadas, para que, diante de um conflito, você disponha das técnicas mais elaboradas da escuta ativa e do diálogo respeitoso. Quando a cultura da violência ensina que apenas com o uso da força e da agressividade se resolvem as disputas, ela retira de você a maior habilidade que o ser humano possui: o diálogo. Palavras mal colocadas geram conflitos e, às vezes, atos violentos! O conflito pode ser uma oportunidade de transformações nas relações interpessoais, por essa razão é importante, inicialmente, você saber o que é a Mediação de Conflitos.

CONSTRUINDO O SENTIDO DE MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

A mediação é um processo complexo que não pode ser compreendido ou avaliado apenas pelo acordo, principalmente quando o conflito é entre pessoas que convivem reiteradamente. A mediação escolar é uma ciência e uma arte, parafraseando Parkinson (2016), logo, não podemos reduzir a mediação como sendo apenas uma ferramenta. Ao mediar os conflitos, por meio do diálogo respeitoso e da escuta ativa, são gerados novos processos relacionais empáticos, o que gera uma harmonia ao conviver com o outro e com as diferenças.

Os princípios da mediação de conflitos, segundo Rios (2012), são as bases de sustentação desse instituto. Para ela, a mediação é um processo confidencial (confidencialidade), tem um caráter voluntário (voluntariedade), prima pela oralidade, informalidade e autonomia das decisões. Através dessa forma de resolver os conflitos, o princípio da não adversariedade é de suma importância, não há ganhadores ou perdedores, certo ou errado em relação ao conflito. Ocorre o que os doutrinadores chamam de um processo de ganha-ganha.

Se você quiser saber mais sobre o que faz o mediador, o que é a mediação, por que mediar, como funciona, veja a Cartilha Quer resolver seus conflitos de forma fácil, rápida e sem custo? Conheça a mediação., elaborada pela Clínica de Mediação e Facilitação de Diálogos. Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas (2012), disponível em: direitosp.fgv.br/sites/direitosp.fgv.br/files/ arquivos/anexos/mediacao_cartilha_2012.pdf (acesso em: 20 fev. 2020)

Orientações na página 239.

Orientações na página 240.

PASSO 01

VALORES E DIRETRIZES

Para iniciar o Projeto, é importante que você compreenda que lidar com Mediação de Conflitos é lidar com uma nova forma de aprendizado. A metodologia utilizada será a Roda de Conversa. Na sala de aula, as carteiras devem estar em posição circular. No meio da sala, estará a Mandala a ser construída.

A Mandala é um diagrama composto de formas geométricas concêntricas, usada para expressar a teia da vida e a influência dos nossos conhecimentos nas ações que são tomadas. No Centro da Mandala está o inconsciente, o pensamento não refletido, até chegar na borda exterior ou no círculo maior, onde estão as tomadas de decisão que precisam ser refletidas e analisadas da melhor forma para que ocorra harmonia do interior para o exterior e vice-versa. (JUNG, 2000, p. 104).

Você terá dez Passos a serem observados. Com a sua turma e o professor, estabeleça as diretrizes (regras) e valores a serem respeitados, até a confecção do Produto final. Será um trabalho feito em conjunto. Chegou a hora de construir uma das partes mais importantes do Projeto.

Em uma folha de papel A4, desenhe o seguinte quadro:

VALORES

VALORES E DIRETRIZES NORTEADORES

DIRETRIZES

Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

Escreva três valores que devem ser respeitados até o último Passo do Projeto. Na coluna das diretrizes, elenque três regras importantes para se chegar ao Produto final.

A finalidade é que você altere as suas perspectivas de uma sala de aula comum e seja o protagonista deste Projeto. A construção dos valores e diretrizes proporcionará uma nova forma de enxergar questões relacionais em sala de aula. Este projeto se propõe a utilizar a arte de dialogar e de argumentar de uma forma construtiva e pacífica.

PASSO 02

EU SOU PORQUE NÓS SOMOS!

Estamos sempre em alguma situação de disputa, não é? Somos sempre avaliados por nossos desempenhos. Quase não temos tempo de ouvir o outro. Dialogar é algo tão raro nos nossos dias. Geralmente, usam conosco a lei do mando. Os verbos mandar e ordenar são corriqueiros no espaço escolar. Esses momentos que teremos nos farão refletir sobre os espaços em comum, como eles podem ser enriquecedores, quando simplesmente paramos e ouvimos o outro. página 242.

RESTAURANDO O DIÁLOGO NA ESCOLA

A escuta ativa é uma forma de comunicação extremamente eficaz. Ela se resume em estar presente no momento da conversa (PELIZZOLI, 2016).

É o ato de ouvir o outro sem julgá-lo, estar simplesmente ativo em tentar entender o que ele (ela) está sentindo. Não há como mediar um conflito sem exercitar a escuta ativa. Neste momento, estamos sentados em círculo e no meio da sala está a nossa Mandala. Vamos começar a dialogar. Prepare-se para este momento.

Leia o texto abaixo e depois assista

www.mpap.mp.br

Orientações na ao vídeo sugerido pelo seu professor.

UBUNTU: A FILOSOFIA AFRICANA QUE NUTRE O CONCEITO DE HUMANIDADE EM SUA ESSÊNCIA

Uma sociedade sustentada pelos pilares do respeito e da solidariedade faz parte da essência de Ubuntu, filosofia africana que trata da importância das alianças e do relacionamento das pessoas, umas com as outras. Na tentativa da tradução para o português, Ubuntu seria “humanidade para com os outros”. Uma pessoa com Ubuntu tem consciência de que é afetada quando seus semelhantes são diminuídos, oprimidos. – De Ubuntu, as pessoas devem saber que o mundo não é uma ilha: “Eu sou porque nós somos”.

Eu sou humano, e a natureza humana implica compaixão, partilha, respeito, empatia – detalhou em entrevista exclusiva ao Por dentro da África, Dirk Louw, doutor em Filosofia Africana pela Universidade de Stellenbosch (África do Sul). Dirk conta que não há uma origem exata da palavra. Estudiosos costumam se referir a Ubuntu como uma ética “antiga” que vem sendo usada “desde tempos imemoriais”.

Alguns pesquisadores especulam sobre o Egito Antigo (parte de um complexo de civilizações, do qual também faziam parte as regiões ao sul do Egito, atualmente no Sudão, Eritreia, Etiópia e Somália) como o local de origem do ubuntu como uma ética, mas o próprio fundamento do Ubuntu é geralmente associado à África Subsaariana e às línguas bantos (grupo etnolinguístico localizado principalmente na África Subsaariana).

No fundo, este fundamento tradicional africano articula um respeito básico pelos outros. Ele pode ser interpretado como uma regra de conduta ou ética social. Descreve tanto o ser humano como “ser-com-os-outros” e prescreve que “ser-com-os-outros” deve ser tudo. Como tal, o ubuntu adiciona um sabor e momento distintamente africanos a uma avaliação descolonizada – contou o especialista e membro fundador da South African Philosopher Consultants Association.

Na esfera política, o conceito é utilizado para enfatizar a necessidade da união e do consenso nas tomadas de decisão, bem como na ética humanitária. Dirk lembra que também existe o aspecto religioso, assentado na máxima zulu (uma das 11 línguas oficiais da África do Sul) umuntu ngumuntu ngabantu (uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas) que, aparentemente, parece não ter conotação religiosa na sociedade ocidental, mas está ligada à ancestralidade. A ideia de ubuntu inclui respeito pela religiosidade, individualidade e particularidade dos outros.

Ubuntu ressalta a importância do acordo ou consenso. A cultura tradicional africana, ao que parece, tem uma capacidade quase infinita para a busca do consenso e da reconciliação (Teffo, 1994a: 4 – Towards a conceptualization of Ubuntu). Embora possa haver uma hierarquia de importância entre os oradores, cada pessoa recebe uma chance igual de falar até que algum tipo de acordo, consenso ou coesão do grupo seja atingido. Este objetivo importante é expresso por palavras como Simunye (“nós somos um”, ou seja, “a união faz a força”) e slogans como “uma lesão é uma lesão para todos” (Broodryk, 1997a: 5, 7, 9 – Ubuntu Management and Motivation, de Johann Broodryk). Uso da palavra com a democracia na África do Sul. Após quase cinco décadas de segregação racial apoiada pela legislação, o processo de construção da África do Sul no pós-apartheid exigia igualdade universal, respeito pelos direitos humanos, valores e diferenças. Desta forma, a ideia de ubuntu estava diretamente ligada à história da luta contra o regime que excluía a cidadania e os direitos dos negros.

Fonte: www.geledes.org.br/ubuntu-filosofia-africana-que-nutre-o-conceitode-humanidade-em-sua-essencia. Acesso em: 10 jan. 2020.

vamos REFLETIR!

1. Eu já consegui exercer a filosofia do Ubuntu em minha vida? Responda sim ou não, justificando a resposta. 2. Com apenas uma palavra defina o que é Ubuntu. 3. Registre a resposta em um adesivo para que seja colocada na Mandala.

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