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ETAPA 3 - Práticas colaborativas em situações de disputa
ETAPA 3
PRÁTICAS COLABORATIVAS EM SITUAÇÕES DE DISPUTA
Vamos, nesta Etapa, compreender o conflito na perspectiva de sua gestão e tratamento. Você entenderá a mediação de conflitos na prática e como ela pode transformar as relações.
Na mediação de conflitos, tem-se a figura do mediador. Você sabe o que faz um mediador? Qual o seu perfil? O mediador de conflitos precisa ter autoconhecimento, compreender as suas fragilidades e demonstrar empatia diante de pessoas que estão em situação de disputa. Ele não é uma pessoa especial ou com dons especiais. Ele simplesmente é alguém que sabe escutar o outro, sabe se colocar no lugar das pessoas e está disposto a dizer: “Eu quero te ajudar, vamos conversar?”. Nesta fase, você conhecerá algumas técnicas de mediação e compreenderá os conceitos de forma mais ampla.
PASSO 06
A GESTÃO DOS CONFLITOS
Quando as diferenças se acirram e as necessidades não são supridas, surgem os conflitos! A questão está em como resolver o conflito. E aí a nossa folha corrida, histórica, como humanidade, não é das mais alentadoras. Sempre temos tentado resolver os conflitos mediante o uso do poder, da força, da exploração e subordinação dos mais fracos. (SILVEIRA,2014) Gettyimages / VIKTOR DRACHEV
Tem sido assim, anos após anos. A violência tem sido resposta para muitas resoluções de conflitos – humanos contra humanos. É preciso, no espaço escolar, extirpar a violência! Você sabe que os conflitos são inevitáveis e as relações são construídas através deles. Porém, a questão é como resolvê-los de uma forma pacífica e em um processo em que ocorra a transformação nas relações.
Um conflito mal resolvido pode gerar situações de violência. Por motivos banais, as pessoas se agridem ao ponto de até se matarem. A falta de diálogo e de escuta ativa gera a escalada ou espiral do conflito! Você já ouviu falar disso?
behance / TinTank
Orientações na página 246
A ESCALADA DO CONFLITO
A escalada do conflito inicia-se por uma simples divergência, seguida de um discurso de culpar o outro pelo problema. Esse fato inicial, se não gerenciado, começa a dar contornos de uma conversa agressiva. Nesse ponto, ninguém escuta bem o que o outro quer dizer e ao mesmo tempo não compreende os reais sentimentos que estão envolvendo aquele conflito. O outro passa a se tornar inimigo, não se quer mais a convivência com ele e, a cada encontro, novas hostilidades são iniciadas. O quadro abaixo traz as perspectivas humanas e construídas socialmente acerca do conflito. Quando estamos diante da palavra conflito, as palavras que chegam à mente são: guerra, medo, violência. Na perspectiva da mediação de conflitos, essa palavra se reveste de outros sentidos (BOHM, 2005). O conflito se torna uma oportunidade para as transformações das relações. A seguir, o preenchimento dos quadros será orientado pelo professor.
PERSPECTIVA ACERCA DOS CONFLITOS
1. CULMINÂNCIA SEM A VISÃO DA MEDIAÇÃO 2. CULMINÂNCIA COM A VISÃO DA MEDIAÇÃO
Fonte: elaborada pelos autores, 2020.
PERSPECTIVA ACERCA DOS SENTIMENTOS
1. SEM A VISÃO DA MEDIAÇÃO 2. COM A VISÃO DA MEDIAÇÃO
Fonte: elaborada pelos autores, 2020.
Compreende-se que a empatia estabelece conexões. A mediação sugere que as percepções e sentimentos tenham outro sentido.
1. Quando você pensa na palavra conflito, o que vem à sua mente? 2. Na perspectiva da mediação, o conflito pode ser percebido diferentemente? Se sim, escreva em uma folha de papel, observando o quadro anterior, as palavras que demonstram essa mudança. 3. Faça o mesmo em relação aos sentimentos! 4. Compartilhe esses quadros em uma folha, dobre-a em um formato de envelope pequeno e cole na mandala.
Quando você compreende que a arte de mediar conflitos, de uma forma transformativa, cria processos pacificadores e empáticos, ela faz com que os espaços de convivência se tornem mais harmoniosos. A mediação faz toda diferença nas nossas relações e nas respostas a qualquer conflito.
Lembre-se: Estamos na metade da nossa trajetória. A Mandala está quase pronta. É preciso relembrar o que foi combinado no início deste Projeto – nosso lema é UBUNTU!
vamos REFLETIR!
Você está construindo, de forma edificante, o entendimento sobre o gerenciamento dos conflitos na escola. Na primeira Etapa, você criou um espaço de autoconhecimento. Na segunda, você compreendeu os conceitos e práticas que envolvem a Mediação de Conflitos. Nesta fase, você vai praticar e dar início a novas habilidades socioemocionais que tornarão o cotidiano escolar mais colaborativo e solidário. Para que isso ocorra, precisa compreender em qual nível está a comunicação.
Você tem conseguido estabelecer o diálogo na escola?
PASSO 07
O UNIVERSO DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
Você já sabe que possui uma ferramenta poderosa para transformar as relações interpessoais. Chegou até aqui compreendendo que mediar conflitos requer autoconhecimento, escuta ativa, diálogo respeitoso e empatia. Mas, afinal, o que é Mediação de Conflitos?
Antes de conceituar, pede-se que você entenda que mediação e conciliação são institutos diferentes. Este presume alguém (o conciliador) que aconselha, estabelece metas e normas para um melhor acordo. Aquele é um terceiro imparcial, facilitador da conversa, o mediador que sabe que o melhor caminho para a resolução do conflito está com os conflitantes (NUNES, 2016; VASCONCELOS, 2015). Sendo assim, ele não aconselha, não estabelece metas para um acordo. Na mediação, não importa o acordo. O que torna essa prática tão importante na escola é o restabelecimento de relações respeitosas.
Shutterstock / Pasko Maksim
Orientações na página 247
vamos pesquisar!
1. Realize pesquisa de textos e vídeos na Internet sobre os temas abaixo.
Anote as suas percepções em um caderno. • Mediação de Conflitos – Câmara de Mediação Privada • Mediação de Conflitos – Escola • Mediação de Conflitos – Esfera Judicial 2. Diante da pesquisa feita, busque compreender as nuances da prática da mediação em cada esfera da sociedade civil. 3. Anote em uma folha o que chamou a sua atenção na mediação em suas várias esferas. Nas suas anotações, realize as seguintes observações: Formalidade; lugar; forma do acordo (verbal, escrito); diferença no estilo das perguntas. 4. Anote, em uma folha de caderno, o modelo dessa planilha e avance no conhecimento da Mediação de Conflitos! 5. Ao compreender as diferenças e semelhanças da prática, construa um conceito em poucas palavras sobre Mediação de Conflitos escolar e cole na Mandala.
MEDIAÇÃO NAS VÁRIAS ESFERAS - DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS
MEDIAÇÃO PRIVADA
MEDIAÇÃO JUDICIAL
MEDIAÇÃO ESCOLAR
Fonte: elaborada pelos autores, 2020.
LUGAR ACORDO PERGUNTAS
PASSO 08
COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA - CNV
A CNV é uma forma de se comunicar com o coração. Não se trata de sentimentalismo, mas de uma nova linguagem que de forma compassiva se comunica e diz o que se deseja. Marshall Rosenberg, psicólogo estadunidense, criou essa ferramenta ou estilo de vida, ao se deparar desde criança com diversos conflitos. A natureza do autor cheia de compaixão o levou a pesquisas bem-sucedidas e o transformou em um dos maiores mediadores de conflitos do planeta.
Para Rosenberg, a CNV é uma forma de linguagem que se conecta com o coração. Nela, consegue-se observar o conflito com novas lentes, entender os sentimentos ao redor, compreender as necessidades que se tem diante do conflito e aprender a pedir aquilo de que se precisa de uma forma eficaz.
Louise Vendramini
Palavras mal colocadas tornam os relacionamentos interpessoais difíceis. Quando não se sabe expressar bem aquilo que se deseja do outro, quando não se identifica os sentimentos que estão envolvidos em um conflito, tem-se a natural tendência à comunicação com palavras violentas
A escola deve ser um lugar de práticas comunicacionais harmoniosas. É importante, também, aumentar o nível de linguagem. Sabia que a linguagem adotada no cotidiano escolar faz toda a diferença para estabelecer relacionamentos saudáveis e duradouros?
Essa técnica ou forma de viver permitiu que Rosenberg tivesse a capacidade de pacificar inúmeros conflitos internacionais, como, por exemplo, Israel e Palestina. Rosenberg nos ensina quão poderoso é usar as palavras certas e fazer as observações corretas sem julgamentos.
Importante compreender que a violência é a expressão de uma frustração impossível de ser manifestada em palavras. É por isso que jamais se consegue descrever com exatidão o que se sente ou o que se quer (D’ ANSEMBOURG, 2018). A linguagem violenta é culturalmente utilizada, tem-se ensinado a sentir a violência com prazer. Na verdade, há um condicionamento.
No seu Livro Comunicação Não Violenta: práticas para avançar relacionamentos pessoais e profissionais, Marshall Rosenberg discorre sobre dois tipos de linguagem: • A linguagem chacal: essa forma de se comunicar é recheada de julgamentos moralistas e mandos. Para o autor, usa-se a linguagem chacal quando se julga entre o certo e o errado e quando há diminuição da visão nas questões de quem tem razão e quem não tem razão. Rosenberg (2006) destaca que se fala ora como chacal, ora como
Orientações na página 249.
girafa. A linguagem chacal utiliza o sistema binário, certo / errado, bom / mau. Essa linguagem não escuta e não se comunica, só agride! Quem usa essa linguagem aparenta força, determinação e poder.
Na verdade, a linguagem chacal demonstra que aquele que faz uso dela demonstra medo e frustrações. • A linguagem da girafa: Rosenberg escolhe esse mamífero para representar a CNV. A girafa é o animal que possui o maior coração que existe na face da terra. Ela tem duas orelhas e duas antenas que captam as informações externas e produz um melhor entendimento da realidade. A linguagem da girafa é compassiva: escuta e dialoga. O autor ressalta que, quando observamos a situação da maneira certa e reconhecemos os verdadeiros sentimentos envolvidos, identificamos as nossas reais necessidades. Neste ponto, estaremos aptos a pedir de forma coesa e eficaz. A CNV ajuda a criar um estado mental mais pacífico, encoraja a concentração naquilo que verdadeiramente se deseja, em vez de naquilo que está errado com os outros ou conosco. (Rosenberg, 2006, p.239).
Na vida cotidiana, você pode ter presenciado um conflito entre os colegas de sala ou até mesmo ter se envolvido em um. Em uma ocasião assim, pode-se intervir para que o conflito seja amenizado ou mesmo solucionado. Neste momento, você colocará em prática as reflexões realizadas durante o Projeto. 1. Lembre-se de um conflito presenciado recentemente. Quais foram os sentimentos que os envolvidos tiveram ou têm ao lembrar dele? Anote. 2. Agora assista ao vídeo que o professor irá sugerir sobre o que é a Comunicação Não Violenta. Em seguida, anote os pontos principais dessa prática em breves linhas e cole na Mandala. 3. O seu professor irá instruí-lo a preencher o quadro abaixo.
SENTIMENTOS ENVOLVIDOS
QUANDO MINHAS NECESSIDADES SÃO ATENDIDAS
Fonte: elaborada pelos autores, 2020.
QUANDO MINHAS NECESSIDADES NÃO SÃO ATENDIDAS
PASSO 09
OFICINA DE MEDIAÇÃO
Neste momento do Projeto, você participará de uma oficina. Você sabe o que é uma oficina?
A oficina é um instrumento poderoso para o aperfeiçoamento. É uma circunstância aberta e dinâmica de aprendizagem, que permite a construção de novos conhecimentos. É nela que ocorre a aprendizagem coletiva. Você terá a grande chance de interagir com o grupo de que faz parte e isso tornará sua vivência mais enriquecedora, pois terá contato com experiências diversificadas. Nós abordaremos a mediação de conflitos de modo reflexivo.
É hora de refletir sobre maneiras de mediar conflitos na escola. Com a sala de aula em círculo, ouça o que cada estudante pode propor para que essa questão seja resolvida. É importante anotar todas as contribuições no caderno de anotações e registrar na Mandala durante o momento.
PRODUZINDO ENTENDIMENTOS ATRAVÉS DA LINGUAGEM DA MEDIAÇÃO
1. Forme grupos de quatro pessoas. Nesse momento, estabeleça quem serão os mediadores. Os outros dois membros da equipe serão as partes em conflito. Inicie a sessão de mediação. Para isso, relembre o Passo 6 do
Projeto e assista ao vídeo referente à mediação escolar e observe: • Realize a Sessão de Abertura (apresentação dos mediadores, os princípios da mediação, o momento de fala de cada parte); • Observe as perguntas dos mediadores; • Analise o acordo final. Sugere-se que registre anotações para iniciar a oficina. 2. Após a oficina de mediação, anote como foi essa experiência e dobre o papel como se fosse um envelope e cole na Mandala. Pode-se também gravar a mediação simulada e enviar para o grupo no aplicativo de mensagens instantâneas.
www.youtube.com/user/VideoAlana Orientações na página 250.