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ROTEIRO DA MISSÃO
Apreciar uma tela do pintor espanhol Salvador Dalí, para que você perceba como elementos cotidianos podem parecer irreais.
Ler um conto fantástico, para que você possa vivenciar as emoções de uma história bem contada.
Analisar o uso de recursos linguísticos em textos literários, como figuras de linguagem, adjetivos e tempos verbais, para que você possa ampliar as possibilidades de fruição e de construção de sentidos dos textos.
(Re)conhecer a classe dos advérbios e sua função, para que você analise seus efeitos de sentido na construção do suspense em contos fantásticos.
Escrever um conto fantástico, para que você vivencie a experiência de ser um contista.
Produzir um filme curta-metragem fantástico, para que você participe da mostra de curtas da escola e compartilhe uma manifestação artístico-cultural da turma.
Entender por que as pessoas gostam de sentir medo, a partir da ótica da Ciência, para que você possa exercitar como fazer Ciência.
Tempo previsto: 1 aula
Competências Gerais da Educação Básica: 1, 2, 3, 4, 5, 9, 10
Competências Específicas de Linguagens para o Ensino Fundamental: 1, 2, 3, 5, 6.
Competências Específicas de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental: 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10.
Entrando No Jogo
As atividades desta seção visam à introdução do conteúdo temático da missão: tensão e medo provocados por uma boa história. Além disso, os estudantes vão começar a refletir sobre os elementos que fazem parte da literatura fantástica a fim de perceber a diversidade desse universo.
Tempo previsto: 1 aula
Adesão às práticas de leitura: EF69LP49
Interdisciplinaridade:
Contextos e práticas: EF69AR01.
O objetivo da atividade do portal 1 é que os estudantes apreciem uma das obras de Salvador Dalí, um dos representantes mais importantes do Surrealismo, atentando-se para os elementos “estranhos” que compõem uma de suas telas: Cisnes refletindo elefantes. É importante que os estudantes, ao longo de seu processo de escolarização, possam construir conhecimentos que os permitam desenvolver a percepção estética, a fim de poder apreciar diversas manifestações artístico-culturais e valorizar a diversidade de saberes, de identidades e culturas com respeito e empatia.
Portal 1
RESPOSTAS b) Deixe que os estudantes apresentem suas impressões. Peça a eles que, ao
1. a) Incentive os estudantes a observarem os detalhes da obra: os cisnes, ao se juntarem aos troncos retorcidos, formam reflexos de elefantes na água. Embora formem duas imagens, não há uma divisão clara de onde começam os elefantes e terminam os cisnes. As figuras parecem coexistir de forma harmoniosa e simbiótica. Chame a atenção para as cores da obra: os tons avermelhados/terrosos sugerem uma paisagem quente, desértica, e a água transmite, em certa medida, uma ideia de frescor, apesar da presença dos troncos retorcidos. Em uma das montanhas, vê-se o reflexo de um homem de perfil, como se fizesse parte da parede rochosa. O céu apresenta um tom de azul que vai esmaecendo à medida que o olhar caminha para a profundidade da tela. As nuvens, ao fundo, parecem formar figuras de sonhos, sem formas definidas, mas que lembram uma mulher e um dragão. Ao fundo, o espelho-d’água parece se ampliar e há pequenos barcos que parecem estar navegando.
Neste jogo, você vai vivenciar momentos de tensão e expectativa. O importante é manter a calma e não sucumbir ao desespero!
Portal 1
1. Aprecie uma das obras do pintor espanhol Salvador Dalí e, em seguida, converse com os colegas sobre algumas questões.
Atalho
Salvador Dalí (1904-1989) foi um importante pintor e escultor nascido na Espanha, sendo um dos representantes mais notórios do movimento artístico conhecido como Surrealismo. Em suas obras, Dalí combinou imagens bizarras, presentes nos sonhos, com uma técnica acadêmica mais tradicional, retomando trabalhos renascentistas, como os de Leonardo Da Vinci. Além das artes visuais, o artista espanhol também trabalhou com teatro, moda, fotografia, cinema e televisão, o que demonstra a sua versatilidade.
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a) Descreva a obra de Dalí Cisnes refletindo elefantes b) O que mais chamou sua atenção na obra? c) Em sua opinião, há algum elemento na obra que causa estranheza, que estaria fora da “normalidade”? Qual? responder, apresentem uma justificativa. A centralidade da tela são os cisnes refletindo os elefantes, mas outros elementos podem chamar a atenção dos estudantes, como a figura do homem encravado na montanha. c) A expectativa é de que os estudantes apontem que sim. Os cisnes, alinhados aos troncos retorcidos, refletindo elefantes, é uma imagem que causa certa estranheza, pois coloca dois animais muito diferentes como sendo um parte do outro. Mais um elemento que causa estranheza é a imagem de perfil do homem na parede da montanha, como se fizesse parte da paisagem.
Portal 2
Portal 2
2. Observe as imagens a seguir.
a) Você conhece todos os seres das imagens? Quem são eles? Eles fazem parte do mundo real?
b) Você conhece histórias em que esses seres são personagens? Conte aos colegas.
c) Esses seres protagonizam histórias de horror e histórias fantásticas, como contos populares e contos de fadas. Você tem preferência por algum? Qual e por quê?
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d) Em sua opinião, é possível construir histórias de horror e histórias fantásticas sem a presença desses seres que estão nas imagens?
O objetivo das atividades deste portal é ampliar a discussão iniciada na apreciação da tela de Salvador Dalí. Pretende-se que os estudantes identifiquem os seres irreais que fazem parte da literatura fantástica, atentando-se para o fato de que o fantástico não está necessariamente ligado ao horror, mas a contos de fadas também.
Respostas
2. a) Incentive os estudantes a explicitarem seus conhecimentos sobre os seres das imagens: mula sem cabeça, sereia, unicórnio, nosferatu (vampiro), elfa, dragão e saci-pererê. Comente com eles que a mula sem cabeça e o saci-pererê fazem parte do folclore brasileiro. Pergunte aos estudantes se eles gostam mais de algum desses seres e quais são os motivos para essa preferência. A expectativa é de que tenham consciência de que todos os seres das imagens não fazem parte do mundo real, mas do mundo da fantasia, do mundo fantástico.
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b) Incentive o relato dos estudantes sobre suas experiências com esses seres em histórias e de que maneira tiveram acesso a elas. Essa é uma oportunidade para sondar práticas de letramento que acontecem fora do espaço escolar. Eles podem conhecer histórias por meio de livros, filmes, séries etc.
c) Incentive o compartilhamento de gostos e experiências entre os estudantes. Essa estratégia pode favorecer a receptividade a manifestações artístico-literárias que rompam com o universo de expectativas deles. Ao ouvir colegas relatando sobre livros, filmes, séries, os estudantes podem se engajar por conhecer outras manifestações, ampliando, assim, o seu universo cultural.
d) Esta questão, em certa medida, propõe que os estudantes reflitam sobre como histórias fantásticas podem ser construídas sem a presença de seres irreais. O conto “A porta aberta”, de Saki, que vai ser lido no 1º episódio, é um exemplo de como o fantasioso e o irreal podem ser construídos sem a presença de seres mitológicos como os das imagens.
Jogando
1o episódio: Eu, leitor de conto fantástico
Neste episódio, o foco está na reconstrução, pelos estudantes, da compreensão do conto fantástico “A porta aberta”. Além dos sentidos do texto, as atividades visam também à abordagem de alguns aspectos socioculturais por meio do viés literário.
• Amplie as possibilidades de exploração de contos literários em sala de aula lendo as seguintes sugestões:
1. ECKERLEBEN, B. C. O conto em língua portuguesa em sala de aula: uma aposta positiva, 2014. Disponível em: https://rd.uffs. edu.br/bitstream/prefix/200/1/ECKERLEBEN. pdf. Acesso em: 9 abr. 2022.
2. GAIGNOUX, A. A. O texto literário na sala de aula: trabalhando o gênero conto. Disponível em: www.filologia.org. br/xviii_cnlf/completo/O%20texto%20 liter%C3%A1rio%20na%20sala%20 de%20aula%20-%20ALINE.pdf. Acesso em: 9 abr. 2022.
3. PAZ, D. A. O conto em língua portuguesa em sala de aula. Via Atlântica, São Paulo, n. 28, p. 261-276, dez. 2015. Disponível em: www.revistas.usp.br/viaatlantica/article/ view/98675/107114. Acesso em: 9 abr. 2022.
• Amplie a discussão sobre literatura fantástica ouvindo o podcast “Narrativas”, produzido pela Editora Carambaia, cujo primeiro episódio aborda esse tema. Disponível em: www. youtube.com/watch?v=333_lKsPcxY&t=188s. Acesso em: 9 abr. 2022.
• Conheça os escritores brasileiros contemporâneos que se dedicam à literatura fantástica lendo a matéria “A nova cara da Literatura Fantástica brasileira”. Disponível em: www.onliterario.com.br/noticias/61-anova-cara-da-literatura-fantasticabrasileira. Acesso em: 9 abr. 2022.
Tempo previsto: 2 aulas
Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção / Apreciação e réplica: EF69LP44
Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e semióticos: EF69LP47
Adesão às práticas de leitura: EF69LP49
Estratégias de leitura / Apreciação e réplica: EF67LP28
Respostas
1. Explique que pseudônimo é o nome adotado por autores de obras literárias que não usam seus nomes civis, por modéstia, conveniência ocasional ou permanente, podendo ou não assumir o anonimato.
Neste jogo, não se espante se sentir um suor gelado escorrendo por suas costas, se ficar com uma sensação de que alguém observa você, se não tiver coragem de apagar a luz na hora de dormir! Esteja preparado para sentir o coração bater mais rápido!
1º EPISÓDIO: EU, LEITOR DE CONTO FANTÁSTICO
Neste episódio, prepare-se para se envolver em uma história cheia de mistérios e com um final surpreendente!
1. Saki, pseudônimo de Hector Hugh Munro, é o autor do conto que você vai ler. Acionando os seus conhecimentos prévios, responda ao quiz em seu caderno e amplie o que você sabe sobre esse escritor.
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a) Saki é um escritor britânico nascido, em 1870, na Inglaterra, na Birmânia (atual Mianmar) ou na Nigéria?
b) A mãe de Saki morreu quando ele tinha 2 anos. Em função disso, ele foi criado pelo pai amoroso, por tias severas ou em um orfanato sombrio?
c) Além de escritor, Saki também foi jornalista, médico ou advogado?
d) O nome Saki foi retirado da obra As mil e uma noites, O livro do travesseiro ou Rubaiyat?
e) A produção literária de Saki inclui apenas contos, contos e peças de teatro ou contos, peças de teatro, novelas e paródias?
f) A Alice de Westminster, publicado em 1902, é uma releitura da obra Alice no País das Maravilhas, O retrato de Dorian Gray ou Kim?
g) Saki foi influenciado pelos escritores Oscar Wilde, Lewis Carroll e Rudyard Kipling; Alan Alexander Milne, Noel Coward e Lewis Carrol; ou Noel Coward, Oscar Wilde e Pelham Grenville Wodehouse?
h) Saki foi morto na França, em 1916, em uma batalha na I Guerra Mundial, em uma briga de bar ou durante um confronto com a polícia?
a) Comente com os estudantes que o escritor nasceu na Birmânia, uma antiga possessão britânica na Ásia, à época também conhecida como Burma. Mianmar é um país no sul da Ásia que faz fronteira com Índia, Bangladesh, Tailândia, Laos, China e o Oceano Índico. O território da Birmânia foi anexado à Índia, pela Inglaterra, em 1824. O domínio inglês na região durou mais de cem anos e Mianmar se tornou independente apenas em 1948. Para conhecer um pouco mais sobre Mianmar, acesse https://m.epochtimes.com.br/birmania-um-pais-diferentede-qualquer-outro/ e https://guiadoestudante.abril.com.br/ atualidades/entenda-o-que-esta-acontecendo-no-myanmar.
Acessos em: 9 abr. 2022.
b) Por tias severas.
c) Jornalista.
d) As mil e uma noites é o título de uma das mais famosas obras da literatura árabe escrita. O sultão Shariar, decidido a matar todas as mulheres solteiras do reino após a traição de sua esposa, casa-se todas as noites com uma mulher diferente, que será morta ao amanhecer. Essa história muda quando a princesa Sherazade decide interromper esse ciclo vingativo, contando histórias para o sultão, que, interessado, adia sua morte sucessivamente por mil e uma noites. Ao final, apaixonado, suspende a ordem cruel.
2. O título do conto fantástico que você vai ler é “A porta aberta”. Leia o boxe Ativação de conhecimentos.
Ativa O De Conhecimentos
Conto fantástico é uma narrativa, geralmente curta, que apresenta elementos inexplicáveis e/ou impossíveis, relacionados ao horror ou ao maravilhoso. Por isso, contos de fadas e contos de horror podem ser classificados como fantásticos. A literatura fantástica permite a criação de mundos que extrapolam a realidade e a lógica, inserindo “o estranho”, “o incomum”, “o diferente”, “o irreal”, “o inexplicável”, “a fantasia” em um contexto comum.
• Com base no título e nas informações do boxe, levante hipóteses de como elementos do fantástico vão aparecer na história.
3. Leia silenciosamente o conto de Saki e, em seguida, responda às questões com um colega.
A porta aberta Saki (Hector Hugh Munro) e) Inclui contos, peças de teatro, novelas e paródias. f) É uma releitura de Alice no País das Maravilhas g) De acordo com estudiosos da literatura, Saki foi influenciado por Oscar Wilde, Lewis Carroll e Rudyard Kipling e influenciou Alan Alexander Milne, Noel Coward e Pelham Grenville Wodehouse. h) Em uma batalha na I Guerra Mundial.
— Minha tia já irá descer, Sr. Nuttel — disse uma jovem de quinze anos, muito segura de si. – Neste meio tempo, o senhor terá que fazer o possível para me aturar.
Framton Nuttel empenhava-se em achar algo para falar que pudesse lisonjear a sobrinha do momento sem menosprezar indevidamente a tia que estava por chegar. No íntimo, duvidava que essa série de visitas formais a pessoas totalmente desconhecidas pudessem ser muito úteis na cura de seu suposto problema de nervos.
— Eu sei como vai ser — havia dito sua irmã quando ele se preparava para partir para o campo — você se enterrará ali e não falará com vivalma, e seus nervos ficarão piores do que nunca. Por precaução, eu vou lhe entregar cartas de apresentação para todas as pessoas que eu conheci. Algumas, até onde me recordo, eram bastante agradáveis.
Framton perguntava-se agora se a Sra. Sappleton, a dama a quem iria entregar uma das tais cartas de apresentação, era do grupo das agradáveis.
— Você conhece muita gente por aqui? — perguntou a sobrinha, quando julgou que o silêncio já se fazia longo demais.
Cartas de apresentação: no contexto do conto se referem a cartas que as pessoas, conhecidas de uma família, escreviam para apresentar pessoas estranhas a essa família. Era a maneira pela qual as pessoas eram aceitas para uma visita, por exemplo. No caso, a irmã do sr. Nuttel, conhecida da sra. Sappleton, escreveu uma carta para apresentar o irmão a essa família.
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Lisonjear: elogiar, agradar.
Vivalma: nenhuma pessoa.
O livro do travesseiro, escrito pela japonesa Sei Shônagon no século X, é um diário de sensações, sentimentos e impressões da autora sobre a cultura de um Japão feudal. A obra é composta de mais de trezentos textos curtos que retratam a vida naquela época. Rubaiyat é uma obra atribuída ao poeta Omar Caiam, matemático e astrônomo persa que viveu entre os anos 1030-1123. O autor compilou mais de duzentas quadras (rubai) e escreveu outras tantas. Os textos do Rubaiyat versam sobre três grandes temas: o xadrez, o vinho e o amor.
2. Incentive os estudantes a levantarem hipóteses sobre como os elementos do fantástico podem aparecer no conto “A porta aberta”. Eles não têm obrigação de acertar, o momento é de levantar possibilidades. Caso julgue conveniente, registre no quadro as hipóteses dos estudantes e confira com a turma, após a leitura do conto, se alguém se aproximou do que pode ser considerado fantástico na narrativa.
3. Sugerimos a leitura silenciosa para que os estudantes possam exercitar essa habilidade. Caso avalie como procedente, a leitura pode ser feita de forma coletiva ou por você mesmo.
Para a resolução das questões, sugerimos que seja feita em duplas a fim de que os estudantes possam compartilhar impressões e críticas com o colega. Esse movimento tem potencial para fomentar o desenvolvimento de habilidades de leitores-fruidores.
“Bertie, por que pulas tanto?”: trecho de uma canção popular na Inglaterra no início do século XX.
Esquadria: moldura de porta ou janela.
Impermeável: casaco impermeabilizado que protege da chuva.
Irrompeu: entrou de forma precipitada.
Narcejas: aves de carne apreciada.
Reitoria: também conhecida como casa paroquial, é a residência de padres e ministro religiosos. Além dessa função, a casa paroquial também serve para atendimentos diversos à comunidade.
Rincão: refúgio, lugar calmo e tranquilo.
— Quase ninguém — respondeu Framton. — Minha irmã esteve aqui, na reitoria, você sabe, há uns quatro anos, e me entregou cartas de apresentação para algumas pessoas daqui. Ele disse a última frase em um tom pesaroso.
— Então o senhor não sabe praticamente nada sobre a minha tia? — continuou a calma jovem.
— Somente o seu nome e endereço — admitiu o visitante. Ele desejava saber se a Sra. Sappleton seria casada ou viúva. Alguma coisa no ambiente sugeria uma presença masculina.
— A grande tragédia dela aconteceu há três anos — disse a menina — quer dizer, depois do tempo de sua irmã.
— Uma tragédia? — perguntou Framton. De alguma forma, neste tranquilo rincão as tragédias pareciam algo fora de lugar.
— O senhor deve ter se perguntado por que motivo deixamos aquela porta escancarada em uma tarde de outubro — disse a sobrinha, apontando para uma larga esquadria que dava para um jardim.
— Faz bastante calor nesta época do ano — disse Framton. — Mas o que a janela tem a ver com a tragédia?
— Por essa porta, um dia, há exatos três anos, o marido dela e seus dois irmãos menores saíram, para uma caçada. Nunca mais voltaram. Ao atravessarem o brejo que levava ao seu lugar favorito, onde gostavam de caçar narcejas, afundaram em um trecho traiçoeiro do pântano. Foi durante um verão terrivelmente chuvoso, você sabe, e os terrenos que antes eram firmes cediam sem que houvesse maneira de escapar. Seus corpos jamais foram encontrados. E essa é a parte terrível.
Nesse momento, a voz da garota perdeu o tom seguro para tornar-se vacilante, humana.
— Minha pobre tia ainda acredita que eles voltarão algum dia, eles e o pequeno cão marrom que os acompanhava, e que entrarão por aquela porta como costumavam fazê-lo. Eis por quê a porta é mantida sempre aberta até o crepúsculo. Pobre e querida tia, vive me contando o modo como eles saíram, seu marido com seu impermeável branco no braço, e Ronnie, seu irmão caçula, cantando "Bertie, por que pulas tanto?", sempre a provocando, pois sabia que essa canção a irritava. Sabe, às vezes, em tardes tranquilas como a de hoje, eu tenho uma sensação apavorante de que eles todos entrarão por aquela porta.
A garota teve um leve estremecimento. Foi um alívio para Framton quando a tia irrompeu na sala, pedindo desculpas pela demora.
— Espero que Vera tenha lhe entretido — disse.
— Ela me contou coisas interessantes — respondeu Framton.
— Espero que não se importe com a porta aberta — disse a Sra. Sappleton. — Meu marido e meus irmãos estão caçando e sempre entram por essa porta. Hoje foram caçar narcejas nos brejos e não quero nem imaginar o estado em que vão deixar os meus pobres tapetes. Vocês, homens, são todos assim, não?
Ela continuou a tagarelar alegremente sobre a caça, a escassez de aves e as chances de haver patos no inverno. Para Framton, tudo era simplesmente horrível. Ele fez um esforço desesperado para conduzir a conversa para um tema menos assustador; mas estava consciente de que sua anfitriã lhe dedicava apenas uma parte de sua atenção, desviando constantemente o olhar em direção à porta aberta e ao jardim. Foi certamente uma infeliz coincidência o fato de sua visita acontecer justamente em tão trágico aniversário. a) Confira, coletivamente, se as hipóteses levantadas pela turma se confirmaram ou não depois da leitura do conto. Essa checagem de hipóteses é uma habilidade de leitura que deve ser trabalhada com os estudantes ao longo de toda a Educação Básica. b) O sr. Nuttel estava doente dos nervos, ou seja, estava estressado, e foi ao campo para se tratar. c) d) • A menina inicia comentando que a “grande tragédia da tia” aconteceu há apenas três anos, não revelando de imediato do que se trata. Além disso, ela chama a atenção para o que seria um detalhe: a porta aberta. Vera não explica por que a porta está aberta, mas lança a pergunta para o sr. Nuttel e para os leitores também, aguçando a curiosidade de ambos. A estratégia de Vera é não apresentar as informações de forma clara, mas ir instigando tanto o sr. Nuttel quanto os leitores a imaginarem o que teria acontecido. e) • Segundo o narrador, a voz de Vera perde o tom autoconfiante e se torna trêmula, humana. Além disso, Vera apresenta um tremor ao finalizar a história da tia. De muito segura de si, Vera se mostra fragilizada e entristecida. a) As hipóteses levantadas sobre a presença de elementos fantásticos se confirmaram ou foram refutadas? b) Por que o sr. Nuttel estava visitando a sra. Sappleton no campo? c) A primeira cena do conto é a recepção do sr. Nuttel pela “jovem de quinze anos, muito segura de si” na residência da sra. Sappleton. d) Releia um trecho do conto.
— Os médicos foram unânimes em me recomendarem total repouso, bem como em me proibirem qualquer excitação mental e exercícios físicos intensos — anunciou Framton, que, como muitos, acreditava erroneamente que pessoas estranhas e encontradas casualmente estivessem ávidas por saber os mais ínfimos detalhes de nossas enfermidades, de sua causa e seu tratamento. — Só quanto à dieta é que eles não estão de acordo — acrescentou.
— Não? — disse a Sra. Sappleton, numa voz que simplesmente substituía um bocejo momentâneo. Subitamente, sua expressão revelou uma atenção vívida — mas não para as palavras de Framton.
— Finalmente chegaram! — gritou. — Bem a tempo para o chá, e não é que estão sujos de lama até os olhos!
Framton estremeceu levemente e voltou-se para a sobrinha, com um olhar com o qual pretendia demonstrar sua condoída compreensão. A garota tinha os olhos fixos na porta aberta, com um brilho de horror no olhar. Tomado de um arrepiante e inominável temor, Framton virou-se na poltrona e olhou na mesma direção.
No escuro crepúsculo, três vultos atravessavam o jardim em direção à porta; todos carregavam armas embaixo do braço, e um deles levava um impermeável branco por sobre os ombros. Um cachorro marrom, cansado, os acompanhava.
Silenciosamente eles se aproximaram da casa, e logo se ouviu uma voz jovem e rouca que cantava: "Bertie, por que pulas tanto?".
Framton agarrou apressadamente seu chapéu e sua bengala; a porta do vestíbulo, o passeio de cascalho e o portão foram etapas quase não notadas de sua impetuosa retirada. Um ciclista que passava pela estrada foi obrigado a desviar para evitar a colisão iminente.
— Aqui estamos, querida — disse o que carregava o impermeável branco, entrando pela porta. — Bastante sujos, mas quase secos. Mas quem era esse homem que saiu correndo assim que entramos?
— Um homem esquisitíssimo, um tal Sr. Nuttel — disse a Sra. Sappleton. — Só falava de sua doença, e sumiu, sem nem se despedir ou se desculpar, assim que vocês chegaram. Parece até que ele viu um fantasma.
— Eu acho que foi o cachorro — disse tranquilamente a sobrinha. — Ele me contou que tinha horror a cachorros. Uma vez ele foi perseguido por uma matilha de cães em um cemitério próximo ao Ganges e teve de passar a noite em uma cova recém aberta com os animais grunhindo e rosnando e espumando bem acima dele. O suficiente para qualquer um ficar com os nervos abalados.
A garota era especialista em improvisar histórias.
SAKI. A porta aberta. Tradução: Roberto Schmitt-Prym. Revista de contos, [20--]. Disponível em: www.bestiario.com.br. Acesso em: 22. jul. 2022.
Ávidas: desejosas. Condoída compreensão: comovida, compadecida compreensão.
Crepúsculo: período em que compreende o final do dia e o início da noite ou o final da noite e o amanhecer.
Ganges: rio localizado na Ásia (Índia e Bangladesh), com mais de 2500 km de extensão, de extrema importância hídrica, cultural e religiosa.
Ínfimos: menores, mínimos.
Unânimes: emitiram a mesma opinião.
Vestíbulo: saguão, hall de entrada.
• Não, em sua visão, a visita a completos estranhos não ajudaria em seu tratamento dos nervos.
• Vera inicia a conversa por julgar que ela e o visitante já haviam ficado muito tempo em silêncio.
• Vera inicia a conversa para sondar o sr. Nuttel sobre o grau de conhecimento que ele tinha sobre a tia a fim de poder inventar sua história e não ser pega em sua mentira. O trecho que confirma as intenções de Vera é “— Então o senhor não sabe praticamente nada sobre a minha tia? — continuou a calma jovem”.
• O sr. Nuttel repete a palavra “tragédia”, demonstrando que essa palavra, dita anteriormente por Vera, chamou sua atenção. Além disso, além de apresentar uma explicação para o fato de a porta estar aberta – estar quente para a época –, ele pergunta à menina o que esse fato tem a ver com a tragédia. Isso demonstra que ele ficou interessado no que ela havia dito.
• A postura de Vera, mais fragilizada e emocionada, aumenta a sensação de angústia do sr. Nuttel e dos leitores. A tragédia da sra. Sappleton parece, de fato, ser verdadeira.
• Na visão de Framton, a visita seria útil? Por quê?
• Por que Vera inicia a conversa com o sr. Nuttel?
• À medida que a narrativa avança, o leitor vai descobrindo as reais intenções da menina ao iniciar a conversa com o sr. Nuttel. Quais são essas intenções e qual trecho do conto confirma isso?
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— A grande tragédia dela aconteceu há três anos — disse a menina — quer dizer, depois do tempo de sua irmã.
— Uma tragédia? — perguntou Framton. De alguma forma, neste tranquilo rincão as tragédias pareciam algo fora de lugar.
— O senhor deve ter se perguntado por que motivo deixamos aquela porta escancarada em uma tarde de outubro — disse a sobrinha, apontando para uma larga esquadria que dava para um jardim.
— Faz bastante calor nesta época do ano — disse Framton. — Mas o que a janela tem a ver com a tragédia?
• Antes de relatar a tragédia da tia, Vera vai construindo uma atmosfera de suspense em torno do sr. Nuttel e dos leitores. Explique como ela faz isso.
CHAVE MESTRA e) Vera, até o momento do relato da tragédia, havia sido descrita como uma mocinha muito segura de si. f) Releia o trecho a seguir. g) A sra. Sappleton, ao explicar para o marido quem era o homem que saiu em disparada, afirma: “Parece até que ele viu um fantasma”. h) As recomendações médicas para o tratamento dos nervos do sr. Nuttel seriam “total repouso”, ausência de “excitação mental e exercícios físicos intensos”. i) Embora o conto de Saki apresente elementos que caracterizam o fantástico, é possível dizer que ele também pode ser caracterizado como um conto de humor. Converse com a turma sobre essa afirmação. a) Quais elementos do conto sinalizam para o leitor que a história não acontece nos dias de hoje? b) Considerando os elementos listados por você e as informações sobre Saki, em especial as datas de nascimento e morte do autor – 1870-1916 –, é possível dizer quando e onde a história se passa?
Para responder, observe a estratégia que Vera usa para oferecer as informações para o sr. Nuttel e para os leitores.
• De que maneira Vera percebe que o sr. Nuttel está “caindo em sua armadilha”?
• Como ela se comporta ao final do relato da tragédia?
• Quais efeitos a nova postura de Vera provoca no sr. Nuttel e nos leitores?
• De que maneira o comportamento da sra. Sappleton, ao encontrar com o sr. Nuttel, reforça a história da tragédia contada por Vera?
Framton estremeceu levemente e voltou-se para a sobrinha, com um olhar com o qual pretendia demonstrar sua condoída compreensão. A garota tinha os olhos fixos na porta aberta, com um brilho de horror no olhar. Tomado de um arrepiante e inominável temor, Framton virou-se na poltrona e olhou na mesma direção.
• Por que o sr. Nuttel tem um arrepiante e inominável temor e se volta na direção de Vera para expressar “condoída compreensão”?
• Por que a atitude de Vera provoca medo no sr. Nuttel?
• Por que Vera age dessa forma?
• Por que se pode afirmar que essa suposição está correta?
• Até esse momento da narrativa, os leitores pensam como o sr. Nuttel. Por quê?
• O sr. Nuttel não se dá conta da armadilha preparada por Vera. Mas os leitores, sim. Em que momento da narrativa isso acontece? Explique.
• Alguma delas foi seguida? Explique.
4. A história de Saki não se passa atualmente.
Chave Mestra
Para responder, considere também os sobrenomes das personagens e sua provável origem.
c) Em sua opinião, ler o conto “A porta aberta” possibilitou conhecer um pouco o modo de vida das pessoas daquela época? Fale aos colegas.
• A sra. Sappleton faz referência à porta aberta e reconta a história de Vera, afirmando que o marido e os irmãos haviam saído para caçar e estavam prestes a retornar. Além disso, ela não se concentra na conversa com o sr. Nuttel, pois olha constatemente para a porta aberta, como se, de fato, estivesse esperando a volta do marido e dos irmãos. Essa postura reforça a história trágica contada por Vera.
f) • Porque a sra. Sappleton havia dito anteriormente que o marido e os irmãos estavam voltando para casa. O sr. Nuttel se voltou para Vera para mostrar solidariedade em relação ao que poderia ser classificado como uma loucura da sra. Sappleton, ou seja, ela acreditar que os mortos estavam voltando.
• Porque Vera, ao olhar fixamente para a porta aberta, com um brilho de horror no olhar, confirma a história da tia, ou seja, de que os homens estavam mesmo voltando para casa.
• Vera age dessa forma para concretizar a história da tragédia que havia sido narrada por ela mesma. Ela envolve o sr. Nuttel e os leitores em uma atmosfera de horror, fazendo ambos acreditarem que, de fato, os fantasmas do marido, dos irmãos e do pequeno cão marrom estavam voltando para casa.
g) • Porque, para o sr. Nuttel, o marido, os irmãos e o cão marrom eram, de fato, fantasmas. Segundo a história relatada por Vera, eles estavam desaparecidos há três anos e, ao voltarem do mundo dos mortos, eram, portanto, fantasmas.
• Porque, para os leitores, a história narrada por Vera também é verdadeira. De fato, a tragédia da sra. Sappleton aconteceu e quem está voltando para casa são os fantasmas do marido, dos irmãos e do cão marrom.
desesperada, em uma correria, quase trombando em um ciclista, fazendo um esforço físico violento. Ou seja, nenhuma das recomendações médicas foi seguida.
i) Incentive a troca de ideias e impressões dos estudantes sobre o humor na construção de “A porta aberta”. Ao perceber como Vera, engenhosamente, envolve o sr. Nuttel e os leitores na trágica história de sua tia, levando o homem a sair da casa em desespero, por imaginar que os fantasmas do marido, dos irmãos e do cachorro marrom estariam retornando, esses mesmos leitores se dão conta do humor que está por trás da ação da menina. Ela, em certa medida, acaba sendo um tanto cruel com o sr. Nuttel.
Comente com os estudantes que o humor e a ironia da situação são mais bem percebidos em uma segunda leitura, quando os leitores conhecem a característica de inventar histórias da protagonista.
4. a) A presença da carta de apresentação que o sr. Nuttel ia apresentar às pessoas, o fato de o marido e os irmãos da sra. Sappleton caçarem diariamente, a menção aos pássaros narceja e patos que faziam parte do cardápio das pessoas, o fato de o sr. Nuttel usar bengala e chapéu, o fato de o irmão mais novo cantar uma canção popular do início do século XIX.
b) Sim, é possível dizer que a história se passa entre o final do século XIX e o início do século XX.
![](https://assets.isu.pub/document-structure/230426201402-1fce168624993dfc586c4ba51fb20ed9/v1/7b477b14c97d0a2c062bf4d7904f32e8.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
• No momento em que Vera apresenta uma explicação para o fato de o sr. Nuttel ter saído da casa de forma abrupta. Como ela conta uma mentira para explicar a fuga do homem, os leitores percebem que ela havia também inventado a história da tragédia da sra. Sappleton e que, na verdade, o marido, os irmãos e o cão marrom não eram fantasmas, mas pessoas e cachorro que voltavam da caçada.
h) • Não, o sr. Nuttel, assim que chegou à casa da sra. Sappleton, foi submetido a uma tensão psicológica criada pela história da tragédia da tia narrada por Vera. Ao final, ao ter certeza de que os fantasmas estavam retornando, o sr. Nuttel sai de forma c) Incentive os estudantes a se pronunciarem. A expectativa é de que eles respondam que sim. Observar os elementos que faziam parte da cultura da família da sra. Sappleton e as ações do sr. Nuttel em relação às visitas que faria no campo permitem ao leitor, nos dias atuais, um vislumbre de como eram os costumes da época na sociedade britânica. a) Incentive o compartilhamento de impressões entre os estudantes. A expectativa é de que eles percebam que a saída intempestiva do sr. Nuttel, com a iminente chegada dos familiares da sra. Sappleton, e as explicações de Vera sobre essa fuga produzem esse efeito ressaltado por Ana Maria Machado. b) Incentive os estudantes a compartilharem suas impressões sobre o conto. Essa troca de ideias tem potencial para fomentar a fruição estética do conto. Para responder, é necessário que os estudantes tenham construído uma interpretação para a narrativa, que foi orientada pelas questões ao longo deste episódio.
Comente com os estudantes que esses elementos sinalizam costumes que não fazem parte da cultura brasileira. Saki, por ser britânico e ter vivido entre o final do século XIX e o início do século XX na Europa, retrata os costumes daquela época na zona rural da Inglaterra.
5. Comente com os estudantes que Ana Maria Machado é uma escritora carioca, nascida em 1941, que tem se dedicado à literatura, em especial à literatura infantojuvenil, há mais de 40 anos. São mais de 20 milhões de exemplares vendidos, publicados em 20 idiomas. A escritora já ganhou inúmeros prêmios, entre eles o Jabuti, o Machado de Assis e o Hans Christian Andersen. Para maiores detalhes sobre a escritora, acesse o link a seguir. Disponível em: www.ebiografia. com/ana_maria_machado. Acesso em: 11 jul. 2022.
2o episódio: Nosso centro de análise de usos da língua
Neste episódio, o foco está no uso de recursos linguísticos na construção do conto.
Tempo previsto: 1 aula
Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos: EF69LP47 a) Você concorda com Ana Maria Machado quando ela diz que o conto tem um “desfecho súbito e surpreendente”? Explique aos seus colegas. b) Você gostou do conto? Sentiu-se envolvido, assim como o sr. Nuttel, pela trama criada por Vera? Fale aos colegas.
5. A escritora Ana Maria Machado, já na fase adulta, uma vez disse que “A porta aberta” era um conto do qual ela se lembrava em detalhes, mesmo tendo lido-o quando adolescente, pois o texto tinha um final surpreendente.
B Nus
Conheça outros contos fantásticos lendo esta coletânea. Fatos estranhos, que parecem inexplicáveis, transformam a vida dos personagens destas 13 histórias em que o fantástico interfere no cotidiano e o desfecho fica por conta da interpretação do leitor.
Capa do livro HistóriasFantásticas, v. 21. Vários Autores. São Paulo: Ática, 2019 (Coleção Para Gostar de Ler).
2º EPISÓDIO: NOSSO CENTRO DE ANÁLISE DE USOS DA LÍNGUA
No episódio anterior, você vivenciou a tensão produzida por Vera ao inventar uma de suas histórias. Neste episódio, vai analisar alguns recursos linguísticos usados por Saki na construção dessa narrativa surpreendente.
1. Leia os significados para a palavra “Vera” em um dicionário digital.
Vera
Significado de Vera Substantivo feminino Verdade; o que exato, real, verdadeiro, autêntico; em que há sinceridade, exatidão. Etmologia (origem da palavra vera). Do latim veras.
VERA. In: Dicionário online de português. Disponível em: www.dicio.com.br/vera2/#:~:text=Significado%20de%20Vera,Do%20latim%20veras. Acesso em: 15 mar. 2022.
a) Os significados para “Vera” condizem com a atitude da personagem central (protagonista) do conto? Explique.
b) Ironia é uma figura de linguagem que consiste em usar as palavras com sentidos diferentes dos usuais –normalmente contrários.
• Explique por que se pode dizer que Saki fez uso de ironia ao nomear Vera.
c) Quais efeitos de sentido são pretendidos pelo uso da ironia ao nomear Vera?
Chave Mestra
Para responder ao item c, considere a centralidade de Vera no desenrolar da história.
Tempo previsto: 1 aula.
Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos: EF69LP47.
Respostas
1. a) Não, Vera é uma menina que adora inventar histórias, ou seja, ela não é verdadeira nem realista.
b) Saki fez uso de ironia ao nomear Vera porque o significado do nome – verdadeiro, real, sincero – não condiz às ações da personagem do conto. Vera é uma inventora de histórias que não são verdadeiras, reais.
c) O uso da ironia, em certa medida, enfatiza o lado inventivo de Vera, ampliando as possibilidades de os leitores identificarem o humor da situação vivenciada pelo sr. Nuttel e a engenhosidade da menina em inventar histórias.
2. Releia alguns trechos a seguir, observando os termos em destaque.
(1) — A grande tragédia dela aconteceu há três anos...
(2) Ao atravessarem o brejo que levava ao seu lugar favorito, onde gostavam de caçar narcejas, afundaram em um trecho traiçoeiro do pântano.
(3) Nesse momento, a voz da garota perdeu o tom seguro para tornar-se vacilante, humana a) As palavras em destaque funcionam como adjetivos ou locuções adjetivas. Copie em seu caderno a opção que melhor explica sua função nos trechos. b) Quais efeitos de sentido o uso desses adjetivos produz na construção da história de Vera?
— Minha pobre tia ainda acredita que eles voltarão algum dia, eles e o pequeno cão marrom que os acompanhava...
(4) A garota tinha os olhos fixos na porta aberta, com um brilho de horror no olhar.
• Ampliar os sentidos dos substantivos a que se referem.
• Substituir os substantivos a que se referem.
Conquista
A seleção lexical, em especial em textos literários, tem função estética, ou seja, é usada para obter determinados efeitos de sentido. Em “A porta aberta”, o uso de adjetivos e de locuções adjetivas amplia a tensão e os elementos trágicos que envolvem a história criada pela personagem Vera.
3. O narrador do conto “A porta aberta” pode ser classificado como narrador-onisciente.
a) Por quê? Dê um exemplo para comprovar sua resposta.
Chave Mestra
Para responder, leia o boxe Ativação de conhecimentos e relembre os elementos de uma narrativa tradicional.
Ativa O De Conhecimentos
O conto é um gênero narrativo e geralmente apresenta os elementos a seguir.
Enredo: é a história, os acontecimentos.
Espaço: é o local onde se passam as ações.
Narrador: é quem conta a história e estabelece o contato entre o texto e o leitor ou ouvinte. Quando participa das ações, é chamado de narrador-personagem (verbos na 1ª pessoa); quando conta a história observando os fatos, é chamado de narrador-observador (verbos na 3ª pessoa); quando conta a história sabendo tudo o que se passa, inclusive o que pensam e sentem as personagens, é chamado de narrador-onisciente (verbos na 3ª pessoa).
Personagens: dão vida à história e realizam as ações, participando dos acontecimentos.
Tempo: é o recorte temporal em que a história acontece. Pode ser cronológico, ou seja, marcado pelo relógio. O tempo cronológico é o mesmo para todas as personagens. Pode ser psicológico, ou seja, o tempo individual de cada personagem. O tempo psicológico se refere às memórias e às vivências das personagens.
2. A seleção lexical é uma estratégia usada por escritores para produzir determinados efeitos de sentido. Por isso, a escolha das palavras, especialmente em textos literários, tem função estética. Para ampliar a discussão sobre como as escolhas lexicais têm potencial para produzir efeitos de sentido na construção de narrativas literárias, sugerimos a leitura do seguinte artigo: CARETTA, E. A. C. Escolhas lexicais: a caracterização de personagens femininas no discurso literário. Linha D’Água, São Paulo, v. 26, n. 1, p. 15-28, 2013. Disponível em: www.revistas.usp.br/linhadagua/ article/view/55324/60926. Acesso em: 9 abr. 2022.
a) A opção que melhor explica a função dos adjetivos e das locuções adjetivas no texto é “Ampliar os sentidos dos substantivos a que se referem”.
b) O uso desses adjetivos amplia o clima de tragédia da história narrada por Vera, intensificando a tensão que ela cria para convencer o sr. Nuttel. Em (1) não se trata de uma tragédia, o que por si só já seria terrível, mas da grande tragédia da tia. Em (2), o pântano onde acontece a tragédia é traiçoeiro, ou seja, pegou de surpresa os familiares da sra. Sappleton. Em (3), a menina, que se mostrava autoconfiante, fragiliza-se ao relatar a tragédia da tia, que é avaliada como “pobre tia”, ou seja, alguém digno de pena; o cachorro pequeno e marrom é mais um elemento acrescido à perda da tia. Em (4), os olhos fixos e com um brilho de horror da menina sinalizam para o sr. Nuttel que a aparente loucura da sra. Sappleton era real, ou seja, o retorno dos mortos, estava se tornando realidade.
3. a) O narrador é onisciente porque ele conhece o que se passa no íntimo de algumas personagens, como o sr. Nuttel: No íntimo, duvidava que essa série de visitas formais a pessoas totalmente desconhecidas pudessem ser muito úteis na cura de seu suposto problema de nervos”. Além disso, a narração é feita com verbos em 3ª pessoa.
b) Não, o narrador não revela nenhuma informação sobre os pensamentos de Vera.
c) Ao final, quando afirma: : “A garota era especialista em improvisar histórias.” d) O narrador, ao não revelar nenhum pensamento de Vera e apresentar sua característica de ser uma contadora de histórias apenas no final do conto, contribui para criar o clima de suspense não apenas para o sr. Nuttel, mas também para os leitores. Ele colabora para a criação do clima de tensão e para o desfecho surpreendente da história. e) Incentive os estudantes a se pronunciarem. Esta questão requer que os estudantes extrapolem a ideia de que os narradores sejam figuras neutras, apáticas. Embora não participe da história como personagem, é possível dizer que, na construção da narrativa, esse narrador-onisciente omitiu informações que poderiam revelar, antes da hora, as intenções da sobrinha da sra. Sappleton. Em certa medida, a atitude do narrador de negar informações para o leitor sobre as reais intenções da menina ao longo do conto contribui para que os leitores sejam capturados pela tragédia e se surpreendam ao final, com a revelação de que Vera é uma garota que adora inventar histórias. Por isso, é possível dizer que o narrador estabelece uma parceria com Vera. b) Os verbos no pretérito perfeito acentuam a tensão vivenciada pelo sr. Nuttel com a iminente entrada dos “mortos” pela porta aberta, pois suas ações são rápidas e nervosas. Já os verbos no pretérito imperfeito são essenciais para compor a cena que leva ao desespero do sr. Nuttel, pois descrevem a cena que já havia sido anunciada por Vera, quando relatou a história da tragédia da tia. b) O narrador do conto revela o que sabe sobre Vera ao longo da narrativa? c) Em que momento da narrativa o narrador apresenta uma característica fundamental de Vera que explicita as razões de ela ter inventado a história? d) Qual é a importância da atitude do narrador do conto para a construção da história? e) Discuta com os colegas e o professor: é possível dizer que o narrador da história estabelece “uma parceria” com a personagem Vera?
![](https://assets.isu.pub/document-structure/230426201402-1fce168624993dfc586c4ba51fb20ed9/v1/cda22a90b7008940ff607c702ecb3430.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
4. a) Os tempos do pretérito foram abordados no volume do 6º ano. Se avaliar como necessário, retome esse conteúdo com os estudantes.
• Os verbos no pretérito perfeito são usados para indicar as ações que as personagens realizam de forma pontual; já os verbos no pretérito imperfeito são usados para fazer descrições, criando uma “fotografia” do cenário.
4. Releia o clímax do conto, observando os verbos em destaque.
Framton estremeceu levemente e voltou-se para a sobrinha, com um olhar com o qual pretendia demonstrar sua condoída compreensão. A garota tinha os olhos fixos na porta aberta, com um brilho de horror no olhar. Tomado de um arrepiante e inominável temor, Framton virou-se na poltrona e olhou na mesma direção.
No escuro crepúsculo, três vultos atravessavam o jardim em direção à porta; todos carregavam armas embaixo do braço, e um deles levava um impermeável branco por sobre os ombros. Um cachorro marrom, cansado, os acompanhava a) Os verbos em destaque ou estão no pretérito perfeito ou no pretérito imperfeito do indicativo. b) Converse com os colegas e o professor sobre os efeitos de sentido obtidos pelo uso desses dois tempos verbais.
Silenciosamente eles se aproximaram da casa, e logo se ouviu uma voz jovem e rouca que cantava: “Bertie, por que pulas tanto?”.
Framton agarrou apressadamente seu chapéu e sua bengala; a porta do vestíbulo, o passeio de cascalho e o portão foram etapas quase não notadas de sua impetuosa retirada. Um ciclista que passava pela estrada foi obrigado a desviar para evitar a colisão iminente.
• Explique os usos desses dois tempos no trecho.
3º EPISÓDIO: DO TEXTO PARA A LÍNGUA O ADVÉRBIO
Neste episódio, você vai conhecer uma classe gramatical que contribui para criar o efeito de tensão e suspense no conto “A porta aberta”: o advérbio.
1. Leia um trecho do conto “A porta aberta”.
Ela continuou a tagarelar alegremente (1) sobre a caça, a escassez de aves e as chances de haver patos no inverno. Para Framton, tudo era simplesmente (2) horrível. Ele fez um esforço desesperado para conduzir a conversa para um tema menos (3) assustador; mas estava consciente de que sua anfitriã lhe dedicava apenas uma parte de sua atenção, desviando constantemente (4) o olhar em direção à porta aberta e ao jardim. Foi certamente (5) uma infeliz coincidência o fato de sua visita acontecer justamente (6) em tão trágico aniversário (7)
• Releia em voz alta o trecho, retirando os elementos em destaque. Fale aos colegas quais foram as consequências para o trecho em relação à construção dos sentidos.
Conquista
De acordo com a tradição gramatical, os termos destacados são nomeados como advérbios (1, 2, 3, 4, 5, 6) ou como locuções adverbiais (7). Os advérbios podem indicar circunstância (ideia) de tempo, lugar, modo, intensidade, dúvida, afirmação e negação.
2. Reproduza o quadro a seguir em seu caderno. Crie mais uma coluna, à esquerda, intitulada “Circunstância (ideia)” e preencha-a com a circunstância que os advérbios do quadro abaixo indicam.
dúvida lugar modo intensidade negação tempo afirmação
3o episódio: Do texto para a língua O advérbio
Neste episódio, serão abordados os conceitos de advérbio e locução adverbial e seus efeitos de sentido.
Tempo previsto: 2 aulas
Variação linguística: EF69LP55
Morfossintaxe: EF07LP09
Respostas
1. • Se julgar conveniente, leia o trecho em voz alta retirando os adjetivos e a locução adjetiva e solicite aos estudantes que observem o que acontece. A expectativa é de que eles percebam que, sem os termos, o trecho carece de detalhes que indicam como a sra. Sappleton e o sr. Nuttel se comportavam. Em algumas orações, o sentido original fica comprometido, como é o caso de “Ele fez um esforço desesperado para conduzir a conversa para um tema assustador”. Chame a atenção dos estudantes para o fato de que o sr. Nuttel desejava exatamente o contrário: falar de um assunto menos macabro.
2.
Exemplos de advérbios
1. ontem, hoje, amanhã, agora, tarde, nunca, jamais, cedo, antes, depois, semanalmente, mensalmente, anualmente etc.
2. aqui, aí, perto, longe, dentro, fora, acima, abaixo, lá etc.
3. bem, mal, assim, devagar, depressa, alegremente, facilmente e vários advérbios formados pelo acréscimo do sufixo -mente.
4. muito, pouco, bastante, mais, menos, bem, mal, meio, extremamente etc.
5. talvez, provavelmente, possivelmente etc.
6. sim, certamente, efetivamente, realmente, seguramente etc.
7. não, absolutamente, nunca etc.
Circunstância (ideia)
1. Tempo
2. Lugar
3. Modo
4. Intensidade
5. Dúvida
6. Afirmação
7. Negação b) (1) se refere ao verbo “tagarelar”; (2) se refere ao adjetivo “horrível”; (3) se refere ao adjetivo “assustador”; (4) se refere ao verbo “desviando”; (5) se refere à frase inteira “Foi uma infeliz coincidência o fato de sua visita acontecer justamente em tão trágico aniversário”; (6) se refere ao verbo “acontecer”; (7) se refere ao verbo “acontecer”. Comente com os estudantes que no trecho não há advérbios que modificam outros advérbios, mas que isso é possível, como em “Ela mora muito longe daqui”, em que o advérbio de intensidade “muito” modifica o advérbio de lugar “longe”. c) Incentive os estudantes a fazerem as alterações no posicionamento dos advérbios. Se julgar conveniente, reproduza na lousa o trecho no quadro e apresente as possibilidades de deslocar os advérbios e as locuções adverbiais; depois, peça aos estudantes que avaliem se é ou não é possível. A expectativa é de que percebam que, quando o advérbio se refere à oração inteira, ele pode ocupar diferentes posições. Quando ele se refere aos verbos, essas possibilidades diminuem. Quando ele se refere aos adjetivos, essas possibilidades diminuem ainda mais. d) Os advérbios, no trecho, colaboram para o clima de suspense do conto. Um aspecto que pode ser ressaltado é que a sra. Sappleton, ao falar de forma alegre sobre as aves, acaba por acentuar o seu suposto estado de loucura, já que esperava pela volta de seus parentes “mortos” e falava sobre isso alegremente. Outro aspecto que pode ser ressaltado são as reações do sr. Nuttel às falas da sra. Sappleton. O horror e a morbidez são, por exemplo, ressaltados pelos advérbios “simplesmente” e “menos”. Os demais advérbios, em certa medida, colaboram para reforçar essa tensão vivenciada pelo sr. Nuttel. e) Os estudantes podem apresentar diferentes exemplos. O importante é que as explicações sejam pertinentes. Algumas possibilidades:
• A expectativa é de que os estudantes percebam que o quadro não é exaustivo, ou seja, não apresenta todas as palavras que funcionam como advérbio. O que se tem são alguns exemplos. Chame a atenção dos estudantes para o fato de que os advérbios são uma classe muito produtiva na língua. As locuções adverbiais podem ser formadas a depender da situação comunicativa na qual os falantes estão inseridos.
3. a) (1): modo; (2): modo; (3): intensidade; (4): afirmação; (5): afirmação; (6): modo; (7): tempo.
• Por que a palavra “etc.” foi usada no quadro de advérbios? Fale aos colegas.
Chave Mestra
Para responder, lembre-se de que existem classes de palavras abertas e fechadas. As abertas permitem a criação de novas palavras; as fechadas não permitem a criação de novas palavras.
3. Retome o trecho do conto da questão 1.
a) Identifique a circunstância indicada pelos advérbios e pelas locuções adverbiais destacados nesse trecho.
b) A que termos os advérbios e as locuções adverbiais destacados se referem: verbos, adjetivos, advérbios ou orações?
c) Com um colega, mude os advérbios de lugar no trecho do conto, buscando manter os sentidos. Quais deles admitem maior alteração de posição? Tente explicar por que isso acontece.
Conquista
Advérbios (e locuções adverbiais) podem incidir sobre verbos, adjetivos, outros advérbios e frases inteiras, acrescentando nuances ao sentido dos verbos, especificando as qualidades expressas por adjetivos, intensificando o sentido de advérbios, indicando o posicionamento do falante em relação ao que ele diz. Os advérbios que incidem sobre verbos, adjetivos e outros advérbios são conhecidos como advérbios de constituinte. Aqueles que incidem sobre frases inteiras são chamados de advérbios de sentença. A principal diferença entre os advérbios de constituinte e os advérbios de sentença é a sua colocação nas frases: os de sentença têm mais possibilidades de se deslocar dentro das frases que os de constituinte.
![](https://assets.isu.pub/document-structure/230426201402-1fce168624993dfc586c4ba51fb20ed9/v1/b32389ee72f23544c7ccb8fb6e2ecece.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
d) De que maneira os advérbios usados no trecho contribuem para a construção dos sentidos do conto “A porta aberta”?
e) Escolha outro trecho do conto e explique de que maneira o uso de advérbios ou locuções adverbiais tem potencial para ampliar as possibilidades de construção de sentidos.
f) Com base nas reflexões feitas, é possível dizer que os advérbios em “A porta aberta” foram usados com função estética? Fale aos colegas.
• — Não? — disse a Sra. Sappleton, numa voz que simplesmente substituía um bocejo momentâneo. Subitamente, sua expressão revelou uma atenção vívida — mas não para as palavras de Framton.
• — Finalmente chegaram! — gritou. — Bem a tempo para o chá, e não é que estão sujos de lama até os olhos!”: o uso do advérbio “subitamente” reforça o estado de excitação da sra. Sappleton, já que para o sr. Nuttel e para os leitores, naquele momento da narrativa, ela demonstrava estar fora do controle de suas faculdades mentais, por acreditar que seus parentes mortos voltariam. O uso do advérbio “finalmente” também acaba reforçando o suposto estado de demência da sra. Sappleton, pois ela sinaliza que estava vendo os seus parentes mortos retornarem. Esse estado de demência da sra. Sappleton é reforçado, na sequência, pelo olhar de pena que o sr. Nuttel lança para Vera.
• Silenciosamente eles se aproximaram da casa, e logo se ouviu uma voz jovem e rouca que cantava: “Bertie, por que pulas tanto?”: o uso do advérbio “silenciosamente” reforça o clima fantasmagórico instalado com a chegada dos supostos fantasmas à casa. O fato de chegarem silenciosamente amplia o clima de suspense criado por Vera.
• “Framton agarrou apressadamente seu chapéu e sua bengala; a porta do vestíbulo, o passeio de cascalho e o portão a) Reescreva o trecho, substituindo “senhor” por “senhores”. Houve mudança do advérbio em destaque? b) Reescreva o trecho, substituindo “senhor” por “senhora”. Houve mudança do advérbio em destaque?
4. Chegou o momento do desafio gramatical da missão! Releia uma frase do conto.
— Então o senhor não sabe praticamente nada sobre a minha tia? — continuou a calma jovem.
Conquista
De acordo com a tradição gramatical, os advérbios são uma classe gramatical invariável, ou seja, que não sofre flexão.
c) A que conclusões se pode chegar sobre a flexão dos advérbios em relação ao número e ao gênero a partir das atividades a e b?
d) Agora leia algumas frases que costumam ser ditas e escritas pelas pessoas em situações de uso da língua.
(1) Mariana mora pertinho daqui.
(2) João vai chegar amanhã de tardezinha
(3) Eu acordo cedinho todo dia para fazer minha caminhada.
(4) Devagarinho Pedro está se recuperando do acidente de carro.
• Que tipo de variação os advérbios em destaque sofreram? Com que objetivo?
Chave Mestra
Para responder, considere os usos que você faz dessas formas e o que você pretende ao usá-las.
e) Leia mais algumas frases que costumam ser usadas de forma recorrente na língua falada, observando os advérbios em destaque.
(5) Mariana anda meia doente.
(6) Lúcia está meia dividida para escolher o nome do filho.
(7) Na foto, a cabeça da criança ficou meia inclinada.
• De acordo com a tradição gramatical, o uso da palavra “meia” não está correto. Por quê?
• Como essas frases deveriam ser ditas de acordo com a tradição gramatical?
f) Leia o que diz o Dicionário Aurélio sobre a palavra “meio”. meio1 [...] Advérbio.
22. Por metade; um pouco; um tanto; quase: foram etapas quase não notadas de sua impetuosa retirada: o uso do advérbio “apressadamente” reforça o desespero do sr. Nuttel com o aparente retorno dos parentes mortos da sra. Sappleton. Ele está tão apavorado, que agarra sua bengala e chapéu de forma desesperada e sai em desabalada correria para fora da casa. f) A expectativa é de que os estudantes, após a realização das atividades, percebam que os advérbios exercem função estética, pois têm potencial para ampliar as possibilidades de construção de sentidos do texto. b) “— Então a senhora não sabe praticamente nada sobre a minha tia? — continuou a calma jovem”. O advérbio não se alterou. c) Os advérbios não sofrem flexão de número nem de gênero, sendo, por isso, invariáveis. d) Os advérbios sofreram variação de grau: estão no diminutivo. Eles foram usados para expressar ênfase ou afetividade. e) • Porque advérbios não sofrem flexão de número e de gênero, ou seja, não podem ir para o plural nem para o feminino. g) Incentive os estudantes a se pronunciarem. A expectativa é de que eles percebam que a tradição gramatical, nesse caso, desconsidera os usos reais que são feitos do advérbio “meio” pelos falantes em suas práticas linguísticas. Os falantes, ao usarem a forma do feminino “meia”, estão fazendo o que foi nomeado como “concordância por atração”.
4. a) “— Então os senhores não sabem praticamente nada sobre a minha tia? — continuou a calma jovem”. O advérbio não se alterou.
Incentive os estudantes a pensarem na intenção deles quando fazem usos dos advérbios no diminutivo. Provavelmente, eles vão perceber que, quando os advérbios são usados no diminutivo, essa noção de ênfase ou afetividade fica ressaltada.
• Mariana está meio doente; Lúcia está meio dividida para escolher o nome do filho; Na foto, a cabeça da criança ficou meio inclinada.
Comente com os estudantes que esse uso do advérbio “meio” flexionado, muitas vezes, está presente em variedades mais informais da língua falada e que a condenação dessas formas está mais relacionada ao preconceito linguístico, já que, de acordo com as explicações do dicionário Aurélio, o que se tem é uma concordância por atração.
Para mais informações sobre o comportamento dos advérbios no português brasileiro, leia BAGNO, M. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2011. p. 831-851; NEVES, M. H. M. Gramática de usos do português. São Paulo: Unesp, 2001. p. 231-331.
4o episódio: Um giro pelo mundo da escrita É com H ou sem H?
O foco deste episódio são as convenções da escrita, com destaque para a grafia de palavras com a letra H
Tempo previsto: 1 aula
Fono-ortografia: EF67LP32
Respostas
1. Se avaliar como pertinente, faça uma leitura coletiva das palavras para que todos os estudantes possam observar como elas são pronunciadas.
a) A letra H, em início de palavra, não representa nenhum som, por isso ela não é pronunciada.
b) • As palavras do quadro são grafadas com a letra H porque se originaram de palavras escritas com essa letra. No latim e no grego, essas palavras eram escritas com a letra H. Por tradição, atualmente essas palavras continuam sendo escritas com H c) O quadro apresenta um grupo de palavras pouco usuais. A ideia é que os estudantes percebam que, para saber se uma palavra é grafada com H inicial, é necessário consultar um dicionário, memorizar ou perguntar a alguém.
Palavras grafadas com H inicial: halita, heliose, hilófago, holo, húbris. As demais não são grafadas dessa forma.
Anda meio doente. [Há muitos exemplos, no português antigo como no moderno, desse advérbio flexionado (caso de concordância por atração):
“a cabeça do Rubião meia inclinada” (Machado de Assis, Quincas Borba, p. 67);
“casou meia defunta” (ID., Várias histórias, p. 97);
“a mesma mulher, sempre nua ou meia despida” (Eça de Queirós, A Cidade e as Serras, p. 366);
“Uns caem meios mortos, e outros vão/A ajuda convocando do Alcorão.” (Luís de Camões, Os Lusíadas, III, 50);
“cinzeiros com cigarros meios fumados” (José Régio, Histórias de Mulheres, pp. 45-46).] g) A que conclusões se pode chegar a respeito de os advérbios serem considerados uma classe invariável pela tradição gramatical? Converse com o professor e os colegas.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Paraná, 2010.
4º EPISÓDIO: UM GIRO PELO MUNDO DA ESCRITA
É COM H OU SEM H?
Você já teve dúvidas se a palavra é ou não é escrita com a letra H? Faça as atividades deste episódio para ampliar seus conhecimentos sobre ortografia.
1. Leia, em voz alta, algumas palavras retiradas do conto “A porta aberta”.
há hoje histórias horrível humana horror a) O que essas palavras têm em comum em relação à pronúncia da letra H? b) Observe a origem dessas palavras: há: do latim “habere”; histórias: do grego “historie”; hoje: do latim “hodie”; horrível: do latim “horror”, “oris”; humana: do latim “humanus”; horror: do latim “horror”, “oris”. c) Com um colega, tente descobrir quais palavras do quadro são escritas com a letra H alita ácopo entejo eliose inchume ilófago olo ofó uxório úbris minha empenhava-se sobrinha desconhecidas lhe conhece senhor chuvoso acompanhava chances estranhas olhos cascalho chegaram cachorro matilha grunhindo a) Qual é a função da letra H nessas palavras?
• Explique por que essas palavras são grafadas com a letra H, embora essa letra não represente nenhum som no português brasileiro atual.
• As palavras do quadro fazem parte do seu uso cotidiano?
• Como saber se as palavras são ou não são grafadas com a letra H inicial? Fale aos colegas.
Compartilhe com os estudantes os significados das palavras: Halita: cloreto de sódio; ácopo: unguento quente que os antigos usavam contra fadiga; entejo: aversão à comida; heliose: qualquer efeito nocivo, como queimaduras, provocado pelos raios solares em plantas; inchume: inchaço, tumor; hilófago: que se alimenta de madeira; holo: língua de Angola do grupo quimbundo; ofó: trepadeira; uxório: relativo à mulher casada; húbris: orgulho, arrogância, insolência.
• A expectativa é de que os estudantes respondam que não. As palavras do quadro não são de uso cotidiano de estudantes do Ensino Fundamental — Anos Finais. São palavras que vão causar certo estranhamento.
• Incentive os estudantes a se pronunciarem. A expectativa é de que eles percebam que palavras de uso cotidiano acabam por ser memorizadas – como “hoje”, “horror”, “hora” etc. Já para palavras que não fazem parte desse uso cotidiano, é necessário consultar um dicionário, impresso ou digital, ou perguntar a alguém.
Agora leia este outro grupo de palavras grafadas com a letra H.
CHAVE MESTRA b) A escrita de palavras com esse uso da letra H pode gerar alguma dúvida? Converse com os colegas e o professor.
Para responder ao item a, lembre-se de que dígrafo é a junção de duas letras para representar apenas um som.
5º EPISÓDIO: EU, ESCRITOR DE CONTO FANTÁSTICO
No 1º episódio, você viveu momentos de tensão e horror, com o sr. Nuttel, acompanhando a história contada por Vera. Neste episódio, vai criar um conto fantástico para fazer novos leitores também ficarem sem fôlego. Os contos produzidos serão adaptados em curtas-metragens “fantásticos” para uma mostra de curtas na escola, a ser realizada no 6º episódio. Você vai descobrir que o “romance improvisado” também pode ser sua especialidade.
1. Informe-se sobre o que você vai fazer.
Projeto de comunicação
Gênero Conto fantástico.
Situação Você vai escrever um conto, inserindo elementos do fantástico ao longo da narrativa, para envolver o leitor em uma teia de medo e tensão.
Tema Livre.
1. Escrever um conto fantástico com potencial de causar tensão e medo nos leitores.
2. a) A função da letra H, nessas palavras, é formar os dígrafos NH, CH e LH b) Incentive os estudantes a refletirem sobre os usos da letra H nos dígrafos NH, CH e LH. As palavras grafadas com NH costumam ser mais fáceis de grafar; as palavras grafadas com LH, especialmente em variedades não padrão da língua, podem ser pronunciadas com a letra I – “olios”, “matilia”, “cascalio”, por exemplo, o que pode gerar dúvidas no momento de grafar; as palavras grafadas com CH podem gerar dúvidas em relação à letra X, que pode representar o mesmo fonema.
É importante destacar para os estudantes que, em momentos nos quais a variedade linguística de prestígio for solicitada, para não cometer erros de ortografia, a consulta aos dicionários continua sendo uma estratégia válida e eficiente.
5o episódio: Eu, escritor de conto fantástico
As atividades deste episódio visam à produção de um conto fantástico. Os estudantes vão escolher quais elementos do fantástico vão fazer parte do seu texto. No 6º episódio, os estudantes, em trios, vão produzir um roteiro de um curta-metragem fantástico a partir da escrita desse conto e organizar um festival de curtas fantásticos na escola.
Objetivos
2. Compartilhar os contos fantásticos adaptados em curtas-metragens a fim de fomentar a produção audiovisual e a leitura de literatura dessa natureza.
Quem é você Um adolescente cuja especialidade é o “romance improvisado”.
Para quem Comunidade escolar, familiares, colegas e demais interessados em histórias com elementos do fantástico.
Tipo de produção Individual.
Tempo previsto: 4 aulas
Consideração das condições de produção / Estratégias de produção: planejamento, textualização e revisão / edição: EF69LP51 Construção da textualidade / Relação entre textos: EF67LP30
Fono-ortografia: EF67LP32.
Elementos notacionais da escrita: EF67LP33
Morfossintaxe: EF07LP08, EF07LP09
Respostas
1. É importante que você faça a leitura do Projeto de comunicação com os estudantes, certificando-se de que eles entenderam a proposta. É interessante também que compreendam a importância de se apropriar dos elementos que envolvem o Projeto de comunicação que vão colocar em prática.
2. Pensar sobre esses elementos é fundamental para que os estudantes possam planejar a escrita do conto fantástico. Se avaliar como pertinente, faça uma roda de conversa para os estudantes compartilharem suas ideias iniciais. Esse momento pode ser uma oportunidade para que eles se engajem no processo de escrita do texto.
4. a) Incentive os estudantes a revisarem a primeira versão do conto, usando os critérios elencados no quadro. A revisão é um processo fundamental na escrita e deve ser balizada por critérios. No caso, os que são apresentados foram discutidos ao longo do 1º, 2º e 3º episódios.
Outro processo que deve ser valorizado é a leitura do texto por colegas. Esse compartilhamento pode favorecer a reflexão sobre aspectos que não foram contemplados pelo autor do texto.
2. O tema do conto que você vai escrever é livre, mas é fundamental que na narrativa apareçam elementos fantásticos. Veja algumas questões que podem ajudá-lo a construir o enredo do seu texto.
a) Quais elementos fantátiscos farão parte da história?
b) Quem serão as personagens?
c) Onde e quando a história vai acontecer?
d) Como será o narrador? Ele vai participar da história ou vai ser como o narrador de “A porta aberta”, que estabelece uma “parceria” com Vera?
e) Qual será o momento de maior tensão da história (clímax)?
f) Como a história vai acabar?
g) Qual título você vai dar para o seu conto fantástico?
3. Escreva a 1ª versão da história. Além dos elementos discutidos na questão anterior, não se esqueça, para ampliar as possibilidades de construção de sentidos pelos leitores, de fazer uso de figuras de linguagem, como a ironia, de usar adjetivos e advérbios, bem como os tempos verbais do pretérito.
4. Chegou o momento de você revisar a 1ª versão do seu conto fantástico. Monte, em seu caderno, um quadro com os tópicos do esquema a seguir e confira os itens listados.
• O título do conto tem potencial para atrair os leitores?
• O enredo do conto apresenta elementos do fantástico e uma atmosfera de suspense que envolvem as personagens e os leitores?
• O narrador foi escolhido de forma a contribuir com a construção do enredo da história?
• As figuras de linguagem, como a ironia, foram usadas para compor o enredo e ampliar as possibilidades de construção de sentidos?
• Os tempos verbais do pretérito foram usados para ações pontuais das personagens (pretérito perfeito) e fazer descrições (pretérito imperfeito)?
• Os adjetivos e as locuções adjetivas foram usados com função estética?
• Os advérbios e as locuções adverbiais foram usados com função estética?
a) Revise o seu conto com base em suas observações. Em seguida, compartilhe seu texto revisado com um colega e peça a ele que faça comentários sobre o seu conto fantástico. Depois das observações de seu colega, avalie os comentários que julgar pertinentes e faça as correções necessárias.
b) Guarde a versão revisada de seu conto fantástico, pois ela será retomada no próximo episódio.