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LEITURA E INTERPRETAÇÃO (PARTE II) SENTA QUE TEM MAIS HISTÓRIAS...

Continue a leitura dos contos de outros povos indígenas. Cada história reserva algo importante sobre suas culturas!

1. Hora de montar com a turma e o professor o cronograma para conversar sobre o livro. As atividades a seguir devem ser realizadas depois da leitura dos trechos selecionados e têm o objetivo de ajudá-lo a refletir sobre a leitura.

1º intervalo: Paiter Suruí – Como Nossos Pais recriaram o povo Paiter Suruí Tikuna Maguta – A festa da Moça Nova Tabajara – O olho-d’água do pajé Krenak – Como as águas vieram ao mundo

2º intervalo: Kaingang – A origem das marcas Nambikwara – Como o fogo foi roubado do tamanduá-bandeira Kadiwéu – O macaco e a onça Umutina – Como o Sol ressuscitou o Lua Kurâ-Bakairi – A víbora e o calango a) Faça o resumo da história do povo Paiter Suruí com a turma. Depois escreva-o no caderno. b) Ainda sobre o povo Paiter Suruí, responda: c) Copie os tópicos em seu caderno e, com base no conto do povo Tikuna Maguta, complete-os. d) Em trios, resumam no caderno as histórias dos povos Tabajara e Krenak e depois respondam: e) Leia o conceito de “presente atual” e de “presente anterior” e responda: em qual(is) desses tempos os contos se passam? Quais expressões marcam esse(s) tempo(s)?

2. As atividades a seguir devem ser realizadas no primeiro intervalo de leitura.

• Quais valores se destacam no conto? Explique.

• Qual é a importância da música nesse conto?

I. Nome da festa; II. Quando acontece; III. Motivo e origem; IV. Duração; V. Atrações.

• Converse com os colegas: qual(is) rito(s) de iniciação a sua comunidade realiza?

• Como a magia aparece no conto “O olho-d’água do pajé”?

• Ainda na história, a contraposição entre um tempo antigo e outro atual acaba por mostrar a maneira como os povos indígenas e os não indígenas se relacionam com a natureza. Explique.

• Quem são as personagens do conto “Como as águas vieram ao mundo” e como são caracterizadas?

LEITURA E INTERPRETAÇÃO (PARTE II)

Senta que tem mais histórias...

Nesta seção, os estudantes farão a leitura do restante da obra Vozes ancestrais: dez contos indígenas

Tempo previsto: 3 aulas

Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção / Apreciação e réplica: EF69LP44

Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos: EF69LP47

Adesão às práticas de leitura: EF69LP49.

Produção de textos orais / Oralização: EF69LP53

Estratégias de leitura / Apreciação e réplica: EF67LP28

Respostas

1. Exercício procedimental.

2. a) Se achar mais adequado, você pode servir de escriba e, à medida que os estudantes forem relembrando o conto, escrever o resumo na lousa para que eles possam, em seguida, copiá-lo no caderno. Caso os estudantes escrevam os resumos sozinhos, seria interessante ler e comentar um ou dois resumos para que os demais possam avaliar e reescrever, caso seja necessário, o próprio resumo.

forçar tradições e lembrar de seu criador, pois a festa sagrada foi deixada por Yo’i.

IV. Duração: a preparação leva 1 mês (quando a moça fica isolada em um mosquiteiro, tecendo o tucum para a pessoa que cuidou dela durante o isolamento) e a festa dura três dias.

V. Atrações: na festa, a Moça Nova permanece dentro do turi. Há contos, danças, som de flautas, apresentações de mascarados, dança do tracajá e bebidas típicas, como caiçuma, paiuaru e caldo de pajuaru. No terceiro dia, a Moça Nova é pintada com jenipapo, seus cabelos são arrancados pelas mais velhas e, por fim, é colocada dentro do rio.

Durante todo o tempo, uma avó tikuna fica cantando músicas que falam de um tempo muito antigo.

• Resposta pessoal.

Os estudantes podem citar o batismo das religiões cristãs, o casamento, o sepultamento, as formaturas, as festas de debutantes etc. Os ritos de iniciação são cerimônias especiais que marcam determinados momentos da vida. Eles marcam a transição de um status social para outro e têm um forte caráter formador que deve diferenciar os iniciados dos não iniciados.

d) b) • Valores como solidariedade e coletividade, pois os Paiter Suruí só foram salvos porque houve ajuda dos animais – dos veados, da abelha e dos jacamins. Foi a partir de um trabalho coletivo e solidário que o pai transformou os ossos guardados pelas onças em pessoas. Esse valor de coletividade também se percebe pela metonímia no trecho: “Nosso Pai pegava cada osso e soprava, e cada osso que ele soprava fazia uma pessoa, fazia um povo”. (p. 15) É possível que os estudantes identifiquem outros valores. Avalie a pertinência deles. c) I. Nome da festa: Festa da Moça Nova

• No conto, a natureza e as pessoas são encantadas – com a ajuda do pajé, a sua comunidade faz nascer o olho-d’água, que também é mágico.

• Foi por meio da música que o pai dos Paiter Suruí encontrou o veado-galheiro e o veado-mateiro.

II. Quando acontece: quando ocorre a menarca (primeira menstruação).

III. Motivo e origem: preparar a jovem para a vida de adulta, assim como re- e) Em “Como Nossos Pais recriaram o povo Paiter Suruí”, a história se passa no presente anterior e é marcada por “Há muito tempo” (p. 12).

• Para os povos indígenas, a natureza é sagrada e, portanto, é preciso cuidar muito bem dela. Isso fica claro no trecho “O sábio pajé, sabedor que era da grande importância daquele olho-d’água, juntou as lideranças mais idosas e pediu para que ensinassem aos que nascessem a cuidar bem daquele tão rico presente. Se assim o fizessem, teriam água para sempre”. Já a relação entre os povos não indígenas e a natureza é mostrado principalmente no trecho final, em que se afirma que os mais poderosos forçaram o olho-d’água a abastecer toda a cidade, fazendo com que ele perdesse sua magia.

• As personagens são animais caracterizados como encantados. A cobra-grande (hoje) e o beija-flor (antes) são donos das águas, responsáveis pela chuva, pelas enchentes, pelo surgimento do arco-íris. Eles também são como os seres humanos, dotados de vontade e desejo e se relacionam entre si.

Em “A festa da Moça Nova”, o relato se refere ao presente atual e a expressão “quando ela está se tornando mulher” marca esse tempo.

Em “O olho-d’água do pajé”, a expressão “Assim contam os mais velhos da aldeia Imburana do povo Kalabaça e Tabajara” indica que a história se passa no presente anterior e se prolonga até o presente atual a partir da expressão “ainda assim, hoje”.

Em “Como as águas vieram ao mundo”, inicia-se com o presente atual a partir do uso da palavra “hoje” e a história volta ao “presente anterior” a partir da expressão “no princípio de tudo”.

O antropólogo Da Matta (1987) aponta dois conceitos de tempo simultaneamente presentes nas culturas indígenas brasileiras: um ‘presente anterior’ e um ‘presente atual’. Enquanto o presente anterior se remete a um passado durante o qual o mundo tal como é hoje ainda não existia, o presente atual se refere ao estado de coisas no mundo de hoje em dia.

Outro escritor (Sullivan 1988) chama esse presente anterior de “primordium”, descrevendo-o como um plano temporal primordial nas cosmologias indígenas sul-americanas, quando tudo estava sendo ainda criado, e quando as coisas e os seres possuíam formas instáveis capazes de se mudarem constantemente; nesse plano temporal, tudo podia se transformar em outra coisa, até que ocorreu um grande desastre primordial que criou uma ruptura no tempo e acabou gerando o plano do tempo ‘presente atual’. Nesse plano, os seres e as coisas pararam de mudar de forma e se fixaram permanentemente nas formas que tinham no momento do grande desastre primordial.

Portanto, enquanto no plano temporal do ‘presente anterior’ ou do ‘primordium’ todos os seres se intercomunicavam e mudavam de forma e por isso eram iguais, no plano temporal do ‘presente atual’ os seres passaram a ficar separados e isolados uns dos outros, em formas distintas. Para muitas culturas indígenas, o plano do ‘presente anterior’ (diferentemente de nosso conceito de passado) continua existindo, e as transformações e intercomunicações entre os seres seguem um movimento cíclico, como se fosse de repetição; esse plano é chamado por muitos estudiosos do plano do ‘mito’. Por outro lado, no plano do ‘presente atual’, onde os seres ocupam formas fixas e estão isolados uns dos outros, tudo segue um processo linear; este plano é chamado de plano da ‘História’. Dizem os especialistas que esses dois planos coexistem de forma paralela e se intercomunicam; portanto não são separados. Os xamãs ou pajés são capazes de viajar entre os dois planos na busca de curas, soluções e explicações para eventos e problemas cotidianos. Grande parte das narrativas orais indígenas narram eventos que ocorreram e ocorrem nesse plano do ‘presente anterior’.

Dessa forma, pode-se dizer que as narrativas orais performáticas e míticas, acompanhadas pelo conceito de autoria coletiva, remetem-se ao conceito valorizado da coletividade e à inseparabilidade típica do ‘presente anterior’; em contraste, pode-se dizer de forma geral que uma narrativa escrita de autoria individual, contando sobre algo existente hoje, se remete ao plano do ‘presente atual’, do ‘hoje-em-dia’ da historicidade.

[...] a) Formem cinco grupos. Cada grupo ficará responsável por recontar um dos contos. Vejam como fazer: b) Converse com a turma: qual(is) história(s) foi(ram) mais marcante(s) para você? Por quê? a) Identifique o tipo de informação que é recorrente. b) Identifique o que é dito sobre os desafios atuais enfrentados por esses povos. c) Escolha um dos povos para fazer uma pesquisa e socializar as informações com os colegas. Acesse sites e/ou visite a biblioteca da escola. Durante a socialização, faça anotações e, em dupla, escreva trechos que poderiam completar as informações apresentadas por Daniel Munduruku no livro Vozes ancestrais: dez contos indígenas. tema da coletividade (“Eles juntaram toda a comunidade para descobrir o segredo do Tamanduá-bandeira e conseguir roubar o fogo dele”, p. 48).

3. Faça as atividades com os colegas após o segundo intervalo de leitura.

• Preparem o reconto. Para isso, um integrante do grupo narra o conto selecionado para o grupo sem o auxílio do texto; os demais devem ajudá-lo caso ele se esqueça de algum elemento da história. Se preferirem, cada integrante pode contar um trecho da história.

• Depois do reconto, o grupo deve discutir as questões a seguir e fazer um breve resumo da discussão no caderno.

I. Foi difícil recontar a história? Por quê?

II. Vocês conseguiram se lembrar das descrições dos lugares e das personagens ou só das principais ações? Houve alguma improvisação?

III. Que escolhas foram feitas em relação ao narrador, ou seja, foi usada a 1ª pessoa ou a 3ª pessoa? Qual é a diferença entre os narradores em textos escritos e orais?

IV. Quais temas são abordados no conto? Como eles são tratados?

V. Qual a função da história?

VI. Destaque, se possível, a representação, a simbologia de algum animal ou elemento da natureza.

VII. Há referência direta aos povos indígenas ou a elementos de sua cultura? Qual(is)?

• O grupo deve escolher um integrante para contar a história para a turma e outro para ler o resumo da análise. Ao final, perguntem se a turma tem algo para acrescentar à análise realizada por vocês.

• Durante a escuta das histórias contadas pelos colegas, não deixem de fazer anotações no caderno e acrescentar suas observações.

4. Sobre as informações de cada povo que aparecem após cada conto, faça as atividades a seguir.

5. Em dupla, observe novamente as fotografias das diferentes etnias que aparecem no livro de Munduruku e responda: o que elas dizem sobre os costumes de cada povo? Depois, socialize com a turma.

6. Se você fosse escrever uma carta para Daniel Munduruku, contando sobre sua experiência com a leitura do livro Vozes ancestrais: dez contos indígenas, o que escreveria? Converse com os colegas.

3. a) • É importante que o estudante que estiver contando a história não se balize pelo texto, mas pela memória. Caso o grupo não se lembre da história, sugira que os estudantes releiam o conto e depois façam a atividade. Há outras possibilidades de o grupo fazer o reconto. Por exemplo, pode-se propor que cada integrante do grupo conte um trecho da história, ou seja, que um comece e os outros continuem, mas um de cada vez. Dessa forma, todos terão a oportunidade de experienciar o reconto.

I. Resposta pessoal.

II. Leve os estudantes a perceberem que, nos resumos, acabamos suprimindo as descrições e deixando as principais ações, mas, na contação de história, os detalhes e as descrições são muito importantes. Muitas vezes, os contadores se valem da improvisação, mas a caracterização não deve destoar do conto original.

III. É importante que os estudantes observem as diferentes pessoas do discurso em cada conto.

• “A origem das marcas”: a narração é em 3ª pessoa: “Há muito, muito tempo, o Grande Espírito caminhava pensativo à beira do rio…”.

• “Como o fogo foi roubado do tamanduá-bandeira”: a narração é em 1ª pessoa: “Quando descobrimos que só havia um ser que tinha fogo, tentamos roubar do Tamanduá-bandeira, e muitos animais também tentaram, mas ninguém nunca havia conseguido. Por muito tempo, nossa gente perseguiu o Tamanduá-bandeira para saber onde ele andava e ver se não deixava o toco do fogo em algum canto” (p. 48). Dessa forma, o narrador em 1ª pessoa se coloca como alguém da comunidade, e, portanto, durante a produção do texto oral, os estudantes devem atentar para isso.

• “O macaco e a onça” e “Como o Sol ressuscitou o Lua”: a narração é em 3ª pessoa.

• “A víbora e o calango”: a narração varia entre a 1ª e a 3ª pessoa.

Na história “O macaco e a onça”, aparece o tema da valentia, como o próprio Munduruku fala no livro: “Esse conto trata das relações que desenvolvemos uns com os outros: muitas vezes temos que ‘laçar a onça’ para podermos seguir em frente” (p. 57).

No conto “Como o Sol ressuscitou o Lua”, é possível perceber o tema da inveja (“o Sol arranjou um jeito de roubar as flechas do Martim Pescador”, p. 60) e do amor fraterno (“o Sol cantou para o Lua durante muito tempo, até que ele voltou a viver, para a alegria do irmão”, p. 60).

No conto “A víbora e o calango”, um tema que se destaca é conhecimento. Também é Munduruku quem fala sobre a moral da história: “Essa história, muito comum em povos tradicionais, mostra que não se pode conquistar o conhecimento do outro apenas pela observação. É preciso muito esforço para adquirir conhecimento e praticá-lo de forma positiva na comunidade” (p. 65).

V. O conto “A origem das marcas” se trata de um mito de criação e tem a função de ensinar as pessoas a conviverem em harmonia entre si e com a natureza. O conto “Como o fogo foi roubado do tamanduá-bandeira” tem a função de explicar certas características de seres ou elementos da

IV. Apresentamos algumas sugestões, mas há outras possibilidades. Avalie a pertinência delas.

No conto “A origem das marcas”, é possível que os estudantes destaquem a ideia da força e do intelecto como partes complementares e integrantes do sujeito, o respeito às diferenças (o fato de os irmãos serem diferentes não acarretava brigas e discórdias entre eles), o amor fraternal, o respeito à natureza.

No conto “Como o fogo foi roubado do tamanduá-bandeira”, é abordado o natureza, como o porquê de o tamanduá-bandeira se enfiar em buraco. O mesmo acontece no conto “Como o Sol ressuscitou o Lua”, em que o objetivo é explicar o surgimento do Sol e da Lua. b) Respostas pessoais. b) Os Paiter Suruí sofrem com invasores que querem ocupar o território que abrigam para explorar diamante. Os Ta-

Os contos “O macaco e a onça” e “A víbora e o calango” funcionam como ensinamentos morais, de comportamento.

VI. Sugestão: No conto “A origem das marcas”, a montanha chamada Ti kri jê cuida dos irmãos gêmeos Kanhru e Kamê. No conto “Como o fogo foi roubado do tamanduá-bandeira”, o beija-flor e a abelha são sábios. No conto “O macaco e a onça”, o macaco é esperto e a onça, forte. No conto “Como o Sol ressuscitou o Lua”, o Sol é invejoso e esperto. No conto “A víbora e o calango”, a víbora tem conhecimento, mas o calango é bobo. Nessas histórias, os animais e os elementos da natureza agem como seres humanos.

VII. Em “A origem das marcas”, o povo Kaingang é mencionado ao longo de todo o conto e é descrito como “muito bonito, inteligente, robusto e com cor de terra. Seus olhos pretos lembravam os frutos maduros da jabuticaba. Seus cabelos eram longos e negros e se espalhavam abundantemente pelas suas costas. […] homens fortes e mulheres bonitas” (p. 42).

No conto “Como o fogo foi roubado do tamanduá-bandeira”, a referência ao povo Nambikwara se dá por meio do uso das palavras “kwaijalosu” e “kaiyalalusu”.

Na história “O macaco e a onça”, não há referências diretas sobre a cultura ou o povo Kadiwéu.

No conto “Como o Sol ressuscitou o Lua”, mencionam-se os ancestrais dos Umutina (“Antigamente, na época dos Boloriê”, p. 60).

Por fim, no conto “A víbora e o calango”, há referência à época antiga dos bakairis (“Assim os antigos bakairis contam essa história”, p. 64).

• Exercício procedimental.

4. a) Geralmente, aparecem informações sobre a localização do território (o mapa que acompanha cada texto reforça essa informação), significado ou explicação de alguma palavra de sua língua, algum elemento de sua história e/ou de sua cultura, informações sobre a língua, população estimada, desafios enfrentados atualmente, comentários sobre os contos.

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