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ROTEIRO DA MISSÃO

Apreciar algumas fotografias de crianças indígenas, para que você comece a re(conhecer) a diversidade dos povos originários. Ler duas letras de rap, escritas e cantadas por indígenas, para que você reflita sobre a necessidade de a sociedade juntar-se à causa da demarcação das terras indígenas.

Analisar recursos linguísticos usados na construção do rap, como as rimas e a presença de línguas indígenas, para que você possa ampliar as possibilidades de construção de sentidos e perceber o tom de protesto que os rappers buscam expressar por meio de suas músicas.

Estudar os pronomes possessivos e os demonstrativos, para que você analise o papel dessas classes na construção da coesão textual.

Escrever uma letra de rap que aborde um problema vivenciado pela comunidade do lugar onde vive, para que você assuma o protagonismo e reivindique soluções para a sua comunidade.

Vivenciar o papel de rapper, escolhendo o beat e cantando sua letra, para que você potencialize sua experiência com essa manifestação da cultura hip-hop

Discutir o uso dos termos “índio” e “indígena”, para que você amplie seus conhecimentos sobre o poder da linguagem e reflita sobre a causa dos povos originários sob um ângulo linguístico.

Tempo previsto: 1 aula

Competências Gerais da Educação

Básica: 1, 2, 3, 4, 5, 7, 9, 10

Competências Específicas de Linguagens para o Ensino Fundamental: 1, 2, 3, 5

Competências Específicas de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 10

Entrando No Jogo

As atividades desta seção visam à introdução do conteúdo temático da missão: a valorização dos povos originários. Os estudantes vão refletir sobre a diversidade de etnias e a necessidade de toda a sociedade se engajar na luta pela demarcação de terras indígenas.

Tempo previsto: 1 aula

Participação em discursos orais de temas controversos de interesse da turma e/ou de relevância social: EF69LP13

Portal 1

O objetivo da atividade do portal 1 é que os estudantes reconheçam a diversidade dos povos originários que habitam o território brasileiro com base na apresentação de fotografias de crianças indígenas de dez diferentes etnias.

Amplie seus conhecimentos sobre os povos originários, acessando o podcast Ufop Cast para ouvir a primeira temporada da série “Indígenas, os povos originários do Brasil”, produzida pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Segundo o site, a produção “propõe reflexões acerca dos Povos Originários buscando apresentar as diversas culturas existentes, sempre em diálogo com educadores e outros profissionais indígenas, o que garante um trabalho construído de forma colaborativa entre não indígenas e indígenas”. Os episódios estão disponíveis em https://radio.ufop.br/ noticias/indigenas-os-povos-originariosdo-brasil (acesso em: 29 abr. 2022).

Entrando No Jogo

Neste jogo, você vai valorizar os povos originários do Brasil e seu legado, bem como perceber que também deve lutar com eles pela valorização das suas culturas! Preparado para este super desafio?

Portal 1

1. Aprecie as fotografias a seguir. Em seguida, converse com os colegas sobre as questões propostas.

a) O que as crianças das fotografias têm em comum?

b) O que as fotografias mostram em relação à diversidade dos povos indígenas?

Respostas

1.

a) Todas são indígenas.

b) As imagens apresentam a grande diversidade entre as etnias indígenas. Além das feições das crianças, que são muito diferentes umas das outras, há também as pinturas e os adereços que algumas estão usando.

Portal 2

O objetivo das atividades deste portal é ampliar o conhecimento dos estudantes sobre as etnias que foram abordadas no portal 1. Seria impossível tratar das mais de 300 etnias dos povos indígenas, mas é importante que os estudantes ampliem seus conhecimentos sobre essa diversidade dos povos originários em uma esfera micro. Acesse https://indigenas.ibge.gov. br/estudos-especiais-3/o-brasil-indigena/ povos-etnias.html (acesso em: 17 abr. 2022) e conheça as etnias registradas pelo Censo de 2010 realizado pelo IBGE.

Respostas

2. Respostas pessoais.

a) Incentive os estudantes a participar respondendo se conhecem alguma das etnias e qual. Deixe que relatem o que sabem sobre as etnias Caiapó, Munduruku, Guarani Nhandeva, Fulni-ô, Gavião Kyikatêjê, Pataxó, Paresi, Bororo e Krahô.

b) I. Krahô; II. Guarani Nhandeva ou Ñandeva. III. Fulni-ô; IV. Caiapó; V. Bororo; VI. Saterê-Mawé; VII. Parecis ou Paresí; VII. Munduruku; IX. Pataxó.

c) Compartilhe com os estudantes as informações sobre as etnias.

• O objetivo não é valorizar quem acertou e desvalorizar quem errou, mas permitir que os estudantes reflitam sobre os conhecimentos que têm sobre os povos originários.

2. O quanto você conhece as etnias indígenas? Você sabia que existem mais de 300 etnias indígenas que habitam o território brasileiro?

a) Você conhece alguma das nove etnias mostradas na questão 1? Fale com os colegas.

b) Junte-se a um colega, leiam as informações sobre as etnias das crianças e jovens das fotografias e, no caderno, relacionem a qual etnia cada bloco de informação se refere. Atenção: há algumas pistas que podem ajudar!

I. Essa etnia vive no estado do Tocantins. É falante de uma língua timbira. Os indígenas dessa etnia vivem em aldeias de formato circular e são muito conhecidos pelas corridas de toras que fazem todos os dias, logo depois de caçar, pescar ou trabalhar na roça.

II. Essa etnia vive em um território que compreende regiões do Brasil (Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pará, Santa Catarina e Tocantins); Bolívia, Paraguai e Argentina. Os indígenas dessa etnia formam o maior povo nativo que vive no Brasil.

III. Essa etnia, também conhecida como carnijó e fomió, habita terras no município de Águas Belas, em Pernambuco. Sua língua é o yaathê. As manifestações culturais incluem danças, que são inspiradas nos movimentos dos animais, e músicas, que são cantadas em duas vozes por homens e mulheres.

IV. Essa etnia vive em aldeias distribuídas ao longo do curso do rio Xingu, no planalto central do Brasil. Sua língua pertence à família linguística jê. Valoriza a oratória e seu povo se define como aqueles que falam bem, em oposição aos grupos que não falam sua língua.

V. Essa etnia habita o estado do Mato Grosso. Sua língua é o bororo. Os rituais são uma constante na vida desses indígenas e os principais são o de nomeação (em que a criança é formalmente introduzida na sociedade), iniciação e funeral.

VI. Essa etnia habita as cidades de Barreirinha, Parintins, Maués, Nova Olinda do Norte e Manaus, todas localizadas no estado do Amazonas.

VII. Essa etnia vive nas áreas indígenas de Capitão Marcos/Uirapuru, Estação Parecis, Estivadinho, Figueiras, Juininha, Rio Formoso, Umutina, Utiariti e Reserva Indígena Pareci, no oeste do estado de Mato Grosso, no Brasil.

VIII. Essa etnia habita os estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso. Sua língua é o munduruku. A riqueza de sua cultura inclui um repertório de canções tradicionais de musicalidade e poesia incomuns, que falam sobre cotidiano, frutas e animais.

IX. Essa etnia vive no extremo sul da Bahia e no norte de Minas Gerais. Sua língua é o maxacali. Uma das tradições desse povo é a Festa das Águas, ritual realizado para comemorar a chegada das chuvas.

c) Confira com o professor quais são as etnias referentes a cada um dos trechos.

• Como você e sua dupla se saíram?

d) Realizar as atividades dos portais fez você refletir sobre a diversidade dos povos originários?

e) Em sua opinião, a escola favorece o conhecimento da diversidade dos povos originários?

B Nus

Acesse o portal “Povos Indígenas do Brasil” e amplie seus conhecimentos sobre a diversidade e as especificidades das etnias indígenas que habitam o território brasileiro. Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/P%C3%A1gina_ principal (acesso em: 29 de abr. 2022).

d) Resposta pessoal. Incentive os estudantes a se posicionarem. A expectativa é de que eles respondam positivamente. Esse tema será abordado ao longo da missão para que eles possam se apropriar de informações sobre a diversidade dos povos originários e a importância deles para a formação da sociedade brasileira e a conservação ambiental.

e) Resposta pessoal. Incentive os estudantes a se posicionarem. Não é absurdo pensar que existe no ambiente escolar mais tradicional uma abordagem estereotipada da figura dos indígenas, principalmente em relação à comemoração do Dia do Índio.

Reprodução da página inicial do site Povos Indígenas do Brasil (2022).

1o episódio: Eu, leitor de letra de rap

Neste episódio, o objetivo é a reconstrução dos sentidos das letras dos raps “Xondaro Ka’aguy Reguá” e “Pandemia”. Além dos sentidos dos textos, as atividades visam também ampliar o conhecimento dos estudantes sobre a luta dos povos originários para garantir os seus direitos.

Amplie as possibilidades de exploração do rap em sala de aula, lendo: 1. O texto “Tematizando o rap na escola: dias de luta ou dias de glória”, no qual uma professora de escola pública relata suas experiências em sala de aula como o gênero rap, disponível em www.gpef.fe.usp.br/teses/aline_01.pdf (acesso em: 29 abr. 2022); 2. O artigo “Rap: a voz da resistência em sala de aula”, publicado na Revista Digital dos Programas de Pós-Graduação do Departamento de Letras e Artes da UEFS, Feira de Santana, v. 20, n. 2, p. 38-53, out./dez. 2019, disponível em: http://periodicos.uefs.br/index.php/ acordasletras/article/view/4916 (acesso em: 29 abr. 2022).

Tempo previsto: 4 aulas

Apreciação e réplica: EF69LP21

Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção / Apreciação e réplica: EF69LP44.

Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e semióticos: EF69LP48

Adesão às práticas de leitura: EF69LP49.

Estratégias de leitura / Apreciação e réplica: EF67LP28

Figuras de linguagem: EF67LP38

Respostas

1. Respostas pessoais. Incentive os estudantes a relatarem suas experiências com o rap. Peça a eles que expliquem por que ouvem rap e o que esse estilo representa para a vida deles. Essa é uma oportunidade de compartilhar gostos pessoais, interesses e práticas culturais, o que pode promover estreitamento de laços a partir da identificação de afinidades e gostos em comum.

A valorização dos povos originários nunca foi tão necessária e o rap indígena é um convite para esse “jogo” que todos nós temos de jogar. Preparado para mais esse desafio?

1º EPISÓDIO: EU, LEITOR DE LETRA DE RAP

Neste jogo tem música, rima e protesto. Afinal, a luta dos povos originários é uma luta pela sobrevivência do planeta!

1. Você gosta de rap? Quais são seus rappers preferidos? Sabe a origem desse estilo musical? Conhece a relação entre rap e o movimento hip-hop? Fale com os colegas e o professor.

Atalho

Hip-hop é um movimento cultural que surgiu em comunidades afro-americanas na periferia da cidade de Nova York (EUA), na década de 1970. Esse movimento se espalhou pelo mundo, especialmente nas regiões periféricas dos grandes centros urbanos. Em suas origens, o hip-hop foi uma resposta aos conflitos sociais e à violência a que estavam submetidos jovens de camadas mais pobres da sociedade urbana. Os pilares que compõem o estilo são o MC (mestre de cerimônia), o DJ (disc jockey, lê-se “disque jóquei”), o rap, o grafite e o breakdance (lê-se “breiquedence”). Os MC’s animam as festas, declamam poesia e cantam raps, interagindo com o público, em parceria com os DJ’s, que fazem a discotecagem. Grafite são pinturas feitas em paredes das ruas das cidades, normalmente com o uso de spray e estêncil. Breakdance é uma dança de execução complexa, em que quem dança deve mostrar força, velocidade e agilidade.

No Brasil, o hip-hop despontou na periferia de São Paulo na década de 1980, tornando-se bastante popular na década de 1990. Atualmente, o movimento tem representantes por todo o país e ainda expressa uma ação de resistência contra o preconceito e a exclusão social.

• Em seu caderno, relacione as duas colunas do quadro a seguir e conheça um pouco mais sobre esses jovens que vêm transformando a luta de seus povos por demarcação de terras indígenas, valorização e respeito em um movimento musical original e vibrante.

Rapper

1. Brô MC’s

2. Kaê Guajajara

3. Katú Mirim

4. Owerá (Kunumi MC)

5. Wescritor

Informação

a) Rapper e escritor de origem Guarani que vive na aldeia Krukutu na região de Parelheiros, zona sul de São Paulo. O jovem ficou mundialmente conhecido por levantar uma faixa com a palavra “demarcação” na abertura da Copa do Mundo de 2014, referindo-se à demarcação de terras indígenas. As letras de suas canções falam de problemas enfrentados por seu povo e sua cultura ancestral. Prefere que sua música seja chamada de “rap nativo”.

b) Rapper da etnia Tupinambá, nascido na Baixada Santista, que aborda, nas letras de suas canções, a resistência dos povos originários, o amor e os sentimentos, resgatando sua ancestralidade. Além de músico, é produtor, escritor, ator e compositor.

2. 1.a); 2.c); 3.e); 4.a); 5.b).

3. O clipe, com legendas em português, pode ser acessado em www.youtube. com/watch?v=cT7ZXxAMetY (acesso em: 29 abr. 2022). Se possível, promova a audição do rap de Owerá antes de propor as atividades. É fundamental que os estudantes possam sentir a musicalidade da língua guarani na voz do rapper para perceber a sua potência musical, cultural, de resistência. Caso não seja possível acessar a internet na escola, sugira aos estudantes que ouçam a canção usando o próprio celular na sala de aula. Se for necessário, eles podem fazer duplas ou trios. Caso não seja possível, peça a eles que o façam em casa. Esta é uma oportunidade para os estudantes apreciarem esteticamente uma manifestação artística dos povos originários, a fim de ampliar o seu repertório, relacionando as práticas artísticas a dimensões sociais, políticas e econômicas, o que pode favorecer o desenvolvimento de uma visão crítica e histórica sobre esses povos.

Comente que o videoclipe foi destaque em uma exposição na França e foi assistido em vários países do mundo.

Rapper

1. Brô MC’s

2. Kaê Guajajara

3. Katú Mirim

4. Owerá (Kunumi MC)

5. Wescritor

Informação

c) Indígena do povo Guajajara, nascida no Maranhão e criada no complexo de favelas da Maré (RJ), é cantora, compositora, atriz e ativista. Faz música sobre a realidade dos povos indígenas urbanizados, o apagamento das identidades indígenas e a violência contra as mulheres.

d) Grupo pioneiro, formado no Mato Grosso do Sul, em 2009, por Bruno Veron, Clemerson Batista, Kelvin e Charles Peixoto, jovens Guarani Kaiowá, que vivem nas aldeias Bororo e Jaguapiru. As letras de suas canções abordam a luta pela terra, a identidade indígena, problemas como alcoolismo, consumo de drogas e altos índices de suicídio nas aldeias.

e) Rapper, compositora, atriz, ativista e descendente da etnia Boe Bororo, que nas letras de suas canções tem debatido questões como indígenas em contexto urbano, resgate da ancestralidade e uso indiscriminado da cultura indígena.

3. Agora, você vai ler a tradução da letra do rap “Xondaro Ka’aguy Reguá” (Guerreiro da Floresta), escrita em guarani por Owerá e Bruno Silva e cantada em por Owerá. Em seguida, responda às questões em seu caderno.

Tradução da letra do rap “Xondaro Ka’aguy Reguá” (Guerreiro da Floresta).

Existe uma lenda Guarani muito antiga, contada pelo nossos ancestrais

Ela diz que das águas nascerá um guerreiro que levará o seu povo a uma nova existência.

Antigamente na floresta havia muitas frutas para comer Muitas frutas para comer...

Mas os brancos vieram e destruiram tudo o que Deus criou Tudo o que Deus criou...

Letra original do rap “Xondaro Ka’aguy Reguá” (Guerreiro da Floresta)..

Ymã guivé oikó kaujo , xamoi kuery ijayvu va'e kue.

Yy gui manje oikó rã xondaro jogueraa puku va'erã

Ymã guivé roikó, 519 ma'etyn oré roikó

Mbya ete kó yvyreguá, Brasil 1500 guivé mã rojoguero'a. Oreretarã kuery pe ojukapá

Ndoroipotai py roikó awã escravo rami

Ronhemomby'aa ompovaipa ha'egui mba'emõ oimonda pá, ore arandua

Nós Guaranis sempre existimos, há mais de 519 anos resistimos

Nativos e originários dessa terra, Brasil

Desde mil e quinhentos vivemos em guerra

Nosso povo foi oprimido e dizimado por não aceitarmos ser escravizados

Desprezaram nossa ciência e tecnologia, conhecimento milenar da floresta

E agora vemos na TV alertas de aquecimento da terra

Extinções em massa, e continuam destruindo nossos rios e nossas matas

E pra você sou eu que estou errado por usar internet e não andar pelado, isolado…

Pensamento colonial retrógrado e limitado, pois pra mim ser indígena é me sentir e ser livre, transito pela arte e preservo minha cultura

Na minha aldeia existe resistência eu rimo na minha própria língua, denunciando e lutando pela demarcação

Invadiram as nossas terras...

As florestas para nós indígenas sempre foram sagradas e tudo isso foi Deus que criou,

Os portugueses vieram e mataram muitos animais, os pássaros morreram Não respeitaram a nossa cultura, destruíram as nossas florestas e o medo continua instaurado ymanguaré mã kó yvy régua

Aymã jaexa ko yvyrupá ojekua mã hakuá, ha'etein hae ndopytu'ui, ombovaipá ore yy ha'egui ore Kaaguy.

Xee pa ajavy mbya aikó rã, tentã yvyre aikó rã xeaó parã. Jurua kuery onhemomby'aa haeveá rupi he'yn. Mbya jaikó awã mã nha se senti mbya.

Arte py aí kó, nhanderekó ete nhamombarete jaikó porã awã javy'a awã. Nhandepy xeayvu ijavivé pe roikó axyá, demarcação regua.

Mbya rekoá py oiké tem rivé, kaaguy nhandevype iporã rai, nhanderu nhamandu oexa va'ekue.

Haeriré ae jurua kuery ova'en a) O rap fala sobre a opressão sofrida pelos povos indígenas, em especial o povo Guarani, desde a chegada dos portugueses ao Brasil até os dias atuais. a) Qual é o tema do rap cantado por Owerá?

Mymba kuery ojukapa, guyra'i omanombá, nhanderekó ombovaipá, kaaguy ojayapá, kyringue pe oapypá, ndoaxai rokyjeá, kyjeá...

Dizimado (dizimar): exterminado, aniquilado.

Retrógrado: conservador, reacionário.

Xondaro Ka’aguy Reguá. Compositor: Fadel Dabien. Intérprete: Owerá. [S. l.], Angry, 2020. 1 vídeo (3 min). Disponível em: www.youtube.com/watch?v=cT7ZXxAMetY. Acesso em: 12 abr. 2022.

167 b) c) Porque os povos originários, em especial o povo Guarani de que trata o rap, estavam no Brasil antes da invasão dos portugueses. d) O fato de eles não terem aceitado ser escravizados pelos portugueses à época da invasão. e) Aquecimento global e extinção em massa. b) Observe uma cena do videoclipe em que o próprio Owerá surge das águas.

• Existe uma lenda Guarani muito antiga, / contada pelos nossos ancestrais / Ela diz que das águas nascerá um guerreiro / que levará seu povo a uma nova existência.

• Ao sair das águas, Owerá dá vida à antiga lenda Guarani: o guerreiro que sai das águas para dar a seu povo outra existência. E sua maneira de lutar vai ser através do rap. O guerreiro vai usar o rap para fazer suas mensagens chegarem às pessoas e é por esse meio que ele vai fazer as reivindicações de seu povo, usando a língua Guarani. Owerá é a personificação do guerreiro guarani da lenda antiga.

• Deixe que os estudantes apresentem suas hipóteses. A relação entre a preservação das florestas para a manutenção da vida na terra é um tema que, certamente, já foi abordado com os estudantes. A expectativa é de que eles digam que os povos indígenas, por conhecerem e terem sua vivência atrelada às florestas, contribuem para a manutenção da biodiversidade e evitam o desmatamento.

OWERÁ – “Xondaro Ka’aguy Reguá” (Official Video)

• Com qual trecho do rap essa imagem dialoga?

• Leia a biografia de Owerá, publicada no perfil do coletivo Mídia Índia em uma rede social.

Eu sou o Kunumi MC, rapper e escritor indígena. O rap não é de origem indígena, porém foi criado para protesto e hoje eu uso para lutar pela demarcação. É a força da escrita, da música e da natureza. Uso as rimas para minha mensagem chegar a outros lugares, para saberem que nós estamos aqui. Canto em Guarani pra honrar meus ancestrais.

Demarcar terra indígena é proteger a floresta e consequentemente o mundo inteiro, ser índio é ser resistência e fazer parte de uma grande família junto à natureza. O indígena é forte e a nossa língua Guarani é força [...] c) Por que Owerá afirma “Nós Guaranis sempre existimos”? d) Qual é a explicação dada pelo rapper para o povo Guarani ter sido oprimido e dizimado? e) Segundo o rapper Owerá, o que o desprezo pela ciência e tecnologia dos povos originários, desde a chegada dos portugueses ao Brasil, tem provocado? f) Releia um trecho do rap de Owerá.

Kunumi MC. Biografia. Mídia Índia-Oficial: Brasil, 5 jun. 2020. Instagram: @midiaindiaoficial. Disponível em: www.instagram.com/p/CBE7O79AY77. Acesso em: 13 abr. 2022.

• Qual relação pode ser estabelecida entre a imagem de Owerá, o trecho do rap e a biografia dele?

• Em sua opinião, qual relação pode ser estabelecida entre o “conhecimento milenar da floresta” dos povos indígenas, o aquecimento global e a extinção em massa?

[...]

E pra você sou eu que estou errado por usar internet e não andar pelado, isolado… Pensamento colonial retrógrado e limitado, [...]

• Quem seria esse “você” e por que teria “um pensamento colonial retrógado e limitado”?

• Por que essa é uma visão estereotipada dos povos originários?

Chave Mestra

Para responder, considere que estereótipo é uma imagem preconcebida, padronizada e generalizada, construída por pessoas que não têm conhecimento sobre algo ou alguém. Os estereótipos definem e limitam as pessoas quanto à aparência, comportamento, lugar de origem, entre outros aspectos.

g) De que maneira o rapper indica que os povos indígenas, ainda hoje, são desrespeitados, massacrados e não têm seus direitos garantidos?

4. Leia duas manchetes de reportagens e as respectivas linhas finas sobre a demarcação de terras indígenas

Demarcação de terras indígenas

A demarcação de terras indígenas refere-se à garantia dos direitos dos povos indígenas à terra. É de suma importância para a preservação da identidade e para evitar conflitos.

SOUSA, Rafaela. Demarcação de terras indígenas. Mundo Educação, [S. l.], c2022. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/ geografia/demarcacao-terras-indigenas.htm. Acesso em: 28 abr. 2022.

Por que a luta pela demarcação de terras indígenas diz respeito a todos

Com a tese do “marco temporal” sob os holofotes novamente, debates sobre a demarcação de territórios indígenas e os direitos de povos originários ganharam destaque; entenda o que está em jogo.

MARASCIULO, Marilia. Por que luta pela demarcação de terras indígenas diz respeito a todos. Galileu, [S. l.], 11 abr. 2022. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2021/11/por-que-luta-pela-demarcacao-de-terras-indigenas-dizrespeito-todos.html. Acesso em: 28 abr. 2022.

Demarcação de terras indígenas: a demarcação de terras indígenas refere-se à garantia dos direitos territoriais indígenas, pois essa ação estabelece os limites físicos de suas terras. A demarcação, prevista pela Constituição de 1988 e pelo Estatuto do Índio, é fundamental para proteger as terras indígenas de possíveis invasões e ocupações por parte de não indígenas (fazendeiros, garimpeiros, grileiros), preservando a identidade, o modo de vida, as tradições e as culturas dos povos originários.

Marco temporal: é uma tese jurídica que defende que só poderia reivindicar direito sobre uma terra o povo indígena que já estivesse ocupando o espaço no momento da promulgação da Constituição de 1988.

f)• O “você” se refere aos não indígenas que ainda acreditam que os indígenas devem andar nus e isolados, como se vivessem da mesma forma que viviam em 1500. Por isso, o pensamento é colonial – como se o Brasil ainda fosse uma colônia de Portugal; retrógado e limitado, por julgar que um indígena usar internet nos dias atuais seria errado.

• Essa visão do indígena como alguém que “anda pelado e isolado” é limitante e desconsidera a diversidade das etnias que vivem no Brasil. Atualmente, inclusive, há pessoas de muitas etnias dos povos originários que vivem nas cidades. Se necessário, retome a discussão que foi feita nos portais 1 e 2.

g) Quando ele afirma no último verso “e o medo continua instaurado”.

4. Se desejar ampliar a discussão, faça a leitura dos textos cujos links estão indicados nas referências.

a) A demarcação é um direito dos povos originários. Com a demarcação, esses povos terão a garantia de preservação não apenas de seus territórios, mas de suas identidades, culturas e tradições.

A demarcação minimiza a violência sofrida pelos povos indígenas e o rapper reforça a necessidade dessa ação.

b) Resposta pessoal. Incentive os estudantes a se posicionarem. A expectativa é de que eles concordem com essa afirmação. Os povos originários, “donos” do Brasil antes da invasão dos portugueses em 1500, vêm lutando pelos seus direitos desde então. É justo e digno que suas terras sejam demarcadas para minimizar a violência praticada pelos não indígenas.

Promova a escuta desse rap e de outras canções do EP Wiramiri, de Kaê Guajajara, disponível em: www.youtube.com/ watch?v=Zv3J8ayMnoA (acesso em: 2 maio 2022). Essa é mais uma oportunidade de os estudantes conhecerem representantes dos povos originários que lutam por seus direitos. Além disso, podem ouvir duas outras línguas indígenas usadas na canção.

Esse rap sobre a pandemia é trilíngue porque, além do português, são usadas também a língua zeeg’ete, do povo Guajajara, do tronco tupi-guarani, e a língua kwaytikindo, do povo Puri, do tronco macro-jê.

a) Qual é a importância de Owerá afirmar em seus versos que segue “denunciando e lutando pela demarcação”?

b) Você concorda que a luta pela demarcação de terras indígenas diz respeito a todos? Fale com os colegas.

c) Agora leia outra letra de rap de autoria de Kaê Guajajara e Kandu Puri, sobre a pandemia de covid-19.

Pandemia

Não foi só a bala que matou meu povo não

Tanta epidemia amontoou mais de uma nação

Um rio de sangue na água cristalina

Até o contato com suas roupas me assassina

Andando na minha miséria

Na mente lapsos de uma velha floresta

Tô tipo uma onça rugindo da cela

Indígena gritando na favela

Vendo culturas inteiras sumindo

A epidemia vem matando

O maior grupo de risco há mais de 500 anos

Eu tentei, me isolei

E sempre ficam nessa de querer fazer contato

Nume›e kwaw hehe, a›e rupi nuexak kwaw ima’eahy haw

(Ele não viu ele, por isso não viu sua doença)

Nuvem de doença que contagia

Causando falência múltipla de órgãos

Eu tava na mata, vem e me mata numa

Falência múltipla de povos

Vi um parente indo se lavar

Num grande rio de lama tóxica

Prevenir ou se contaminar

Isso é uma guerra biológica

E tu que nunca foi de banho

Tá aprendendo a lavar a mão

Vai, compra tudo de álcool em gel

Olha pra tua poluição

Ah ando ure day gran txori ï pa omi xute txahe Kapuna prika ï ambo nam ah ando heta kran

Ah ando hon upolatxa-ma tigagika tangweta

Ah ando hon upolatxa-ma ï ne pa kwandom-na

(eu corri nessa mata para ter um bem viver tiros para morrer, eu escapei, eu estive escondido igual sombra, eu estive escondido para não ter doença)

Não foi só a bala que matou meu povo não

Tanta epidemia amontoou mais de uma nação um rio de sangue na água cristalina

Até o contato com suas roupas me assassina

Como a varíola

Como a gripe

Tantas que o tamui suportou c) A dizimação dos povos indígenas pelas epidemias. d) Os povos indígenas. Esses povos têm sido vítimas de doenças (gripe, varíola, entre outras) desde a chegada dos portugueses ao Brasil em 1500. Por isso, afirma-se que os indígenas vêm sendo vítimas há mais de 500 anos.

Ninguém solta a mão de ninguém

Ainda bem que ninguém segurou

Amo teko uzeeng ihewe hekepe

(Alguém está falando comigo no sonho)

Akizezo mae wi nehe

(Não tenha medo das coisas)

Epita me neràpuz pupe (Fica em casa)

Ah ando hon upolatxa-ma tigagika tangweta d) Releia um trecho do rap

Ah ando hon upolatxa-ma ï ne pa kwandom-na Pandemia. Intérpretes: Kaê Guajajara e Kandu Puri. In Kaê Guajajara – EP WIRAMIRI (Completo 2020). Brasil: Azuruhu, [2020]. 1 vídeo (2 min). Disponível em: www.youtube.com/watch?v=Zv3J8ayMnoA. Acesso em: 12 abr. 2022.

• Qual é o assunto abordado pelos rappers Kaê e Kandu?

[...]

A epidemia vem matando O maior grupo de risco há mais de 500 anos

[...] e) Releia outro trecho do rap “Pandemia”.

• Quem é o maior grupo de risco e por que se afirma que a epidemia vem matando esse grupo há mais de 500 anos?

Nuvem de doença que contagia Causando falência múltipla de órgãos

Eu tava na mata vem e me mata numa

Falência múltipla de povos

Vi um parente indo se lavar Num grande rio de lama tóxica Prevenir ou se contaminar

Isso é uma guerra biológica

E tu que nunca foi de banho

Tá aprendendo a lavar a mão

Vai, compra tudo de álcool em gel

Olha pra tua poluição f) Leia alguns dados sobre a covid-19 e os povos indígenas brasileiros.

• Qual relação pode ser estabelecida entre “falência múltipla de órgãos” e “falência múltipla de povos”?

Total de casos covid-19

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib)

Diante da subnotificação dos casos indígenas pelos dados oficiais (veja abaixo) a Apib vem realizando um levantamento independente dos casos. Os números são superiores aos notificados pela Sesai, que tem contabilizado somente casos em terras indígenas homologadas. A compilação de dados da Apib tem sido feita pelo Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena e pelas Organizações indígenas de base da Apib. Outras frentes de enfrentamento à covid-19 organizadas no Brasil também têm colaborado com a iniciativa. Diferentes fontes de dados têm sido utilizadas nesse esforço, além da própria Sesai, o comitê tem analisado dados das Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde e do Ministério Público Federal.

Confirmados Indígenas mortos pela COVID-19 Povos afetados

70 962 1 300

162

COVID-19 e os Povos Indígenas. Covid 19, [S.l.; s.n], [202-]. Disponível em: https://covid19.socioambiental.org. Acesso em: 15 abr. 2022.

• Esses dados confirmam ou refutam o que os rappers denunciam sobre “a falência múltipla de povos”? Explique sua resposta.

• Com quem os rappers dialogam no trecho destacado na questão e?

• Que acusações são feitas a esse interlocutor?

B Nus

Amplie seus conhecimentos sobre as epidemias e os povos indígenas, visitando a plataforma “Covid-19 e os povos indígenas”, disponível em: https://covid19.socioambiental.org (acesso em 28 abr. 2022).

e) A covid-19 mata causando falência múltipla de órgãos, ou seja, os órgãos do nosso corpo, como rins, fígado, pulmão, coração, param de funcionar. Essa pandemia, que ataca os povos originários, além da falência múltipla de órgãos, também provoca a falência múltipla dos povos, ou seja, a dizimação desses povos.

f) Esses dados, que relevam um número expressivo de indígenas vítimas da covid-19 e de povos afetados, confirmam a denúncia feita pelos rappers sobre o efeito nefasto da pandemia para os povos originários.

• Com os não indígenas.

• Os rappers acusam os não indígenas de poluírem as águas, de produzirem poluição. Afirmam, fazendo referência ao hábito dos europeus de não tomarem banho, que os não indígenas devem aprender a lavar as mãos, usando álcool em gel, uma das medidas de combate à covid-19.

Comente com os estudantes que os povos originários sempre tiveram o hábito de tomar banho diário. Os europeus, ao contrário, não cultivavam esse hábito. Os brasileiros têm costume de banhos diários em função das tradições indígenas.

g) Biologicamente, o contato com roupas contaminadas por vírus e bactérias assassinam os povos indígenas, porque a falta de contato com algumas doenças impede o desenvolvimento da imunidade e os torna mais vulneráveis à contaminação. Culturalmente, o contato com as roupas dos não indígena, ou seja, o contato com a civilização não indígena assassina as tradições dos povos originários.

• As roupas dos não indígenas, metonimicamente, representam os próprios não indígenas. Esse contato provoca o “assassinato” da cultura indígena.

h) O 1º com o 2º e o 3º com o 4º.

• AABB.

• As rimas são importantes para produzir sonoridade e cadência.

6. a) Porque os indígenas, com seus conhecimentos ancestrais, sabem como preservar as florestas no Brasil, fundamentais para a sobrevivência de todos. Além de não degradar as florestas, eles contribuem para manter os ciclos das chuvas (uma das etapas do ciclo hidrológico que consiste no retorno das águas para a superficie terrestre) e exploram de forma sustentável os recursos da natureza.

b) Porque, ao ganhar visibilidade por meio da sua música, eles podem disseminar os conhecimentos, as tradições e as culturas das diferentes etnias para os não indígenas. Conhecer os desafios dos indígenas, que são cantados pelos rappers, é fundamental para que toda a sociedade se solidarize e entre na discussão pela garantia dos direitos desses povos.

Para responder, considere os aspectos biológico e cultural presentes na letra do rap g) O verso “Até o contato com suas roupas me assassina” pode ser interpretado de duas maneiras. Quais são elas? h) Releia o refrão do rap “Pandemia”.

Refrão é um verso ou conjunto de versos que se repete ao longo da letra de uma canção. É conhecido também como estribilho ou coro e costuma “ficar na cabeça” das pessoas.

• Em relação ao aspecto cultural dos não indígenas, os rappers usam uma metonímia. Explique como essa figura de linguagem é construída.

Não foi só a bala que matou meu povo não

Tanta epidemia amontoou mais de uma nação um rio de sangue na água cristalina Até o contato com suas roupas me assassina

• Quais versos rimam?

• Considere a terminação dos versos em -ÃO como (A) e a terminação dos versos em -INA como (B). Qual sequência de letras representa o esquema de rimas do refrão: ABAB, AABB ou ABBA?

• Por que as rimas são importantes na construção do rap?

6. Leia o trecho de uma reportagem cujo tema é a importância dos indígenas na preservação das florestas no Brasil, publicada em outubro de 2021.

O papel decisivo dos povos indígenas na preservação da Amazônia

[...] Os dados têm levado os cientistas e ambientalistas a prestar atenção em um fenômeno pouco estudado: o papel das comunidades indígenas na preservação da cobertura florestal no Brasil. “Esses povos protegem as florestas de uma forma muito mais efetiva do que o próprio Estado. Além disso, prestam um serviço de valor incalculável ao garantir a manutenção das chuvas e dos ciclos de água nos arredores das reservas, o que é imprescindível para a economia”, avalia Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas. Um amplo estudo realizado por pesquisadores americanos demonstra que, mesmo do ponto de vista histórico, a ocupação indígena sempre provocou poucos danos, até nas regiões que concentravam as maiores populações. A pesquisa coordenada pela arqueóloga Dolores Piperno, do Smithsonian Tropical Research Institute, constatou que, por mais de 5 000 anos, os nativos da região da Amazônia viveram no bioma sem causar degradações detectáveis. Realizado entre populações nativas do leste do Peru, o estudo não encontrou evidências de segmentos “desmatados, cultivados ou de outra forma significativamente alterados na pré-história”. Segundo os cientistas, fenômenos como queimadas e desmatamentos surgiram da chegada dos colonizadores europeus. [...] a) Com base nas informações do trecho, por que é fundamental que a sociedade brasileira valorize o conhecimento dos povos originários? b) Por que a ação dos rappers indígenas é fundamental para a causa dos povos originários?

FERNANDES, Nathan. O papel decisivo dos povos indígenas na preservação da Amazônia. Veja, [S. l.] 20 out. 2021. Disponível em: https://veja.abril.com.br/agenda-verde/o-papel-decisivo-dos-povosindigenas-na-preservacao-da-amazonia. Acesso em: 15 abr. 2022.

7. Realizar as atividades deste episódio fez você perceber a importância de toda a sociedade apoiar a causa dos povos originários no Brasil? Fale com os colegas.

O documentário Meu sangue é vermelho (Brasil, 2020) mostra a viagem feita por Owerá por aldeias brasileiras nas regiões Norte e Centro-Oeste, vítimas de ataques de fazendeiros, seguranças armados e até da Polícia Federal, com o objetivo de compreender mais profundamente a luta dos povos originários por seus direitos. Ao longo da viagem, o rapper se encontra com personalidades engajadas na luta dos indígenas, como o rapper Criolo, a liderança indígena Sonia Guajajara, o cacique Inaldo Gamela e o documentarista Vicente Carelli. O filme foi exibido e premiado em diversos festivais internacionais ao longo de 2020.

2º EPISÓDIO: NOSSO CENTRO DE ANÁLISE DE USOS DA LÍNGUA

Você conheceu a importância de a sociedade reconhecer a causa dos povos indígenas para garantir, não apenas a sobrevivência deles, mas a de todos nós. Agora, você vai analisar alguns recursos linguísticos usados pelos rappers para dar mais realce ao que eles defendem.

1. Releia este trecho do rap de Owerá.

Nós Guaranis sempre existimos, há mais de 519 anos resistimos a) Qual é a pessoa do discurso usada pelo rapper nesse trecho? b) Qual efeito de sentido esse uso produz? c) Agora releia outro trecho da canção.

E pra você sou eu que estou errado por usar internet e não andar pelado, isolado... Pensamento colonial retrógrado e limitado, pois pra mim ser indígena é me sentir livre, transito pela arte e preservo minha cultura

7. Resposta pessoal. A expectativa é de que os estudantes respondam que sim. Além das letras dos raps, os estudantes tiveram acesso a informações que apontam para a importância dos povos originários na preservação da nossa biodiversidade.

2o episódio: Nosso centro de análise de usos da língua

Neste episódio, o foco será a análise dos recursos linguísticos usados na construção das letras dos raps

Tempo previsto: 1 aula

Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos: EF69LP48

Recursos linguísticos e semióticos que operam nos textos pertencentes aos gêneros literários: EF69LP54

Variação linguística: EF69LP55

Estratégias de leitura / Apreciação e réplica: EF67LP28

Respostas

1. a) A 1ª pessoa do plural.

b) O uso da 1ª pessoa enfatiza a ideia de coletividade. O rapper se coloca como parte de um povo que sempre existiu e que resiste há mais de 519 anos, ou seja, desde antes da invasão dos europeus.

c) A 1ª pessoa do singular.

• Nesse trecho, Owerá pretende marcar o seu lugar de fala. Ele é um Guarani que usa a tecnologia para denunciar a violência sofrida por seu povo. Quem fala agora é Owerá, o rapper da etnia Guarani.

d) Owerá, ao alternar o uso da 1ª pessoa do singular e da 1ª pessoa do plural, mostra que faz parte do povo sobre o qual ele fala e, ao mesmo tempo, é uma voz que se levanta para denunciar a violência sofrida por todos eles. Ele é um rapper que toma para si a função de ser uma voz de resistência do seu povo, usando, inclusive, a tecnologia.

e) Não, eles usam a 1ª pessoa do singular, marcando que a voz que canta é a voz dos rappers. Eles denunciam o efeito nefasto das pandemias sobre a população indígena desde os tempos da chegada dos portugueses, enquanto se colocam como sujeitos nesse cenário.

2. a) O uso da 2ª pessoa do singular, “tu”, com verbos na 3ª pessoa e de termos como “tá”.

b) O uso dessas marcas realça o tom de diálogo que é estabelecido entre o enunciador, que traduz as vozes dos rappers, e esse “tu”, que representa o não indígena que contamina com doenças e assassina os povos originários.

c) Porque no rap, o enunciador acusa os não indígenas de contaminarem os indígenas com doenças, provocando a dizimação dos povos originários. Nesse trecho, o enunciador exige que o não indígena se conscientize da poluição que provoca. É um diálogo em que a voz dos indígenas acusa os não indígenas, exigindo uma mudança de atitude.

3. a) O uso das línguas nativas pelos rappers é um recurso linguístico que objetiva valorizar a cultura dos povos originários.

b) Os versos são “eu rimo na minha própria língua, / denunciando e lutando pela demarcação”.

c) A tradução para o português é fundamental para ampliar o acesso dos não indígenas às letras e à reivindicação dos povos originários por meio do rap d) Resposta pessoal. A expectativa é de que os estudantes respondam positivamente. Não é incomum as pessoas desconhecerem a riqueza das línguas indígenas, acreditando ser o Brasil um país monolíngue. A informação de que os povos originários ainda conservam sua língua materna é uma forma de valorizar as culturas e as tradições dos indígenas brasileiros. d) Quais efeitos a alternância do uso das duas pessoas do discurso produz no rap de Owerá? e) Kaê Guajajara e Kandu Puri fazem uso da mesma estratégia no rap “Pandemia”? Explique sua resposta.

• Qual é a pessoa do discurso usada nesse trecho?

• O que o rapper pretende com esse uso?

2. Releia estes versos do rap “Pandemia”.

E tu que nunca foi de banho Tá aprendendo a lavar a mão

Vai, compra tudo de álcool em gel Olha pra tua poluição a) Quais marcas linguísticas indicam o uso mais informal da língua? b) Quais efeitos de sentido o uso dessas marcas produz? c) No contexto do rap, por que esse uso é importante? a) Qual é o objetivo dos rappers ao inserirem versos em suas línguas nativas ao longo da letra? b) Releia o rap de Owerá. c) Você leu uma tradução dos versos de Owerá, e no rap “Pandemia” os trechos nas línguas indígenas são traduzidos. Por que é importante ter acesso à tradução para o português? d) Você se deu conta da riqueza linguística dos povos originários ao conhecer os raps de Owerá e de Kaê e Kandu? Fale com os colegas.

3. Releia o rap “Pandemia”.

• Quais versos expressam o mesmo objetivo discutido na questão anterior?

BÔNUS

Você sabe quantas línguas são faladas no Brasil? Além do português, são faladas mais de 150 línguas indígenas. Leia a reportagem “Um Brasil de 154 línguas”, publicada pelo Jornal da USP, disponível em: https://jornal.usp.br/cultura/um-brasil-de-154-linguas (acesso em: 28 abr. 2022).

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