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DA

ESCRITA A VÍRGULA É OBRIGATÓRIA NESTE CASO?

É comum que surjam dúvidas sobre o uso da vírgula durante a escrita de um texto. Neste episódio, você praticará essa habilidade e terá maior clareza sobre o que orienta essa escolha.

1. Leia o texto de José Cândido de Carvalho, publicado no livro Porque Lulu Bergatim não atravessou o Rubicon, e responda às perguntas.

Prezada senhorita, Tenho a honra de comunicar a V. S. que resolvi, de acordo com o que foi conversado com seu ilustre progenitor, o tabelião juramentado Francisco Guedes, estabelecido à Rua da Praia, número 632, dar por encerrados nossos entendimentos de noivado. Como passei a ser o contabilista-chefe dos Armazéns Penalva, conceituada firma desta praça, não me restará, em face dos novos e pesados encargos, tempo útil para os deveres conjugais.

Outrossim, participo que vou continuar trabalhando no varejo da mancebia, como vinha fazendo desde que me formei em contabilidade em 17 de maio de 1932, em solenidade presidida pelo Exmo. Sr. Presidente do Estado e outras autoridades civis e militares, bem assim como representantes da Associação dos Varejistas e da Sociedade Cultural e Recreativa José de Alencar.

Sem mais, creia-me de V. S. patrício e admirador, Sabugosa de Castro.

Capa do livro PorqueLuluBergantim não atravessou o Rubicon: contados, astuciados, sucedidos e acontecidos do povinho do Brasil, de José Cândido de Carvalho, publicado originalmente em 1971 pela editora José Olympio.

CARVALHO, José Cândido. Amor de contabilista. In: Porque Lulu Bergatim não atravessou o Rubicon: contados, astuciados, sucedidos e acontecidos do povinho do Brasil Rio de Janeiro: José Olympio, 1971.

a) A leitura do texto e das referências de autoria e o suporte de circulação permitem afirmar que o texto se trata de uma carta pessoal, de um microconto de humor ou de um pedido oficial de rompimento de noivado?

b) De que maneira o uso do registro formal e da norma-padrão são usados na construção do humor?

c) Como você imagina que seja a personalidade da personagem escritora da carta?

d) Identifique: e) De que forma o uso de períodos compostos por subordinação adverbial contribui para a composição de traços de personalidade da figura que escreve a carta? Para responder, leve em consideração a função desse tipo de estrutura sintática.

• as conjunções subordinativas adverbiais presentes no texto.

• as orações subordinadas adverbiais e classifique-as.

O autor do texto é José Cândido de Carvalho, advogado, jornalista e escritor brasileiro nascido em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. Sua obra literária é reconhecida pelo bom humor, pela exploração da ironia e pelo amplo domínio da linguagem.

Mancebia: comportamento desregrado; relativo à juventude.

Outrossim: igualmente.

Progenitor: pai, neste caso.

Tabelião: profissão de quem lida com escrituras e outros registros originais.

4o episódio: Um giro pelo mundo da escrita

A vírgula é obrigatória neste caso?

O foco deste episódio são as convenções da escrita, com destaque para o uso das vírgulas entre períodos compostos por subordinação. Por se tratar de um conteúdo complexo, mais uma vez o uso de vírgulas é abordado. Como os estudantes estudaram as subordinadas adverbiais, neste episódio aborda-se o uso de vírgulas em relação a esse tipo de oração. O movimento metodológico se assemelha ao que foi feito na missão 4 com as orações subordinadas adjetivas restritivas e explicativas.

Tempo previsto: 2 aulas.

Adesão às práticas de leitura: EF69LP49 Recursos linguísticos e semióticos que operam nos textos pertencentes aos gêneros literários: EF69LP54

Variação linguística: EF69LP55

Estratégias de leitura / Apreciação e réplica: EF89LP33

Respostas

1. a) Espera-se que, por meio do reconhecimento da autoria e da observação de que o texto foi publicado em um livro literário, os estudantes percebam que se trata de um microconto de humor. Ajude-os a entender que não se trata de uma carta pessoal porque, apesar das semelhanças estruturais, certos aspectos da situação comunicativa que define o gênero carta não estão presentes. Por exemplo, ela não foi produzida com o intuito de ser entregue a outra pessoa, e sim com o objetivo de compor uma produção estético-cultural. Informe que a carta na literatura ganha o nome de gênero epistolar. Tampouco se trata de um pedido oficial de rompimento, visto que a presença da linguagem formal não configura um documento oficial, sendo este apenas um dos recursos usados em textos dessa natureza.

c) Resposta pessoal. Estimule os estudantes a descreverem a personagem com base nas escolhas linguísticas feitas na carta. Esta atividade mobiliza as habilidades de associar tais escolhas às situações e propósitos comunicativos e de reconhecer a inadequação de certas seleções. Alguns dos atributos vinculados à personagem que podem surgir nas respostas são formal, excêntrico, sério, prolixo, exagerado, entre outros.

d) Algumas das conjunções podem ser consultadas no quadro do episódio anterior, outras serão inferidas pela semelhança e pela função desempenhada. A seguir, as conjunções estão destacadas em negrito e as orações subordinadas estão sublinhadas. Ajude os estudantes a distinguirem as orações principais e as subordinadas, visto que, entre elas, muitas vezes, o autor insere outros elementos sintáticos. b) É esperado que os estudantes observem como o uso do registro formal e da norma-padrão, com abastada recorrência de pronomes de tratamento e de vocabulário distanciado do uso cotidiano, contribui para a construção de uma situação comunicativa de extrema formalidade e, possivelmente, distanciamento entre os envolvidos. Tudo isso contrasta com os papéis sociais assumidos pelos indivíduos envolvidos na situação, os quais seriam noivos. A situação de noivado pressupõe menos formalidade e mais intimidade do que o expresso no texto. e) Considerando que as subordinadas adverbiais conferem circunstancialidade ao enunciado e que elas complementam sintaticamente a oração principal, é possível observar que a personagem se vale de muitos recursos, entre eles essa classe de orações, para caracterizar e prolongar seus enunciados, de maneira, possivelmente, a torná-los mais válidos, valorosos e justificados. f) Em todos os exemplos, as vírgulas separam as orações principais e subordinadas, seja nos exemplos em que há outros termos sintáticos intercalados, seja nos exemplos em que se encontram em sequência. O uso é igualmente mantido, independentemente da posição antecessora ou sucessora das subordinadas. g) As alterações possíveis nas condições propostas são: h) Estimule os estudantes a refletirem sobre o efeito de destaque gerado pela vírgula, o que sugere pausas no discurso ou intensificação de algum trecho do enunciado. f) Observe a maneira como a vírgula é utilizada na construção dos períodos compostos por subordinação adverbial. Para que ela é utilizada nesses casos? g) Em quais dos períodos a seguir é possível retirar a vírgula que separa as orações, mantendo a norma-padrão da escrita? h) Por que os dois autores optaram por usar a vírgula, mesmo nos casos em que o uso era facultativo?

• “... resolvi, de acordo com o que foi conversado com seu ilustre progenitor, o tabelião juramentado Francisco Guedes, estabelecido à Rua da Praia, número 632, dar por encerrados nossos entendimentos de noivado” – oração subordinada adverbial conformativa.

• “Como passei a ser o contabilista-chefe dos Armazéns Penalva, conceituada firma desta praça, não me restará, em face dos novos e pesados encargos, tempo útil para os deveres conjugais” – oração subordinada adverbial causal.

• “... vou continuar trabalhando no varejo da mancebia, como vinha fazendo desde que me formei em contabilidade…” – oração subordinada adverbial conformativa.

• “... em solenidade presidida pelo Exmo. Sr. Presidente do Estado e outras autoridades civis e militares, bem assim como representantes da Associação dos Varejistas e da Sociedade Cultural e Recreativa José de Alencar” — oração subordinada adverbial comparativa.

• O uso da vírgula em períodos compostos por subordinação adverbial é facultativo, caso a oração subordinada esteja posicionada após a principal. Se estiver antes ou no meio da oração principal, a vírgula é obrigatória.

I - Resolvi dar por encerrados nossos entendimentos de noivado de acordo com o que foi conversado com seu ilustre progenitor, o tabelião juramentado.

III - Vou continuar trabalhando no varejo da mancebia como vinha fazendo desde que me formei em contabilidade.

V - Qualquer coisa servia, contanto que atravessasse de uma vez essa traiçoeira pinguela gramatical em que sua oratória lamentavelmente se havia metido de saída.

VI - Qualquer verbo servia, desde que conjugado corretamente no singular.

VII - É bom que se repita sempre para que possamos ser dignos da confiança em nós depositada.

VIII - Ambas gramaticalmente lídimas, segundo o vernáculo.

• Com base na análise feita, escreva uma regra para o uso de vírgulas nas subordinadas adverbiais.

I. Resolvi dar por encerrados nossos entendimentos de noivado, de acordo com o que foi conversado com seu ilustre progenitor, o tabelião juramentado.

II. Como passei a ser o contabilista-chefe dos Armazéns Penalva, não me restará tempo útil para os deveres conjugais.

III. Vou continuar trabalhando no varejo da mancebia, como vinha fazendo desde que me formei em contabilidade.

IV. Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou.

V. Qualquer coisa, contanto que atravessasse de uma vez essa traiçoeira pinguela gramatical em que sua oratória lamentavelmente se havia metido de saída.

VI. Qualquer verbo servia, desde que conjugado corretamente, no singular.

VII. É bom que se repita sempre, para que possamos ser dignos da confiança em nós depositada.

VIII. Ambas gramaticalmente lídimas, segundo o vernáculo.

5º EPISÓDIO: EU, PRODUTOR DE VIDDING

Você já assistiu a algum vídeo com colagens de imagens do seu filme ou série favorita, em que há uma música de fundo dando um tom especial para a sequência e com um ponto de vista muito marcado – por exemplo, “shippando” um casal ou mostrando a maldade de uma personagem? Pois é, o vidding é um gênero de ampla circulação nas redes sociais. Neste episódio, você vai refletir sobre os propósitos desse gênero, sistematizar suas características, produzir um vidding e publicá-lo em uma rede social pessoal.

1. Informe-se sobre o que você precisa fazer.

Gênero Vidding.

Situação

Projeto de comunicação

Você vai produzir um remix audiovisual de uma ou mais obras de seu interesse, mostrando o seu ponto de vista sobre as personagens ou propondo uma nova versão.

Tema Ressignificação ou recriação de outra obra.

1. Editar conteúdos audiovisuais de forma a inserir o seu ponto de vista na obra selecionada.

Objetivos

2. Produzir um vidding.

3. Compartilhar as produções com a turma e com outras pessoas do seu convívio por meio das redes sociais.

Quem é você Um vidder

Para quem Amigos, comunidade de fãs, interessados na obra, familiares e comunidade escolar.

Tipo de produção Coletiva, em equipes de 3 a 4 estudantes.

5o episódio: Eu, produtor de vidding

Neste episódio, os estudantes produzirão um vidding, gênero próprio do meio digital que dá espaço para a expressão de pontos de vista e para a recriação de obras da indústria cultural de forma ativa e criativa. Os textos produzidos serão publicados nas redes sociais dos estudantes.

Tempo previsto: 2 aulas.

Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção / Apreciação e réplica: EF69LP46

Consideração das condições de produção / Estratégias de produção: planejamento, textualização e revisão/edição: EF69LP51

Construção da textualidade: EF89LP35.

A gíria “shippar” vem do inglês e se refere à torcida por um relacionamento amoroso.

Caso seja possível, exiba para os estudantes o vidding a seguir e peça a eles que enumerem as características principais de um bom vidding, de acordo com a experiência deles como espectadores. Este vidding se chama “Razões que fazem da Vovó Juju a melhor pessoa do mundo” e é uma colagem de cenas do desenho a) O que você acha que a pessoa da fotografia está fazendo? Com qual objetivo ela o faz? b) Quais recursos ela parece estar utilizando para isso? c) Você tem familiaridade com programas de edição de imagens e de som? Se ainda não, saiba que muitos celulares e computadores já possuem editores instalados e, caso não os possuam, é possível instalar aplicativos baixados gratuitamente da internet. a) Você já assistiu a algum vidding? Qual foi e o que você mais gostou nele? b) Você já produziu um vidding? O que o motivou? Como foi a experiência? Você fez isso sozinho ou com outras pessoas? c) Por qual tipo de vidding você se interessa mais, o AMV (Anime Musical Video), o FANVID ou outro? d) Para você, o que não pode faltar nesse tipo de produção? e) Sobre quais temas ou obras você gostaria de produzir um vidding? Eleja de 3 a 5 opções e compartilhe com os colegas.

2. Observe a imagem e responda às perguntas.

Que tal produzir um vidding?

3. Compartilhe com os colegas e o professor sua experiência com base nas questões a seguir.

AMV é uma colagem de imagens de animes e mangás japoneses para construir uma narrativa.

FANVID é o vidding feito por fãs de determinada obra com o objetivo de evidenciar ou recriar algum aspecto dela com base em uma opinião pessoal.

Vid é o resultado da edição e da colagem de filmes, séries, animações ou outras produções em vídeo, uma nova obra audiovisual intertextualmente ligada a uma ou mais obras da indústria cultural. O propósito é dar voz ao público, que, com isso, torna-se espectador participante da construção de um produto cultural. Assim, pode-se dizer que os viddings fazem parte dos gêneros que contribuem para a participação ativa do público na criação e na ressignificação de objetos artístico-culturais. É comum que sejam feitos coletivamente por comunidades interessadas em um mesmo assunto – grupo de fãs de uma série, por exemplo, diferente da obra original, mas tendo indiscutível intertextualidade com este último.

ATALHO 173 b) Resposta pessoal. Estimule os estudantes a compartilharem suas experiências e compará-las com as dos colegas. c) Resposta pessoal. É possível que os estudantes já estejam familiarizados com essas nomenclaturas. Mesmo que eles já conheçam esses subgêneros, reforce as características próprias de cada um. d) Os elementos imagéticos são essenciais para esse tipo de produção (mas não são os únicos). Efeitos sonoros, textos escritos e colagens de figuras em cima de outras imagens tornam o vidding muito expressivo e atraente. e) Anote no quadro, de forma visível para a turma, as sugestões que surgirem, de modo que as repetições sejam suprimidas e que os estudantes identifiquem os colegas que têm interesses semelhantes. É possível que os temas sugeridos precisem sofrer pequenas alterações para se adequarem à produção do grupo. Cheque as temáticas escolhidas pelos estudantes, a fim de orientá-los em possíveis incompreensões ou inadequações. Ao fim, ajude-os a se reunirem em grupos de 3 ou 4 pessoas para a realização da produção do vidding

“Irmão do Jorel”, primeira animação original do Cartoon Network feita no Brasil e na América Latina. O vidding dá ênfase à personagem da “vovó Juju”, enaltecendo-a como uma pessoa adorável e expressando a opinião de quem o produziu.

Disponível em: www.youtube.com/ watch?v=Iq8Y5Z1PIuQ. Acesso em: 14 maio 2022.

Respostas

1. É importante que você faça a leitura do Projeto de comunicação com os estudantes, certificando-se de que eles entenderam a proposta. Eles também devem compreender a importância de se apropriarem dos elementos que envolvem o projeto que vão colocar em prática. Os estudantes vão produzir um vidding. Essa produção será midiatizada ao final, com a publicação do texto nas redes sociais dos estudantes.

2. a) A pessoa parece estar trabalhando com imagens, talvez editando vídeos e áudios. Os objetivos podem ser lúdicos (por exemplo, a criação de vídeos interativos) ou profissionais (a edição da gravação de uma entrevista, por exemplo).

b) Programas de edição de imagens e sons.

c) Resposta pessoal. Incentive os estudantes a compartilharem nomes de programas e recursos de edição de que já façam uso, caso o façam, e a darem dicas de aplicativos de fácil manuseio e que podem ser gratuitamente baixados. Algumas sugestões de aplicativos gratuitos que podem ser baixados e usados em celulares estão disponíveis em: https://inshot.com; https://www. kinemaster.com/ (acessos em: 19 jun. 2022).

3. O objetivo desta atividade é o levantamento dos conhecimentos prévios, a ativação do interesse na produção do gênero e o reconhecimento das afinidades entre os colegas para a formação das parcerias. No final desta conversa, ocorrerá a escolha do tema do vidding, passo importante para a organização dos grupos de edição. Portanto, utilize o momento de compartilhamento para evidenciar para a turma as afinidades que surgirem com base nas respostas e comunique aos estudantes que se atentem para esses aspectos, pois, ao final, eles se reunirão em equipes. O trabalho coletivo é importante para o resultado da edição e para a prática de habilidades de socialização.

a) Resposta pessoal. Estimule os estudantes a compartilharem suas experiências e compará-las com as dos colegas.

4. Esta atividade servirá de roteiro para a execução do projeto. Acompanhe os estudantes em cada etapa e verifique as possíveis falhas ou incompreensões do processo. Ao final da primeira versão, escolha com eles uma data para a exibição em sala das produções. Nesta etapa, os colegas serão espectadores críticos dos vidding produzidos. Assim, as equipes descobrirão se os propósitos foram atendidos e terão chance de fazer modificações antes de compartilhar a produção nas redes sociais. Esclareça aos estudantes que o objetivo desta primeira mostra é fazer comentários construtivos sobre os trabalhos dos colegas e aceitar sugestões para as próprias produções. Relembre-os de que a primeira versão das obras, em geral, não é a definitiva e que é preciso um olhar de fora para avaliar o trabalho feito e perceber possíveis falhas. Além disso, essa etapa de compartilhamento do vidding produzido é fundamental para que todos possam assistir à produção dos colegas. Este pode ser um excelente momento para os estudantes exercerem a empatia e o diálogo, fazendo-se respeitar e respeitando as escolhas do outro com acolhimento e valorização da diversidade dos saberes e gostos sem preconceitos. Após a primeira mostra, incentive-os a seguirem as etapas de reformulação e publicação do vidding, para que consolidem as habilidades requeridas na produção desse gênero e experienciem o processo de publicação da obra.

Existem aplicativos gratuitos de edição de vídeo que podem ser baixados para celular, como o Capcut ou o InShot. Se a escola tiver laboratório de informática, a parte de edição do vidding pode ser feita nesse espaço. Há sites, como o Clipchamp, que permitem a criação e edição de vídeos on-line e, para uso no computador, os estudantes também podem utilizar editores como o Shotcut ou o VideoPad. Oriente-os a consultarem a biblioteca de áudios que dispensam direitos autorais, disponível em: https://support.google.com/youtube/ answer/3376882?hl=pt-BR (acesso em: 31 maio 2022).

Comente com os estudantes sobre a importância de eles inserirem nos créditos do vidding produzido informações sobre os autores das obras utilizadas. Esse cuidado pode evitar problemas com direitos autorais.

A seleção:

Passo A Passo Para A Edi O

PASSO 1

Tenham clareza do tema do seu vidding: será um AMV? Um fanvid? Outro modelo? Além disso, definam a abordagem que vocês farão nesta edição: ela vai enaltecer alguém, vai shippar um casal, vai construir um novo final? Este é o momento de deixar a imaginação comandar.

PASSO 3

PASSO 2

A pesquisa:

Encontrem a (s) obra (s) que desejam editar e selecionem os trechos que serão usados. Este é o momento de separar as imagens e a trilha sonora. Vocês podem criar um acervo com tudo o que avaliam que poderá servir; isso será de grande utilidade no momento da produção.

A concepção:

Escrevam um esboço do roteiro do vidding, detalhando seu início, desenvolvimento e fim, para que vocês tenham clareza de todo o processo. Nesta etapa, também é o momento de pensar nas legendas e nos efeitos audiovisuais que serão incorporados à edição.

PASSO 5

PASSO 4

A produção:

Por meio dos aplicativos de edição – no celular ou no computador –, cortem e colem os trechos selecionados e comecem a dar vida à ideia do grupo.

A mostra:

Feito! Deem um título para o vidding produzido. Então, é hora de colocar na roda e mostrar a todos o que vocês fizeram! Os colegas da turma vão, de forma respeitosa e educada, dar sugestões com potencial para melhorar o produto final.

PASSO 7

PASSO 6

A nova versão:

A publicação:

Publiquem a versão final do vidding em suas redes sociais, para que o produto alcance o maior número de visualizações possível. Isso pode aproximar vocês de pessoas com afinidades de interesse e gerar oportunidade para outros trabalhos de edição coletiva.

Depois de receberem críticas construtivas, ponham a mão na massa novamente para melhorar o trabalho. Em qual das etapas anteriores vocês vão precisar voltar? Na seleção de imagens? No roteiro? Na legenda? Reavaliem e refaçam seu trabalho.

6º EPISÓDIO: CONTANDO PIADAS, CAUSOS E OUTRAS HISTÓRIAS DIVERTIDAS

Neste episódio, o jogo pede que você participe de uma roda de narrativas de humor. Esse é um evento em que todos ouvem e todos contam uma história, ninguém fica de fora! Prepare-se para rir e fazer rir!

1. Converse com os colegas sobre as perguntas a seguir.

a) Você gosta de ouvir piadas? E de contar?

b) Você já participou de uma roda de histórias engraçadas?

Atalho

Causo: marcadamente oral, as histórias narradas nesse gênero podem ou não ser engraçadas. Nisso, portanto, o causo se difere da piada, que tem sempre a intenção de fazer rir. De todo modo, é importante dizer que, para atender aos propósitos comunicativos, a narração de um causo leva em conta a entonação, o ritmo, a escolha lexical (de modo a incorporar expressões típicas do espaço onde se dá o ocorrido) e a pronúncia das palavras. Esses textos costumam cruzar livremente as fronteiras entre o real e o ficcional. Quem ouve pode duvidar, mas quem conta é capaz de jurar que é tudo verdade!

História engraçada: engloba diferentes tipos de gêneros, como as piadas e os causos, mas também relatos pessoais, contos, crônicas e outras possibilidades. Nessa diversidade toda, há algo em comum: todas provocam o riso! Para uma roda de histórias assim, é importante que elas sejam curtas, para não perder a dinamicidade.

Piada: embora também possa ser lida, é um gênero comumente associado à oralidade. Caracteriza-se pela brevidade do enredo, pela linguagem coloquial (que pode ser alterada durante o enredo, de acordo com as estratégias narrativas) e pelo objetivo humorístico. Pode receber o nome de “anedota”, contudo alguns autores preferem dizer que esta última é uma piada que apresenta ironia.

c) Leia o “Causo do mineirim” para se familiarizar com esse tipo de narrativa e conte aos colegas se você gostou. Sapassado, era sessetembro, taveu na cozinha cuzinhano um kidicarne cumastumate pra fazer uma macarronada cum galinhassada. Quascaí dissusto quanvi um barui vindedenduforno, parecenum tidiguerra. A receita mandopô midipipoca denda galinha prassá. O forno isquentô, o mistorô e o fiofó da galinhispludiu! Nossinhora! Fiquei branco quineim um lidileite. Foi um trem doidimais! Quascaí dendapia! Fiquei sem sabê dondecovim, proncovô, oncontô. Oiprocevê quilocura! Grazadeus ninguém simaxucô!

CAUSO do mineirim. Blog do professor Diogo. [S. l.], 18 fev. 2018. Disponível em: https://diogoprofessor.blogspot.com/2018/02/ atividade-sobre-variedades-linguisticas.html. Acesso em: 14 maio de 2022.

2. Observe os elementos verbais e não verbais da publicação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e responda às perguntas.

a) Qual é o objetivo da campanha?

I. Prevenir o uso de falas racistas pelas pessoas.

II. Conscientizar a população de que a piada e o racismo andam juntos.

III. Alertar as pessoas de que determinados conteúdos são considerados criminosos.

Capa da publicação do Conselho Nacional de Justiça alertando sobre a necessidade de não utilizar frases racistas ou preconceituosas como motivo para humor.

padrão, na qual se mantém apenas as referências lexicais e se perde boa parte dos outros recursos linguísticos, a fim de ampliar a leitura, caso os leitores apresentem alguma dificuldade de compreensão do registro original. Reiterase que não há necessidade de incentivar os estudantes a “corrigirem” esse texto e que a abordagem deve levar em conta os aspectos linguísticos com o gênero causo, como a incorporação de modos próprios da linguagem da personagem falante.

“Sábado passado, era sete de setembro. Estava eu na cozinha cozinhando um quilo de carne com massa de tomate para fazer uma macarronada com galinha assada.

6o episódio: Contando piadas, causos e outras histórias divertidas

Neste episódio, os estudantes vão se preparar para uma roda de contação de narrativas de humor. O objetivo é que vivenciem a experiência proporcionada por gêneros orais e de humor, como as piadas, ao mesmo tempo que praticam as habilidades relacionadas a esses contextos comunicativos.

Tempo previsto: 3 aulas

Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção / Apreciação e réplica: EF69LP46

Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos: EF69LP47

Produção de textos orais / Oralização: EF69LP53

Variação linguística: EF69LP55

Consideração das condições de produção / Estratégias de produção: planejamento, textualização e revisão/edição: EF69LP51

Recursos linguísticos e semióticos que operam nos textos pertencentes aos gêneros literários: EF69LP54

Estratégias de leitura / Apreciação e réplica: EF89LP33

Movimentos argumentativos e força dos argumentos: EF89LP23

Respostas

1. a) Resposta pessoal. É possível que alguns estudantes comentem a dificuldade em contar uma piada devido a modos mais e menos eficientes de despertar o riso. Estimule-os a contarem suas experiências pessoais com esse gênero oral.

b) Resposta pessoal. Estimule os estudantes a contarem suas experiências pessoais com esse tipo de narrativa.

Quase caí de susto quando vi um barulho vindo de dentro do forno, parecendo um tiro de guerra. A receita mandou pôr milho de pipoca dentro da galinha para assar. O forno esquentou, o milho estourou e o fiofó da galinha explodiu! Nossa senhora! Fiquei branco que nem um litro de leite. Foi um trem doido demais! Quase caí dentro da pia! Fiquei sem saber de onde que eu vim, para onde que eu vou, onde que eu estou. Olha para você ver que loucura! Graças a Deus ninguém se machucou!” c) Resposta pessoal. Incentive a apreciação estética do causo, dando ênfase para o humor construído por meio da linguagem peculiar.

É contraindicado que se reconfigure um texto em registro informal ou regional para a norma-padrão com a finalidade de corrigi-lo e formatá-lo se o propósito de circulação desse texto não incluir, justamente, a formatação dele – como no caso de alguém que envia seu texto para uma revisão linguística. Todavia, reproduz-se uma versão traduzida para uma variedade com maior formalidade de registro b) Resposta pessoal. Os estudantes devem compreender que a veiculação de conteúdos que fazem chacota com a cor da pele ou expõem as pessoas pelo motivo de sua cor é uma forma de manutenção das estruturas de racismo que, infelizmente, ainda fazem parte das interações sociais no Brasil. Esconder o crime sob a alegação de humor é camuflar o preconceito, portanto publicações como a do CNJ pretendem alertar a população de que esse tipo de comportamento não é tolerado pelas leis brasileiras, deixando subentendido que as pessoas não devem praticá-lo e incentivando a mudança de comportamento da sociedade. c) Resposta pessoal. É esperado que os estudantes elejam grupos e temáticas ligadas às minorias, como violência contra a mulher, LGBTQIA+, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, refugiados e outros conjuntos. Também se pode pensar que, de modo geral, situações de vulnerabilidade ou de violência não devem ser usadas para provocar o riso. d) Resposta pessoal. Os estudantes devem construir esse combinado conjuntamente, com base nas reflexões feitas até aqui. É esperado que temas que envolvam desrespeito aos direitos humanos sejam incluídos nessa lista. É importante também que não haja piadas com colegas de turma ou da escola. b) As dicas do 1º episódio importantes para esse momento são treinar discursos sozinho, pedir a algum conhecido que escute seu discurso e entender que gaguejar é normal. Estimule os estudantes nessa preparação, reforçando que ela terá efeito sobre o desempenho oral na roda. c) A roda de histórias pode ser feita na sala de aula ou em outro ambiente da escola. Os estudantes devem se organizar em roda ou em modelo de “apresentação na frente”, com o estudante contador diante de todos os outros. Sugira que estejam com uma folha e um lápis à mão, caso queiram fazer alguma anotação, por exemplo, a de uma piada nova para seu repertório. Incentive a turma a manter o tom alegre e b) Na sua opinião, por que o Conselho Nacional de Justiça fez essa publicação? c) Existem páginas na internet que veiculam textos com a hashtag #NAOEPIADA. Ao lado do racismo, quais outros temas ou grupos sociais poderiam ganhar essa hashtag? d) Com a turma, elabore um critério para determinar os temas que não devem ser transformados em piada na roda de histórias engraçadas que vocês vão produzir. a) Busque uma ou mais narrativas humorísticas que gostaria de compartilhar. Lembre-se de selecionar textos curtos. As fontes de busca são variadas: experiências próprias ou casos de família podem servir a esse propósito. Também é possível encontrar um amplo acervo de piadas na internet se o seu não for satisfatório. Uma boa alternativa é buscar minicontos de humor; existem livros publicados com esse tipo de texto, além de também ser possível encontrar alguns no mundo virtual. b) Depois de selecionar o(s) texto(s) que apresentará, é necessário se familiarizar com ele(s) e saber narrá-lo(s) sem a ajuda de um papel, já que a roda de histórias é um evento oral, em que sua performance depende da fluidez com que você contará a narrativa. Retome as dicas para uma boa oratória fornecidas no 1º episódio, atente-se para o tom de voz, para a entonação e para a dicção e, mais do que tudo, divirta-se junto com seu público! c) Tudo pronto? Agora o poder é da palavra! Lembre-se de que essa não é uma disputa e, aconteça o que acontecer, o importante é manter o bom humor! a) Como foi para você participar desse evento? b) Essa experiência provocou alguma transformação em você ou na sua relação com os colegas? bem-humorado, lembrando que não se trata de competição: o objetivo é a descontração e é preciso manter o combinado de respeito mútuo. b) Resposta pessoal. c) Você aprendeu algo novo sobre alguém da turma? Essa experiência aproximou vocês de alguma forma? d) Você aprendeu algum causo ou alguma piada nova? e) Você gostaria de repetir esse evento em outro momento?

Item III. A primeira alternativa não procede, visto que, embora possa ter o efeito de diminuir a veiculação de falas racistas, a campanha não tem o objetivo de evitar que essas falas ocorram. A segunda alternativa não está correta, pois a mensagem da campanha expressa exatamente o oposto, a de que piada e racismo são coisas distintas.

3. a) Resposta pessoal.

3. Hora de se preparar para a roda de histórias!

4. Avalie a experiência.

4. a) Resposta pessoal. Estimule os estudantes a refletirem individualmente sobre a própria experiência e a relatá-la em detalhes no espaço. É possível que a exposição gere a necessidade desse exercício de rememoração, que poderá servir, em alguns casos, para a equalização da euforia e, em outros, para a reflexão do que se passou.

Se você gostou dessa experiência, lembre-se de que a piada e o causo são gêneros que fazem parte das interações cotidianas; sendo assim, você pode praticá-los mais frequentemente em seu dia a dia. Quem sabe você se descobrirá um exímio contador de piadas, causos e histórias engraçadas, como os autores Fernando Sabino e José Cândido de Carvalho, lidos nesta missão?

7º EPISÓDIO: MESMO TEMA, OUTRO CAMPO DE ATUAÇÃO SOCIAL ENTREVISTA

Você leu a publicação do Conselho Nacional de Justiça a respeito da distinção entre piadas e racismo. Agora, você vai ler e analisar uma entrevista sobre esse assunto. Depois, vai planejar e produzir cartazes para conscientizar as pessoas a combater o racismo disfarçado de humor. O jogo agora envolve os direitos humanos, e não ser racista é a jogada de mestre!

1. Reflita sobre as perguntas a seguir.

a) Você já se incomodou com um comentário racista, feito em tom de piada, direcionado a você ou a alguém próximo?

b) Como isso afetou você no momento? E depois?

c) O que você sentiu vontade de fazer para mudar essa situação?

d) Adilson José Moreira, angustiado com esse tipo de vivência, estudou a fundo a maneira como o racismo se revela em interações aparentemente divertidas. Nos livros em que escreveu sobre o tema, ele chamou esse comportamento preconceituoso de “racismo recreativo”. O que você imagina que o pesquisador concluiu sobre o tema?

Adilson José Moreira é doutor em Direito Constitucional Comparado pela Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, doutor em Direito Constitucional pela Faculdade de Direito da UFMG e autor de livros, como Racismo recreativo, Tratado de direito antidiscriminatório e O que é discriminação?

4. c) Resposta pessoal. Se possível, lembre os estudantes de que o riso tem a capacidade de unir as pessoas, como visto no portal 2.

d) Resposta pessoal.

e) Resposta pessoal. Cheque com os estudantes se haveria vontade de repetir a roda de histórias e, em caso positivo, vocês podem pensar juntos em estratégias para realizar esse projeto.

7o episódio: Mesmo tema, outro campo de atuação social

Entrevista

Neste episódio, os estudantes produzirão cartazes para combater o racismo recreativo, conceito que será abordado a partir da leitura de uma entrevista com um especialista sobre o assunto. O objetivo é entender como o “humor” pode ser usado para perpetuar estruturas racistas.

Tempo previsto: 2 aulas

Estratégia de leitura: apreender os sentidos globais do texto: EF69LP03

Relação do texto com o contexto de produção e experimentação de papéis sociais: EF69LP06

Textualização: EF69LP07.

Participação em discussões orais de temas controversos de interesse da turma e/ou de relevância social: EF69LP13.

Apreciação e réplica: EF69LP21

Textualização, revisão e edição: EF69LP22

Estratégias de leitura: apreender os sentidos globais do texto / Apreciação e réplica: EF89LP03

Estratégias de produção: planejamento, textualização, revisão e edição de textos publicitários: EF89LP11

Movimentos argumentativos e força dos argumentos: EF89LP23

Respostas

1. Incentive os estudantes a refletirem sobre as próprias experiências e a forma como lidam com esse tipo de comportamento direcionado a eles ou a pessoas próximas se for o caso. Respostas pessoais.

Condescendência: tolerância.

Mito da democracia racial: falsa ideia de inexistência de racismo no Brasil. Esse mito foi sistematizado, reafirmado e difundido pela obra do sociólogo Gilberto Freyre, que justificava a violência contra pessoas negras de forma circunstancial e não estrutural.

Segregação: discriminação.

Supremacia: superioridade absoluta.

Leia os trechos selecionados de uma entrevista com esse pesquisador e responda às perguntas.

Brancos usam ‘humor’ e ‘amigo negro’ para perpetuar discriminação, diz autor de ‘Racismo Recreativo’

[...]

BBC News Brasil - Qual a definição de racismo recreativo?

Adilson José Moreira - O humor racista é uma forma com que pessoas brancas e instituições controladas por pessoas brancas expressam condescendência e ódio por minorias raciais [...] O racismo recreativo tem sido usado no Brasil e em outros países para reproduzir a ideia de que minorias raciais não são atores sociais competentes.

BBC News Brasil - De que maneira o humor racista se manifesta no Brasil?

Moreira - De diferentes formas e em diferentes espaços sociais. Ele está presente, por exemplo, em programas humorísticos e aparece por meio de representações estereotipadas de minorias raciais. O humor é uma mensagem. E, portanto, ele faz sentido dentro de um contexto social específico. Um dos objetivos do humor racista é a reprodução de estereótipos pejorativos sobre membros de grupos raciais. [...]

BBC News Brasil - A piada no ambiente de trabalho é usada, portanto, como instrumento para impedir o acesso de pessoas negras às mesmas oportunidades de crescimento que as pessoas brancas?

Moreira - Um dos elementos centrais da minha teoria do racismo recreativo é seu caráter estratégico. As piadas acontecem com frequência no espaço de trabalho e em situações específicas, como quando há possibilidade de promoção e pessoas negras ou asiáticas ou indígenas são candidatas. [...] Isso é uma ação coletiva para tornar o ambiente de trabalho insustentável, para forçar a demissão da pessoa negra, para ela ser substituída por uma pessoa branca. O objetivo do racismo recreativo é a manutenção da supremacia branca.

BBC News Brasil - De que maneira o humor racista se conecta com o mito da democracia racial, pelo qual o Brasil seria um país miscigenado e sem racismo?

Moreira - O humor racista está diretamente ligado à narrativa brasileira da democracia racial. 99% de todas as pessoas brancas acusadas de racismo utilizam o mesmo argumento: a ideia de que eles têm um amigo negro, uma empregada negra, um avô negro. O humor racista sempre foi elemento importante de exclusão social em diferentes partes do mundo: foi importante na exclusão dos judeus na Alemanha nazista e teve papel importante no regime de segregação racial dos EUA. Agora, aqui no Brasil, realmente há o uso estratégico do humor racista para preservar a ideia de cordialidade. [...]

BBC News Brasil - Quando na sua vida pessoal você começou a ter consciência dos impactos do humor racista e ser alvo disso?

Moreira - Desde a infância, eu me sentia profundamente incomodado com duas coisas: primeiro, com a completa ausência de pessoas negras nos meios de comunicação, com a ausência de modelos positivos de pessoas negras na televisão. Para muitas pessoas, a televisão é a única referência de mundo e os meios de comunicação dizem: pessoas brancas são naturalmente superiores e negras, inferiores. [...]

BBC News Brasil – O que pessoas brancas devem fazer para contribuir para o combate ao racismo?

Moreira – Elas precisam reagir. Elas realmente precisam reagir. Quando ouvir uma piada racista, primeiro, não é para rir da piada. Depois, vou deixar claro para a pessoa que esse comentário é inapropriado. E é importante explicar para as pessoas as consequências da reprodução desses estereótipos. Então, dizer que quando você reproduz essa piada, você está propagando a ideia de que negros são inferiores. E ao fazer isso você reproduz uma cultura racista. [...] a) O que é racismo recreativo segundo o autor? b) Quem pratica essa forma de preconceito? c) Qual é a principal manifestação do racismo como (falsa) piada? d) Quais são os efeitos dessas manifestações segundo o autor? e) Segundo o pesquisador, existe democracia racial no Brasil? f) Quais posturas Moreira reivindica das pessoas brancas? g) O que você pensa sobre o que foi falado por Moreira? h) Em sua opinião, pesquisar e divulgar reflexões sobre esse tema contribuirão para a diminuição do racismo no Brasil? b) Pessoas e grupos de pessoas não negras, de modo geral. c) A construção do estereótipo do negro como incapaz e não confiável. d) A manutenção da segregação racial e da supremacia branca. e) Não, pois ele se refere ao “mito da democracia racial” e aponta números que justificam a desigualdade. f) Ele reivindica que elas não façam chistes com a cor da pele, que não riam de comentários assim e, sobretudo, que intervenham caso presenciem esse tipo de interação, informando às pessoas que esse tipo de zombaria não é piada. g) Resposta pessoal. Incentive os estudantes a se posicionarem. É fundamental que posturas racistas sejam questionadas. h) Resposta pessoal. Ajude os estudantes a compreenderem a função informativa e formativa de conteúdos publicados nas mídias como essa entrevista e que os efeitos dessa discussão incluem o estímulo à reflexão e ao debate público, ambos com potencial transformativo da sociedade.

BBC News Brasil - Como responder ao argumento cada vez mais utilizado nos dias de hoje de que tudo é mimimi, que, por exemplo, trabalhar pelo fim de piadas machistas e racistas seria mimimi?

Moreira - É muito fácil desconstruir o argumento do mimimi. É mesmo, é mimimi? Então me conta uma coisa: você gostaria de ser tratado pela polícia da mesma forma com que negros são tratados pela polícia? Você gostaria de ser tratado como pessoa negra no mercado de trabalho? Nenhuma dessas pessoas vai dar uma resposta positiva a essas perguntas.

BBC News Brasil - O que a sociedade brasileira ainda não entende sobre racismo e precisaria entender para uma mudança efetiva?

Moreira - A sociedade brasileira ainda não entende que o racismo não é apenas expressão pura de desprezo e ódio. É um sistema de dominação social que tem como propósito garantir vantagens competitivas para pessoas brancas. O racismo e o racismo recreativo têm o objetivo de produzir diferenciações de status cultural e material entre pessoas brancas e não brancas. O racismo se expressa para impedir que um grupo tenha o mesmo nível de respeitabilidade que o grupo dominante. No dia em que a sociedade ficar convencida de que pessoas negras podem desempenhar as mesmas funções sociais que pessoas brancas, brancos vão deixar de ter acesso exclusivo a certas funções sociais simplesmente por ser branco. E muitos não querem perder esse privilégio.

MOREIRA, Adilson José. Brancos usam ‘humor’ e ‘amigo negro’ para perpetuar discriminação. [Entrevista cedida a Natália Passarinho]. BBC News Brasil, Londres, 27 nov. 2021. Disponível em: www.bbc.com/ portuguese/brasil-59422927. Acesso em: 14 maio 2022.

2. a) Expressão de preconceito velado sob a aparência de humor.

3. Para que os estudantes possam exercitar seu protagonismo em âmbito local, é importante que ajam coletivamente em prol de uma causa que defenda os direitos humanos. Cartazes são gêneros textuais que são produzidos pelos estudantes desde os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, por isso as instruções dadas foram simplificadas. Caso avalie como necessário, retome as características desse gênero com base no cartaz sobre racismo abordado no episódio anterior. A sugestão é que os cartazes sejam produzidos em cartolinas. Caso seja possível e relevante, incentive os estudantes a produzirem os cartazes usando editores de texto e imagem. Caso opte pela produção usando computadores, é preciso considerar que os cartazes deverão ser impressos.

3. Que tal você e sua turma encabeçarem uma campanha contra o racismo recreativo na escola produzindo cartazes que expliquem esse conceito e incentivem atitudes antirracistas? Para isso, sigam as orientações:

• Organizem-se em grupos de seis estudantes. Cada grupo vai produzir um cartaz. É importante lembrar que um desses cartazes deve apresentar o conceito de “racismo recreativo”.

• Construam frases de efeito, que possam impactar os leitores dos cartazes. Retomem a entrevista e escolham trechos com potencial para a construção dessas frases. Fiquem atentos à ortografia, à concordância e à regência verbal e nominal.

• Escolham imagens, em jornais, revistas, internet, entre outros, que dialoguem com as frases de efeito que vão compor os cartazes.

• Ao produzir os cartazes, selecionem e usem formato e tamanho de letras e cores que favoreçam a leitura.

• Produzam os cartazes usando cartolinas e colem-nos em diferentes espaços da escola para que toda a comunidade escolar possa se atentar para o racismo recreativo e assumir atitudes para combatê-lo.

Você chegou ao fim da aventura proposta para esta missão. Agora vai refletir sobre o que vivenciou e se as atividades causaram algum impacto em você. Com os colegas, faça uma roda e, juntos, conversem sobre as questões organizadas no portal 1 (avaliação) e no portal 2 (autoavaliação).

Portal 1

O que é uma crônica de humor?

Quais elementos compõem uma crônica?

De que modo os recursos de intertextualidade e as figuras de linguagem, como comparações e polissemias, contribuem para a ampliação das relações de sentidos em textos literários e para os efeitos estilísticos?

Como a escolha da pontuação interfere no efeito estético e literário do texto?

Qual função uma oração subordinada adverbial exerce sobre a oração principal?

O que significa dizer que os vidders são agentes ativos nas produções da indústria cultural?

De que maneira as histórias de humor contribuem para as interações sociais?

O que é racismo recreativo?

Portal 2

Analisar os recursos linguísticos, como intertextualidade, figuras de linguagem, pontuação e tempos verbais, fez você ampliar as possibilidades de construção de sentidos para a crônica “Eloquência singular”? De que maneira?

Conhecer as orações subordinadas adverbiais contribuiu para a ampliação da sua apreciação e compreensão de textos?

Conhecer orientações para o uso da vírgula contribuiu para sua confiança ao escrever textos?

Remixar textos audiovisuais com intenção de mostrar o seu ponto de vista ampliou suas possibilidades de expressão? Por quê?

Participar de uma roda de histórias engraçadas ajudou você a se apropriar das estratégias narrativas relevantes para a produção de humor?

Como analisar uma entrevista de campo ajudou você a se apropriar dos passos necessários para planejar e produzir cartazes para conscientizar as pessoas a combater o racismo.

Salvando O Progresso

É importante que os estudantes tenham a oportunidade de avaliar o que foi estudado e de autoavaliar sua aprendizagem. No portal 1, as perguntas permitirão avaliar a aprendizagem dos estudantes acerca dos objetos de conhecimento trabalhados ao longo da missão. No portal 2, os estudantes terão a oportunidade de avaliar a própria aprendizagem, com base em perguntas que fomentam a expressão da subjetividade diante dos objetos estudados. Durante a realização da roda de conversa, oriente-os a exercer a escuta atenta, respeitando os turnos de fala. Enquanto para as perguntas do portal 1 há respostas objetivas, que podem ser avaliadas como certas, parcialmente certas ou erradas, para as perguntas do portal 2 é impossível exigir respostas padronizadas.

Tempo previsto: 1 aula

Portal 1

O gênero crônica de humor foi estudado no 1º episódio. O uso de estratégias linguísticas e a função estética em textos literários foram estudados no 2º episódio. Os processos de subordinação adverbial e suas diferentes classificações foram estudados no 3º episódio. A produção de um vidding como recurso expressivo e estético foi abordada no 5º episódio. O estudo da entrevista enquanto gênero participante da vida pública foi feito no 7º episódio.

Portal 2

Respostas pessoais.

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