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3º EPISÓDIO: DO TEXTO PARA A LÍNGUA RECURSOS GRAMATICAIS DA ARGUMENTAÇÃO

Neste episódio, o jogo propõe a você ampliar seus conhecimentos sobre os recursos que a língua nos oferece para estabelecer uma hierarquia entre os argumentos apresentados no texto.

A história de minha querida Rebouças conta-me que, no passado, os tropeiros passavam por aqui para descansar da longa viagem que os levava até Minas Gerais e São Paulo, ao conduzir o gado, e habituaram-se a fazer paradas para beber água. Assim, quando nasceu a comunidade, ela já possuía um nome “Poço Bonito”, homenageando o reduto de água extremamente límpida. Mas o tempo impassível trouxe consigo outra realidade, evidenciada na placa afixada, este ano, na entrada da cidade: “Região em perigo! Cada pessoa está consumindo o equivalente a 14 litros de agrotóxicos todo ano”.

a) O parágrafo é formado com três períodos em que se apresentam argumentos. Escreva, em seu caderno, os trechos que correspondem a cada um dos argumentos.

b) Os três argumentos estão orientados para uma mesma conclusão? Em outras palavras, a conclusão a que esses argumentos conduzem é a mesma? Explique.

Recursos gramaticais da argumentação

Este episódio vai abordar os mecanismos que indicam a orientação e a força argumentativa dos enunciados. Sugerimos que todas as atividades sejam feitas coletivamente para que as discussões e as reflexões possam ser compartilhadas.

Tempo previsto: 2 aulas

Morfossintaxe: EF09LP08, EF09LP07.

Coesão: EF09LP11

Respostas

1. a) Argumento 1: Nas longas viagens que faziam conduzindo o gado, os tropeiros habituaram-se a parar para beber água em Rebouças porque a água era extremamente límpida.

Argumento 2: A comunidade nasceu com um nome que homenageia o reduto de água extremamente límpida.

Argumento 3: A realidade da água este ano é outra, ela está contaminada por agrotóxicos.

Se necessário, ajude os estudantes a destacarem esses argumentos.

b) Não. Os dois primeiros argumentos conduzem à conclusão de que a água pode ser bebida. O terceiro argumento conduz a uma conclusão contrária, a de que a água não pode ser bebida.

c) A palavra “assim” é um conector de conclusão e instrui o leitor a relacionar um fato expresso em um segmento a uma conclusão expressa no segmento por ela iniciado.

A palavra “mas” é um conector adversativo, que indica oposição ou desacordo, e instrui o leitor a não manter a expectativa levantada com as informações contidas no segmento anterior ao que inicia.

d) O argumento 3 é o principal no parágrafo, porque, tendo sido marcado pela palavra “mas”, que conduz para uma conclusão oposta à que o segmento anterior direcionava, faz com que o texto progrida na direção dessa conclusão oposta.

2. a) A defesa pelos defensores dos agrotóxicos de que seu uso “aumenta a produtividade por hectare e possibilita reduzir as áreas desmatadas para plantio” e o fato de a autora ver, com tristeza, que “as matas nativas, inclusive as araucárias, estão sendo substituídas por grandes plantações”.

b) O conector “porém”.

c) Os conectores “mas”, “entretanto”, “no entanto”, “todavia”, “contudo”.

d) O fato de a autora ver, com tristeza, que “as matas nativas, inclusive as araucárias, estão sendo substituídas por grandes plantações”, pois o texto progride levando em consideração a direção indicada pela conclusão a que se chega com a enunciação desse fato.

c) Para se orientar para determinada conclusão, o leitor leva em consideração as instruções dadas pelos conectores “assim” e “mas”. Que instruções esses elementos oferecem?

Conquista

Os conectores são elementos da gramática da língua carregados de instruções que orientam o leitor/ouvinte no percurso do texto, sinalizando as orientações dadas a esse percurso. Exemplos de conectores mais comuns: d) Comparando os três argumentos apresentados no parágrafo, qual você diria que é o argumento principal? Por quê?

• Os que introduzem uma conclusão relacionada a argumentos apresentados em segmento anterior: assim, portanto, logo, por conseguinte, consequentemente etc.

• Os que expressam a causa que acarreta a consequência indicada em outro segmento: porque, uma vez que, já que, visto que, como, dado que etc.

• Os que introduzem uma justificativa ou uma explicação relacionada ao enunciado anterior: porque, que, pois, ou seja etc.

• Os que contrapõem argumentos orientados para conclusões contrárias: mas, entretanto, porém, no entanto, todavia, contudo, embora, apesar de, ainda que etc.

• Os que somam argumentos a favor de uma mesma conclusão: e, também, ainda, nem, não só... mas também, além de, além disso, ademais etc.

• Os que introduzem argumentos alternativos que levam a conclusões diferentes ou opostas: ou, ou então, quer... quer, seja... seja etc.

• Os que estabelecem relações de comparação entre elementos, com vistas a dada conclusão: mais que, menos que, tão... como, tão ... quanto etc.

• Os que localizam eventos, ações, estados de coisa do mundo real no tempo (simultâneo, anterior, posterior, contínuo ou progressivo): quando, enquanto, antes que, depois que, cada vez que etc.

• Os que explicitam os meios para se atingir determinado fim expresso em outro segmento: para que, a fim de que etc.

• Os que expressam que algo foi realizado em acordo com algo pontuado em segmento anterior: conforme, segundo, de acordo com etc.

2. Releia esta passagem do texto.

O principal argumento dos defensores dos agrotóxicos é que seu uso aumenta a produtividade por hectare e, consequentemente, possibilita reduzir as áreas desmatadas para plantio. Porém, vejo, com tristeza, que nossas matas nativas, inclusive as araucárias, estão sendo substituídas por grandes plantações [...] a) Que fatos são colocados em desacordo ou em oposição nessa passagem? b) Qual conector marca a relação de desacordo ou oposição entre esses fatos? c) Que outros conectores poderiam ser usados nessa passagem sem alterar a relação entre esses fatos? d) Qual desses fatos se apresenta como argumento principal nessa passagem? Por quê? a) O que expressa o conector em destaque nesse trecho? b) A relação que se estabelece nesse trecho se dá entre fatos ou opiniões? Por quê? c) O que representa o emprego de verbos que introduzem a opinião do locutor no texto? d) A estrutura utilizada pela autora nesse trecho confere mais força a um argumento? Explique. a) A autora recorre a que vozes para construir seus argumentos? Como elas se expressam no trecho? b) Que expressão conectiva é usada na junção dos segmentos que trazem essas vozes? O que ela sinaliza? c) Os argumentos reunidos por essa expressão conectiva têm a mesma força argumentativa? Por quê? d) Com um colega, identifique a qual explicação corresponde a relação semântica identificada no quadro em cada um dos trechos destacados do artigo de opinião. adição complementação conclusão causalidade justificativa ou explicação oposição temporalidade conformidade condicionalidade alternância delimitação ou restrição finalidade comparação b) A relação de oposição se dá entre opiniões da autora quanto à importância da produção de alimentos e à quantidade de agrotóxico presente em cada produto. Isso ocorre porque a resposta é dada com base na presença dos verbos que expressam opinião pessoal da autora. c) Representa uma indicação de que o locutor assume integralmente a própria opinião. d) Sim. Nessa estrutura adversativa, o argumento relativo à preocupação com a quantidade de agrotóxico presente em cada produto é mais forte do que o argumento de que a produção de alimentos é essencial ao país. b) A expressão “além disso”, que sinaliza o acréscimo de um argumento para conduzir à mesma conclusão apontada no segmento anterior. c) Sim, essa expressão conectiva articula argumentos de mesma força argumentativa e orientados para a mesma conclusão, ou seja, há equivalência entre os argumentos articulados por ela. d) Esta atividade propõe que os estudantes revisem o que foi aprendido em anos anteriores sobre as relações que se estabelecem entre segmentos do texto e que são marcadas por conectores (conjunção, advérbios, preposições e respectivas locuções). b) O objetivo é que os estudantes possam perceber como a opção pela regência reforça o uso monitorado da linguagem feito pela autora. Algumas opções: “chegar nas casas”, “essenciais para (pra) prosperidade, “combate de fungos e pragas”. c) Espera-se que os estudantes percebam que o artigo de Fernanda faz uso das normas de regência preconizadas pela variedade de prestígio porque foi escrito para participar de uma edição da Olimpíada de Língua Portuguesa, sendo, inclusive, um de seus vencedores. d) Porque, ao produzir um artigo de opinião para participar da Olimpíada de Língua Portuguesa, Fernanda tinha consciência de que seria necessário monitorar usos de regras e normas da variedade de prestígio da língua.

Concordo que a produção de alimentos é essencial ao país. O Paraná destaca-se por ser um grande exportador de alimentos, atividade responsável por parte significativa do PIB do Estado. Preocupo-me, entretanto, com a quantidade de agrotóxico presente em cada produto e defendo a criação de políticas públicas que valorizem o homem do campo que produz alimentos livres de veneno.

4. Chegou o momento do desafio gramatical da missão. Agora que já analisou como os recursos linguísticos podem contribuir para estabelecer hierarquia entre os argumentos, você vai colocar em prática esse conhecimento. Para isso, releia este parágrafo do artigo de opinião estudado.

Em pesquisa realizada em nossa região, no mês de junho, divulgada pelo jornal “Folha de Irati”, foi constatado um elevado nível de pesticidas na água que chega às casas localizadas no quadro urbano. Além disso, na área rural, onde nossos pais relatam que, outrora, podiam, tranquilamente, beber água pura dos “olhos d’água”, percebo que se torna cada vez mais exacerbado o uso de agrotóxicos.

I. Um segmento expressa a causa que acarreta a consequência indicada em outro segmento.

II. Um segmento expressa a condição para o conteúdo de outro segmento.

3. a) O conector “entretanto” expressa oposição, contraste ou desacordo com relação ao que é enunciado no segmento anterior.

4. a) À voz da ciência e à voz de seus pais. Elas se expressam na menção à pesquisa realizada na região onde a autora vive e publicada no jornal e na menção ao relato dos pais sobre a “água pura dos ‘olhos d’água’” em outros tempos.

I. Causalidade.

II. Condicionalidade.

III. Temporalidade.

IV. Finalidade.

V. Alternância.

VI. Conformidade.

VII. Complementação.

VIII. Delimitação ou restrição.

IX. Adição.

X. Oposição.

XI. Justificativa ou explicação.

XII. Conclusão.

XIII. Comparação.

5. a) As regências nominal e verbal destacadas nos trechos estão de acordo com as normas da variedade de prestígio da língua.

III. Dois segmentos localizam eventos, ações, estados de coisa do mundo real no tempo (simultâneo, anterior, posterior, contínuo ou progressivo).

IV. Um dos segmentos explicita os meios para se atingir determinado fim expresso em outro segmento.

V. Dois segmentos ligados por “ou”, que pode ser inclusivo ou exclusivo.

VI. O conteúdo de um segmento expressa que algo foi realizado em acordo com algo pontuado em outro segmento.

VII. Um segmento funciona como termo complementar de outro segmento.

VIII. O conteúdo de um segmento restringe a extensão de um termo de outro segmento.

IX. Um segmento expressa o acréscimo de um dado novo ou de um argumento em favor de determinada conclusão.

X. O conteúdo de um segmento se opõe a algo explícito ou implícito em segmentos anteriores.

XI. Um segmento tem a função de justificar ou explicar um segmento anterior.

XII. Um segmento de valor conclusivo é expresso em relação a segmentos anteriores.

XIII. Em segmentos distintos, comparam-se dois ou mais elementos.

5. Releia alguns trechos do artigo, observando os itens destacados.

(A) Em pesquisa realizada em nossa região, no mês de junho, divulgada pelo jornal “Folha de Irati”, foi constatado um elevado nível de pesticidas na água que chega às casas [...]

(B) Os grandes latifundiários defendem que esses produtos são essenciais à prosperidade [...]

(C) Sob outro ponto de vista, o produtor Gerson Rugiski defende que os agrotóxicos são eficientes no combate a fungos e pragas [...] a) O que se pode afirmar em relação às regências verbal e nominal desses trechos? b) Se esses trechos fossem falados em uma situação de maior informalidade, como poderiam ficar os itens destacados? c) Explique por que as regências verbal e nominal, escolhidas por Fernanda, estão adequadas ao artigo de opinião. d) Em sua opinião, por que Fernanda optou por fazer uso dessa regência verbal e dessa regência nominal ao produzir seu texto? Fale para seus colegas.

4º EPISÓDIO: UM GIRO PELO MUNDO DA ESCRITA VÍRGULAS E ARGUMENTAÇÃO

Neste episódio, você vai analisar como as vírgulas podem ser usadas para potencializar o posicionamento argumentativo em um artigo de opinião. Fique atento, pois essa jogada pode fazer muita diferença no jogo da argumentação.

1. Releia outro trecho do artigo de opinião de Fernanda.

A história de minha querida Rebouças conta-me que, no passado, os tropeiros passavam por aqui para descansar da longa viagem que os levava até Minas Gerais e São Paulo, ao conduzir o gado, e habituaram-se a fazer paradas para beber água.

a) Usando os conhecimentos que você já construiu, explique por que as vírgulas foram usadas para separar a expressão em destaque.

b) Qual é a função dessa expressão no trecho?

c) Essa expressão enfatiza o ponto de vista da autora? Explique.

2. Agora, releia mais um trecho, observando a expressão destacada.

Porém, vejo, com tristeza, que nossas matas nativas, inclusive as araucárias, estão sendo substituídas por grandes plantações [...] a) Usando os conhecimentos que você já construiu, explique por que as vírgulas foram usadas para separar a expressão em destaque. b) Qual é a função dessa expressão no trecho? c) Essa expressão enfatiza o ponto de vista da autora? Explique.

3. Releia o artigo e encontre dois outros exemplos em que as vírgulas foram usadas para enfatizar o posicionamento da autora e explique como isso é feito.

4o episódio: Um giro pelo mundo da escrita

Vírgulas e argumentação

O foco deste episódio são os usos da vírgula como recurso para enfatizar o posicionamento assumido pelo argumentador, ou seja, estão sendo abordados seus efeitos discursivos. Os usos da vírgula, por serem complexos, têm sido abordados em diferentes momentos da coleção.

Tempo previsto: 1 aula

Fono-ortografia: EF09LP04

Respostas

1. a) A expectativa é de que os estudantes apontem que as vírgulas foram usadas para separar o adjunto adverbial de tempo “no passado”.

b) Sinalizar que a ação descrita se encontra no passado e se refere a ações que fazem parte da história de Rebouças.

c) Não, essa expressão reforça que o que está sendo dito é um fato que acontecia no passado. Não se trata da opinião da autora do artigo. Os tropeiros já não passam por Rebouças conduzindo o gado. Isso é um fato histórico.

2. a) A expectativa é de que os estudantes apontem que as vírgulas foram usadas para separar o adjunto adverbial de modo “com tristeza”.

b) Indicar o modo como a autora vê a substituição das matas nativas por grandes plantações.

c) Sim, a autora, ao destacar o adjunto adverbial, colocando-o entre vírgulas, enfatiza seu sentimento em relação ao fato de as matas estarem sendo substituídas pelas grandes plantações. Se ela defende que a água da região está contaminada por agrotóxicos, esse sentimento de tristeza enfatiza o ponto de vista defendido. As vírgulas, ao destacarem a expressão que indica como a autora se sente, são um recurso que potencializa seu posicionamento.

dos defensores dos agrotóxicos, desqualificando o argumento que eles usam. Como ela é contra o posicionamento assumido por eles, o uso do adjetivo que sinaliza para uma conclusão sobre os recursos naturais enfatiza seu posicionamento contrário.

“Infelizmente, julgo que não”: ao separar o adjunto adverbial de modo “infelizmente”, a autora enfatiza seu posicionamento em relação às duas perguntas retóricas feitas anteriormente. Esse destaque visual dado ao adjunto adverbial enfatiza o posicionamento argumentativo assumido pela autora.

3. Os estudantes podem apresentar diferentes exemplos. O importante é que, acionando o que foi discutido no 2º e no 3º episódio, eles apresentem justificativas para suas escolhas.

Algumas sugestões:

“Os recursos naturais estão sendo, portanto, extintos, fato facilmente comprovado [...]”: ao separar o adjetivo “extintos”, a autora enfatiza sua conclusão sobre a ação

5o episódio: Vamos debater?

Neste episódio, os estudantes vão participar de um debate regrado e aprender a se posicionar diante de temas polêmicos, exercitando o diálogo, a empatia, o respeito a opiniões divergentes, a diversidade e os direitos humanos.

Tempo previsto: 3 aulas

Produção de textos jornalísticos orais: EF69LP10, EF69LP11

Participação em discussões orais de temas controversos de interesse da turma e/ou de relevância social: EF69LP13, EF69LP14, EF69LP15

Discussão oral: EF69LP25

Registro: EF69LP26.

Variação linguística: EF69LP56

Estratégias de produção: planejamento e participação em debates regrados: EF89LP12

Estilo: EF89LP15

Modalização: EF89LP16. Movimentos argumentativos e força dos argumentos: EF89LP23.

Curadoria de informação: EF89LP24

Respostas

1. Deixe que os estudantes relatem se assistiram a debates. Possivelmente, ao longo da vida escolar, tiveram oportunidade de assistir a debates ou de participar deles como atividade em diferentes disciplinas.

2. É importante que os estudantes escolham o tema a partir do qual será organizado o debate. O engajamento para participar do processo começa com a escolha do tema a ser debatido. Para tornar democrática a escolha, faça uma votação para que o tema seja eleito pela maioria.

• Explique aos estudantes que a Lei Federal de Incentivo à Cultura, lei nº 8.313 de 23 de dezembro de 1991, popularmente conhecida como Lei Rouanet, é o principal mecanismo de incentivo à cultura, que autoriza produtores e artistas a buscarem investimento privado para iniciativas culturais. Pessoas físicas e empresas podem patrocinar projetos culturais e, em troca, abater parte ou a totalidade do valor patrocinado do imposto de renda a pagar.

3. A elaboração de questões polêmicas, que propiciem o recorte do tema, é fundamental para a pesquisa a ser realizada pelos estudantes no próximo item, que visa à construção dos argumentos a serem usados no debate.

5º EPISÓDIO: VAMOS DEBATER?

Neste episódio, você vai participar de um debate a fim de trabalhar com a exposição de argumentos com clareza e seriedade. Na vida escolar, a participação em discussões orais contribui não só para o aprendizado da elocução (expressão do pensamento em palavras), mas também para propiciar autonomia de pensamento e capacidade de se posicionar diante de questões polêmicas. Existem procedimentos e regras que devem ser seguidos em debates. Agora é o momento de tratar deles.

1. Você já assistiu a debates? Já participou de algum? De que tipo? Fale com seu professor e seus colegas.

2. O primeiro passo para realizar o debate regrado é a escolha do tema a ser debatido. É fundamental que a escolha do tema permita que sejam elaboradas questões polêmicas, isto é, que geram controvérsia, diferentes pontos de vista. Veja algumas sugestões de temas para o debate:

• uso de celular em sala de aula;

• foro privilegiado para políticos;

• uso de redes sociais por menores de idade;

• estreitamento de ruas e avenidas para construção de ciclovias;

• educação sexual nas escolas;

• a importância da Lei Rouanet para fomentar a cultura.

A turma, coletivamente, deve escolher o tema que quer debater. Escolham um tema ou assunto que esteja em discussão no lugar onde vocês vivem. O debate pode ser uma ótima estratégia para que a turma possa se informar melhor sobre desafios a serem enfrentados pela comunidade.

Atalho

Debate regrado é um gênero oral em que duas ou mais pessoas ser reúnem para conversar sobre pontos de vista diferentes acerca de um mesmo tema, usando argumentos que os embasem. Esse gênero é bastante comum durante campanhas políticas em época de eleição, como forma de os candidatos exporem seus pontos de vista sobre assuntos que dizem respeito à vida das pessoas, como educação, saúde, trabalho, saneamento básico, entre outros. Os debates costumam ser frequentes também em escolas, universidades e comunidades. O debate regrado, como o próprio nome diz, é aquele em regras são combinadas antes de sua realização, como o tempo de fala de cada debatedor, a participação ou não do público e o direito a perguntas entre os debatedores. Por se tratar de um uso público da linguagem, há maior monitoramento por parte das pessoas que participam dessa prática.

3. Escolhido o tema do debate, é o momento de elaborar, coletivamente, questões relevantes para a discussão. Por exemplo, se o tema escolhido tiver sido “uso de redes sociais por menores de idade”, algumas questões polêmicas que podem orientar o debate são: a) Em grupos de 3 estudantes, leiam textos variados, como notícias, reportagens, artigos, entre outros, assistam a vídeos e ouçam podcasts para selecionar informações que podem ser usadas como argumentos e contra-argumentos durante o debate. Essa etapa é fundamental para o próximo episódio, já que você e seus colegas vão escrever um artigo de opinião sobre o tema do debate. Relembrem alguns tipos de argumento lendo o boxe Ativação de conhecimentos.

• É preciso haver limite mínimo de idade para ter uma rede social?

• As postagens dos jovens devem ser controladas pelos responsáveis?

• O uso de redes sociais por jovens potencializa situações de violência contra esse público?

4. Escolhido o tema e elaboradas as questões polêmicas, o momento agora é de realizar pesquisas para se informar sobre esse assunto e selecionar argumentos. Para isso, sigam as orientações.

Ativa O De Conhecimentos

Argumento de autoridade: a validade da tese ou da conclusão defendida pelo argumentador é construída pela citação de autores renomados, autoridades em certo domínio do saber.

Argumento por exemplificação: o argumentador baseia a tese ou a conclusão em exemplos representativos que funcionam como justificativa para o que está sendo defendido.

Argumento baseado em provas concretas (por comprovação): o argumentador pretende conseguir a adesão do auditório à tese ou à conclusão apresentando dados pertinentes, suficientes, adequados, que comprovem o que ele está defendendo.

Argumento de princípio (baseado no consenso): o argumentador usa proposições universalmente aceitas (pela lógica, ciência, ética, estética etc.) para fundamentar sua tese ou conclusão.

b) Para fazer a pesquisa, consultem materiais disponíveis na biblioteca e a internet, não se esquecendo de que sites oficiais, como de instituições de pesquisa, do governo e de portais de notícia, costumam apresentar maior confiabilidade das informações veiculadas.

c) Registrem as informações para que possam ser consultadas posteriormente. Para isso, reproduzam o quadro a seguir no caderno e completem-no com as informações adequadas.

Tema: Uso de redes sociais por menores de idade Questão polêmica 1: É preciso haver limite mínimo de idade para ter uma rede social?

Posicionamento em relação à questão polêmica 1 Argumentos Contra-argumentos A favor Contra a) Organizando o debate. b) Caso seja possível, os estudantes podem realizar a pesquisa usando o próprio celular em sala de aula. É importante que eles se atentem para os sites que serão pesquisados. Comente que informações disponibilizadas em blogs e em algumas redes sociais, por exemplo, precisam ser checadas. c) Todos os estudantes devem fazer o registro de argumentos e contra-argumentos, pois essas informações serão usadas também para a produção do artigo de opinião no 6º episódio. b) Realizando o debate.

5. Agora chegou o momento de organizar e realizar o debate. As etapas devem ser seguidas para o sucesso da empreitada.

• Decidam quem será o mediador, ou seja, o responsável por se dirigir ao público, iniciar e encerrar o debate, apresentar o tema e os debatedores, escolher quem deve falar e quando, bem como solicitar ao público que se manifeste. O mediador deve controlar o tempo de fala de cada um dos debatedores e do público, considerando o tempo total para realização do debate.

• Organizem-se em grupos e elejam um representante que vai compor a mesa de debatedores. É necessário que haja o mesmo número de debatedores para cada lado da questão polêmica. Os debatedores vão expor ao público sua opinião sobre o tema, sustentando-a com argumentos, e refutar os contra-argumentos.

4. a) Se necessário, retome com os estudantes os tipos de argumento que já foram abordados no volume 8 da coleção.

5. a) É fundamental acompanhar a etapa de organização do debate. Caso haja alguma discordância entre os estudantes em relação à escolha dos papéis a serem desempenhados, sugira que seja feita uma votação. A sugestão é que o mediador do debate seja um estudante. Caso avalie que esse papel não deve ser exercido por nenhum estudante, assuma-o.

• Incentive os estudantes a formarem os grupos com base em seus pontos de vista sobre o tema e sobre as questões polêmicas previamente decididas. Se não houver equidade, proponha que os grupos sejam formados via sorteio. O objetivo principal é que os estudantes possam vivenciar a argumentação de forma consciente, com respeito a opiniões contrárias, exercitando o diálogo.

• Os demais estudantes vão assistir ao debate e opinar sobre o tema quando forem solicitados pelo mediador.

• Preparem o cenário para realizar o debate: o mediador e os debatedores devem ficar em um semicírculo na parte da frente da sala. O público deve ficar sentado nas carteiras. É importante que os debatedores possam se ver e ver o público durante o tempo de exposição.

• Em um debate regrado, que se configura como prática de uso público da linguagem, é fundamental monitorar a fala, fazendo uso de recursos linguísticos que tenham potencial para conseguir a adesão do público, como os já estudados ao longo da missão. Vejam algumas dicas a serem seguidas pelo mediador, pelos debatedores e pelo público quando estiverem com a palavra.

I. Usar adequadamente formas de tratamento, evitando se referir ao mediador, a um debatedor ou ao público por apelidos, por exemplo.

II. Usar operadores argumentativos que sinalizem adesão ou discordância em relação à tese do outro, como “concordo”, “discordo”, “concordo parcialmente”, “do meu ponto de vista”, “eu penso/eu acredito” etc.

III. Uso de expressões que demonstram polidez, como “por favor”, “por gentileza”, “obrigado” etc.

IV. Não usar ironias, críticas e palavras de baixo calão.

• Iniciem o debate, observando as recomendações do mediador, que deve ter planejado o tempo de fala de cada debatedor e do público, além de controlar esse tempo. Durante o debate, caso algum debatedor ou integrante do público descumpra as regras, o mediador deve relembrá-las e solicitar que esse tipo de ação não ocorra novamente. O debate pode ser organizado da seguinte maneira: a) Todos seguiram as regras propostas para a realização do debate? b) Quais foram os maiores desafios enfrentados? c) A condução do mediador foi adequada e os tempos de fala foram respeitados? d) Os debatedores usaram argumentos consistentes na defesa de seu ponto de vista e na refutação de ponto de vista contrário? e) O público ficou em silêncio e se manifestou somente quando solicitado pelo mediador? f) A realização do debate ampliou o conhecimento da turma sobre o tema? g) Sua opinião sobre o tema se alterou ou se manteve a mesma com a realização do debate? De que maneira?

Bloco 1: o mediador dá início ao debate, apresentando o tema, as questões polêmicas e os debatedores.

Bloco 2: os debatedores apresentam o ponto de vista e os argumentos que o sustentam.

Bloco 3: o mediador abre o diálogo entre os debatedores, que se posicionam em relação a opiniões e argumentos apresentados.

Bloco 4: o mediador dá voz ao público e, na sequência, encerra o debate.

• Os debatedores devem usar os argumentos construídos na questão 4, de forma a defender seu ponto de vista e refutar os argumentos apresentados por quem assume posicionamento contrário ao seu. Esse movimento de refutação deve ser feito de forma respeitosa, sem desconsiderar opiniões divergentes.

• O público deve se manifestar, quando solicitado, pedindo mais informações, apontando incoerências na exposição dos debatedores, enfatizando e pontos de vista defendidos de forma respeitosa e educada.

• Todos devem fazer registros para completar o quadro de argumentos construído neste episódio. Esse material vai ser retomado na escrita do artigo de opinião no próximo episódio.

6. Depois da realização do debate, façam uma roda de conversa para refletir sobre algumas questões.

• Acompanhe o andamento do debate, chamando a atenção dos estudantes para o tempo de fala de cada debatedor e do público. Se necessário, faça intervenções a fim de manter o bom andamento do trabalho.

6. Realize a roda de conversa, relembrando aos estudantes que as regras do debate devem ser aplicadas à roda de conversa também. É importante os estudantes refletirem não apenas sobre o conteúdo do debate, como também sobre o próprio comportamento durante a realização da atividade.

6o episódio: Eu, redator de artigo de opinião

As atividades deste episódio visam à produção de um Artigo de opinião a partir do que foi discutido no debate regrado realizado no episódio anterior. O objetivo é que os estudantes possam exercitar o papel de argumentadores fazendo uso de alguns recursos linguísticos que foram abordados ao longo da missão.

Tempo previsto: 4 aulas.

Relação do texto com o contexto de produção e experimentação de papéis sociais: EF69LP06

Textualização: EF69LP07.

Revisão/edição de texto informativo e opinativo: EF69LP08

Construção composicional: EF69LP16.

Estilo: EF69LP18.

Variação linguística: EF69LP56.

Estratégia de produção: planejamento de textos argumentativos e apreciativos: EF89LP10.

Textualização de textos argumentativos e apreciativos: EF09LP03

Fono-ortografia: EF09LP04.

Morfossintaxe: EF09LP08.

Respostas

1. É importante que você faça a leitura do Projeto de comunicação com os estudantes, certificando-se de que eles entenderam a proposta. É significativo também que os estudantes compreendam a importância de se apropriarem dos elementos que envolvem o projeto que vão colocar em prática.

2. Retome com os estudantes, se necessário, o artigo de opinião de Fernanda para mostrar como os parágrafos se encaixam nessa organização.

3. A escrita da primeira versão deve ser feita, preferencialmente, em sala de aula. Circule pela sala, observando se os estudantes estão conseguindo materializar o conteúdo e a estrutura que delinearam no planejamento, que começou a ser realizado no 5º episódio. As perguntas retomam aspectos que foram abordados ao longo da missão.

6º EPISÓDIO: EU, REDATOR DE ARTIGO DE OPINIÃO

Você participou de um debate regrado cujo tema foi escolhido pela turma. Agora, vai escrever um artigo de opinião sobre o mesmo tema para exercitar o papel de argumentador usando a modalidade escrita da língua.

1. Informe-se sobre o que você vai fazer.

Projeto de comunicação

Gênero Artigo de opinião. Situação Você vai produzir um artigo de opinião para defender um ponto de vista. Tema O tema do debate regrado realizado no 5º episódio.

1. Vivenciar o papel de argumentador a fim de exercitar o uso de recursos linguísticos de natureza argumentativa.

Objetivos

2. Refletir sobre uma questão polêmica, avaliando-a sob diferentes aspectos.

3. Selecionar os melhores argumentos para defesa de seu ponto de vista.

Quem é você Um adolescente que vai vivenciar o papel de um argumentador e defender um ponto de vista sobre um tema que diz respeito à comunidade.

Para quem Professor, colegas de sua turma e da escola e pessoas da comunidade. Tipo de produção Individual.

2. Seu artigo de opinião pode ter a mesma estrutura escolhida pela estudante Fernanda de Souza Fagundes. Releia essa estrutura, apresentada no 1º episódio; se você quiser, pode escolher outra possibilidade para estruturar seu texto.

Parte 1: introdução com esclarecimento sobre a situação da água no lugar.

Parte 2: colocação do problema e formulação da tese: a água está contaminada pelo uso de agrotóxicos.

Parte 3: apresentação da questão polêmica em torno dos agrotóxicos.

Parte 4: apresentação de argumentos de opositores à tese seguida de um comentário pessoal da autora.

Parte 5: inserção da voz de uma autoridade.

Parte 6: apresentação de argumentos favoráveis à tese.

Parte 7: apresentação da conclusão.

3. Seu artigo já está com o conteúdo temático e a estrutura composicional definidos. Agora é o momento de redigir a primeira versão. Para a escolha dos argumentos, retome o quadro produzido no 5º episódio e complementado durante a realização do debate.

Ao redigir, selecione recursos linguísticos que podem ampliar a força argumentativa do seu texto, buscando maior engajamento dos leitores. Para orientá-lo na escrita, reflita se você vai usar:

• figuras retóricas para enfatizar seu ponto de vista?

• adjetivos para reforçar os argumentos escolhidos?

• a digressão em algum trecho do artigo de opinião para realçar algum argumento?

• interjeições para marcar seu posicionamento favorável ou contrário ao tema do artigo?

• perguntas retóricas para propor reflexões aos leitores?

• diferentes tipos de argumentos (de autoridade, por exemplificação, baseado em provas concretas, de princípio) ou vai optar por apenas um tipo?

4. Finalizada a primeira versão, é hora de promover uma cuidadosa revisão do artigo. Na revisão, verifique cada item do quadro a seguir.

O artigo está adequado ao público-alvo?

O texto apresenta a estrutura do modelo de artigo de opinião sugerido, com título, explicitação da tese, explicação da questão polêmica, apresentação de argumentos de opositores à tese, seguida de um comentário pessoal do redator, inserção da voz de uma autoridade (ou argumentos de outro tipo), apresentação de argumentos favoráveis à tese e conclusão?

É necessário reformular alguma parte do artigo que não está suficientemente clara?

As concordâncias e as regências nominal e verbal estão de acordo com a variedade de prestígio da língua?

Os articuladores argumentativos foram usados adequadamente pare estabelecer as relações de sentido pretendidas?

O uso de operadores argumentativos, conectores, modalizadores e verbos factivos sinalizam a posição do argumentador em relação aos argumentos selecionados?

Os verbos transitivos estão com os devidos complementos?

Foram utilizados pronomes e sinônimos para evitar repetições desnecessárias?

As vírgulas foram usadas para enfatizar a posição defendida pelo argumentador?

As palavras estão escritas de acordo com as regras ortográficas?

5. Reescreva seu artigo a partir do resultado da avaliação diagnóstica que você realizou na atividade anterior.

6. Com a turma, compartilhe, no grupo de mensagens da turma, os artigos de opinião que vocês escreveram. Todos podem escolher o texto de um colega para fazer um comentário.

Para ampliar a discussão sobre o tema que afeta a comunidade, divulguem os artigos nas redes sociais da escola e nas suas também.

4. A sugestão é que a atividade 4 seja realizada em casa, a fim de que os estudantes tenham tempo e tranquilidade na execução da revisão, etapa fundamental do processo de escrita. Na correção, peça a autorização de um estudante para projetar o artigo que ele redigiu e faça a revisão, item por item, para que todos possam acompanhar.

5. Incentive os estudantes a revisarem o texto, fazendo uso dos critérios. Essa ação é fundamental para eles perceberem que o processo de revisão deve estar atrelado ao que foi analisado ao longo da missão sobre o gênero Artigo de opinião

6. Estimule os estudantes a divulgarem os artigos de opinião nas redes sociais da escola e nas próprias para ampliar a discussão sobre o tema que afeta a comunidade.

7o episódio: Mesmo tema, outro campo de atuação social

Relatório

Neste episódio, com base na leitura de um trecho de um relatório sobre resíduos de agrotóxicos em alimentos, os estudantes vão discutir o que pode ser feito para minimizar a presença desses resíduos no momento de consumir os alimentos e vão refletir sobre a própria dieta como forma de se conhecer melhor e estar mais apto a cuidar da própria saúde.

Caso considere pertinente, o professor de Ciências pode ser convidado para participar das atividades deste episódio, incentivando os estudantes a fazerem o levantamento do que eles consomem durante uma semana.

Tempo previsto: 2 aulas

Apreciação e réplica: EF69LP21

Conversação espontânea: EF89LP27

RESPOSTAS

1. Resposta pessoal.

Pela especificidade do PARA, é possível que os estudantes não conheçam esse programa governamental. Caso alguém saiba alguma coisa sobre ele, peça-lhe que relate o que sabe e como ficou conhecendo.

• Incentive os estudantes a se pronunciarem. A expectativa, a partir das informações do boxe Atalho, é de que o PARA seja avaliado de forma positiva, já que se constitui em um mecanismo para aferir a presença de agrotóxicos que vão para a alimentação dos brasileiros. Caso alguém tenha opinião contrária, peça-lhe que apresente suas justificativas.

2. A proposição é que as questões sejam respondidas oralmente. Se for conveniente, altere a forma como os estudantes devem responder a elas. O objetivo é que se apropriem das informações que estão explícitas no texto. Por isso, muitas questões demandam a localização de informações.

7º EPISÓDIO: MESMO TEMA, OUTRO CAMPO DE ATUAÇÃO SOCIAL RELATÓRIO

O uso de agrotóxicos em alimentos é assunto de diferentes segmentos da sociedade, inclusive do governo. Neste episódio, você vai descobrir o que é o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) e como ele funciona. Preparado para ampliar a discussão sobre agrotóxicos?

1. Você já tinha ouvido falar do PARA? Converse com os colegas.

ATALHO

Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA)

O Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) foi criado em 2001 com o objetivo de avaliar, continuamente, os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos de origem vegetal que chegam à mesa do consumidor.

O programa é uma ação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), coordenado pela Anvisa em conjunto com órgãos estaduais e municipais de vigilância sanitária e laboratórios estaduais de saúde pública.

Desde a criação do PARA já foram analisadas mais de 35 mil amostras referentes a 28 tipos de alimentos de origem vegetal.

Relatórios do Programa

Os relatórios que apresentam os resultados do PARA são um dos principais indicadores da qualidade dos alimentos adquiridos no mercado varejista e consumidos pela população.

Conheça alguns desdobramentos dos resultados do PARA que contribuem para a qualidade dos alimentos ofertados no mercado varejista:

• Medidas educativas e coercitivas para utilização de agrotóxicos segundo as Boas Práticas Agrícolas (BPA);

• Dados de resíduos encontrados nos alimentos permitem avaliar o risco à saúde devido à exposição aos agrotóxicos;

• Reavaliação de agrotóxicos para tomada de decisão sobre restrição e banimento de agrotóxicos perigosos para a saúde da população.

[...]

BRASIL. Anvisa. Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). Brasília, 21 set. 2020. Disponível em: www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/agrotoxicos/programa-de-analise-de-residuos-em-alimentos. Acesso em: 29 maio 2022.

• Agora que você conhece o PARA, como avalia sua relevância? Compartilhe com os colegas sua opinião.

2. A seguir, você e os colegas lerão um trecho do relatório do PARA referente a amostras de alimentos analisadas no período de 2017-2018. Depois da leitura, façam uma roda de conversa e discutam algumas questões.

8.1. Recomendações aos consumidores

Em relação aos consumidores, recomenda-se a opção por alimentos rotulados com a identificação do produtor, o que pode contribuir para o comprometimento dos produtores em relação à qualidade dos seus produtos e à adoção de BPA. Dessa forma, eles colaboram e fomentam as iniciativas dos programas estaduais e das redes varejistas de garantir a rastreabilidade e o controle da qualidade dos alimentos. a) Optar por esse tipo de alimento pode contribuir para o comprometimento dos produtores em relação à qualidade de seus produtos e à adoção de boas práticas agrícolas. Essa prática dos consumidores pode contribuir também com iniciativas dos programas estaduais e das redes varejistas para garantir a origem e a qualidade desses alimentos. b) Os agrotóxicos podem ser classificados em dois grandes modos de ação: sistêmico e de contato. Os sistêmicos atuam no interior das folhas e polpas, penetrando no interior do alimento. Já os de contato agem, principalmente, nas partes externas do vegetal, embora uma quantidade possa ser absorvida pelas partes internas. c) Lavar em água corrente e, se possível, usar bucha ou escovinha para friccionar as superfícies. Essa prática ajuda na remoção dos resíduos de agrotóxicos que se encontram na superfície dos alimentos. d) Resposta pessoal. a) Segundo as recomendações do relatório, qual seria a relevância de os consumidores optarem por alimentos rotulados com a identificação dos produtores? b) Quais são os dois grandes modos de ação dos agrotóxicos? c) Qual é a principal recomendação da Anvisa para diminuir resíduos de agrotóxicos nos alimentos? d) Você e sua família têm o hábito de consumir alimentos da época? e) Qual é o foco dos dois últimos parágrafos do texto?

Os agrotóxicos podem ser classificados em dois grandes modos de ação: sistêmico e de contato. Os agrotóxicos sistêmicos atuam no interior das folhas e polpas, penetrando no interior do alimento. Já os de contato agem, principalmente, nas partes externas do vegetal, embora uma quantidade possa ser absorvida pelas partes internas.

Assim, é importante destacar que os agrotóxicos aplicados nos alimentos têm a capacidade de penetrar no interior de folhas e polpas do vegetal, e que os procedimentos de lavagem e retirada de suas cascas e folhas externas, apesar de serem incapazes de eliminar aqueles contidos em suas partes internas, favorecem a redução da exposição aos resíduos de agrotóxicos, principalmente quando a casca é comestível.

Para a diminuição dos níveis residuais de agrotóxicos na casca, recomendamos lavagem com água corrente, podendo-se utilizar também uma bucha ou escovinha destinadas somente a essa finalidade, uma vez que a fricção igualmente auxilia na remoção de resíduos químicos presentes na superfície do alimento. A higienização dos alimentos com solução de hipoclorito de sódio tem o objetivo de diminuir os riscos microbiológicos, mas não de eliminar resíduos de agrotóxicos.

Destaca-se que existem evidências científicas de resultados positivos referentes à redução de resíduos de agrotóxicos nos alimentos após lavagem com água corrente. Podem ser citados, como exemplo, a redução média de 80% de resíduo de captana em tomate, 62% de boscalida em cenoura, 60% de tebuconazol em repolho, 40% de carbendazim e benomil em laranja, 45% de ditiocarbamatos em alface, 35% de boscalida em morango e maçã, 48% de ditiocarbamatos em maçã, 35% de carbendazim e metomil em tomate, 67% de tebuconazol em maçã, entre outros. Como esperado, o efeito da redução do resíduo é mais pronunciado para os agrotóxicos de contato, mas efeitos positivos também foram observados para alguns agrotóxicos sistêmicos, como o carbendazim, boscalida e tebuconazol.

Ademais, a opção pelo consumo de alimentos da época, ou produzidos com técnicas de manejo integrado de pragas, que em geral recebem carga menor de produtos, reduz a exposição dietética a agrotóxicos.

Ressalta-se que o Ministério da Saúde recomenda que os alimentos in natura ou minimamente processados, em grande variedade e predominantemente de origem vegetal, devem ser a base de uma alimentação nutricionalmente equilibrada, saborosa, culturalmente apropriada e promotora de um sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável.

Por fim, é importante destacar que o consumo regular de frutas, legumes e verduras está associado a menor risco de contrair certos tipos de câncer e outras doenças crônicas não transmissíveis, devido à presença de fibras e compostos reconhecidamente benéficos à saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o consumo de pelo menos 400 g/dia destes alimentos, para que se possa obter ganho nutricional expressivo na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis. Isso significa que é preciso aumentar em ao menos três vezes o consumo diário médio atual de frutas, legumes e verduras da população brasileira, para que seja atingido este patamar.

BRASIL. Anvisa. Relatório das Amostras Analisadas no período de 2017-2018 – Primeiro ciclo do Plano Plurianual 2017-2020. Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). Gerência Geral de Toxicologia. Brasília, 10 dez. 2019. p. 114-115. Disponível em: www.gov.br/anvisa/pt-br/ assuntos/agrotoxicos/programa-de-analise-de-residuos-em-alimentos/arquivos/3770json-file-1. Acesso em: 30 maio 2022.

BPA: sigla para boas práticas agrícolas.

Captana, boscalida, tebuconazol, carbendazim, benomil, ditiocarbamatos, metomil: tipos de agrotóxico.

Hipoclorito de sódio: conhecido popularmente como água sanitária, lixívia ou “cândida”, trata-se de um composto químico usado para desinfetar alimentos e superfícies e para alvejar roupas.

Rastreabilidade: no contexto do relatório, identificação da cadeia produtiva de um produto.

2.

• Resposta pessoal.

Incentive os estudantes a apresentarem propostas que poderiam fazer com que alimentos com identificação do produtor tivessem preços mais atraentes para diferentes consumidores: incentivos fiscais (como isenção de impostos municipais e estaduais), criação de feiras de alimentos em diferentes pontos da cidade, uso da frota da prefeitura para transporte desses alimentos para os centros de distribuição, incentivo à criação de cooperativas de produtores rurais, entre outros.

• Resposta pessoal.

Incentive o posicionamento dos estudantes. Saber o modo de ação dos agrotóxicos é importante para que os estudantes possam compreender as dicas dadas para higienização dos alimentos de forma mais apropriada.

• Resposta pessoal.

Estimule os estudantes a relatarem como é o processo de higienização dos alimentos que eles consomem, sobretudo as frutas. A expectativa é de que avaliem como positiva a recomendação da Anvisa.

Incentive os estudantes a pensarem sobre os alimentos que fazem parte da dieta deles. Pergunte a eles de quais frutas, legumes e verduras eles gostam e, se consomem esses alimentos com regularidade. O momento pode ser importante para conhecer um pouco mais os estudantes e seus hábitos alimentares.

• Geralmente, em supermercados, esses produtos costumam custar mais caro. Em sua opinião, o que pode ser feito para tornar esses produtos mais baratos para os consumidores?

• Você sabia desses modos de ação dos agrotóxicos? Essa informação teve relevância para você? Explique.

• Você tem o hábito de seguir essa recomendação da Anvisa? Avalia que ela é importante?

• Por que houve essa mudança de assunto no trecho?

3. Você tem consciência de como anda sua dieta alimentar? Que tal fazer um “raio X” no que anda consumindo? Para isso, siga as orientações: a) Durante uma semana, anote tudo o que você come, do café da manhã até o jantar. Você pode fazer isso usando seu celular ou, se preferir, reproduzindo o quadro em seu caderno e completando-o para todos os dias da semana.

Refeições / dias da semana

Segunda-feira

Terça-feira

Quarta-feira

Quinta-feira

Sexta-feira

Sábado

Domingo

Café da manhã / lanche da escola

Lanche da manhã

Almoço Lanche da tarde / lanche da escola

Jantar b) Combine com o professor uma data para que todos possam apresentar o levantamento da própria dieta. Nesse dia, façam uma roda de conversa e avaliem se a turma precisa seguir as recomendações da Anvisa sobre o consumo de frutas, verduras e legumes. e) O foco é o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados como importante ação para a promoção e a manutenção da saúde. b) É importante que os estudantes possam compartilhar o levantamento que fizeram sobre a própria dieta. Essa ação pode levá-los a repensarem o consumo de alimentos mais saudáveis em sua dieta, por exemplo.

• A expectativa é de que os estudantes percebam que os dois parágrafos finais incentivam o consumo de frutas, legumes e verduras para os consumidores. Até então abordando os resíduos de agrotóxicos nesses alimentos, nos parágrafos finais a Anvisa muda a abordagem para ressaltar a importância de se consumir frutas, legumes e verduras para a manutenção da saúde e a prevenção de doenças. Esse trecho acaba funcionando como incentivo para os consumidores não desistirem desses alimentos, apesar dos resíduos de agrotóxicos.

3. a) Incentive os estudantes a fazerem o levantamento do que consomem ao longo de uma semana. Esta atividade tem potencial para que eles possam se conhecer melhor e cuidar da própria saúde.

É necessário cuidado para não expor os estudantes, pois, a depender das condições socioeconômicas, não cuidar bem da saúde independe do conhecimento.

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