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LEITURA E INTERPRETAÇÃO (PARTE II)

Aprendendo Com A Vida Dos Outros

Continue se emocionando com as crônicas-reportagens do livro e não se esqueça nunca de reparar no extraordinário da vida!

1. Com a orientação do professor, montem um cronograma de intervalos para conversar sobre o livro. As atividades a seguir podem ser realizadas depois da leitura das crônicas selecionadas e têm o objetivo de ajudá-los a refletir sobre a leitura.

1o INTERVALO

Adail quer voar

Enterro de pobre

Um certo Geppe Coppini

O colecionador das almas sobradas

O cativeiro

O sapo

O conde decaído

2o INTERVALO

O menino do alto

O chorador

O encantador de cavalos

Frida...

Eva contra as almas deformadas

O gaúcho do cavalo de pau

O exílio

3o INTERVALO

A voz

Sinal fechado para Camila

Dona Maria tem olhos brilhantes

O doce velhinho dos comerciais

O homem que come vidro

O álbum

Depois da filha, Antonio sepultou a mulher

O dia em que Adail voou

Os parágrafos 1, 2 e 3 são argumentativos. Os parágrafos 4, 5, 6 e 7 são descritivos. A partir do parágrafo 8, predomina a sequência narrativa (entrelaçada de sequências descritivas e argumentativas). O parágrafo 15 é dialogal.

LEITURA E INTERPRETAÇÃO (PARTE II)

Aprendendo com a vida dos outros

Nesta seção, os estudantes farão a leitura do restante do livro A vida que ninguém vê

Tempo previsto: 3 a 4 aulas.

Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção / Apreciação e réplica: EF69LP44

2. Durante a leitura das crônicas-reportagem, anote em seu caderno:

• o significado de termos desconhecidos;

• trechos ou partes não compreendidas;

• partes marcantes que merecem comentários;

• trechos e expressões que remetem você a algum episódio da sua vida ou a algum texto;

• como os textos são estruturados; a) Mostre como isso acontece citando exemplos das crônicas-reportagem. b) Por que a autora usa esse recurso?

• sentimentos e emoções experimentadas.

A sequência de atividades propostas deve ser realizada no primeiro intervalo de leitura.

3. Quais motivações levaram a jornalista a escrever cada crônica-reportagem?

4. Quais reflexões mais gerais em relação aos fatos vivenciados pelas personagens são feitas pela cronista?

5. Compare como as crônicas foram organizadas e explique como elas se estruturam.

6. A escritora opta por construir frases mais curtas, em que o ponto-final substitui a vírgula.

7. De que maneira a cronista acaba revelando informações sobre a própria cultura nas crônicas-reportagem?

Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos: EF69LP47.

Adesão às práticas de leitura: EF69LP49

Relação entre textos: EF89LP32

Estratégias de leitura / Apreciação e réplica: EF89LP33

Coesão: EF09LP11

RESPOSTAS

1. Exercício procedimental.

2. Exercício procedimental. Reserve um tempo durante os intervalos para que os estudantes compartilhem os trechos destacados.

A atividade pode ser feita em pequenos grupos e depois com a turma toda, pois os estudantes podem se sentir mais à vontade para se expressarem em grupos menores.

3. “Adail quer voar”: a conversa com Adail José da Silva, carregador de bagagem no Aeroporto Salgado Filho, Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

“Enterro de pobre”: a morte e o enterro da bebê de Antônio Antunes.

“O sapo”: a conversa com Sapo, ou melhor, Alverindo, pedinte do centro que tem um problema nas pernas.

“O conde decaído”: a estátua de Conde de Porto Alegre, Manoel Marques de Souza, em uma praça de Porto Alegre.

4. Em “Adail quer voar”, a cronista reflete sobre a desigualdade social. Os seguintes trechos mostram essa reflexão: “Descobriu assim a relatividade das distâncias. Porque ele, tão perto, esteve sempre tão longe. A menos de uma centena de passos das asas do avião, jamais conseguiu alcançá-las”. (p. 26); “Adail viu o mundo e o mundo nem sempre viu Adail. Mudou o mundo e mudou Adail. Mas nem o mundo nem Adail mudaram o suficiente para encolher a distância entre o carregador e o avião.

Porque, aos 62 anos, Adail segue sendo o que o doutor grita lá da porta do desembarque: ‘Ô, negão’. E o mundo segue sendo do doutor. Mas Adail, ah Adail, Adail não desistiu de voar.” (p. 27)

Em “Enterro de pobre”, a jornalista faz uma denúncia social ao mostrar a vida dura, sofrida e trágica dos pobres. A frase final resume a reflexão que ela faz: “A diferença maior é que o enterro de pobre é triste menos pela morte e mais pela vida.” (p. 37).

Em “Um certo Geppe Coppini”, a cronista faz uma reflexão sobre como enxergamos certos comportamentos: “Vocês acham que Geppe Coppini é louco? - Pois eu digo. Geppe Coppini é o maior vivaldino que Anta Gorda já criou.” (p. 40). “Todos em Anta Gorda têm algo a dizer sobre Geppe Coppini” (p. 40).

“Um certo Geppe Coppini”: Geppe Coppini e a conversa com Demétrio Zuffo sobre ele.

“O colecionador das almas sobradas”: Oscar Kulemkamp, morador da rua Bagé, n. 81, no bairro Petrópolis, em Porto Alegre.

“O cativeiro”: a notícia de que um macaco chamado Alemão escapou do Zoológico de Sapucaia do Sul e foi até um restaurante beber cerveja.

Em “O colecionador das almas sobradas”, a cronista reflete sobre o modo com que certas pessoas dão sentido à própria vida. No caso do acumulador Oscar Kulemkamp, dando valor àquilo que não tinha: “O número 81 da rua Bagé é o castelo de um homem que inventou um mundo sem sobras. Dando valor ao que não tinha, Oscar Kulemkamp deu valor a si mesmo. Colecionando vidas jogadas fora, Oscar Kulemkamp salvou a sua. Talvez seja esse o mistério do número 81. E talvez por isso seja tão assustador.” (p. 48).

Em “O cativeiro”, há uma reflexão sobre nossa aparente liberdade e os mecanismos que usamos para nos alienar e não pensarmos sobre essa falta de liberdade. Assim, a crônica se encerra com as seguintes perguntas: “O que aconteceria se você encontrasse a chave do cadeado invisível de sua vida? O que aconteceria se você saltasse sobre o fosso de sua rotina?” (p. 55). Em “O sapo”, as reflexões suscitadas pela cronista se referem à invisibilidade de certas pessoas e à relativização de certos posicionamentos, como já aparece no início da crônica: “O mais incrível é que o Sapo estava ali havia 30 anos. E há mais de uma década nos cruzávamos na Rua da Praia. Minha cabeça no alto, a dele no rés do chão. Eu mirando seu rosto. Ele, os meus pés. Só dias atrás tive a coragem de me agachar e nivelar nossos olhares, subvertendo as regras do jogo de que ambos participávamos.” (p. 58).

Em “O conde decaído”, a cronista fala sobre a “relatividade do poder”, da “fugacidade da fama”, da “efemeridade da glória” (p. 64).

5. A cronista tem diferentes estratégias para estruturar as crônicas.

Em “Adail quer voar”, a cronista narra a história de Adail José da Silva ao mesmo tempo que reflete sobre o que narra e depois apresenta diálogos entre eles (a partir do uso de travessões para marcar o par pergunta e resposta). Em “Enterro de pobre”, a cronista narra como foi o enterro da filha de Antônio Antunes e conta o que ele disse e sentiu. Em seguida, ela passa a analisar a fala de Antônio a partir da narração da vida do abatedor de árvores: “Para entender o fim, é preciso compreender o início” (p. 35). Ela usa e repete a frase dita por ele (“Não há nada mais triste do que enterro de pobre. Porque o pobre começa a ser enterrado em vida.” (p. 34) para iniciar e fechar sua análise: “Não há nada mais triste do que enterro de pobre…” (p. 35) e “A diferença maior é que o enterro de pobre é triste menos pela morte e mais pela vida.” (p. 37).

Tirinha I

Tirinha II

• De que maneira essa relação entre textos aparece nas crônicas-reportagem, principalmente em “O colecionador das almas sobradas” e “O conde decaído”?

9. Leia o título e observe as imagens que introduzem as crônicas-reportagem que serão discutidas no segundo intervalo e levante hipóteses: qual será o ponto de partida da cronista em cada texto?

As atividades a seguir devem ser realizadas no segundo intervalo de leitura.

10. Qual é, afinal, o ponto de partida para a escrita de cada crônica-reportagem? As hipóteses levantadas se confirmaram?

11. Converse com um colega: qual das crônicas-reportagens mais chamou sua atenção? Por quê? Que tons prevalecem nelas? Como você reagiu a cada uma?

12. Quais reflexões sobre a vida das personagens a cronista apresenta em cada uma?

13. Em uma das crônicas-reportagens, a estrutura é um pouco diferente. Identifique-a e explique a relação entre as partes do texto.

14. Se você tivesse oportunidade de entrevistar alguma personagem retratada nas crônicas, qual seria? Quais perguntas faria a ela?

15. Mais uma vez, a presença de outros textos na crônica-reportagem é recorrente. Identifique trechos intertextuais que aparecem e explique a relação deles com a história relatada ou a reflexão realizada.

Em “Um certo Geppe Coppini”, a cronista inicia com um diálogo e passa, em seguida, a relatar o que Demétrio Zuffo disse sobre Geppe Coppini. A crônica termina com um comentário da cronista. Em “O colecionador das almas sobradas”, a cronista inicia apresentando o local onde vive Oskar Kulemkamp e, em seguida, a falar sobre ele e sua história, assim como a relação dos vizinhos com ele. Ela finaliza falando dos sonhos de Kulemkamp e fazendo uma avaliação sua sobre ele. Em “O cativeiro”, a cronista inicia relatando uma notícia e passa, em seguida, a refletir sobre ela. A crônica finaliza com reflexões mais gerais sobre a vida humana. Em “O sapo”, a cronista contextualiza como conheceu Sapo e, a partir de então, apre- senta o diálogo que ocorreu entre eles. Ela volta a apresentar informações sobre ele e, em seguida, novos diálogos entre os dois. A cronista encerra relatando mais informações sobre ele e como foi a despedida entre eles. Em “O conde decaído”, a cronista inicia com uma reflexão mais geral de que a fama é fugaz e efêmera e passa a narrar a história de vida do Conde de Porto Alegre, Manoel Marques de Souza, e de sua estátua. Ela termina retomando a reflexão inicial: “No fim tudo é pó. Esquecimento. E o inconfundível cheiro de urina. E se aconteceu com o conde – o conde! – pode acontecer com qualquer um. O Conde de Porto Alegre reduzido a uma vida que ninguém vê num canto da cidade.” (p. 67).

As atividades a seguir devem ser realizadas no terceiro intervalo de leitura.

16. Quem são estas personagens e em quais crônicas-reportagem elas aparecem?

Adail José da Silva Antônio Antunes Camila Velasquez Xavier Clodair José Pinheiro Maidana

David Dubin Jorge Luiz Santos de Oliveira Maria Alícia Freitas Venise de Meneses

• Observe que a jornalista cita os nomes e os sobrenomes das personagens das crônicas-reportagens, além de outras informações básicas, como idade, profissão, local de nascimento ou moradia, e apresenta fotografias delas. Qual é a importância dessas informações para o relato da cronista?

17. Sobre a crônica-reportagem “A voz”, responda: a) No texto, aparecem citações de cantores, diretores, músicas, filmes, personagens e eventos históricos etc. Você os conhece? b) Retome os discursos diretos e identifique a quais vozes eles pertencem. c) Qual efeito produz essa presença de diferentes vozes? a) Quais expressões marcam o diálogo com o leitor? b) Explique esse trecho final.

18. Em “Sinal fechado para Camila”, a cronista se dirige diretamente ao leitor, como aparece no trecho a seguir.

“[…] Camila morreu. Mas os versinhos de Camila cruzaram o ar e semearam as esquinas. Não se iluda. Você não vai escapar. Há um exército de Camilas pela cidade. Haverá sempre uma delas tentando arrombar o vidro do carro com a urgência de sua fome. Camila morreu. Você, e eu também, somos cúmplices de sua morte. Nós todos a assassinamos. A questão é saber quantas Camilas precisarão morrer antes de baixarmos o vidro de nossa inconsciência. Você sabe? E agora, tio lindo, tia linda, o que você vai fazer?”.

BRUM, Eliane. A vida que ninguém vê Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2006. p. 126.

19. Em “Dona Maria tem olhos brilhantes”, como a entrevista se relaciona ao relato? Se a opção da cronista fosse continuar o relato, quais informações e reflexões da entrevista ela poderia incluir?

20. Em “O doce velhinho dos comerciais”, as informações sobre um determinado momento histórico são importantes para a compreensão da crônica. Responda: a) O que você sabe sobre o Holocausto? b) Quais reflexões a personagem faz sobre esse episódio e qual é a relação dele com os dias atuais? o refugo da vida dos outros. Cartões que jamais foram enviados a ele. ‘Rezei tanto para ficar com você nesse Natal.’ Manuais de objetos que nunca lhe pertenceram. ‘Atenção: este televisor reúne várias inovações. Para entendê-lo e aproveitar todos os seus recursos é indispensável que o primeiro passo seja ler o manual de instruções.’ Encomendas que nunca fez. ‘Trabalhos pagos com cheques só serão entregues após a compensação dos mesmos.’ Identidades alheias, carteiras de profissões que nunca serão suas. Páginas de revistas, panfletos, santinhos. Quadro de uma família real, gravura de neve. Até mesmo um pedaço de papel escrito ‘Sou feliz!’. Bolas de Natal de uma árvore que não brilhou no seu dezembro.” (p. 47); “Foi assim que noticiou o traslado da estátua ocorrido na tarde de 12 de outubro de 1912: ‘Foi uma verdadeira festa cívica a solemnidade com que se realisou o acto official da inauguração da estatua do invicto general, conde de Porto Alegre... O povo affluiu em grande massa ao local da inauguração, sendo numerosa também a concurrencia de familias. Os gymnasios trajavam uniforme kaki, de polainas e luvas brancas...’ Achylles Porto Alegre ‘recitou soneto de sua lavra’, que terminava em trágico estilo: ‘Basta! Basta! Silencio! Elle era a gloria.’ Ahã!” (p. 66)

21. Em “O homem que come vidro”, qual reflexão é feita sobre a relação entre artistas e público?

22. Em “O álbum”, várias histórias se entrecruzam. Quais histórias são essas e por que elas se relacionam?

23. De que maneira as crônicas “Depois da filha, Antônio sepultou a mulher” e “O dia em que Adail voou” se relacionam com as crônicas “Enterro de pobre” e “Adail quer voar”?

24. Discuta com os colegas: o que você diria que há de extraordinário nas vidas dessas personagens?

• Como Eliane Brum foi capaz de perceber esse extraordinário?

Aproveite o momento para discutir com os estudantes o conceito de variação histórica. Há outros trechos na p. 66 que podem ser comentados.

6. a) Em “Adail quer voar”, no primeiro parágrafo, aparecem as seguintes frases: b) Para destacar determinadas informações e imprimir maior força dramática.

“Ele se chama Adail José da Silva. E vive no portal do céu. Onde o Rio Grande decola para o mundo. E o mundo aterrissa no Rio Grande.” (p. 26). Em “Enterro de pobre”, também, no primeiro parágrafo, temos: “Não há nada mais triste do que enterro de pobre. Porque o pobre começa a ser enterrado em vida.” (p. 34) Em “Um certo Geppe Coppini”, temos “Sim, ele. Um certo Geppe Coppini.” (p. 40). Em “O colecionador das almas sobradas”, temos: “Ele é o pedaço de caos na ordem cósmica da Bagé. O triângulo no meio da fileira de quadrados. O protesto bruto à sociedade de consumo, descartável e implacável.” (p. 46) Em “O cativeiro”, no primeiro parágrafo, aparecem as seguintes frases: “Ele tinha o largo horizonte do mundo à sua espera. Tinha as árvores do bosque ao alcance de seus dedos. Tinha o vento sussurrando promessas em seus ouvidos.” (p. 52). Em “O sapo”, temos: “Contou-me que os amigos o conhecem por ‘seu Vico’, e o povo da rua por Sapo. Por causa da eterna posição, lambendo com a barriga as pedras da rua.” (p. 58). Em “O conde decaído”, aparece: “No fim tudo é pó. Esquecimento. E o inconfundível cheiro de urina.” (p. 67).

7. Aparecem nas crônicas palavras do seu dialeto regional, como “cuca”, “gurizote” ou “guri”, informações sobre o momento histórico vivido e a história (principalmente na crônica “O conde decaído”), nomes de praças, bairros, cidades, estabelecimentos.

8. Tirinha I: No primeiro quadro da tirinha, a garota está lendo uma carta e ficamos sabendo que foi mandada por sua avó no terceiro quadro, quando esta fala para outra personagem que escreveu uma carta para a neta. Aproveite para comentar com os estudantes sobre o pedido inusitado da avó, mostrado no segundo quadrinho: o de enfiar a linha na agulha e depois enviá-la a avó.

Tirinha II: No primeiro quadro da tirinha, o garoto comenta sobre algo que acabou de ler no jornal, pois o está segurando, olhando para ele ao falar com a garota. No segundo quadro, a garota relaciona a notícia à sua vida, mas o garoto mostra identificar um problema na interpretação da garota.

• Em “O colecionador das almas sobradas” e “O conde decaído” aparecem trechos de outros textos: “Oscar Kulemkamp teceu sua colcha de retalhos com a vida dos outros. Com

9. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes relacionem a fotografia ao título da crônica. Por exemplo, na crônica “O encantador de cavalos”, a partir da imagem, pode-se inferir que o ponto de partida será um menino que gosta de cavalos ou, ainda, na crônica “Eva contra as almas deformadas”, pode-se imaginar que o texto vai tratar de uma mulher que gosta de pregar a fé. As hipóteses serão checadas pelos estudantes durante a leitura das crônicas que serão discutidas no próximo intervalo.

No segundo intervalo, as seguintes crônicas serão discutidas: “O menino do alto”, “O chorador”, “O encantador de cavalos”, “Frida”, “Eva contra as almas deformadas”, “O gaúcho do cavalo de pau” e “O exílio”.

10. Em “O menino do alto”, é o menino Leandro Siqueira dos Santos, morador do Morro da Polícia, que perdeu a mobilidade das pernas e braços devido ao coma que o paralisou por cinco meses depois de ser atropelado.

Em “O chorador”, o ponto de partida é Salatiel Vargas, filho de seu Caetano e dona Negrinha, conhecido por Tierri (mesmo apelido do irmão que morreu; os dois gostavam de assobiar como passarinhos cantadores), que aparecia e chorava copiosamente em todos os enterros em Quaraí, conhecendo ou não o morto.

Em “O encantador de cavalos”, a motivação da crônica é um menino de dez anos (não é mencionado seu nome) que está jurado de morte porque anda pelas ruas de Porto Alegre “roubando” cavalos para montar.

Em “Frida…”, é Nilsa Lydia Hartmann, mulher de 68 anos, diagnosticada como esquizofrênica, filha de agricultores, mãe de seis filhos, separada, ex-costureira, que se autodenominou Frida e passou a frequentar de forma assídua a Câmara de Porto Alegre.

Em “Eva contra as almas deformadas”, o ponto de partida é Eva Rodrigues, mulher, negra, pobre, deficiente física, moradora de Restinga Seca, região central do Rio Grande do Sul, que se formou em pedagogia e passou no concurso público para servente no extinto Tribunal de Alçada, mas não conseguiu assumir.

Em “O gaúcho do cavalo de pau”, é Vanderlei Ferreira, de Uruguaiana, que aparece na Expointer todo ano, com um cabo de vassoura apresentando-o como seu cavalo; analfabeto que frequenta a Faculdade de Zootecnia; dorme num posto de gasolina, às vezes na casa de um tio e já morou em uma Kombi; é tido como louco. Por fim, em “O exílio”, o ponto de partida são duas mulheres acamadas, Vany (professora de História que aos

PROJETO ARTÍSTICO-LITERÁRIO O PODCAST LITERÁRIO

Que tal levar essas crônicas ao conhecimento de mais pessoas? O podcast está cada vez mais popular e é um ótimo recurso para você e a turma mostrarem não só minhas crônicas, mas a leitura que fizeram delas.

Conhecendo O Podcast Liter Rio

1. Você escuta algum podcast com frequência? Sobre qual tema? Onde você o acessa?

2. Agora veja um exemplo de podcast literário e faça as atividades a seguir.

Eliane Brum

40 anos descobriu ter uma doença degenerativa) e Celina, que vivem em uma casa de repouso e decidem expor a sua arte.

11. Resposta pessoal.

A maioria tem tom lírico, mas há algumas que apresentam tom humorístico, como em “Frida…”.

12. Em “O menino do alto”, a cronista discute o fato de que, se a família de Leandro tivesse dinheiro, ele não teria ficado sem a mobilidade dos braços e das pernas. “Não foi o acidente que roubou a liberdade do menino. Não foi o traumatismo craniano que retorceu seus pés. Foi crime.” (p. 71). O crime de que a cronista fala é o crime da desigualdade, da injustiça social.

Em “O chorador”, a cronista conclui que chorar por todos foi uma forma que Tierri encontrou para igualar a todos: “Esse Tierri humilde, que muita gente arrelia, entendeu que não havia nada mais nobre do que dar importância na morte mesmo a quem não a teve em vida.” (p. 79).

Em “O encantador de cavalos”, a cronista defende a ideia de que o que ninguém via era que a fixação por cavalos não era a danação do menino, mas sua salvação: “… única fantasia capaz de salvá-lo da loucura de uma infância em cinzas.” (p. 84).

Em “Frida…”, apresenta uma crítica social e política. A cronista mostra a lucidez das críticas realizadas por Frida à política e aos políticos brasileiros, desqualificada por alguns por ser esquizofrênica.

a) Quais informações sobre o podcast e o episódio 30 são apresentadas?

Atalho

O cordel é um poema que possui geralmente estrutura fixa de estrofes, rimas e métrica. Os folhetos de cordel contam histórias de amor, aventura e de pessoas reais, falam de acontecimentos históricos, ensinam sobre determinado assunto etc.

Em “Eva contra as almas deformadas”, a cronista reflete sobre a concepção de ser e estar no mundo e os papéis que a sociedade delega a alguns corpos, colocando-os como vítima e objetos de pena e nunca como sujeitos ativos, protagonistas. Além disso, quem ousa fazer diferente é penalizado: “A vida é pródiga em paradoxos. O de Eva é que a odeiam porque não podem sentir pena dela. E o do mundo é que as piores deformações são as invisíveis.” (p. 100).

Em “O gaúcho do cavalo de pau”, a cronista relativiza novamente a concepção de loucura, assim como trata da importância da fantasia frente a dura realidade de alguns: “É possível que tenha restado a gaúchos como ele apenas um cavalo de pau. É possível que tudo que tenha sobrado da utopia seja um cabo de vassoura. É possível até que seja tão louco que tenha inventado um gaúcho.” (p. 106).

b) Junto a um colega, escolha dois episódios do Sesc Cordel Podcast Cada um de vocês deve escutar um episódio e anotar as respostas às perguntas a seguir. Depois, confiram as semelhanças entre os episódios.

• Como o episódio se estrutura?

• A música é a mesma em todo o episódio? Qual é a relação entre ela e as informações que estão sendo apresentadas?

• De quem são as vozes que aparecem no episódio?

• Como é a linguagem do narrador? Quais estratégias ele utiliza para dialogar com o ouvinte?

• As vozes estão audíveis?

Planejando E Escrevendo O Roteiro Do Podcast

Você e os colegas vão planejar e escrever o roteiro dos episódios que irão compor o podcast literário da turma.

1. Escreva coletivamente um parágrafo com o objetivo do podcast.

2. Decidam quantos serão os episódios, o nome e a imagem de identificação do podcast No livro, há 23 crônicas; escolham quais delas serão analisadas no podcast. A ideia é que a turma se divida em grupos e cada um produza um episódio, tematizando uma crônica diferente.

Em “O exílio”, a cronista discute sobre o sentido da vida e a luta na velhice dos que ficam sozinhos, abandonados, para continuar seguindo: “Ninguém percebeu, mas Vany e Celina conseguiram o que poucos conseguem. Mudaram a última cena de suas vidas.” (p. 115).

13. Em “O gaúcho do cavalo de pau”, a cronista apresenta, na segunda parte do texto, entrevista realizada com Vanderlei Ferreira. Ela faz isso em outras crônicas discutidas no primeiro intervalo. Na crônica, a entrevista acaba colocando em xeque as informações que aparecem na primeira parte, em que a cronista relata quem é Vanderlei e como ele é visto por outras pessoas, pois ele se mostra bastante consciente do que faz, não aparentando ser louco como dizem as pessoas que o conhecem.

14. Resposta pessoal.

Maria tem olhos brilhantes”, “O doce velhinho dos comerciais”, “O homem que come vidro”, “O álbum”, “Depois da filha, Antônio sepultou a mulher” e “O dia em que Adail voou”.

16. Adail José da Silva, 62 anos, carregador de malas do Aeroporto Salgado Filho, aparece nas crônicas: “Adail quer voar” e “O dia em que Adail voou”.

Antônio Antunes, 37 anos, descascador de eucalipto em Butiá, aparece também em duas crônicas: “Depois da filha, Antônio sepultou a mulher” e “Enterro de pobre”.

Camila Velasquez Xavier, 10 anos, Porto Alegre, pedinte, é personagem da crônica “Sinal fechado para Camila”.

Clodair José Pinheiro Maidana, 42 anos, cego, pai de um casal de filhos, morador do Leopoldina, vendedor de bilhetes premiados, faz parte da crônica “A voz”.

David Dubin, 86 anos, ator de comerciais, sobrevivente do Holocausto, morador de Porto Alegre, faz parte da crônica “O doce velhinho dos comerciais”.

Jorge Luiz Santos de Oliveira, 35 anos, performer , comedor de vidro, faz parte da crônica “O homem que come vidro”.

Maria Alícia Freitas, 55 anos, dez filhos, onze netos e um bisneto, nasceu em Paraíso, doméstica e babá, é protagonista na crônica “Dona Maria tem olhos brilhantes”.

15. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes identifiquem algumas intertextualidades. Por exemplo, em “O menino do alto”, a cronista cita o pintor italiano Michelangelo, a HQ dos Cavaleiros do Zodíaco e as personagens Mônica e Cebolinha da Turma da Mônica. Em “O encantador de cavalos”, aparecem Pégasus, Alexandre, o Grande, a famosa frase das antigas cartilhas de alfabetização “Ivo viu a uva”. Na crônica “Frida”, a intertextualidade já aparece no título, assim como são citadas as personagens Dalila e Sansão, Cleópatra e Marco Antônio, Romeu e Julieta. Em “O gaúcho do cavalo de pau”, a relação entre Vanderlei e a história de Dom Quixote é explicitada. No terceiro intervalo, os estudantes vão discutir sobre as seguintes crônicas: “A voz”, “Sinal fechado para Camila”, “Dona b) Além da voz da narradora, aparecem a do leitor (– Conceiçãoooooooooo! c) O texto ganha dinamicidade e ritmo mais acelerado. b) A cronista faz um apelo ao leitor, responsabilizando a si e ao leitor pelo trágico destino de Camila e de muitas outras crianças que trabalham em sinais/sinaleiras.

Venise de Meneses, 48 anos, mãe de um casal de filhos, faz parte da crônica “O álbum”.

• As informações individualizam as pessoas e suas histórias, tornando-as importantes e únicas. Além disso, é comum, nos textos jornalísticos, detalhar as informações sobre quem se fala com o intuito de torná-las mais verossímeis.

17. a) Resposta pessoal. São citados: Cauby Peixoto e a música “Conceição”; concerto de Tchaikovski; Napoleão e a batalha de Waterloo; Jack Nicholson, em O iluminado; filme Os pássaros, de Hitchcock; Renato e seus Blue Caps; João Gilberto. Os estudantes devem comentar se os conhecem e se conseguem interpretar o motivo de os elementos serem citados.

Eu me lembro muito beem… - p. 118), a de Cauby (– É houuuuuuuuje a mega-sena acumulada. R$ 40 milhões! É houuuuuuje! - p. 118), a de Bruno Eizerik, o diretor do curso supletivo e pré-vestibular Monteiro Lobato, com seu agente publicitário de São Paulo ao telefone (– O que está acontecendo aí em Porto Alegre? Que manifestação é essa? – pergunta o paulista incauto. – É aquele cego!!! – murmura Bruno. –Aquele cego!!! - p. 118), a de Pinheiro Eizerik consigo mesmo, o fundador do curso (– Fracassei – diz ele. - p. 118), a de Evelise Bernades (– Ele nos submete a tortura psicológica! Nos agride com palavrões! Dá bengaladas! – desabafou Evelise. - p. 120), a da esposa de Cauby (– Não posso dar contra no meu marido – explica, toda aguda. - p. 120).

18. a) O termo “você”, assim como verbos e pronomes de 1ª pessoa do plural: “somos”, “nós”, “assassinamos”, “baixarmos”.

19. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes comentem que, na entrevista, Dona Maria fala que se sentia péssima sem saber ler, que ficou emocionada no dia que leu pela primeira vez a palavra “igreja” e que espera ansiosamente pelo dia em que vai entrar na igreja, pegar a folhinha e ler, assim como espera escolher melhor seus representantes no dia em que conseguir ler o nome daquele em quem está votando. Ela conta também sobre suas sensações quando está lendo e seus sonhos com os estudos.

Chave Mestra

Para ajudá-los a escolher o nome e a imagem de identificação do podcast, observe a relação entre eles nos podcasts literários a seguir.

3. Por último, ainda com os colegas, decida como será a estrutura dos episódios, incluindo a(s) música(s) e a duração.

4. Agora, em pequenos grupos, escrevam o roteiro do episódio.

5. Para ajudá-los a avaliar o roteiro e os conteúdos de cada parte, façam o que se pede. a) Vejam como começa o episódio 30 – “A carruagem da vida”, do Sesc Cordel Podcast, e respondam: como se organiza a introdução?

00:00 – 01:43

Tranquilino Ripuxado: [Música instrumental ao fundo] O Sesc Cordel está voltando presencial, mas a gente continua no formato virtual aprendendo, ensinando e divulgando geral. Eeeeeeeeeeeeita meu povo! Estamos de volta aqui na Feira do Crato, mas também continuamos por todo Brasil e o org/content/pt-br/article/holocaust-abridged-article (acesso em: 17 jul. 2022) para conhecer mais sobre o assunto. O Holocausto é objeto de conhecimento do componente curricular História, portanto este é um ótimo momento para realizar um trabalho interdisciplinar com essa área. b) Os estudantes podem discutir a questão a partir do seguinte trecho: “Uma frase que poderia ser dita agora por um palestino. É esse o drama que David Dubin não cansa de repetir. Mesmo que repita milhares de vezes, surpreende-se cada uma. A mão que assassinou sua vida era a do vizinho de porta. A mão que assassinou sua família já havia apertado a sua. A mão do assassino era uma mão igual a sua. Esse é o horror. Essa é a parte para a qual não existe esquecimento.” (p. 143-144). mundo através do podcast Sesc Cordel. Oia, hehe, esse é o projeto Sesc Cordel, nascido há mais de 10 anos aqui no meio da Feira do Crato. Uma iniciativa que veio dar vida a tantas histórias através dos folhetos de cordel, das ilustrações dos xilógrafos, dos causos. Oia, eeeeita, seja bem-vindo meu poooooooovo! Eu sou Tranquilino Ripuxado, aquele artista lascado de beleza, bonito por natureza, cheio do gás e internacionalmente desconhecido. Oia, ê ó, de longe eu pareço Tom Cruise, mas de perto cruz credo. Oia ê ó rapaz! Estamos aqui hoje, lançando o cordel “A carruagem da vida”, de autoria do poeta Daniel Gonçalves, o poeta Daniel. Ele que é natural de Assaré, no Ceará, neto do poeta popular Patativa do Assaré, sua maior referência poética. Seja bem-vindo, poeta! Fale um pouco pra gente como anda a sua carruagem da vida e se apresente aqui pros nossos ouvintes. b) Volte à introdução do roteiro do episódio do grupo e avaliem: c) Reescreva a introdução do episódio do grupo a partir das reflexões do item anterior. d) Agora, leiam parte do desenvolvimento do podcast, em que narrador e cordelista conversam após a leitura do cordel: quais informações sobre o cordel e que comentários sobre ele aparecem no trecho?

20. a) Resposta pessoal. O termo “Holocausto” se refere ao processo de perseguição e assassinato de judeus europeus pelo regime nazista alemão e por seus aliados e colaboradores. Teve início em 1933, quando Adolf Hitler e o Partido Nazista chegaram ao poder na Alemanha, e terminou em 1945, quando a Alemanha nazista foi derrotada na Segunda Guerra Mundial. Convide os estudantes a visitarem a página https://encyclopedia.ushmm.

21. A cronista escreve: “Jorge Luiz não tinha público, a tragédia inescapável de um artista.” (p. 148). Ela destaca no trecho que um artista sem público não é nada, por isso a tristeza de Jorge Luiz.

SESC CORDEL PODCAST - Ep. 30 - A Carruagem da vida. [Locução de]: Tranquilino Ripuxado. [S.I.] Apple Podcasts, maio 2022. Podcast Disponível em: https://podcasts.apple.com/us/podcast/sesc-cordel-podcast-ep-30-a-carruagem-da-vida/ id1516361195?i=1000540161762. Acesso em: 30 jun. 2022.

• Vocês explicitaram o objetivo do podcast e do episódio?

• O(s) narrador(es) se apresenta(m)?

• Há estratégias para dialogar com o ouvinte?

• A linguagem está adequada ao público-alvo?

• A escritora é apresentada?

10:41 – 12:33

Tranquilino Ripuxado: Eeeeeeeeeita história bonita tem nesse cordel, cumpade. Parabéns, hein?

Daniel Rodrigues: Esse cordelzinho eu fiz há um tempo atrás e eu fiquei muito feliz com ele e fiquei lembrando que essa capa maravilhosa “A carruagem da vida” é do meu amigo Cosmo Lemos conhecido também por Cosmo Brás, meu xilógrafo que eu adotei faz uns quatro anos que estamos juntos.

Tranquilino Ripuxado: Grande, grande Cosmo. Parabéns a todos os xilogravuristas, todos os cordelistas, a todas as pessoas que divulgam também esse trabalho maravilhoso. Eu quero dizer o seguinte, referente a "A carruagem da vida", né, uma releitura aqui do Tranquilo Ripuxado: “Nessa longa estrada da vida, vou correndo e não posso parar, diz a letra daquela cantiga que a gente cansou de escutar. No trajeto tem tanta beleza, mas a gente já tem a certeza que o tempo segue a passar.” Aêeeeeeee!!

Daniel Rodrigues: Ôooooooo! Coisa boa!

Tranquilino Ripuxado: Diga a ninguém não, viu, espalha! Muito bem! Pois é… Poeta Daniel, o que foi que te motivou a escrever esse cordel? Fala aí pra nós sobre como foi dar vida a esse texto.

Daniel Rodrigues: A carruagem da vida é uma linha de raciocínio que eu comparo a nossa vida realmente como uma carruagem que às vezes a gente esquece que um dia vai chegar a velhice e que

PROJETO ARTÍSTICO-LITERÁRIO

O podcast literário

As atividades desta seção visam à produção de uma série de episódios para um podcast literário com leitura de trechos de crônicas e comentários.

Tempo previsto: 4 ou 5 aulas.

Reconstrução das condições de produção, circulação e recep- ção / Apreciação e réplica: EF69LP46

Produção de textos orais / Oralização: EF69LP53

Variação linguística: EF69LP56

Estratégias de leitura / Apreciação e réplica: EF89LP33

Interdisciplinaridade:

Contextos e práticas: EF69AR03, EF69AR16

Processos de criação: EF69AR06, EF69AR23

22. Venise de Meneses recolhe um álbum de fotografias – achado pela vizinha – e passa a inventar, adivinhar quem eram aquelas pessoas e que relações tinham umas com as outras. O restante da história parece ter sido construído pela cronista a partir do conhecimento do álbum (ou terá sido construído pela própria Venise): o álbum foi dado a Carlita por onze amigas – Iara, Clara, Eny, Cleonita, Lêda, Lory, Olga, Alice, Irma, Celina e Helena –, mas termina com um texto escrito por Angel Santos. Marcos Antônio Dutra aparece no álbum, mas não tem ideia de como suas fotografias estão lá, pois não conhece nenhuma Carlita ou Angel nem viu nenhum rosto que se encontra no álbum.

23. Em “Depois da filha, Antônio sepultou a mulher”, a tragédia de Antônio se configura ainda pior, retratada em “Enterro de pobre”. No entanto, em “O dia em que Adail voou”, a história de Adail, descrita em “Adail quer voar”, parece ter um “final” feliz.

24. O extraordinário está na luta diária de cada um para tentar sobreviver e ser feliz. Incentive os estudantes a comentarem sobre cada uma das personagens das crônicas. Adail José da Silva é um homem que guarda a contradição de uma sociedade desigual social e economicamente que é a nossa: trabalha em um lugar do qual não pode usufruir. Ele deseja voar e acaba realizando esse desejo, que é descrito na última crônica: “O dia que Adail voou”. Antônio Antunes precisa lutar contra todas as condições adversas para criar seus filhos e segue resistindo, assim como a vida e a morte de Camila Velasquez Xavier revela o absurdo de uma infância perdida e uma vida interrompida tragicamente. Clodair José Pinheiro Maidana nos fala sobre persistência e a luta pela sobrevivência. David Dubin nos mostra a força de um sobrevivente a um dos episódios mais cruéis da história mundial: o Holocausto. Jorge Luiz Santos de Oliveira nos apresenta a um dilema: o prazer de fazer algo de que gostamos e a necessidade de sobrevivência e reconhecimento. Maria Alícia Freitas é alguém capaz de fazer quase o impossível para fazer cumprir um direito seu e de todos: estudar. Venise de Meneses tenta dar sentido à sua vida, a partir da vida do outro, reconstruindo e salvando objetos abandonados.

• A cronista precisou se colocar no lugar dessas personagens e relatar, além de suas histórias, seus sentimentos, suas motivações e seus desejos, assim como precisou refletir de que maneira a vida dessas pessoas se relaciona à sua.

Conhecendo O Podcast Liter Rio Respostas

1. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a falarem sobre suas experiências com os podcasts b) • Os episódios geralmente apresentam uma introdução, em que o narrador se identifica e explica o objetivo do podcast e do episódio; um desenvolvimento, em que o convidado é chamado para se apresentar e falar um pouco de si e de sua literatura (o narrador costuma contar um caso a partir de versos que estão ligados ao tema do cordel que será apresentado) e, em seguida, ler o cordel. É possível, ainda, que narrador e cordelista conversem sobre o cordel lido ou outros temas relacionados. No encerramento, narrador e cordelista fazem seus agradecimentos e suas considerações finais e convidam o ouvinte a divulgar o programa. Por fim, o narrador lê a ficha técnica.

2. a) O podcast se chama Sesc Cordel e explica-se o objetivo dele. Ele possui 36 episódios e aparece a listagem deles ao lado, com a data de publicação, o número do episódio e o nome e a autoria do texto que será divulgado. O episódio de número 30 se chama “A carruagem da vida” e tem 16 minutos. Ao clicar nele, aparecem as informações técnicas: nome do cordel e do cordelista que será apresentado (“A carruagem da vida”, de Daniel Gonçalves), do narrador, da gerente da unidade, da supervisora e da coordenadora do programa, do editor e da produtora, dos músicos e arranjadores.

• A música muda quando o cordel é narrado para marcar uma mudança de ritmo (ela é mais rápida). As músicas que estão ao fundo da fala do narrador e da narração do cordelista são instrumentais e estão ligadas à cultura popular nordestina.

• Há geralmente duas vozes: a do narrador e a do convidado, que é o cordelista que está lançando seu cordel.

• O narrador se vale de uma linguagem mais coloquial e, em alguns momentos, se dirige diretamente ao ouvinte.

• Na maioria dos episódios, as vozes estão audíveis.

Exercício procedimental.

Planejando E Escrevendo O Roteiro Do Podcast

A produção de podcast foi trabalhada na missão 3 deste volume. Se necessário, retome com os estudantes o que foi estudado sobre esse gênero.

a carruagem vai parar e que o condutor dessa vida é o tempo. A gente tá só de passagem, a gente é só um passageiro e em cada ponta, eu coloquei a infância, a juventude e encerro colocando a velhice e depois é uma despedida que a gente faz daqui e a gente tem que saber viver pra que ela não seja a toa. E eu, pensando nisso, disse, rapaz, isso aqui dá um cordel. […] e) Voltem à parte do desenvolvimento do roteiro, discutam as questões a seguir e reescreva essa parte do texto a partir das reflexões realizadas. f) Voltem à parte final do roteiro do grupo, discutam as questões a seguir e reescrevam-na se necessário.

SESC CORDEL PODCAST - Ep. 30 - A Carruagem da vida. [Locução de]: Tranquilino Ripuxado. [S. I.] Apple Podcasts, maio 2022. Podcast Disponível em: https://podcasts.apple.com/us/podcast/sesc-cordel-podcast-ep-30-a-carruagem-da-vida/ id1516361195?i=1000540161762. Acesso em: 30 jun. 2022.

• Trechos da crônica são narrados?

• O(s) narrador(es) dá(ão) informações adicionais sobre a crônica-reportagem, contextualizando-a para o ouvinte?

• O(s) narrador(es) comenta(m) a crônica-reportagem e apresenta(m) textos que dialogam com as temáticas da crônica de forma a ampliar uma possível leitura do ouvinte?

• O narrador apresenta suas palavras finais?

• Há agradecimento, despedida e chamada ao ouvinte para divulgar o episódio e/ou ouvir o próximo?

GRAVANDO, EDITANDO E DIVULGANDO OS EPISÓDIOS

Chegou a hora de gravar, editar e, por fim, divulgar o podcast!

1. Decidam como será feita a gravação: ela poderá ser feita presencialmente, com todos os integrantes em um mesmo ambiente, ou remotamente, por meio de um aplicativo de conferência ou em que seja possível convidar pessoas durante a gravação. A qualidade do áudio é muito importante, portanto pode ajudar gravar em ambientes pequenos e fechados, livres de ruídos (televisão, janela ou porta para a rua etc.), além de usar fones de ouvidos durante a gravação. Em relação às músicas de fundo, elas podem ser inseridas em tempo real ou durante a edição. Avaliem o que for melhor!

1. Exercício procedimental.

A atividade deve ser feita coletivamente. A proposta do podcast é divulgar e dialogar com o livro A vida que ninguém vê a partir da leitura e análise das crônicas-reportagem.

2. Exercício procedimental.

3. Exercício procedimental.

Nos episódios do Sesc Cordel Podcast, os estudantes viram que as músicas escolhidas dialogam com a cultura nordestina, pois o objetivo era apresentar cordéis, que também é um gênero popular da cultura nordestina. Como Eliane Brum retrata o gaúcho, eles terão que fazer uma pesquisa para saber quais músicas podem representar essa cultura. Em relação à estrutura, é importante que os estudantes percebam que é desejável que os episódios tenham uma introdução, um desenvolvimento com a leitura da crônica e a discussão sobre ela e um encerramento.

4. Exercício procedimental.

Os estudantes devem escrever uma primeira versão do roteiro do episódio a partir da estrutura pensada na atividade anterior. Eles podem organizá-lo, por exemplo, a partir de três partes: introdução, desenvolvimento e encerramento. Na próxima atividade, eles terão a oportunidade de rever os conteúdos pensados para cada parte e repensar a forma de composição do próprio roteiro.

2. Para editar, dividam o conteúdo em blocos menores, marque onde entrarão os cortes do arquivo e façam correções do áudio se necessário. Se tiverem optado por inserir a música durante a edição, faça a inserção dela e de outros elementos sonoros desejados.

3. Depois de pronto, o podcast precisa ser divulgado! Escolham um local, como uma rádio, o site/blog da escola ou uma plataforma específica que a comunidade escolar tenha acesso, para postarem os episódios. Compartilhem o arquivo com amigos e familiares e os convidem a divulgá-lo também.

Avaliando O Projeto

Converse com seus colegas: b) Os estudantes devem avaliar quais informações da escritora apresentarão em cada episódio. c) Exercício procedimental. d) O narrador comenta que a história do cordel é bonita, por isso parabeniza o cordelista e faz uma releitura dela a partir de versos escritos pelo próprio Tranquilino Ripuxado. Já o cordelista apresenta a informação do nome do xilogravurista da capa do cordel, Cosmo Lemos, e responde à pergunta do narrador sobre o que o motivou a escrever o cordel. e) Exercício procedimental. f) Exercício procedimental.

• Como foi a experiência de produzir um podcast?

• Como você avalia seu envolvimento no planejamento do podcast, na escrita do roteiro e na produção do episódio?

• De que maneira o podcast produzido divulga e amplia a leitura das crônicas-reportagens de Eliane Brum aos ouvintes?

5. a) O narrador explica o objetivo do podcast (“dar vida a tantas histórias através dos folhetos de cordel, das ilustrações dos xilógrafos, dos causos”; “projeto que nasceu há mais de 10 anos no meio da Feira do Crato”), dá boas-vindas aos ouvintes (“Oia, eeeeita, seja bem-vindo meu poooooooovo!”), se apresenta (“Eu sou Tranquilino Ripuxado, aquele artista lascado de beleza, bonito por natureza, cheio do gás e internacionalmente desconhecido. Oia, ê ó, de longe eu pareço Tom Cruise, mas de perto cruz credo”), explica o objetivo do episódio (“Estamos aqui hoje, lançando o cordel “A carruagem da vida”, de autoria do poeta Daniel Gonçalves, o poeta Daniel.”), faz uma breve apresentação do cordelista e o convida a se apresentar melhor (“Ele que é natural de Assaré, no Ceará, neto do poeta popular Patativa do Assaré, sua maior referência poética. Seja bem-vindo, poeta! Fale um pouco pra gente como anda a sua carruagem da vida e se apresente aqui pros nossos ouvintes.”).

GRAVANDO, EDITANDO E DIVULGANDO OS EPISÓDIOS

1. Exercício procedimental.

tes que têm habilidades de edição mais desenvolvidas podem ajudar os colegas.

3. Exercício procedimental.

A turma deve decidir, além de onde postar o podcast, quem vai ficar responsável pela postagem. Os episódios podem ser postados todos de uma vez ou podem ser postados de forma periódica.

AVALIANDO O PROJETO

Exercício procedimental.

A avaliação pode ser feita por escrito, individualmente, ou de forma coletiva, oralmente. Caso seja feita coletivamente, aten- te para que todos tenham oportunidade de se expressar. Caso os estudantes façam uma avaliação positiva ou negativa do processo, estimule-os a refletirem sobre os motivos que os levaram a fazer tal avaliação.

Sugira aos estudantes, antes de gravarem o episódio, que façam um treino a partir do roteiro escrito. Caso os estudantes queiram sugestões de aplicativos e programas para criarem, gravarem e editarem o podcast, no link disponível em: https://canaltech.com.br/internet/ melhores-programas-e-sites-paragravar-podcast (acesso em: 12 jul. 2022), há indicação de cinco sites e programas: o Anchor, o Adobe Audition, o MP3 Skype Recorder, o Audacity e o FreeSound.

2. Exercício procedimental.

Ajude os grupos nesse momento de edição, auxiliando-os no manuseio do aplicativo ou programa escolhido. Os estudan-

AVATAR LITERÁRIO 2 Poetizando

Neste projeto artístico-literário, os estudantes lerão Poemas dos becos de Goiás e estórias mais, de Cora Coralina. O projeto a ser desenvolvido, após a leitura de todo o livro, é um sarau. Para que o projeto seja realizado no segundo semestre letivo, é importante que você preveja o tempo necessário para cada uma das cinco etapas:

1. Motivação: atividades que aproximam os leitores da obra e que provoquem a “fome” de leitura por meio da ativação de conhecimentos prévios dos estudantes e formulação de hipóteses sobre o texto que será lido. 2. Introdução: atividades cujo foco é o contexto de produção da obra literária, apresentando, principalmente, a autoria.

3. Leitura e interpretação (parte I): leitura de um trecho da obra, com atividades que trabalham a subjetividade do leitor e a compreensão textual. 4. Leitura e interpretação (parte II): orientação para a leitura da obra na íntegra, com proposta de intervalos de leitura e atividades de compreensão textual. 5. Projeto artístico-literário: orientação, com passo a passo, para a elaboração do produto e/ou evento a ser realizado na escola. Para que os estudantes consigam realizar as atividades do Avatar Literário, todos devem ter acesso à obra de Cora Coralina. É possível que eles a encontrem na biblioteca da escola, pois ela faz parte do acervo do PNLD Literário 2020.

Competências Gerais da Educação

Básica: 1, 3, 4, 8, 9, 10

Competências Específicas de Linguagens para o Ensino Fundamental: 1, 2, 3, 5

Competências Específicas de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental: 1, 3, 5, 7, 8, 9

Competências Específicas de Arte para o Ensino Fundamental: 8.

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