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a investigasgo da natureza segundo . ,. seus proprios principios
11. Bernardino Lkio: a investigaq&o da natureza segundo seus prbprios principios
Em sua obra-prima De rerum natura iuxta propria principia, Bernardino Telesio (1509-1588) opera uma das mais avanqadas tentativas de p6r a fisica no caminho de uma rigorosa pesquisa autcinoma, desligada tanto a) dos interesses e dos pressupostos da tradiq80 hermetico-plathica, como b) dos A fisica telesiana pressupostos da metafisica aristotelica. Telesio n8o nega nem um +§2 Deus transcendente nem uma alma supra-sensivel, mas p6e um e outra tematicamente fora da pesquisa fisica, e estabelece assim a autonomia da natureza e de seus principios e, por conseguinte, a autonomia da pesquisa destes principios. Alem disso, a fisica construida por Telesio e qualitativa; todavia, ele entrev@ tambem a perspectiva quantitativa, mas, n8o podendo de- senvolv0-la, augura que outros o possam fazer. Na concepqao da natureza, Telesio se remete ao hilozoismo e ao pan- psiquismo prk-socratico, segundo o qua1 tudo e vivo. Como fundamento da natu- reza, que em sua essencia e vitalidade e sensibilidade, ha tr@s os princjpios principios: dois principios agentes incorporeos, o quente e o frio, da natureza e uma massa corporeal que sob a aqao dos principios agentes as- e o nespiritow sume diferentes disposiqdes; os dois principios agentes pervadem no hornern todo corpo, se contrastam e se percebem reciprocamente, e dis- -+ 3 3-4 so deriva que todos os entes, tanto os complexos como os sim- ples, sentem a relac80 reciproca. 0 animal se distingue das coisas porque ha nele o "espirito produzido pelo semen", uma substdncia corporea tenuissima incluida no corpo como no proprio revestimento. No homem, depois, alem do "espirito", ha ainda uma especie de alma divina e imortal, que porem n8o serve para explicar os aspectos naturais do homem, mas apenas os aspectos que transcendem sua naturalidade: em vista do conhecimento, com efeito, o senso e o "espirito" sao mais criveis do que a raz8o e a alma, porque aquilo que e apreendido pelos sentidos n8o tem mais necessidade de ser ulteriormente pesquisado. Telesio admite o Deus biblico e regedor do mundo, de cuja atividade criado- ra dependem a "natureza" e o destino do homem; ele simplesmente nega que se deva recorrer a Deus na pesquisa fisica. Deus infunde a mens 0 hornern e a mens superaddita, ou seia, a a,rna superaddita, isto e, a alma intelectiva, que e imortal: ela esta unida ao corpo e especialmente ao "espirito" natural, como forma dele. Com o "espirito" o homem conhece e apetece as coisas que se referem a sua conservaq80 natural; com a mens superaddita co- intelectiva, nhece e tende as coisas divinas, que se referem a sua salvaq80 dada por Deus eterna. 0 homem deve procurar n8o sucumbir com sua mens as + § 5 forqas do espirito material, mas mant@-la pura e torna-la seme- lhante a seu criador.
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Vida e obras nio Telksio, que era homem de lefras. Se- guiu o tio a Miliio e depois a Roma, onde, em 1527, foi aprisionado pela soldadesca,
Bernardino TelCsio nasceu em 1509 em por ocasiiio do conhecido "saque de Ro- Cosenza. Num primeiro momento, recebeu man, sendo libertado pela intervengiio de um solida educagiio humanista de seu tio Ant& conterrbeo, ap6s dois meses de prisiio.
Foi entiio para Pidua, onde ainda eram bem vivos os debates sobre Aristoteles, e onde estudou filosofia e cihcias naturais (talvez, em especial, a medicina), forman- do-se em 1535.
Depois de formado, irrequieto, TelCsio andou por varias cidades da Italia. Parece que, durante alguns anos, retirou-se, para meditar em solidiio, em um mosteiro de monges beneditinos (alguns pensam que esse mosteiro pode ter sido o de Seminara).
Posteriormente, de 1544 a 1553, TelC- sio foi hospede dos Carafa, duques de No- cera. Nesse periodo, lanqou os fundamentos e delineou a estrutura do seu sistema, redi- gindo um primeiro esboqo da sua obra-pri- ma De rerum natura iuxta propria principia.
A partir de 1553, TelCsio se estabele- ceu em Cosenza, onde permaneceu at6 1563. Passou depois por Roma e Nipoles, mas retornou varias vezes a Cosenza, onde mor- reu em 1588.
0s primeiros dois livros do De rerum natura foram publicados em 1565, apos muitas incertezas e n5o sem antes ter con- sultado em BrCscia o maior exDoente do aristotelismo na epoca, Vincenzo Maggi. 0 resultado positivo do confront0 com Maggi, que por muitos aspectos devia ser conside- rado como o adversario ideal, convenceu TelCsio da oportunidade da publica@o. Mas a obra inteira. em nove livros. so viu a luz em 1586. em iirtude das dificujdades finan- ceiras do' nosso filosofo.
As outras obras de Telisio siio margi- nais, limitando-se a explicaq5o de alguns fe- ntimenos naturais (Sobre os terremotos, So- bre os cometas, Sobre os vapores, Sobre o raio etc.).
Foi notivel a fama alcanqada pel0 fi- losofo, tendo inicio antes mesmo da publi- ca@o de suas obras. A Academia Cosen- tina, da qual ele foi membro, tornou-se o mais ativo centro de difusiio do telesianis- mo. Amigos poderosos e influentes prote- geram-no dos ataques dos aristotClicos, em- bora n5o tenham faltado os debates e as
Bernardino Teltkio (aqui em uma estampa antiga, procurou fundar um tigo de pesquisa fisica inteiramente diferente em rela@o a aristote'lica, antecipando nus exigincias, embora niio nos resultados, algumas instLincias da fisica moderna. f. novidade da fisica telesiana
0 sentido e o valor do pensamento te- lesiano mudam completamente, conforme a perspectiva com base na qual ele 6 visto e interpretado. Conseqiientemente, tambCm varia o tip0 de exposiqiio que se pode fazer desse pensamento.
Se o olharmos assumindo como pars- metro a revoluqiio cientifica que Galileu ope- raria, entiio as conclusdes niio podem ser outras que as extraidas por Patrizi (embora baseando-se em outros elementos), isto C, que o telesianismo "parece ser mais uma metafisica do que uma fisica", contraria- mente is suas intenqdes declaradas.
No entanto, se o olharmos pela otica do seu tempo, o pensamento de Telesio re- vela-se efetivamente uma das tentativas mais radicais e avanqadas de encaminhar a fisica pela senda de uma rigorosa pesquisa 'aut6- noma, desligando-se de dois tipos de pres- supostos metafisicos: a) dos pressupostos dos magos renascentistas ligados a tradiqiio hermttico-plathica; b) dos pressupostos da metafisica aristotClica.
a) Sobre o primeiro ponto, deve-se su- blinhar n5o apenas o fato de que estiio au- sentes do De rerum natura os interesses e pressupostos magico-hermkticos, mas tam- bCm o fato de aue TelCsio diz com todas as letras, numa evidente alus50, que em sua obra ningutm encontrara nihil divinum e nihil admiratione dignum ("nada de di- vino" e "nada de extraordinarion). Entre- tanto, como veremos, Telisio continua a ter em comum com as doutrinas magicas a convicg50 de que, na natureza, tudo esth vivo. b) Sobre o segundo ponto, devemos relevar o que segue. Aristoteles (com os pe- ripatiticos) considerava a fisica como co- nhecimento teorktico daquele genero parti- cular de ser ou de substiincia que esta sujeito a movimento. Para o Estagirita, os quadros da metafisica (ciincia do ser ou da substiin- cia em geral) k seus principios constituiam os pressupostos necessirios para fundamen- tar a fisica. A consideragiio da substiincia sensivel, portanto, desembocava necessa- riamente na consideragiio da substincia su- ma-sensivel. e o estudo da substiincia move1 terminava com a demonstracio metafisica da substiincia imovel.
Telksio realizou um corte claro em re- lag50 a essa posig5o. N5o nega um Deus transcendente nem uma alma supra-sensi- vel (corno veremos melhor mais adiante), mas tematicamente coloca ambos fora da pesquisa fisica, estabelecendo assim'a auto- nomia da natureza e dos seus principios e, conseqiientemente, a autonomia da pesqui- sa desses principios. Desse modo, TelCsio realiza aquilo que foi chamado "redugio naturalista", precisamente proclamando a autonomia da natureza.
Nesse sentido, pode-se dizer que, em- bora com bases que eram inadequadas, co- mo veremos. TelCsio fez valer uma instiincia (a autonomia da pesquisa fisica) destinada a revelar-se muito fecunda. Mas ainda ha um ponto que merece ser destacado. Como veremos, TelCsio construiu uma fisica qualitativa. Entretanto, entreviu a pers- pectiva quantitativa, embora tenha dito que n5o podia desenvolvi-la, augurando que outros pudessem faze-lo, para que, destaca ele, os homens possam se tornar nio ape- nas "scientes", mas tambCm "potentes". Trata-se de dois temas que, como veremos, se tornariam centrais, respectivamente, em Galileu e em Bacon. iz]
TelCsio reconstruiu os principios de sua fisica em base sensistica, convencido de que o "sentido" revela a realidade da nature- za, sendo a propria natureza, em sua essen- cia, vitalidade e sensibilidade. Nessa con- cepg5o vitalista da natureza, Telksio se refere ao hilozoismo e ao pan-psiquismo prC-so- critico, segundo os quais tudo esta vivo, com coloragaes at6 mesmo j6nicas (recordando sobretudo o esquema de interpretagiio da realidade que fora proposto por Anaxi- menes). Seus modelos, portanto, niio s5o tanto os neoplat6nicos, e sim os fisicos mais antigos.
Ora, o "sentido" nos revela que o "quen- ten e o "frio" GO principios fundamentais. 0 primeiro tem agiio dilatadora, faz as coi- sas serem leves e p6e-nas em movimento. Ja o segundo produz condensag50 e, portanto, torna as coisas pesadas e tende a imobili- za-las. 0 sol C quente por excelencia e a terra C fria. Mas o sol, como tudo aquilo que arde, nio C so calor, assim como a terra tambim niio coincide com o frio. Quente e frio sio incorporeos e, portanto, tim necessidade de massa corporea a qua1 aderir. Portanto, con- clui TelCsio, deve-se sem duvida p6r na base dos entes tris principios: dois principios agentes, o quente e o frio, e uma massa corp6rea, que sob a aqio de principios agen- tes assume diferentes disposig6es. Se assim n5o fosse, os entes nio poderiam se trans- formar uns nos outros, impossibilitando aquela unidade que, ao contrario, existe efe- tivamente na natureza.
Assim, cai por terra a fisica dos quatro elementos, bem como a concepqiio geral das coisas como sin010 de matCria e forma, sus- tentada pelos peripateticos: os elementos derivam dos principios descritos, como tam- bCm todas as formas das coisas. 0s dois principios agentes perpassam todo corpo, contrastando-se, expulsando-se e se substituindo mutuamente nos corpos, e tendo a faculdade de se perceberem recipro- camente. Essa faculdade que cada ;m deles tem de perceber suas proprias ag6es e pai- x6es e as conex6es que apresentam com as do outro da lugar a sensag6es agradaveis em relag50 aquilo que C afim e que favorece a sua propria conservagiio, e a sensag6es de-
sagradaveis no caso contrario. Assim, con- clui Telisio, "todos os entes sentem a rela- qiio reciproca" .
Entio, como i que s6 os animais pos- suem orgiios sensoriais? 0s animais sio en- tes complexos e os orgiios sensoriais desem- penham o papel de vias de acesso das forqas externas a substiincia que sente. Ja as coisas simples, precisamente porque siio tais, sen- tem diretamente.
A fisica de Telisio, portanto, i uma fi- sica baseada nas "qualidades" elementares do quente e do frio. Mas, nesse quadro, co- mo ja observamos, ele compreende que po- deria ser de notivel vantagem para sua con- cepqio uma investigaqio ulterior voltada para determinar a "quantidade" de calor necessiria para produzir os varios fen6me- nos. E i precisamente essa investigaqio "quantitativa" que ele afirma niio ter podi- do realizar, desejando deixi-la como tarefa para outros que viessem depois dele.
0 howew cow0 realidade natural
Considerado como realidade natural, o homem i explicavel como todas as outras realidades naturais. 0s organismos animais eram explica- dos por Aristoteles em funqiio da "alma sensitiva". Telisio, naturalmente, nio pode mais abrigar tal tese, mas tem necessidade de introduzir algo capaz de diferenciar o animal das coisas restantes. Por isso, recorre iquilo que ele chama de "espirito produzi- do pela semente" (spiritus e semine eductus). A terminologia (de origem estoica) se refe- re provavelmente a tradiqiio midica antiga (que Telisio conhecia muito bem). 0 "es- pirito", substincia corporea muito hue, esti incluido no corpo, como no seu pro- prio revestimento e no seu proprio 6rgio. Conseqiientemente, o "espirito" explica tudo aquilo que Aristoteles explicava com a alma sensitiva (recorde-se a analoga con- cepqio do "espirito" de Ficino, no qual, porim, cumpria uma funqio totalmente di- ferente).
Telisio logo percebeu que, alim do "espirito", ha no homem algo mais, "uma espicie de alma divina e imortal", que, po- rim, nio serve para explicar os aspectos naturais do homem, mas somente os aspec- tos que transcendem sua naturalidade, dos quais falaremos adiante.
Em suas varias formas, o conhecimen- to se explica mediante o "espirito", sendo, precisamente, a percepqio das sensaqoes, mudanqas e movimentos que as coisas pro- duzem sobre ele. Em outros termos: o quente e o frio produzidos pelas coisas, que agem sobre o organism0 por contato, provocam aqoes de movimento, de dilataqso e de res- triqio sobre o "espirito", e desse mod0 rea- liza-se a percepqio, que i consciCncia da modificaqiio.
A intelighcia nasce da sensaqio, mais precisamente da semelhanqa que constata- mos entre as coisas percebidas, das quais conservamos a lembranqa, e a extensio por analogia a outras coisas, que atualmente niio ~ercebemos. Por exemplo, quando vemos um homem jovem, a intelighcia nos diz que ele envelheceri. Esse "envelhecimento" niio C percebido por nos, ji que ainda esti por vir, niio podendo portanto produzir qual- quer sensaqio em nos; no entanto, nos po- demos "entend&lo" justamente com o au- xilio da experihcia passada e da semelhanqa daquilo que ja percebemos com aquilo que percebemos agora, ou seja, por analogia.
Telisio declara expressamente que nio despreza em absoluto a razio; ao contra- rio, diz que se deve de~ositar confianqa nela "quase como nos sentidos". Mas o sentido i mais crivel do que a razio, pel0 motivo de que aquilo que i apreendido pelos sentidos nio tem mais necessidade de ser ulterior- mente investigado.
Para Telisio, a propria matematica i fundada no sentido, nas similitudes e nas analogias, do mod0 ja explicado.
A woral natural
A vida moral do homem, pel0 menos num primeiro nivel, tambim pode ser explicada com base nos principios naturais. Para o homem, como para todo ser, o bem i a sua propria autoconserva@o, as- sim como o ma1 i o seu dano ou a sua des- truiqiio. 0 prazer e a dor entram ness'e jogo de conservaqiio e destruiqio. E prazeroso aquilo que agrada ao "espirito", e agrada ao "espirito" aquilo que o vivifica, consti- tuindo portanto uma forqa favoravel. E do- loroso aquilo que abate e prostra o "espiri-
to", e abate o "espirito" aquilo que Ihe i nocivo. Assim, o prazer i "a sensaqiio da conservaqiio", ao passo que a dor e "a sen- saqiio da destruiqiio" . 0 prazer e a dor, portanto, tim um precis0 objetivo funcional. Desse modo, o prazer niio pode ser o fim ultimo que perse- guimos, mas sim o meio que nos facilita al- canqar esse fim, o qual, como ja dissemos, C a autoconservaqiio. Em geral, tudo aquilo que o homem deseja esta em funqiio dessa conservaqiio.
Entendidas do ponto de vista natura- lista, as pr6prias virtudes siio praticadas e exercidas em funqiio desse mesmo objetivo, ou seja, para que facilitem a conservaqiio e o aperfeiqoamento do "espirito".
e a alma CO~O ente suppa-sensivel
Como ja observamos, Telisio operou a "reduqiio naturalista" na sua pesquisa fi- sica e na reconstruqiio da realidade natural, mas ficou bern distante de dar a tal "redu- qiio" uma valincia metafisica geral. Ele ad- mite um Deus criador e acima da natureza; o que ele nega, simplesmente, i que se deva recorrer a ele na investigaqiio fisica.
Alias, a esse proposito, i interessante notar o fato de que Telesio, que normalmen- te censura Aristoteles por ser excessivamente metafisico em fisica, objeta-lhe precisamen- te o oposto no que se refere ao Motor Imo- vel. E completamente inadequada uma con- cepqiio de Deus reduzido a funqiio motriz, ao modo aristotklico. Telesio chega a escre- ver que, a esse respeito, Aristoteles "parece digno niio apenas de criticas, mas tambim de abominaqiio". A moqiio do ciu podia muito bern ser atribuida a propria natureza do ciu, sem chamar Deus em causa daquele modo. Ademais, i inconcebivel o fato de Aristoteles negar ao seu Deus a providincia em relaqiio aos homens. Em suma: o Deus de Telisio 6 o Deus biblico, criador e regen- te do mundo. E i precisamente de sua ativi- dade criadora que depende aquela "nature- za" estruturada do mod0 como vimos, bern como o destino superior dos homens em relaqiio a todos os outros seres, como agora veremos.
A "mens superaddita", isto C, a alma intelectiva, que e imortal, C infundida no homem por Deus. A alma esta unida ao cor- po e, especialmente, ao "espirito" natural, como forma dele.
Por meio do espirito o homem conhe- ce e apetece as coisas que se referem a sua conservaqiio natural; ja com a mens super- addita, ele conhece as coisas divinas e tende para elas, que niio dizem respeito 2 sua sau- de natural, mas sim a eterna. Assim, exis- tem no homem dois apetites e dois intelectos. Por isso, ele esti em condiqoes de entender niio somente o bern sensivel, mas tambim o bern eterno, bern como de quer4-lo (e isto i o livre-arbitrio). Conseqiientemente, o ho- mem deve procurar niio sucumbir com sua "mente" as forqas do "espirito" material, mas sim manti-la pura e torna-la semelhan- te ao seu criador. Em suma, essa "mente" concerne a atividade religiosa do homem e assinala a sua especificidade em toda a or- dem do real. 0s intirpretes viram freqiientemente, nessas doutrinas de Telisio, algumas con- cessoes indibitas (talvez feitas pro bono pa- cis, para evitar complicaqoes), ou, de todo modo, teses em contraste com o seu "natu- ralism~". Na realidade, porem, niio i assim. Quando muito, seria verdade precisamente o oposto. A sua originalidade esta exatamen- te na tentativa de estabelecer uma distinqiio clara de imbitos de investigaqiio, sem que a distingiio implique exclusiio. Embora com todos os seus limites, tambim nesse sentido Telisio apresenta analogias com Galileu, que, precisamente, distinguirh de modo pa- radigmatic~ ciincia e religiiio, atribuindo a primeira a funqiio de mostrar como vai o ce'u (com suas leis especificas), e segunda a tarefa de mostrar como se vai a0 C&U (cren- do e agindo em conformidade com a f6).