6 minute read
de Paracelso
confundir o tolo, mas que C facilmente com- cos. Trata-se de um ideal de saber diferente preendido pela mente iluminada". e bem distante do ideal da ciincia moderna. 0 ideal do saber de Agripa nHo 6, em Durante os ultimos anos de sua vida, Agripa absoluto, o de um saber publico, claro e condenou o saber e exaltou a fC, no De control~vel. E o ideal de um saber privado, vanitate et incertitudine scientiarum (1527). oculto e que deve ser ocultado, sem um Mas, dois anos antes de sua morte, fez mCtodo e uma linguagem rigorosos e publi- republicar o seu De occulta philosophia.
III. 8 programa iatroq~imico de Paracelso
Advertisement
A mais importante figura de mago e certamente a de Paracelso (1493-1 541). Theophrast Bombast von Hohenheim, filho de um medico e ele proprio medico, mudou seu nome para o de Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus Paracelsus: Paracelso, uma vez que se considerava maior do que o medico romano Celso. Em 1514 o encontramos em atividade nas minas e nas oficinas metalurgicas de Sigismundo Fugger, banqueiro alemao, tambem alquimista. Paracelso rompeu com a tradisao do ensino medico: "Lutero
Paracelso: da quimica", queimou os livros de Galeno e de Avicena; conce- ocorpohurnano beu a alquimia corno citncia da transforma~ao de metais brutos corno sisterna encontriveis na natureza em produtos finitos uteis para a huma- quimico nidade; rejeitou a teoria medica dos humores; e prop& a teoria e a g@nese pela qua1 o corpo humano e um sistema quimico em que desem- daiatroquimica penham papel fundamental os dois principios tradicionais dos + § I alquimistas, o enxofre e o mercurio, aos quais Paracelso acres- centou o sal.
Paracelso foi da opiniao de que as doensas se originam do desequilibrio des- tes principios quimicos e nao da desarmonia dos humores de que falam os galenicos. Por conseguinte, a saude deve ser restabelecida por meio do auxilio de remedios de natureza mineral. Foi assim que nasceu a iatroquimica, que teve tambem su- cessos - e hoje compreendemos sua razao - corno quando se administraram sais de ferro aos doentes antmicos.
Em suma, o corpo corno sistema quimico e as doenps corno processos especi- ficos para os quais funcionam remedios igualmente especificos sao as duas ideias que no futuro mostrarao toda a sua fecundidade.
Paracelso:
A mais importante figura de mago 6 certamente a de Paracelso (1493-1541). Theophrast Bombast von Hohenheim, filho de um mCdico e mCdico ele tambCm, mudou seu nome para o de Philippus Aureolus Theo- phrastus Bombastus Paracelsus. Ou seja,
mudou seu nome para o de Paracelso, ja que se considerava maior do que o medico ro- mano Celso. Em 1514 atuava nas minas e nas oficinas metalurgicas de Sigismundo Fugger, o banqueiro alemHo que tambim era alqui- mista. Estudante de medicina em BasilCia, depois de formado ai ensinou durante dois anos.
A ruptura de Paracelso corn a tradi@o ja se mostrava evidente em suas aulas: mi- nistrava os cursos em alemao ao invCs de usar o latim; convidava os farmaciuticos e
os barbeiros-cirurgi6e.s de BasilCia para ou- vir suas liq6es; e, assim como Lutero quei- mara a bula papal, Paracelso inaugurou seu curso queimando os livros das duas aucto- ritates no campo mCdico, isto 6, as obras de Galeno e de Avicena, sendo por isso cha- mado "o Lutero da quimica". Paracelso tambim foi grande viajante, e foi grande sua fama e ferozes as pol@micas que favo- receu, procurou ou nas quais se viu envol- vido.
Para Paracelso, a alquimia era a citn- cia da transformag50 dos metais brutos en- contrados na natureza em produtos aca- bados, uteis para a humanidade. Ele nHo pensava que a alquimia pudesse produzir our0 ou prata; em sua opiniHo, a alquimia era precisamente cigncia de transforma~6es.
Interessado na magia natural, Paracelso reestruturou a medicina. Rejeitando a idCia de que a saude ou a doenqa dependessem do equilibrio ou da desordem dos quatro humores fundamentais, prop& a teoria pela qual o corpo humano e' um sistema qui- mico no qual desempenham papel funda- mental os dois tradicionais principios dos alquimistas, isto C, o enxofre e o mercurio, aos quais Paracelso acrescentou um tercei- ro: o sal. 0 mercurio C o principio comum a todos os metais; o enxofre C o principio da combustibilidade; o sal representa o principio da imutabilidade e da resisttncia ao fogo. As doenqas surgem do desequili- brio desses principios quimicos e n5o da desarmonia dos humores, de que falam os galinicos. Desse modo, na opini5o de Pa- racelso, a saude pode ser restabelecida pe- la ajuda de remidios de natureza mineral e niio de natureza orginica. (NHo devemos es- quecer que, ainda em 1618, a primeira far- macopkia londrina listava entre os remC- dios a administrar por via oral a bilis, o sangue, os piolhos das irvores, as cristas de frango).
Foi assim que, com Paracelso, nasceu e se imp& a iatroquimica. E os iatroquimi- COS, em certos casos, chegaram a alcanqar grandes ixitos, muito embora as justifica- p5es de suas teorias, vistas com os olhos da citncia moderna, apareqam-nos hoje bastan- te fantasiosas. Assim, por exemplo, com base na idiia de que o ferro C associado ao planeta vermelho Marte e a Marte, deus da guerra coberto de sangue e de ferro, admi- nistraram com sucesso sais de ferro a doen- tes antmicos - e hoje conhecemos as ra- z6es cientificas desse sucesso.
Na medicina de Paracelso misturam- se elementos teologicos, filosoficos, astro- 16gicos e alquimicos, mas o mais importan- te - e importante pel0 que deveria ocorrer em seguida - C que do cadinho de idCias de Paracelso emergiu o programa de pesquisas centrado na ide'ia de que o corpo humano e' urn sistema quimico. A passagem de um sis- tema de idCias para outro n5o C como um tiro de pistola; em geral, C uma passagem lenta e trabalhosa. Uma boa idCia precisa de tempo para crescer e se afirmar. E, no fim das contas. as idCias iatroauimicas de Paracelso revelaram-se mais fecundas e uteis para a citncia do que as constituidas pela teoria dos humores. Paracelso considerava- se um revolucionario que restaurava a dou- trina hipocratica em sua pureza. Para ele, os midicos galtnicos "est5o completamen- te na escurid50 em relaqHo aos grandes se- gredos da natureza, que me foram revela- dos do alto nestes dias de graga".
Outra idiia interessante gerada pel0 programa iatroquimico de Paracelso C a de que as doen~as siio processos muito especi- ficos, para as quais sd funcionam reme'dios tambe'm especificos. Essa idiia tambCm rom- pia com a tradiqiio, que sustentava e pro- pugnava remidios considerados bons para todas as doenqas e contendo muitos elemen- tos. Paracelso defendia e praticava a aplica- $50 de remCdios especificos para doenqas es~ecificas. TambCm nesse caso. embora a idka da especificidade das doehqas e dos remCdios se revelasse posteriormente uma idiia vencedora, a justificaqiio que Paracelso deu para ela nHo se mostrou igualmente ven- cedora. A doenqa C especifica porque todo ente e toda coisa aue existem na natureza Go seres vivos authornos, porque Deus, aue cria as coisas do nada. as cria como se- mentes nas quais "desde o inicio esta ine- rente a elas o objetivo do seu uso e da sua funq5o". Toda coisa se desenvolve a partir "daquilo que ela C em si mesma". E Para- celso chama de arqueu essa forqa que, no interior das varias sementes. estimula o seu crescimento. 0 arqueu C uma espCcie de for- ma aristotilica materializada, sendo o prin- cipio vital organizador da madria. Paracelso compara sua aqHo ii do verniz: "Nos fomos entalhados por Deus e colocados nas tris substincias. Posteriormente, fomos enverni- zados de vida."
Como se vt. tambCm no caso da idCia - que, com o tempo, se revelaria cientifica- mente fecunda - da especificidade das