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VI. 0 primeiro processo

VI. O pvimeivo pvocesso

para n2io sustentar a teoria copernicana

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No dia de finados de 1612, em um ser- miio pronunciado em Florenqa, na Igreja de Siio Mateus, o dominicano Nicolau Lorini acusou os copernicanos de heresia. Dois anos depois, em 1614, outro dominicano, Tomas Caccini, em sermiio pronunciado no quarto doming0 de Advento, na Igreja de Santa Maria Novella, empreendeu outro ataque contra os defensores da teoria co- pernicana. Em 7 de fevereiro de 1615, o mesmo Nicolau Lorini denunciou Galileu ao Santo Oficio, enviando c6pia da carta de Galileu a dom Benedetto Castelli e chaman- do a atenqiio sobre algumas proposiqoes "perigosas", como as que asseveravam "que certos modos de dizer da santa Escritura niio siio validos; que, nas coisas naturais, as Es- crituras tim o ultimo lugar; que os inttrpre- tes freqiientemente erram; que as Escrituras s6 dizem respeito h fC; que, nas coisas natu- rais, a argumentaqiio matematico-filosofica i superior".

Em 19 de fevereiro de 1616, o Santo Oficio passou a seus teologos as duas pro- posiqoes que resumiam o nucleo da questiio para que fossem examinadas. As duas pro- posiq8es eram as seguintes: a) "Que o sol 6 o centro do mundo, sendo conseqiientemen- te imovel de movimento local." b) "Que a terra niio esta no centro do mundo nern i imovel, mas move-se por si mesma, tambe'm de movimento diario". Cinco dias depois, em 24 de fevereiro, todos os teologos, de acordo, sentenciaram que a primeira pro- posiqiio era tola e absurda em filosofia e formalmente here'tica, enquanto contrasta- va com as sentenqas da sagrada Escritura em seu significado literal e segundo a expo- sigiio comum dos santos Padres e dos dou- tores em teologia. E acrescentaram que a segunda proposiqiio merecia a mesma cen- sura em filosofia e que, teologicamente, era pelo menos err6nea em relaqiio h fC. 0 Santo Oficio transmitiu a sua sen- tenqa h Congregaqiio do Index. Em 3 de marqo de 1616, tal Congregaqiio emitiu a condenaqiio do copernicanismo. Nesse meio tempo, em 26 de fevereiro, por ordem do papa, o cardeal Belarmino advertia Galileu para que abandonasse a idCia copernicana e o instava, sob pena de prisiio, "a niio en- sina-la e niio defend&-la de nenhum modo, nern com a palavra nern com os escritos". Galileu aquiesceu (acquieuit), prometendo obedecer. (Aqui, deve-se observar que mui- to se discutiu sobre a autenticidade da ata dessa sessiio, ata que seria importante para o segundo processo. Santillana sustenta que isso seja uma falsidade, posta na ata pelo comissirio, padre Seguri, particularmente hostil em relaqiio a Galileu.)

Depois da advertcncia, Galileu perma- neceu em Roma por mais tr&s meses. Como se havia difundido o boato de que ele abju- rara suas proprias teorias diante do cardeal Belarmino, Galileu pediu-lhe uma declara- 150, que o cardeal emitiu, para poder des- mentlr as acusaq8es e calunias que circula- vam sobre a sua posiqiio. Pode-se ler nessa declaraqiio: "N6s, Roberto cardeal Belar- mino, tendo sabido que o senhor Galileu Galilei esta sendo caluniado ou acusado de ter abjurado em nossa miio, e tambCm de ter sido por isso penitenciado com penitin- cias salutares, e interessados na busca da ver- dade, declaramos que o referido senhor Galileu niio abjurou em nossa miio nern de outros aqui em Roma, nern mesmo em ou- tro lugar que nos saibamos, de alguma sua opiniio ou doutrina, nern que tenha recebi- do penitencias salutares ou de outra ordem, mas somente lhe foi anunciada a declara- qiio [...I cujo conteudo C o de que a doutri- na atribuida a Copirnico, de que a terra se move em torno do sol e que o sol esti fir- me no centro do mundo, sem mover-se do Oriente para o Ocidente, i contraria hs sa- gradas Escrituras, niio podendo por isso ser defendida nern mantida. E para dar fC dis- SO, escrevemos e assinamos a presente de proprio punho."

Com essa declarac;iio em miios, Galileu partiu de Roma para Florenqa em 4 de ju- nho de 16 16. Niio somente Belarmino, mas tambCm os cardeais Alexandre Orsini e Francisco Maria del Monte expressaram sentimentos de "elevada reputaqiio" em re- laqiio a Galileu. Entretanto, este se defron-

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