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na Europa

dslas. (Ele deve, por assim dim, jogar fora a escada depois de por @la ter subido). €Is deve superar estas proposi@es, s entdo ver6 o mundo corretamente.

7 Sobre aquilo de que ndo se pode falar, deve-se calar.

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I. Wittgenstsin, Troctotus logico-philosophicus s Codmos 1914-1916.

Wittgenstein, com seuTractatus, havio-ss proposto saber como era Feita o cihncio; nbo, porhm, porqus pensosse que fora da ci&ncio nbo houvesse nado de importante. Queria saber corno era Feita a cihncio - o dizivd da ci&ncia - para proteger o ineMvel (em relo- gbo b ci&ncia). Rquilo qus a ci&ncia ndo pode dizer & o qus mais importo para nos.

6.4Todas as proposi(6es sdo de igual valor.

6.41 0 sentido do mundo deve estar fora dele. No rnundo tudo 6 como 6, e tudo acontece como acontece; ndo h6 nele nenhurn valor, nem, se houvesse, terio um valor.

Se existe um valor qua tam valor, deve estar fora de todo devir e de ser-assim. Com efeito, todo devir e ser-assim 6 acidental.

Aquilo que os torna ndo-acidentais ndo pode estar no mundo, pois, de outra forma, seria, por sua vez, acidsntal.

Deve estar fora do mundo.

6.42 Ndo podem, portanto, existir propo- si@es da 6tica.

As proposis6es ndo podem exprirnir nada que seja mais slevado.

6.421 € claro que a &tic0 ndo pod@ ser formulada. A 6tica 6 transcendental. [...I 6.431 Como tamb6m o mundo, corn a morts, ndo se altera, mas acaba.

6.431 1 R morte ndo 6 evento da vida. A morte ndo se vive.

Se por eternidade se entends ndo infinita dura<do no tempo, mas intemporalidada, vive sternamente aqusls que viva no presente.

Nossa vida 0 tdo sem fim, do mesmo modo que nosso campo visual 6 ssm limites.

6.431 2 A imortalidade temporal da alma do homem e, portanto, sua sterna sobreviv6ncia mesmo dapois da morte, ndo so ndo 6 de modo nenhum garantida, mas, quando a supomos, ndo alcancpmos ds fato aquilo que, a0 sup6-la, sempre perseguimos. Talvez se torne resolvido urn enigma pelo fato de que eu sobreviva eternamente? Ndo 6 talvez esta vida sterna tdo enigmatica como a presente? R resolu~do do enigma da vida no espqo e no tempo est6 Fora do espqo e do tsmpo. (Ndo sdo problemas de ci6ncia natural aqueles que aqui se procura resolver).

6.432 Rssim como o mundo 6, 6 coisa de fato indiferents para aquilo qus 6 mais elevado. Deus ndo revela a si mesmo no mundo.

6.432 1 0s fatos pertencem todos apenas ao problema, ndo d soluc;do.

6.44 0 mistico ndo existe como o mundo existe, mas que ele exists.

6.45 lntuir o mundo sub specie aeterni 6 intui-lo como totalidade - limitada. 0 mistico 6 sentir o mundo como totali- dads limitada.

6.5 Ds uma resposta que ndo se pode formular tamb6m ndo se pode formular a per- gunta. 0 enigma ndo existe.

Se uma pergunta pode ser Ievantada, ela tarnb6m pode tar resposta. [. . .]

6.52 Sentimos qus, mesmo dspois que todas as possiveis perguntas cientificas tiverem sido respondidas, nossos problemas vitais an- da ndo terdo sido sequsr tocados. Ssm dljvida, entdo ndo restara mais nenhuma pergunta; e esta 6 justamsnte a resposta.

6.521 R solu@o do problema do vida se percebs quando ele desapareca. (Ndo Q talvez por isso que os homens, cujo sentido da vida - ap6s longas dljvidas - se tornou claro, ndo souberam depois dizer em que consistia tal sentido?).

6.522 Exists de fato o ineMvel. Ele mostra o si masmo, 6 o mistico.

Tractatus logico-philosophicus "6 urn sentido 6tico"

Com ssto carto escrita o Ludwig von Ficker entre o fino1 ds outubro s os inicios ds no- v~mbro ds 7 9 7 9, Wittgenstein pr~ciso que o ssntido de seuTractatus logico-philosophicus "B urn ssntido &tico".

Comentondo ssto corto, Poul Engslmann - um omigo ds Ulittgsnstsin - sscrsvsu: "0 positivismo sustsnta, s ssto 0 sua sss&ncio, qus aquilo ds que podsmos folor & tudo oquilo qus importa no vido. Wittgenstsin, oo contrdrio, cr& opaixonodarn~nt~ que tudo aquilo qua importa no vido humono & justomants oquilo sobrs o qus, ssgundo ssu modo ds v~r, dsvsmos color. Quondo, apssor ds tudo, @Is ss prsocupo em dslimitor aquilo qus nbo 6 importonts, nbo .& o costa doqusla ilha qus sls qusr exominor corn t6o meticulosa sxotidbo, e sim os limitss do oceono".

Caro Sr. v. Ficker, junto com ssta carta, envio-lhe o manuscri- to. or que au ndo pensei logo no senhor? Toda- via, creia, desde o primeiro momento pensei no senhor. Mas isto, na verdade, aconteceu em um tempo em que o livro ndo podia ser ainda pu- blicado, dado qua ole ainda ndo estava pronto. E, quando ficou pronto, est6vamos em guerra, s assim de novo ndo podia pensar em uma ajuda sua. Mas agora conto com o senhor. E talvez Ihe seja de ajuda que eu Ihe escreva algumas palavras sobrs meu livro: da leitura dele, com efsito, o senhor, e esta 6 minha exata opinido, ndo tirar6 grande coisa. 0 senhor, da fato, ndo o sntender6; o assunto lhe parecer6 totalmente astranho. Na r~alidade, porhm, ele ndo Ihs 6 estranho, pois o sentido do livro 6 um sentido 6tico. Uma vez au queria incluir no preMcio uma proposiq30, que agora de fato ndo ha ali, mas que agora escreverei para o senhor, pois ela constituit-6 talvez para o senhor uma chave para a compreensdo do trabalho. Com efaito, eu queria ascrever que meu trabalho consists do duos partes: daquilo que escrevi s, al6m disso, de tudo aquilo que nbo escrevi. E justamente esta segunda parte 6 a importante. Por obra ds meu livro, o Btico 6 delimitado, por assim dizar, a partir de dentro; e estou convict0 de qua o Qtico deve ser dslimitado rigorosomsnts apsnos deste modo.

Em poucas palavras, creio que tudo aquilo sobre o que muitos hoje folom 2, too, eu em meu livro o coloquei firmemsnts em ssu lugar, simplesmente calando sobre isso. E, por isso, o livro, a manos que eu ndo me engane com- pletamsnta, dira muitas coisas qua tambhm o senhor quer dizsr, mas ndo psrcebs talvez que j6 foram ditas nsle.

Eu o aconselharia que lesse o prsMcio e a conclusbo, pois sbo sssas partes que Isvam o sentido do livro a sua expressdo mais ime-

diata [...I.

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Ludwig Ulittgenstein

L. Ulittgmstein. Carta a iudwig von Fick~r.

A tcoria Jos jogos-dc-lingua

R tsorio do linguogsm como rsprsssn- tog60 sstd errodo. Nbo dsvsmos procuror o significodo ds umo palavro, a sim sau uso: o uso ds uma polovro ou d~ uma sxprsssbo 0 seu significodo. Existsm, om sumo, Fung6es difersntss dos palavros, difsrentss jogos- de-linguo. "Poro umo gronds clossa de casos - oin- do qus nbo poro todos os casos - em qua delss nos sarvirnos, a polovro 'significodo' pods ser dsfinido: o significodo ds umo palovro & seu uso no linguogsm".

R filosofio tem sxotomsnte a torsfa de dsscrsver o Funcionomsnto dos difsrsntss

1 1 . Penss nos instrumentos qua se encon- tram em uma caixa de utensilios: h6 um martelo, uma tenaz, um serrote, uma chave da fenda, urn metro, uma panelinha para a cola, a cola, pregos e porafusos. Sdo diferentes as funCGes destes objetos, assim como sdo diferentes as fun~des das palavras. (E h6 semelhan~as aqui e acol6).

Naturalmente, o que nos confunde 6 a uni- Formidads no modo ds apresenta~do das pala- vras qua nos 560 ditas, ou qua encontramos es- critas e impressas. Com efsito, sau smprego ndo est6 diante de nos de modo igualmente eviden- te. E especialmsnte quando fazemos filosofia!

todas, mais ou menos, o mesmo aspecto. (Isso 6 compreensival, uma vez qua todas devem ser pegas com a m6o). Mas uma & a alavanca de uma manivela que pode ser deslocada de modo continuo (regula a abertura de uma v61- vula); outra 6 a alavanca ds um interruptor que permits apenas duas posi<des irteis: para cima e para baixo; uma terceira & parte da alavanca ds Freio: quanto mais fortemsnte & puxada, mais snergicamente se freia; uma quarto &a alavan- ca de urna bomba: funciona apenas enquanto a movsmos para cima e para baixo.

1 3. Dizendo: "coda palavra desta lingua- gem designa alguma coisa" ainda ndo dissemos excltomente nada; a menos que tenhamos ds- terminado quo1 distin~do desejamos fazsr. [.. .]

14. Imagine que alguQm diga: "Todos os instrumentos servem para modificar alguma coisa. 0 martslo, a posi~bo de um prego; o serrote, a Forma de uma tabua etc.". - E o que modificam o metro, o recipiente do cola, os pre- gos? - "Nosso conhaimento do cornprimento de um objeto, da temperatura da cola, do solidez do caixa". Contudo, com esto assimila<do da express60 tar-se-ia ganho alguma coisa?

15. A palavra "designor" encontra talvez sua aplica$do mais direta nos casos am que o si- nal 6 colocado sobre o objeto que @la dssigna. Suponha que 0s instrumentos que G utiliza para a constru@o tenham certos sinais. Se R mostra ao ajudante um destes sinais, ale Ihe trara o instrumento provido com aquele sinal.

Assim, ou de modo mais ou menos se- mslhante, um nome designa uma coisa, e 6 dado um noms a uma coisa. Frequsntsmsnta, enquanto filosofamos, revela-se irtil dizer a nos mesmos: "Denominar uma coisa 6 como prender a um objeto um cartdo que traz o nome dele". [...I 1 8. [ . .] Nossa linguagem pode ser con- slderada como uma velha c~dade: um lablrinto de ruas e de prasas, de casas velhas e novas, s ds casas com partes ogregadas em tempos dlferentes; s o todo crrcundado por uma rede de novos subirrb~os com ruas retas e rsgulares, s casas uniformss. [...I 23. Todavia, quantos tipos de proposi@es existem? Por exemplo: afirma<do, pergunta e ordsm? Hd inumerdveis tipos como asses, inu- meraveis tipos diferentes de emprego de tudo aquilo que chamamos ds "sinais", "palavras", "proposi~bes". E essa multiplicidade ndo & a190 fixo, dado de uma vez por todas; mas novos tipos de linguagem, novos jogos linguisticos, como podersmos dizer, surgem e outros en- velhecem e 5.60 esquecidos. (Rs mudanps da matemdtica podariam dela nos dar uma imagem aproximativa).

Rqui a palavra ']jog0 linguistico" destina-se a par em evid&ncia o fato de que o Falor uma linguagem faz parte de uma atividade, ou ds uma forma ds vida.

Considers a multiplicidade dos jogos linguisticos contidos nestes (e em outros) exsmplos:

- mandar, e agir conforms a ordsm; - descrever um objeto corn base ern seu aspecto ou em suas dimensbes; - construir um objato com base em uma descrigio (dssenho) ; -' referir um acontecimento; - fazer conjecturas a respeito do aconts- cimento; - elaborar uma hipotese s pa-la ZI prova; - representar os resultados de um expsri- manto por meio de tabslas s diagramas; - invantar uma historia e \&-la; - recitar no teatro; - cantar em uma roda; - "matar" charadas; - fazer uma piada; contd-la; - resolver um problema de aritmbtica aplicada; - traduzir de uma lingua para outra; - psdir, agradecsr, xingar, saudar, orar. 6 intsressante confrontar a multiplicidads dos instwmantos da linguagem a de seus mo- dos de emprsgo, a multiplicidads dos tipos ds palavras e de proposi@es, com aquilo que os Iogicos disssram sobre a estrutura do lingua- gem. (€ tambbm o autor do Troctotus logico- philosophicus).

24. Quam n60 tsm presente a multipl~cida- de dos jogos I~nguisticos tenderd, talvez, a Fazer psrguntas como esta: "0 que & uma pergunta?". 6 a constata@o que n6o set certa coisa asslm e asslm, ou a constatq60 que dssejo qua outro me diga.. .? Ou b a descr1$6o ds msu estado de espirlto de incerteza? E o grto "Socorro!" - sarra uma descr1c;do desss tipo?

Pense em quantas co~sas d~sparatadas s6o chamadas de "descr~@o": descr1@5o da posi@o de um corpo por msio de suas co- ordenadas; dssscri~do ds uma expressdo do rosto; descr@o de uma sensag~o tdtrl, ds um humor.

Naturalmente, podsmos substitu~r a forma costume~ra da pergunta com a da constata@o, ou descrr@o: "Quero saber sa ...", ou ent6o:

"Estou em duvida se ..." ; porbm, desse modo os diferentss jogos linguisticos ndo foram muito aproximados um do outro.

R ~mportBncia destas possibilidodes de transforma<do, por exernplo, de todas as proposi@es asssrtivas em proposi@ss que comqam com a cl6usula "Eu penso" ou "Eu creio" (e, portanto, por assim dizsr, ern descri(6es ds minho vida interior) aparecer6 mais clam ern outro lugar. (Solipsismo).

25. Porvezes se diz: os animais ndo falam porque carecem das faculdades espirituais. E isso quer dim: "ndo pansam e, portanto, ndo Falam". Mas, exatamente: ndo Falam. Ou melhor: ndo empregam a linguagem - se exce- tuarmos as formas linguisticas mais primitivas -. 0 rnandar, o intsrrogar, o contar, o conversar fazam parte de nossa historia natural, assim como o caminhar, o comer, o beber, o brincar.

26. Pensamos que aprendsr a linguagem consiste em denominar objetos. Ou seja: ho- mens, formas, core&, dores, estados de espirito, nljrneros etc. ConForrne Foi dito, denominar & sernelhante a prender a uma coisa um cartdo com urn nome. Pods-se dizer que esta 6 uma prepara@o para o uso da palavra. Todavia, poro o qu& nos prepara?

27. "Nos as danorninamos de coisas, e assim podemos delas Falar, referirmo-nos a elas no discurso". Como se com o ato de denominar jcj estivesse dado aquilo que faremos a seguir. Corno se houvesse uma so coisa clue ss chama "Falar das coisas". Ro contr6ri0, com nossas proposi~bss, fazemos as coisas mais diversas. Pensemos apenas nas exclama~bes, com suas fun~bes completamsnte diferentes. figua!

Fora!

Rh!

Socorro!

Oslo!

Ndo!

Rgora voc& ainda est6 disposto a cha- mar estas palavras de "denomina@3es de objetos"?

I. Uittgenstsin. P@squisos filosbficcls.

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