Capitulo de'cimo se'timo - $\ filosofia d a I i n 5 ~ a g e m
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6.Ryle: o trabalho do filbsofo como correq2;o
dos"erros
~ate~oriais~~
A partir de 1951, o movimento analitico de Oxford veio se afirmando sempre mais, atC quantitativamente, ao contrhrio do de Cambridge, tanto que em 1953 havia em Oxford cerca de um milhar de pessoas interessadas em filosofia, enquanto em Cambridge elas n5o passavam de trinta. Em Oxford, a cena intelectual foi dominada at6 duas dCcadas atrhs por G. Ryle e J. L. Austin. Formado na Escola do realism0 neo-aristotClico de Cook Wilson e seus discipulos, Ryle (1900-1976) escreveu um livro sobre Plat50 (0progress0 de Platiio, 1966), mas seu ponto de partida foi Arist6teles. Interessado pelas idCias de Husserl e Meinong no inicio dos seus estudos, estudou depois os positivistas 16gicos. Em 1932, publicou o ensaio ExpressGes sistematicamente desviantes, onde, nas pegadas do primeiro Wittgenstein, expressdes sistematicamente desviantes s5o aquelas cuja forma gramatical n5o t corresponde A "estrutura 16gica dos fatos", sendo reconheciveis quando se v6 que as suas conseqiiencias d5o origem a antinomias e paralogismos. Em Categorias, de 1937, Ryle sustenta que o oficio do fil6sofo deve se exercer sobre a linguagem para descobrir, corrigir e prevenir os erros logicos, ou "erros categoriais", que consistem em atribuir um conceit0 a uma categoria A qua1 ele efetivamente n5o pertence, mas que apresenta com ela unicamente afinidades gramaticais. Em 1945, em Argumenta~Gesfilosdficas, ele se prop6s "mostrar a estrutura 16gica de um tip0 de argumento pr6prio do pensamento filos6fico": para ele, esse tip0 de argumento t a reductio ad absurdum. Pois bem, o "oficio do fi16sofo7',delineado nesses verdadeiros manifestos metodo16gicos e em outros ensaios, C exercido por Ryle em seu livro mais conhecido, 0 espirito como comportamento, de 1949, onde se analisam os poderes ldgicos dos conceitos mentais e, atravCs da reductio ad absurdum, procura eliminar aquele erro categorial que gerou o mito oficial do "espectro da mhquina", ou seja, o mito dualista cartesiano de corpo e alma.
3.L.Austin: linguagem C O M M ~ n60 & a LItima raIa~lra em filosofia
a
Filosofo da linguagem comum (cf.
Dilemas, 1966), Ryle distinguiu oportunamente entre uso da linguagem cornurn e uso comum da linguagem (cf. Linguagem comum, 1953). E o recurso a linguagem comum torna-se ainda mais relevante em J. L. Austin (1911-1960). Para Austin, com efeito, a linguagem comum deve ser tomada em consideraq50 em si mesma, porque 6 "linguagem rica", ja que a anhlise de Areas lingiiisticas filosoficamente candentes (a percepq50, a responsabilidade etc.) pode mostrar toda uma gama de expressdes que existem porque s5o exigidas e, se s5o exigidas, C porque "dizem algo", ao passo que ficam de fora as super-simplificadoras dicotomias dos filosofos. Assim, por exemplo, se na linguagem comum encontra-