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Martin Buber e o principio dialogic0
Mounier Weil
"0 personalismo e um esfor~o integral para com- preender e superar a crise do homem do seculo XX em sua totalidade".
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Emmanuel Mounier
"N3o esqueCamos que queremos fazer do indivi- duo, e n3o da coletividade, o valor supremo". Simone Weil
Capitulo vigCsirno segundo
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para alim de qualquer reserva e vivida sem compromissos.
, 0 contexto histbrico
0 personalismo, afirma Mounier, "sur- giu da crise de 1929, que fez soar claramente o fim da prosperidade europCia e chamou a atenqiio para a revolugiio em curso. Diante das inquietaq6es e desventuras que entiio comeqavam, alguns deram urna explicaqiio puramente tCcnica, outros puramente moral. Alguns jovens, porCm, acharam que o ma1 era ao mesmo tempo econ6mico e moral, inserido nas estruturas sociais e nos cora- q6es, e que o remCdio para ele, portanto, n5o deveria prescindir nem da revoluq50 econ6mica, nem da revoluq50 espiritual; e que, por fim, posto que o homem C constitui- do assim como C, devia-se encontrar estreitas conex6es entre urna e outra. Era necessario, antes de mais nada, analisar as duas crises para desatravancar os dois caminhos". "Esprit" n50 foi apenas o ponto de reuniiio das contribuiq6es te6ricas dos per- sonalistas, mas tambCm o centro de irradia- q5o de urna sCrie de iniciativas "politicas" significativas, como a posiqiio em favor dos republicanos espanhbis, a breve posiqiio de expectativa em relagiio ao govern0 de Vichy e depois, ao contrario, a passagem para a Resistincia, o apoio A liberdade argelina e depois ainda a revolugiio hungara.
De qualquer forma, como na raiz do movimento personalista existe a intenq50 decidida de testemunhar a verdade em toda circunstLincia, o personalismo n5o podia se ligar - e niio se ligou - aos particularismos taticos de um ou de outro partido. Ele nas- ceu e se desenvolveu como movimento, feito de idCias, criticas, estimulos, controvCrsias e iniciativas, jamais pretendendo se esclerosar na forma de partido, bloqueado em urna ideologia fixa e apriosionado pela maquina burocriitica.
Isso nos permite compreender melhor a afirmaqiio de Mounier no sentido de que "o personalismo C urna filosofia, n50 urna simples atitude; 6 urna filosofia, n50, porim, um sistema".
P\s regras e as estratkgias do revs~~ali~m~
E eis como Mounier estabelece, no ensaio 0 personalismo e a revolu@o do se'culo XX, algumas normas da estratCgia personalista. 1) "Pelo menos como ponto de partida, urna posiqiio de independincia em relaq5o aos partidos e aos agrupamentos consti- tuidos torna-se necessiiria para uma nova avaliaqiio das diversas perspectivas, sem com isso se afirmar urna posi~iio anirqui- ca ou um apoliticismo de principio. AlCm disso, onde quer que a ades5o do individuo a urna aqiio coletiva deixe a esse individuo uma liberdade de as50 suficiente, ela deve ser preferida ao isolamento. 2) Como o espirito n5o 6 urna forqa absurda ou mhgica, a simples afirma~5o dos valores do espirito periga ser enganosa quando niio se acompanha de rigorosa deli- mitaqiio da atividade e de seus meios. 3) A uni5o estreita entre o 'espiritual' e o 'material' implica em que, em toda questso, deve-se levar em conta toda a pro- blemiitica, que vai dos dados 'vis' aos dados 'nobres', com extremo rigor tanto em um como em outro sentido. A tendincia ii confu-
siio C o primeiro inimigo de um pensamento que parte de ampla perspectiva. 4) 0 sentido da liberdade e do real nos imphe que, na investigaqiio, nos libertemos de qualquer a priori doutrin6rio e estejamos positivamente prontos para tudo, inclusive a mudar de direqiio para permanecer fiCis i realidade e ao pr6prio espirito. 5) A cristalizaqiio compacta da desor- dem do mundo contempordneo levou alguns personalismos a definirem-se como revolu- cioniirios [...I. 0 sentido da continuidade hist6rica nos impede de aceitar o mito da revolugiio como 'tabula rasa', j6 que urna revoluqiio nunca deixti de ser urna crise morbosa, que niio leva automaticamente a urna soluqiio. Revolucion6rio significa urna coisa muito simples, mas tambCm significa que niio se remedia o caos tiio radical e tiio tenaz de nosso tempo sem contramarcha, sem profunda revisiio de valores, sem reor- ganizagiio das estruturas e sem renovagiio das classes dirigentes" .
Os representantes do pensawento personalista
Mas quem eram os jovens que pen- savam essas coisas? Em suma, por quem era formado o grupo de "Esprit" ? Entre os primeiros colaboradores da revista, encon- tramos G. Izard, A. DClGage, G. Duveau, N. Berdjaev, M. Lefrancq, A. Philip, J. Mari- tain, RenC Biot, P. VeritC e P.-A. Touchard. Mas niio foram somente esses que aderiram ao movimento personalista, movimento que, alCm disso, se expressou em correntes diver- sificadas, como observa o pr6prio Mounier: "Poderiamos identificar urna tend2ncia existencialista do personalismo (que reuniria Berdjaev, Landsberg, Ricoeur e NCdoncelle), urna tendhcia marxista, freqiientemente paralela a primeira, e urna tendencia mais clAssica, que se insere facilmente na tradi- cional corrente introspectiva da filosofia francesa (LachiGze-Rey, Nabert, Le Senne, Madinier e Jean Lacroix)".
Para Lacroix, o personalismo "6 a pr6pria intenqiio que anima o homem: construir sua propria personalidade e a personalidade alheia tendo em vista a construqiio da humanidade". Mas, para esse objetivo, siio insuficientes tanto o marxismo, que aniquila o individuo nas estruturas econamicas da hidria, como o existencialismo, que se transforma em solipsismo na teoria e em individualismo na priitica. E esse o motivo por que Lacroix niio hesita em se distanciar tambtm de Kierkegaard: "0 tema da solidiio C o mais perigoso de todos. [. . .] 0 '116s' niio deriva da concordBncia entre os varios 'tu', mas acompanha sua atividade". 0 personalismo encontrou a sua origem, no inicio da dCcada de 1930, na Franqa, em torno de Emmanuel Mounier e do grupo de "Esprit", situando-se no leito da tradigiio introspectiva tipica da filosofia francesa de Descartes em diante, apresentando precursores como S6crates ("0 'conhece-te a ti mesmo' foi a primeira grande revolu@o personalista de que se tem noticia", escrevia Mounier), Leibniz e Kant (aos quais o personalismo muito deve, sempre segundo Mounier), Pascal ("0 maior mestre" do personalismo), Maine de Biran ("0 modern0 precursor do personalismo franc2s"); encontra concordiincias substan- ciais com niio poucas idtias de Max Scheler e Martin Buber.
Fora da Franqa, o personalismo era defendido na Inglaterra pelo Personalist Group de J. B. Coates. Nos Estados Unidos, a filosofia personalista encontrou seus repre- sentantes em G. H. Howison, B. P. Bowne, E. S. Brightman e W. E. Hocking; foram os alunos de Bowne e de Howison que funda- ram a revista "The Personalist".
Na Holanda, o personalismo nasceu em 1941, num campo de prisioneiros; de- senvolveu-se no plano politico e procurou concretizar urna espkcie de novo socialismo atravis do "Movimento popular holandEs", que subiu ao poder depois da Libertaqiio, antes de unir-se ao partido socialista.
Na Suiqa, as idCias personalistas en- contraram seu centro nos "Cahiers Suisse Esprit".
Na Itdia, Armando Carlini e Luis Stefanini foram os dois pensadores mais representativos do personalismo.
Vida e obva 1928, no exame de habilitaqao, obteve o segundo lugar, depois de Raymond Aron. Passou a ensinar filosofia em escola particu- Nascido em Grenoble em 1905, Mou- lar, primeiro no Colkgio de Santa Maria de. nier, depois de estudar filosofia com Jacques Neuilly e depois no Liceu Saint-Omer. Seu Chevalier em Grenoble, prosseguiu seus encontro com Jacques Maritain remonta estudos na Sorbonne, em Paris, onde, em ao inicio da dicada de 1930: freqiientando