6 minute read
Arval Mobility Observatory 2021
Retrato da mobilidade empresarial em Portugal
—— Avaliação às frotas e ao comportamento das empresas em época de pandemia: transição elétrica é uma realidade cada vez mais evidente mas procuram-se também novas soluções de propriedade e alternativas ao uso do automóvel. E parece haver vontade de investir e retomar a trajetória económica pré-COVID
Advertisement
Oestudo anual elaborado pela Arval revela sinais económicos muito otimistas. Embora o inquérito que determinou as conclusões do barómetro tenha decorrido numa fase crítica de incerteza quanto ao desenrolar da COVID-19, entre 5 de novembro e 21 de dezembro de 2020, as respostas obtidas indicam a vontade de prosseguir a aposta na mobilidade elétrica, com as preocupações com o ambiente no topo dos motivos para a tomada de decisões.
Detalhe curioso: em Portugal, a importância dos incentivos fiscais ficou atrás da intenção de redução dos custos dos combustíveis e, como se referiu, da redução do impacto ambiental da empresa, além de uma parte muito significativa dos entrevistados antecipar também futuras restrições à circulação de veículos.
As restrições à circulação assumem uma importância ainda maior na análise dedicada aos veículos de mercadorias, possivelmente devido ao crescimento da logística urbana.
O quadro seguinte classifica as razões consideradas pelas empresas que já utilizam ou que consideram utilizar viaturas com tecnologias alternativas nos próximos 3 anos.
(Base: empresas que já utilizam ou consideram utilizar viaturas híbridas, híbridas plug-in e 100% elétricas nas suas viaturas ligeiras de passageiros e/ou comerciais)
Penetração da mobilidade elétrica
O Arval Mobility Observatory indica que 28% das empresas que participaram no estudo já fazem uso de viaturas equipadas com tecnologias alternativas. Este valor é inferior aos 42% das empresas da União Europeia. Porém, Portugal ultrapassa a média europeia no que respeita à intenção de fazê-lo ao longo dos próximos três anos, esperando-se que oito em cada dez empresas nacionais utilizem alguma viatura deste tipo. A tendência crescente de viaturas 100% elétricas no parque das empresas será mais uma vez liderada pelas empresas de maior dimensão, que ambicionam poder ter uma penetração próxima dos 50%, tanto de viaturas ligeiras de passageiros como de viaturas de mercadorias (48% e 49%, respetivamente), acima da média europeia. A média nacional revelada pelo estudo fica também acima da média europeia: 38%, face aos 35% da UE no que respeita aos ligeiros de passageiros. Como se verifica através deste quadro, embora as empresas de menor dimensão pratiquem uma política de frota mais conservadora no que se refere à mobilidade verde, no geral, mais de 50% afirma que pondera utilizar algum tipo de viatura mais ecológica (híbrida, PHEV ou 100% elétrica) ao longo dos próximos três anos.
Evolução da mobilidade empresarial
Debruçando sobre a forma como as organizações encaram a utilização do automóvel e novas soluções de mobilidade, verifica-se que um número cada vez maior de empresas já não encara o automóvel atribuído ao colaborador como única solução e que há até uma vontade maior de entregar ao utilizador a gestão da sua mobilidade individual. A pandemia e a implementação do teletrabalho ou do sistema híbrido de trabalho parecem ter sido uma oportunidade para as empresas colocarem em prática soluções de partilha de transporte, ou transferirem para a esfera do utilizador as responsabilidades com a viatura (tributação em sede de IRS ou atribuindo um plafond de mobilidade), libertando a empresa de encargos como a Tributação Autónoma, o que faz com que fique menos exposta a alterações na fiscalidade automóvel. Se a prática de novos modelos parece ter maior expressão nas empresas com mais de 100 colaboradores, “é possível observar que há uma significativa percentagem de empresas de menor dimensão que pretende adotar outras soluções de mobilidade no prazo de três anos”, refere o estudo da Arval.
Modelo de aquisição automóvel
O modelo de aquisição ou de financiamento das pequenas e microempresas é um dos aspetos analisados pelo Observatório, constatando-se que a compra direta e o crédito automóvel continuam a ter preponderância nas microempresas, com o renting a representar apenas 6% das aquisições. O recurso a financiamento especializado como o leasing ou o renting cresce consoante é maior o número de viaturas. Contudo, a situação parece estar a inverter-se. “Nas empresas com menos de dez colaboradores verifica-se ainda uma preferência pela aquisição por fundos próprios e assiste-se a um crescimento da opção pelo renting em ambos os segmentos. É significativa a percentagem de 35% das pequenas empresas e de 72% das empresas entre 10 e 99 colaboradores que revelam que certamente ou provavelmente irão usar o renting nos próximos três anos”, lê-se numa das páginas do documento elaborado pela gestora. Na resposta à questão sobre o processo a adotar em futuras aquisições, esta foi a distribuição obtida por parte de micro e pequenas empresas.
Que tipo de viatura e como
O modelo de viatura e as possibilidades de carregamento representam habitualmente o ponto de partida da discussão relacionada com a mobilidade elétrica. O inquérito evidencia um natural predomínio das intenções de compra de viaturas híbridas plug-in e 100% elétricas, na linha do que indica a média europeia. “É estimado que seis em cada dez empresas passem a preferir estas tecnologias em detrimento dos modelos a diesel ou gasolina”, lê-se nas conclusões do estudo. A penetração de viaturas com bateria carregável por via externa parece ser maior nas empresas de média e grande dimensão, sendo praticamente residual a percentagem de pequenas e microempresas com este tipo de mecânica. Também baixo é o número das que tencionam vir a alterar essa intenção nos próximos três anos. Se o desconhecimento ou desconfiança da tecnologia e a um impacto fiscal menos elevado nas empresas de menor dimensão podem contribuir para esta realidade, o que o estudo mostra é que no topo dos motivos de preocupação estão as condições de carregamento público das viaturas, o preço de aquisição mais elevado e a oferta limitada de modelos eletrificados. Para muitas pequenas e microempresas pode ser uma tarefa difícil a instalação de pontos de carregamento privado, ao contrário de empresas com maior dimensão, que dispõem geralmente de potência elétrica e de espaço nas instalações para poder fazê-lo. Além de uma mais capacidade negocial para colocar postos também em casa dos colaboradores. Da observação da Arval ressalta precisamente isso: 48% das empresas de maior dimensão (mais de 500 colaboradores) já dispõem de pontos de carregamento nas suas próprias instalações e 18% em casa dos trabalhadores; valores que sobem para os 97% e 55%, respetivamente, no decorrer dos próximos doze meses, ou seja, até ao final de 2021. O crescimento das intenções de disponibilizar condições de carregamento é também expressivo nas empresas de média dimensão, como se observa através do quadro abaixo.
Ficha técnica
Amostra nacional composta por 250 entrevistas, 133 das quais a gestores de empresas com menos de 99 colaboradores e 117 com mais de uma centena de funcionários. Entrevista telefónica e via online a gestores de frota de empresas que operam nos sectores de atividade da construção, indústria, comércio e serviços, reali-
Pequenas empresas (1-10 colaboradores)
Pequenas e Médias empresas (10-99 colaboradores)
Médias e Grandes empresas (100-499 colaboradores)
Grandes empresas (>500 colaboradores)
i
MAIS DETALHES NO DOCuMENTO COMPLETO ACESSÍVEL ATRAVéS DO QR CODE